E se um reencontro o destino preparasse... escrita por Eubha


Capítulo 260
Capítulo 260:




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– Nossa ficou horrível isso, mais gritante impossível. – Anita se espantou ao olhar para as próprias mãos a recém-pintadas em um tom de vermelho. – Não gostei, vou pintar de novo com meu cinza de antes mesmo. – falou ela desgostosa, procurando dentro de caixa de esmaltes o vidro de acetona.

– Anita. – Ben a chamou da porta, depois de alguns segundos passados.

– Oi, ué chegou mais cedo ou é impressão. – Anita indagou intrigada, quando ouviu a voz dele.

– É eu consegui sair mais cedo sim. – ele confirmou se aproximando cama onde ela estava sentada. – O que você tá fazendo. – Ben questiona a lançando um olha confuso.

– Não tá meio óbvio não, sem nada pra fazer né, Sofia voltou comigo lá da Barra e saiu de novo. – Anita explicou, precisava se livrar dos cuidados e apelos de Vera e voltar para seus afazeres, antes que pirasse mesmo. – Ai eu fiquei aqui, doida e testando cor de esmalte. – ela riu de sua situação.

– Dá pra perceber né, uma mão de cada cor, virou moda isso é... E eu nem sabia. – ele implica com a namorada, seguido de uma gargalhada.

– E eu é que sei, Sofia que é ligada nessas coisas, não eu, tá desmemoriado é. – a garota brinca debochada, olhando para as próprias mãos.

– Eu continuaria sem saber, nunca consegui entender tua irmã. – ele diz, parecendo não muito satisfeito com a provocação. – Mais sério, achei até que nem iria te encontrar em casa, você disse que iria falar com teu pai, aliás, fiquei todo dia com isso na cabeça, mal consegui fazer meu trabalho direito, comecei a ficar encucado com essa situação, você e o Caetano, encontro às escondidas, sei lá. – falou Ben, seus temores que lhe afligiram toda tarde, ao tempo que ele também se lamentava por não ter intercedido e até a acompanhado.

– É, mais nem fiquei muito lá não. – Anita contou querendo lhe tranquilizar.

– Ih princesa como foi. – Ben indaga ansioso.

– Foi... – Assim eu... – a garota caminhou até a porta confusa, sendo observada por Ben.

– Foi o que Anita. – Ben perguntou apreensivo, quando a fitava voltando para o mesmo lugar de antes, depois de fechar a porta, silenciosa e com um semblante sério. Anita de fato mal acreditava em tudo que havia ouvido do pai, quem dera explicar isso com clareza a alguém.

– Foi que, Ben eu vou ganhar um irmão ou irmã, ou melhor mais um. – Anita disse, respirando pacienciosa enquanto falava, até mesmo pra ver se ela acreditava.

– Como assim, a Vera... – o rapaz ficou sem ligar os fatos.

– Não, acho que até pior, a Zelândia, ela tá grávida do meu pai, e pela barriga daqui uns cinco, seis meses, a notícia estoura por aí. – Anita explica mais detalhadamente.

– Eu não sei o que te dizer, não sei amor. – Ben responde mal sabendo qual impacto trazia tal fato.

– Nem eu sei. – Anita compartilha e compreende o jeito surpreendido dele. – Não é que eu esteja com ciúmes dessa criança, ou desejando qualquer coisa ruim pra ela, ao contrário tomara mesmo que todos os meus temores em relação a isso sejam infundados sim. – Anita até torce para estar errada, era até mais cômodo mesmo, do que ver suas aflições se realizando sem que ela soubesse como interceder. – Mais uma criança criada, pelo meu pai e Zelândia como mãe, o que pode dar nisso hein, alguém sem escrúpulos como ele, que acha que dinheiro compra tudo, resolve tudo, como se nada mais importasse, que honestidade, caráter, honra, não valem de nada, que também dá pra comprar isso das pessoas que tem. – ela exclama receosa a cerca dos fatos, enquanto Ben apenas ouve tudo atento sem se expressar. - Se a Sofia já é assim, tem e já teve tantos valores distorcidos, mesmo com a minha mãe interferindo, comigo brigando com ela todo tempo por isso, imagina essa criança que vai crescer longe, não sei o que pensar, estou desde que descobri isso tentando traçar uma rota de raciocínio que seja lógica, mais tá difícil. – ela confessa, entre suspiros contrariados. – E óbvio que...

– Mesmo que eu esteja muito preocupada, no fundo eu sei, que por mais que eu queira interferir caso eu esteja certa, não dá pra eu mandar na vida de ninguém, o tempo que tá vindo, se condiciona pra eu cuidar de mim, da minha própria vida, eu tenho planos e escolhas pra fazer, ai e também depois de tudo que eu vivi nesse último ano, não vou anular mais minha vida pra resolver os problemas dos outros. – Anita não esconde que estava já muito cansada daquele desenho distorcido que sempre se repetia.

– Difícil de dormir com um barulho desses mesmo né, mais quem sabe isso não é uma chance que a vida está dando pro teu pai concertar as coisas de alguma forma. – ele alega, dando total razão a ela. – E eu que tava preocupado com outra coisa, ai vem mais essa pra nos surpreender. – desabafa Ben de maneira tensa.

– Com o que, não entendi agora. – Anita pergunta ao não entender com clareza o que ele tentava dizer, já que ela prestava mais atenção no vidro de esmalte que estava em sua mão.

– Sei lá Anita, muitas coisas podem ter mudado como você mesma disse, mais uma é meio óbvia que não mudou em nada, eu acho. – ele afirmou confusamente, tentando se explicar, enquanto ela sentava mais perto de si, e descansava as pernas no colo dele. – Você já imaginou o que teu pai pode pensar quando souber da gente, ele pode até estar disposto a recomeçar...- Ben se cala por um momento ao vê-la extremamente apreensiva. - Mas, princesa, uma coisa ele nunca vai aceitar, ter o filho do cara que ele criticou toda vida como namorado da filha dele e até como genro um dia, por tudo que ele acredita tão veemente, claro que ele acha que você merecia alguém melhor amparado financeiramente pra possivelmente ter o que te oferecer, já eu como ele mesmo já disse tantas vezes, sou como meu pai, nem tenho onde cair morto. – ele confessou estar preocupado com a reação de Caetano diante do novo envolvimento dos dois. - E pior é que eu nem posso desmentir ele dessa vez, Caetano tá certo, eu não tenho realmente nada pra te oferecer. – ele não esconde.

– Hum, pensei que teu amor bastasse. – ela brincou, sem querer levar a sério as aflições dele, talvez até pra não dar mais razão pra que o rapaz pensasse assim, por mais que ela não concordasse nem um pouco com os devaneios e insultos do pai a respeito da relação dos dois.

– E eu te amo mesmo e muito, de um jeito que e jamais achei que pudesse amar alguém nessa vida, mais tem outras coisas que são importantes pra um relacionamento ser feliz e duradouro né. – contrapõe Ben sorrindo sem desmenti-la .

– Ben não tem a menor chance deu ouvir qualquer coisa que venha do meu pai a essa altura do campeonato, antes eu até tentava não bater de frente, minha mãe me implorava praticamente isso, e mesmo os confrontando às vezes eu cedia, tanto que deixei ele me trancar na Barra pra gente não se ver contra minha vontade, mais agora que se dane, a opinião dele também nem me importa. – Anita é direta em suas opiniões. - O lado B de tudo que aconteceu entra a gente, é que hoje eu sei que não tem nada que me surpreenda e me faça achar que eu vou desistir da gente, ou que possa nos impedir, já foi. – ela garante. – A gente tá junto, e se meu pai quiser dar chilique por isso, ele que dê, vai perder o tempo dele somente, tomei as rédeas da minha vida Ben, ninguém vai mais me dizer o que fazer não, ou que acham que é certo, cansei disso. – afirma Anita, tendo plena certeza de que não ligaria para o surto que Caetano poderia ensaiar quando soubesse que Ben era novamente seu namorado.

– Eu sei disso tudo, mas é que... – Ben murmurou, ainda sabendo que os dois teriam que se preparar para o incidente que poderia ainda estar por vir.

– Olha eu só não disse nada nessa conversa que a gente teve, porque não deu mesmo, mas assim que meu pai resolver ressuscitar de vez, eu vou falar, eu só não sei quando vai ser isso porque ele pediu um tempo pra se organizar pra poder aparecer pra minha mãe e pro Ronaldo. – ela lhe promete. – E na boa amor, se a gente for parar pra pensar eu também não tenho nada financeiramente, o dinheiro é dele, e eu nunca quis e agora mais ainda não quero um centavo, isso é besteira do alienado do meu pai, isso sim, só pra infernizar nossa vida, como ele se acostumou a fazer com a minha mãe, só que eu não sou a dona Vera, tá na hora de todo mundo perceber isso de uma vez. – Anita alegou, já exausta com as confusões e discussões que o pai estava sempre acostumado a criar por onde passava. – A gente é jovem, ainda vamos construir muitas coisas juntos, uma vida inteira, nós vamos ter qualquer coisa que a gente quiser, eu não tenho medo de trabalho nunca tive, a gente luta junto, constrói nossos sonhos, tira eles do papel. - propõe ela. – E agora você para com a besteira hein garoto, vai ter que arrumar melhor motivo pra se livrar de mim. – diz ela, entre um sorriso bem-humorado, como propósito de desfazer qualquer preocupação que ainda pudesse haver na cabeça do namorado com relação ao assunto.

– Não dá pra não te amar mesmo né. – Ben afirmou sem esconder o encantamento ao olhar para ela.

– Eu sei, eu sou demais mesmo. – gaba-se Anita risonha.

– Ah é, é demais sim, demais em todos os sentidos. – Ben concordar, com sorriso alegre, não dispensando uma pitada de ironia, beijando as pernas dela que estavam em seu colo.

– Ai que chato, foi tipo uma critica e um elogio isso. – constatou Anita sem aprovar muito, mas por algum motivo ficou sem desfazer o sorriso.

– Acredita, foi mais elogio do que critica, juro... – Ben tentou se retratar, diante do sorriso bobo que via no rosto da amada.

– Tá bom, eu não quero discutir mesmo. – deu de ombros ela.

– Também não, na verdade eu tava pensando em fazer outra coisa. - retrucou ele, sorrindo audacioso, enquanto os dois iniciavam um beijo calmo.

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– Ju você não vai mesmo fazer nada pro teu aniversário. – Anita ainda insistia com a amiga, sentada a sala de casa.

– Não Anita, minha vó até está vindo pra passar comigo, mas eu já expliquei pra ela que não quero festa, nem bolo, nada mesmo. – a morena afirmou com a voz tranquila, e realmente não ligando mesmo de deixar a data passar em branco.

– Muito errado isso, poxa Ju, é o dia que você nasceu, é uma data importante, e depois sua teimosa ninguém faz 18 anos todo dia não. – Anita toma por insistência.

– Eu sei amiga, mais sei lá, meio estranho primeiro aniversário que não vou passar com meu pai sabe, acho que eu prefiro não comemorar mesmo. – Julia responde, e mesmo tentando o olhar chateado é facilmente percebido por Anita.

– Eu sei que é difícil, mais você tem um monte de gente que gosta de você aqui, e pensa que nessa dia, há 18 anos atrás teu pai, era o homem mais feliz do mundo, porque você tava nascendo. – diz Anita querendo confortá-la de algum jeito, por mais que entendesse muito, por conhecer a amiga, jamais saberia a tristeza e falta que Julia poderia sentir do homem, esse sentimento nunca poderia ser menosprezado, não por Anita que tinha imenso carinho pela garota.

– Ah mais eu prefero não fazer nada mesmo. – Julia fica sem mudar de ideia.

– Tá então né, mas eu posso ao menos te dar um presente, ou isso você também vai me negar. – Anita brinca em tom de exagero com a amiga.

– Ai até parece que você iria ouvir meu não, né dona Anita, te conheço. – Julia acaba rindo, sabia que a garota lhe daria mesmo que ela dissesse que “ não precisava”.

– Ótimo, ao menos isso. – disse Anita sorridente, enquanto ficava pensativa.

– Oh Fred, que bom que você chegou, agora me ajuda a convencer essa chata aqui a não deixar o aniversário dela passar em branco. – chama Anita ao vê-lo entra em casa.

– É a vontade dela, o que possamos fazer, mais acho que a Anita tem razão, a vida deve ser sempre comemorada. – profere o haitiano. – Entregaram pra você Anita. – informa ele, segurando um envelope branco em mãos.

– Que isso meu deus, conta, ai gente será que esqueci de pagar a fatura do cartão de crédito. – Anita fica sem saber do que se tratava.

– Não sei abre amiga. – pede Julia quando observa que o envelope não tinha remetente.

– Vou abrir. – Anita respondeu, já rompendo o lacre do envelope, também se vendo curiosa a respeito do conteúdo. – Mais o que, o que, o que... – ela balbucia se levantando do sofá atônita. – Drica, Benjamim, Benjamim, Drica, Benjamim de novo... – Anita olha para as fotos que estavam dentro do envelope sem acreditar muito no significado das imagens, só conseguindo se encher de raiva.

– Perai aí Anita, o que. – Julia junta um das fotos do chão, e fica também confusa.

– O Ben vai ter que me explicar isso, ah vai. – taxa ela aos suspiros.

– Mais Anita, se acalma né, ele acabou de passar aqui dizendo que ia pro cursinho dar aulas. – Julia tenta ponderar.

– Não ele... – Deve ter passado no restaurante antes pra entregar um papel pro Ronaldo. – ela diz nervosamente, começando a andar descompensada para a porta.

– Ai não, é hoje que ela trucida o Ben, sem ao menos querer saber se ele é inocente ou não. – Julia se assusta com o jeito da amiga, e desabafa com Frédéric.

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– Dá pra explicar o que é isso, ou é pedir demais. – Anita joga em cima da mesa as poucas fotos que não foram ao chão e ficaram em suas mãos, depois de entrar apressada no restaurante. O olhar raivoso fica evidente, já que ela não conseguia esconder sua insatisfação.

– Isso o que Anita. – Ben perguntou desconcertado, jamais entendendo o porque do jeito agressivo da namorada, que tinha mudado da água pro vinho em menos de meia hora.

– Oi Anita, tá tudo bem. – Martin que conversava com Ben, procurou interver, já que pela cara de Anita a situação estava pra lá de critica, e pelas enrascadas que sempre se metia por conta de garotas, teve certeza que o amigo estava em uma encrenca daquelas.

– Não se mete Martin. – resmunga Anita, sem dar chance para que ele tentasse defender seu namorado.

– Ok. – Martin gesticulou as mãos no ar, achando melhor se afastar, do que se meter na briga alheia.

– Anita calma, primeiro me explica do que você tá falando. – Ben esfregou os olhos confuso, sem ainda conseguir entender o jeito ríspido da amada.

– Tá aí óh. – ela maneia a cabeça apontando para as fotos sob a mesa.

– Ué quem mandou isso Anita, e que fotos são essas. – o garoto alega sem conseguir entender, seus olhos só podiam estarem se confundindo diante do que via.

– Eu não sei, chegou agora lá em casa, mas você deve saber melhor que fotos são essas não é. – Anita rebate com sarcasmo, o fuzilando em um olhar de raiva.

– Não, pior é que eu não sei. – Ben nega, realmente não entendendo ficando a encarar o papel por segundos, até que mais ou menos se recorda de onde era o lugar onde foram tiradas tais fotos, no restaurante mesmo.

– Nem você seria tão cínico sabia. – ela cobra defensiva.

– Espera só uma coisa, porque exatamente você tá com essa cara de quem vai me matar, se realmente não tem nada de mais aqui. – o garoto alegou desgostoso de tanta hostilidade da parte da namorada.

– Ah não, e o que é, essa coisa, isso, essa... - se engasga ela nervosa. - Aí pendurada no teu pescoço. – Anita acaba se irritando por completo. – Ah me desculpa porque além de ser compreensiva eu tenho que ser cega. – Anita ironiza com deboche.

– Você quer parar tá, porque tá ficando ridículo. – Ben pede também se alterando. – Olha pode parecer esquisito, mais isso não é o que está parecendo. – afirma ele, se atrapalhando quando tenta se explicar.

– Olha aqui, eu vou te falar uma coisa, se eu descobrir que foi a Drica que me mandou essas fotos, eu ainda depeno aquela galinha, entendeu. – ameaça Anita sem a menor paciência e cansada das provocações da garota.

– Você quer parar Anita, como se isso resolvesse alguma coisa. – se estressa ele.

– Ah não, faz um favor pra mim, e pra humanidade em si, dá próxima vez que você resolver bancar o galinha, pega alguém com mais caráter também tá, porque lidar com isso, até pra mim é covardia. – Anita se revolta alterada.

– Dá pra parar, não faz à louca não tá, porque assim fica difícil. – rebateu Ben soando quase como um grito cheio de impulso.

– Seu sem noção é isso que você é, e não grita você tá. – ela devolve a altura.

– Você e que tá sendo grossa. – o rapaz fala balançando a cabeça contrariado.

– Mais gente vocês querem parar com isso, isso aqui é um restaurante não é. – Ronaldo vem do balcão impaciente com filho e enteada e interrompe a troca de farpas que parecia que não teria fim. Os dois se calam emburrados, e dão o silêncio apenas como resposta a Ronaldo.

– Anita eu tenho que ir mesmo, quando eu voltar à gente conversa. – Ben informou, realmente atrasado e cansado da discussão que só piorava.

– Pode ir. – ela não insistiu sem querer atrasa-lo. – Vai lá dar aula pra Drica, garota idiota. – resmunga Anita, para o desespero de Ben, que bufa ao perceber que a discussão não tinha sido encerrada cordialmente como ele pensava.

– Anita é... – Você pode me ajudar a organizar umas coisas lá no estoque já que você está aqui. – solicita Ronaldo.

– É eu ajudo, melhor do que ir pra casa. – ela concorda querendo sessar seus devaneios.

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– Eu sabia que isso iria acontecer. - Antônio surge à porta que estava entreaberta, com um sorriso altivo que não fazia questão alguma de disfarçar, encarando fixamente Anita ajoelhada em frente a prateleira.

– Isso o que, aliás, nada né, você pode ir embora, não to afim de saber. – Anita fica com raiva ao ver quem era a figura por trás da voz que falava consigo.

– A verdade, que um dia mais uma vez, o Ben iria se cansar de você. – responde o garoto cheio de si.

– Você é doente e louco mesmo, né Antônio. – Anita desisti de cumprir a tarefa pedida por Ronaldo, e se prepara para ir embora, definitivamente não iria ficar ali ouvindo as sandices de Antônio.

– Não Anita, eu só vejo as coisas de um ângulo diferente, o real, óbvio que você pode até não achar isso, porque tá perto dele. – o garoto a intercepta, parando em seu caminho. - O Ben desde pequeno era assim, sempre manipulava todo mundo, se fazendo de simpático, o bom, mais no fundo ele nunca foi, só quer satisfazer o ego dele, de ser sempre o herói, o cara. – Anita bufa irritada diante das insanidades do garoto, que só aplacaram ainda mais a raiva anterior. - E uma hora ele iria fazer isso com você de novo, agora que vocês se assumiram, ele não precisa mais de você , têm outras prioridades, não precisa ser o cara incrível o tempo todo. – Antônio disse repleto de certezas.

– Me deixa passar. – Anita age de insistência enojada com as loucuras do garoto, e se dispondo a não ouvi-las, tentando mais uma vez sair dali, mas novamente ele a impede.

– Por isso que ele fez isso, você é uma garota legal Anita, mais não é igual as outras que tem por aí, você é ingênua, sonhadora, acredita no encantamento de uma ralação, você é romântica... - Mais óbvio que isso ia acabar atingindo o Ben de novo, ainda mais depois de tudo que você passou deve ser difícil lidar com isso, ai o Ben egoísta que só, resolveu ouvir mais os instintos dele, de cara que não cultiva solidão alguma, e foi te trair com qualquer uma como já fez antes. – afirmou ele a fitando em um olhar possessivo.

– Meu deus Antônio , você é tão louco, tão lunático, que chega até ser patético. – Anita ri irônica, com um semblante carregado de raiva. - Mais que isso, você é nojento, você acabou com a minha vida, se eu sofri foi por tua causa, não precisa fingir pra mim não, eu sei que você filmou aquele vídeo, esqueceu... – ela cobra, mas ele não confirma absolutamente nada, até fingi não entender do que ela falava. - E mais, aí nessa tua cabeça doente você mente, até mesmo pra cair nesse teu mundinho psicótico, envolvendo outras pessoas que jamais fazem parte dele. – ela esbraveja enojada. - Você tem razão numa coisa, eu fiquei muito mal com aquilo tudo, você ferrou minha primeira vez com o Ben, fez até eu querer esquecer mesmo. – ela não mentiu. - Mais você acha mesmo, que por causa daquilo tudo, a gente não transa é isso. – indagou Anita sarcástica sendo ignorada.

– Você acha mesmo que eu estou lidando com isso, bancando a traumatizada coitadinha... - desisti, porque não tem a menor chance de ser real, detesto estragar teus sonhos mais, a gente continua dormindo juntos sim, sempre que dá, o trauma durou pouco Antônio, ou melhor, nem sei se ele existiu de fato depois que a gente se reconciliou, aquilo não pôs fim a nossa vontade de estar um com outro não, a gente continua junto e unidos como nunca, você não vai nos separar. – Anita afirmou sem se intimidar com um sorriso atrevido.

– Para de brincar comigo. – Antônio ordenou já sem controle.

– Ah é para você, de me usar nessa tua cabeça pros teus devaneios doentes e mentirosos. – grita ela de volta sem controle.

– Você nunca vai ser dele Anita. – quer garantir o garoto nervoso com o que ouvia.

– Só que isso não é você que decide. – rebate Anita, estressada com a obsessão dele.

– Não, não é, você pertence a mim, é assim que tem que ser. – Antônio afirma enquanto segura o braço dela.

– Acorda seu idiota, ninguém tem posse sobre ninguém, mais você sabe, e não adianta fingir, pra você mesmo que não vai dar Antônio, se eu pertenço a alguém, mesmo de fato, esse alguém é o Ben, é a ele que meu coração pertence e ama com todas as forças, a pra ele que a minha alma sorri sem nem mesmo ter motivo, com ele que o meu corpo convalesce, por cada toque, cada beijo, e também é por ele que eu sou capaz de fazer qualquer coisa... – Não por você, entende isso de uma vez por todas, não importa o que você faça é ele que eu vou continuar amando até o fim dos meus dias. – garante ela alterada, se debatendo com força para que ele a soltasse.

– Você tá querendo que eu te mostre do que eu sou capaz, eu posso destruir vocês dois Anita, e eu vou destruir, se você insistir em ficar com ele. – Antônio ameaçou invadido por total raiva pelo que ouvia.

– Ah, pois destrua se você quiser, que se dane, tá bom, nem assim eu vou sentir qualquer coisa por você Antônio, ao não ser nojo e desprezo, de uma pessoa tão insignificante, pobre de alma, você não tem alma, você se tornou alguém que veio no mundo pra não o ser lembrado por ninguém. – Anita usou de desprezo contra ele, enquanto se soltava. - E mesmo que você consiga o que tanto você quer, que você tenha conseguido, não apaga, não dissolve, não termina nada do que eu e o Ben vivemos, jamais. – gritou ela enfurecida. – Só que eu sei que deus existe Antônio, justiça existe, você vai pagar por tudo de ruim que você semeou até aqui, você já tá colhendo uma parte não é, tá sozinho, e sem ninguém e vai continuar assim se insistir em achar que pode destruir as pessoas. – afirmou ela sob efeito da situação.

– Justiça, deus, só você mesmo, depois acha que é esperta. – Antônio debocha descarado.

– Realmente não é Antônio, pra um ser tão pequeno, que acha que usar os outros é normal, que faz pouco do que a vida te deu, das chances que ela te deu, não acredita nisso mesmo, mais eu ainda vou viver pra vir isso, eu tenho certeza. – Anita não perde seu tempo remoendo as criticas dele.

– Sabia que agora, nem o teu namorado, herói e valente e ninguém pode me impedir de fazer nada, Benjamim idiota tá lá dando aula a essa hora, não pode vir aqui te salvar de nada Anita. – ele diz perturbado.

– Melhor pra você né, iria ter que apanhar de novo, como da última vez. – Anita não transparece seu medo com a ameaça.

– E quem disse que eu não apanhei de propósito. – zoou Antônio.

– Não adianta ser cínico, você passa toda vida tentando ganhar do Ben, mas nunca consegue não é, irônico. –acusa.

– Anita você não sabe do que eu sou capaz. – ele se irrita ainda mais.

– Ronaldo, Ronaldo vem aqui. – Anita chama atenção de Ronaldo para interceder.

– Cala boca. – reclamou Antônio.

– Anita... - O que, que isso, o que tá acontecendo aqui. – o homem se espantou com a presença de Antônio nos fundos do restaurante. – O que você faz nas dependência do meu bar, esse lugar aqui é só pra quem esta autorizado garoto. – Ronaldo afirmou severamente.

– O bar não é teu que eu saiba. – Antônio respondeu audacioso.

– Mais eu administro, por tanto saia Antônio, por favor. – ele insiste, e Antônio deixa o local sem argumentos. - Anita você esta bem. –Ronaldo indaga ao olhar pra ela e a ver pálida.

– To sim, foi só uma ataque desse maluco, mais um não é, só que dessa vez eu também provoquei. – a garota entende.

– Como o Antônio entrou aqui, lá fora ele prestava atenção na tua conversa com o Ben. – Ronaldo contou o que viu.

– Sorrateiro, do mesmo jeito que ele teve tempo suficiente pra colher as informações que precisava pra infernizar meu namoro com o Ben quando tava no casarão. – ela explicou meio sufocada.

– Eu vou pegar uma água pra você, vamos lá pra fora. – Ronaldo pediu.

– Não, não , eu acho que a minha pressão baixou um pouco, mais eu já to bem, foi só o calor, tava muito quente eu não devia de ter saído no sol, minha mãe tinha razão. – Anita alegou sem preocupa-lo.

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– Anita. – Vera vem dá cozinha a chamando, quando escuta alguém bater a porta.

– Aii, que foi. – retrucou ela desanimada. – Você já em casa, o que houve. – estranha Anita, já que pelo horário a mãe ainda deveria estar dando expediente no galpão onde dava vida a seus bolos.

– Ah vim fazer um jantar especial pra nós, arrumei uma receita nova de estrogonofe, aí vim testar aqui né filha. – Vera afirmou empolgada com o jantar em família.

– Nem vou te perguntar se você vai deixar eu comer esse negócio aí né, porque não vai. – Anita fala não disfarçando a pirraça. – Não aguento mais viu mãe, minha barriga ronca dia e noite, aquela médica quer me matar com esse cardápio insosso. – Anita aproveita pra reclamar.

– Oh filha deixa de ser boba, é a tua saúde Anita, e é só por alguns dias. – Vera ri da menina.

– Podia perguntar se ela tá mal humorada desse jeito por isso. – Pedro indaga com ar de curiosidade, se abraçando em volta da cintura da irmã.

– Não, já nem sei também. – a garota respondeu tonteada pelas confusões que se formaram em sua volta em questão de horas.

– Gente sério, eu nunca provei estrogonofe. – Mariana opina vindo do sofá.

– Que país você vive, no que se come só alface. – Anita rebate sem acreditar.

– Ai muito engraçada você né, to falando sério. – a garota acaba rindo.

– Então aproveita o banquete né, já eu vou sonhar com esse estrogonofe dia e noite. – lamenta ela. - A gente pode falar. – ela pergunta cutucando o irmão.

– Tá bom, só vou acabar meu dever. – Pedro alega cheio de curiosidade em saber o que ela queria.

– Ai Anita que bom que você voltou né, já tava ficando preocupada. – Julia vem do quintal chamando atenção da garota, resolveu ficar para ver o que havia acontecido quando se preocupou com a amiga.

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– Julia será que foi o Antônio, que viu a Drica dando em cima do Ben e tirou as fotos. – Anita pedia a opinião da amiga, confusa a acerca do fato.

– Não sei Anita, quem sabe né, tá na cara que ele quer ver vocês dois longe um do outro. – Julia não descarta a possibilidade.

– Pois é, ele falou com tanta certeza que o Ben tava sendo desleal comigo. – afirmou Anita confusa com as fotos sem remetente. – Se bem que... – Ele é doido né, transforma qualquer fato em uma verdade absoluta. – ela afirma cansada das loucuras do garoto.

– É e pelo que eu entendi, ele achou que tinha conseguido então né. – falou Julia preocupada com as doidices do garoto que insistia em perseguir Anita.

– Porque é otário né, iria precisar muito mais do que isso pra gente se afastar. – garante Anita irritada.

– E aí né, você pirou é, foi confrontar o maluco. – Julia ralha com ela pela atitude.

– Eu sei, eu fiquei com raiva, nem pensei, ai mais eu não devia de ter falado nada pra aquele maluco. – concorda Anita. – Mais quer saber, ele já não ia me deixar em paz mesmo, e o Antônio tava merecendo ouvir tudo aquilo, ah se tava. – Anita afirmou se sentindo em parte vingada.

– Ai amiga, mais você fez besteira não é, e duplamente. – Julia se manteve firme em suas convicções.

– Eu sei, também fui meio estupida com o Ben, ah mais também a gente namora e aquela doida fica perseguindo o garoto. – ela diz ainda irritada. – Quando ele chegar a gente vai ter que conversar, ou melhor eu vou ter que pedir desculpas né, antes que fique pior mesmo. – percebeu Anita, se jogando na cama frustrada.

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– Então o que eu podia dar pra Ju, de aniversário Pedrinho. – Anita solicita a opinião do caçula.

– Alguma coisa especial certo, que fizesse ela sempre se lembrar desse dia. – deduz o garotinho com ar de esperteza querendo ajudar.

– É mais eu não sei o que. – afirmou Anita ainda em dúvida. – Tinha que ser algo simples, mas diferente também, que fosse a cara dela. – opina a menina ainda sem muita ideia para o presente da melhor amiga.

– Mais isso não seria a festa surpresa. – o pequeno se perde nas falações da irmã mais velha.

– Óh surpresa mesmo, ninguém pode saber por enquanto. – Anita ri travessa cochichando para o irmão, não conseguiria deixar a amiga vivendo mais um dia comum no dia de seu aniversário. – Eu posso dar alguma coisa com decoração pra ela, vou pesquisar alguma coisa, e o presente principal... – Acho já que sei. – Anita comunicou indo sentar na cadeira do computador animada.

– Ih desiste, computador pifou de novo. – Pedro afirmou revelando. – E a Sofia saiu levando o notebook. – acrescentou o menino com um olhar receoso para Anita.

– Aff, nessa casa sempre tem uma coisa detonada, ai deus. – Anita reclama. – E Sofia hein, que não para em casa agora. – percebe ela.

– É eu sei, ela andava tão triste esses dias, mais agora tá bem animada de novo. – Pedro contou feliz pela irmã mais nova.

– Eu também notei, ainda bem que ela voltou a ser a velha Sofia em parte. - Anita compartilhou da alegria do pequeno. - Vamos lá pra garagem, a gente pega o notebook do Ben.- sugeriu Anita se paciência para esperar.

– Agora só te um problema, tá bloqueado. – Pedro afirmou sentando ao lado da irmã.

– Ai mentira, o que esse garoto foi bloquear esse computador. – resmunga Anita.

– Provavelmente pra não ter ninguém mexendo nos arquivos dele, como você tá tentando fazer agora. – Pedro intercede com um sorriso esperto.

– Ai que horror, fez me sentir uma pessoa detestável agora. – Anita retruca não muito satisfeita com o comentário do menino. – Só que eu não estou especulando nada, porque o Ben trancou isso aqui meu deus, ele é não é disso. – ela afirma.

– E você já tá desconfiando. – Pedro ri da irmã, ao perceber uma curiosidade nada contente no semblante dela.

– Ai mais vem cá, todo mundo vai me chamar de neurótica hoje, até você pequeno. – Anita se estressa com tudo que já havia se passado em único dia.

– Eu não disse nada você que insinuou, mas acho que sei porque ele trancou, Giovana e Vitor estavam mostrando as fotos da viagem de vocês pra mamãe ontem. – revelou o menino o que havia visto.

– Como você sabe disso. – não entende Anita.

– Eu vi eles falando, eu não o sou único observador, acho que puxei por você nisso. – brincou o garotinho sorridente.

– Ai meu orgulho. – sorri Anita. – Abriu, consegui desbloquear. – comemora.

– Você adivinhou a senha, cara quando eu crescer não quero ter uma namorada como você. – Pedro dá um sorriso travesso para Anita.

– Bobinho. – zomba Anita, apertando a bochecha do garotinho.

– Você acha que o Antônio tá aprontando alguma. – Pedro questiona para Anita a encarando esperto, enquanto ela só presta atenção na tela do computador.

– Porque Pedrinho. – Anita pergunta não entendendo o que o menino queria dizer realmente.

– Nada, vi ele lá na Maura ontem, quando eu fui estudar com a Tita, você sabe o que eu penso sobre ele né. – Pedro exclama, jamais conseguindo pensar que Antônio poderia realmente estar se redimindo, e virando uma pessoa boa da noite para o dia.

– Eu sei, mais isso não é coisa pra você resolver, pior é que você foi o único e primeiro a perceber que tinha alguma coisa errada com o Antônio né. – Anita prenunciou um pouco dispersa se recordando dos acontecimentos.

– Quer dizer que você também acha. – o menino não deixa a confissão da irmã passar batido e a confronta. – Ele vive com o pai, aquele cara é muito sinistro Anita, e a Tita me disse que ele e a Bruna estão namorando de novo. – afirma ele desconfiado.

– Eu disse, disse... – Não quer dizer, ai talvez eu disse... – Ai Pedro me ajuda a procurar o presente da Julia, e não vamos falar desse garoto não, e também não fica perto dele, o Antônio pode até parecer um vilão de desenho animado, mais ele é real. – ordenou Anita taxativa quanto ao assunto.

– Tá, tá bom. – o caçula para de fazer perguntas a irmã.

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– Oi. - Ben entrou em seu quarto e a primeira imagem que seus captaram foi à imagem de Anita escorada a cabeceira de sua cama.

– Não achei que eu fosse te encontrar aqui. - respondeu ele em um tom não muito cordial.

– É, eu tava te esperando. - Anita revelou sem esconder que não estava cravada na cama do garoto desde a hora dele retornar do trabalho por acaso, sabia que sua insistência e determinação em pedir desculpas talvez nem fossem fatores para resolver a confusão de mais cedo, mas precisava tentar, na verdade não queria dar tempo para Ben fugir de uma possível resolução daquilo tudo, podia apenas agravar mais as coisas se esperasse, julgou Anita em seus pensamentos toda tarde enquanto pensava em como se explicar para o garoto, na verdade a discussão com Antônio havia contribuído muito para que sua ansiedade se acirrasse, esperar também podia ser um sinal de que mais alguma coisa pudesse acontecer e que isso fizesse os dois se desentenderem ainda mais, Anita preferia com todas as forças não correr o risco.

– Ah pois é... - Ben murmurou sem focar nela, também relembrando que havia ficado de terminar o assunto de mais cedo, por mais que temesse que os dois não chegassem a um consenso, Anita percorreu os movimentos de Ben com o olhar, constatando que a face sisuda e até nem um pouco amigável do namorado, significam que ele estava realmente chateado com ela pela situação criada.

– Eu fiquei te esperando, mas você tava demorando, até pensei em... - Anita ia explicar que pensou em ir ao cinema com Julia, com intuito de iniciar um papo que não viesse carregado de cerimonia por parte dos dois mais acabou desistindo, enquanto Ben depositava o caderno que trazia consigo a estante e sentava de costas para ela nos pés da cama.

– Eu passei lá no Embaixada pra falar com meu pai, ele me ligou afirmando que queria conversar comigo, aí tava cheio e eu acabei ajudando ele a servir algumas mesas. - o garoto explicou não muito receptivo, e o fazendo não por obrigação, mas porque realmente não viu problema.

– Tá tudo certo, eu não te pedi pra explicar. - ela alegou, mas depois se arrependeu, teria sido melhor guardar a pitada de má vontade que percebeu em Ben ao falar, somente para ela. Anita fechou os olhos por alguns segundos se culpando pelo ato impensado, já se preparando pra resposta nada cordial que poderia lhe vir de volta.

– Meu pai me falou que o Antônio teve lá no restaurante, que vocês discutiram, ele fez alguma coisa. - Ben indaga olhando apenas de relance para ela.

Anita se viu nervosa e engasgando ao tentar se pronunciar na mesma hora. - Não, quer dizer, até falou, mais quem passou dos limites acho que foi eu. - a menina disse com a voz carregada de tensão.

– Como assim Anita. - ele se atreveu a perguntar, por mais que achasse que não gostaria muito de saber.

– Ele viu acho que a nossa discussão por causa da Drica. - Anita só soube sentir-se tola pela confissão. - Aí eu falei um monte de coisa pra ele, ai não aguentei quer saber. - ela não nega e nem disfarça seu erro, por mais que não se arrependesse muito. - Ele fica por aí achando que pode inventar um monte de coisa da gente, desde que pisou nessa casa aqui, agora nem se fala, entrei em parafuso Ben, ao menos agora ele ouviu da minha boca a verdade. - ela diz enraivada.

– O que não resolve muita coisa né, ele é doido, e você mesma já disse uma duzentas vezes que não adianta dar corda pra ele, Antônio tá em surto continuo Anita, ele não distingui mais o que é real, do que ele inventa na cabeça pirada dele. - rebate Ben, a repreendendo pela atitude que poderia não acabar nada bem, também demostrando sua raiva do garoto, que ao invés de diminuir parecia só aumentar gradativamente.

– Me desculpa príncipe. - ela pede se vendo afoita com o clima entre os dois.

– Porque, por brigar com o Antônio. - o garoto devolve a encarando entre um sorriso que logo some sem o acompanhar.

– Não, to nem aí pra aquele idiota. - Anita se corrigiu, se deslocando até ele. - Ele que pense o que quiser de mim Ben, não me importa, não me é importante, por mais que dê raiva dele materializar algo que eu não sou. - esclarece ela, tocando de leve o ombro dele. - Mais você não, eu não posso deixar você achar uma coisa que eu não sou. - afirma Anita recebendo apenas um suspiro da parte dele como reação. - Tá, talvez eu seja, quer dizer eu banquei a neurótica, e até dei a entender que eu não estava nem aí pra qualquer laço de confiança que existe entre a gente, na hora eu fiquei com raiva mesmo e deixei ela me guiar né, o que foi pior. - confessa a garota sincera. - Me perdoa, mesmo.. - insistiu.

– Ben? - ela tentou manter a calma ao desconfiar que seria ignorada. - Ben olha pra mim, dá pra não fazer assim. - implora Anita decidida a não sair dali ainda brigada com ele. - Por favor, olha se você não quiser me desculpar eu até entendo, mas não fica sem falar comigo... - Ben. - ela agiu movida por sinceridade, estendo os braços em volta de seu pescoço e o beijando.

– O que não tem muita lógica não é, eu não te desculpo, mas a gente volta às boas. - Ben dá um sorriso, sem deixar passar batida a armadilha presa nas palavras dela.

– Ok, talvez não mesmo, mais mesmo assim a proposta não está sendo retirada. - ela garante esboçando um sorriso debochado. - Mais eu realmente não quero mais brigar com você, e não vou, eu te amo e nada vai mudar isso, nada nunca vai ser maior, você sabe que não. - relembrou Anita distribuindo beijos por seu pescoço.

– Engraçado, juro que eu queria que esse lembrete viesse a tua cabeça quando você se enche de raiva por causa de alguma coisa. - Ben ironiza virando o corpo para encará-la.

– Ah é... - Aí é mesmo pedir pra eu virar a madre Tereza de Calcutá, e nem eu jamais daria conta de tal façanha. - Anita não tenta se esquivar. - Olha eu até acho que você não fez nada. - Tá bom você não fez. - ela corrige ao perceber o olhar firme e nada satisfeito dele em cima de si, diante de suas palavras que pareciam ainda lidarem com a dúvida. - Mais e as fotos, quem tirou, será que não foi a sonsa da Drica mesmo, alguém me mandou elas com uma intenção né, e unir a gente ainda mais é que não foi. – Anita o questiona.

– Sei lá Anita, será que foi o Antônio, tudo é culpa do Antônio ultimamente. - Ben se pôs a rir da desgraça que sempre se abatia em cima dos dois, com certo tom de deboche.

– Pior que eu até achei que fosse, mais não sei também, deve ter sido algum sem noção cuidando da vida dos outros, gente é que não falta pra isso. - concordou ela rindo. – Você vai me desculpar, ou eu vou ter que ir daqui ao cristo redentor de joelhos. - ela brinca com um sorriso travesso, lhe dando um beijo rápido que ele não resistiu o suficiente para recusar.

– Você ia ficar sem joelho, e talvez nem adiantasse. - Ben opina, e sob o efeito de um olhar brincalhão a empurra na cama parando sobre ela.

– Isso é um sim. - ela pergunta solar.

– Não, isso é apenas uma constatação estupida, de que eu não vivo sem você, mais uma, aliás. - ele ri sem confirmar.


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