– Vem comigo. – Disse ele a puxando para o quintal.

– Não dá. – Alegou a menina nervosa.

– Eu vou e você fica então. – Anunciou Ben.

– Ele já percebeu que você tava aqui, agora ele me encontra, que jeito. – Anita afirmou ouvindo os passes de Ronaldo cada vez mais perto. – Você fica. – Disse ela tentando passar por Ben que bloqueava a porta.

– Ai caramba Anita. – Reclamou ele, ao receber uma cotovelada dela.

– Desculpa, me atrapalhei. – Exclamou a garota, procurando algum lugar para se enfiar.

– Vai pra lá né, o que você vai fazer aí. – Alegou Ben não entendendo, enquanto ela puxava a toalha da mesa.

– Não né, se ele não sai daqui nunca, eu fico presa no quintal. – Afirmou ela, se sentando embaixo da mesa.

– Ai meu deus! – Falou Ben esfregando a mão no rosto.

– Fica quieto. – Sussurrou Anita, o repreendendo.

– Filho, o que você faz, de pé há essa hora. – Ronaldo perguntou surpreso, ao vê-lo com os braços apostos na cintura encarando o chão.

– Eu, eu, eu... – Pronunciou ele, não sabendo como completar a frase. – Eu tava aqui. – Disse Ben sem jeito.

– E fazendo o que moleque, você não tem aula amanhã não. – Ronaldo rebateu, estranhando a cara do garoto.

– Tenho, eu tava sem sono, aí, eu vim, vim. – Respondeu ele procurando uma desculpa. – Toma um copo de água. – Completou, após observar a garrafa de água e o copo vazio que Anita havia deixado sobre a bancada. –Mais e você, o que houve, você não é de perder o sono. – Ele quis mudar o rumo das coisas.

– Pois é, só que tem acontecido tanta coisa nessa casa. – Ronaldo respondeu com certa preocupação.

– O que por exemplo. – Perguntou o garoto, ao ver o semblante tenso do pai.

– Dinheiro o mais frequente, os gastos com tudo aqui não tem sido pouco, a regularização da papelada da casa, não tem sido muito barata não, só espero que eu, eu não tenha que entrar em chegue especial. – Desabafou Ronaldo.

– Poxa pai, se você precisar de alguma coisa avisa, bom o que eu ganho não é muita coisa, mas já dá pra ajudar em alguma coisa. – Se solidarizou Ben.

– Oh meu filho meu obrigado, mas você já faz muito se cuidar de você viu. – Respondeu Ronaldo, tocado pelo gesto do garoto.

– Do mesmo jeito, eu moro aqui, não tem como eu não me preocupar com o que tá acontecendo como vocês também. – Alegou Ben.

– Eu te entendo, mais eu ainda posso segurar as coisas sozinho, por enquanto pelo menos. – Ronaldo justificou. – Aliás, você sabe se o Fred já foi dormir. – Perguntou ele para o filho.

– É então, quando eu passei pra vir pra cá ele tava acordado, a gente até conversou um minuto, tava corrigindo umas provas dos alunos eu acho. – Disse Ben. – Mais por que? – Indagou ele, em um misto de curiosidade e receio.

– Nada de mais, eu vou trocar uma palavra com ele. – Afirmou Ronaldo. – Boa noite Ben, e vê se vai dormir também. – Falou ele, antes de se retirar para o quintal.

– Claro, eu já estou indo também. – Respondeu Ben com um sorriso sem graça. – Coitado do Fred, tomar esporro a essa hora da noite. – Previu Ben, enquanto observava o pai sumir de sua vista.

– Vem eu posso saber o porque de você ter ficado puxando tanto assunto com o Ronaldo, já tava ficando sem joelho de tanto ficar ajoelhada. – Anita ergueu a toalha da mesa já esbravejando.

– Foi mal, mas você queria que eu fizesse o que. – Ben se defendeu estendendo a mão a ela.

– Ai, minha cabeça, droga. – Resmungou ela, ao bater a cabeça contra a madeira. – Isso só pode ser castigo, também quem manda, bem feito pra mim. – Afirmou ela.

– Não exagera vai. – Disse Ben, achando graça dos resmungos da namorada.

– Ah não, super normal isso aqui. – Anita retrucou. – Eu devo ser muito mau caráter mesmo, sorrateira. – Ela falou desapontada pelas próprias atitudes.

– Anita, deixa de maluquice. – Ben respondeu não muito convencido.

– Eu vou dormir que eu ganho mais, melhor não esperar o Ronaldo voltar. – Afirmou ela.

– Boa noite tá. – Desejou ele com um beijo. – Dorme bem. – Acrescentou ele.

– Boa noite, mais agora deixa eu ir vai. – Anita respondeu se despedindo com mais um beijo.

– Não. – Se negou ele, segurando o braço.

– Para, deixar eu ir né, você tá doido. – Repreendeu Anita, mas não conseguindo em evitar em achar graça do garoto.

– Tá, tá bom, vai antes que eu desista de deixar. – Afirmou ele, com mais um beijo.

– Tá mais agora, eu vou mesmo. – Riu Anita. – Tchau. – Falou ela se afastando.

– Tá bom. – Se convenceu ele, observando ela se afastar.