– Julia eu não to crendo! Que você vai matar a aula de matemática, pra não ter que cruzar com o Fred. – Anita a repreendia com espanto no pátio do colégio.

– Não, nada a ver. – A morena negou. – Eu só, minha mãe tem dentista hoje, e eu resolvi ir com ela. – Julia colocou como desculpa.

– Ah entendi. – Respondeu Anita, não acreditando nem um pouco.

– Anita, você sabe muito bem que a minha mãe, morre de medo de ir ao dentista. – Julia argumentou.

– Claro, eu sei, mas a tua mãe também sabe que você tá no último ano, e que não pode perder aula, portanto ela não iria insistir pra você ir ao dentista com ela. – Disse Anita, preocupada com as atitudes da amiga.

– Anita, você quer que eu faça o que, você tá botando coisa onde não tem. – Julia afirmou. – Você anda muito estranha sabia. – Ela completou, sorrindo sem graça.

– Ando, pode até ser, mais você tá arrumando desculpa pra não se encontrar com o Fred, e não vem negar não, porque eu não to louca. – Anita disse irredutível.

– E se for, você fala isso porque o Ben te ama, né, ai com certeza fica muito fácil você me dizer, pra investir numa relação, que eu acho que não tem futuro. – Julia respondeu séria. – E outra obvio que no caso de vocês, valeu a apena, tudo que houve até aqui, vocês se amam. – Disse ela.

– Futuro? – Repetiu Anita. – É só que o futuro virou uma coisa muito louca, ou você acha que eu desejei isso tudo que aconteceu, tudo que o infeliz do Antônio fez, a Sofia enfim, eu só espero que o futuro daqui pra frente, seja pelo menos mais brando. – Anita suplicou, gesticulando. – Julia, às vezes o futuro somos nós quem fazemos, você acha que eu nunca tive medo de dar tudo errado, eu sobrar nessa história, eu desisti algumas vezes lá no começo de tenta ficar com ele, eu não sei se você lembra, mais quando rolou o acidente com Ben, eu descobri dele e da Sofia, você foi primeira pessoa a me dizer que eu não podia abrir mão dele por causa dela, o que foi que mudo. – Anita afirmou, querendo compreendê-la.

– Ele sempre gostou de você, você é que não queria enxergar isso, e no meu caso eu só não quero me iludir. – Julia confessou.

– Bom também não saber, o que realmente tá rolando, não é a forma mais fácil de ser verdadeira com você, mais também não adianta eu ficar enfiando coisa na tua cabeça, eu sou “ gato escaldado nessa história”, depois de tudo que aconteceu, eu já cheguei no fundo poço, a e última coisa que eu pensaria agora, seria evitar me expor, pra que as pessoas não me julgassem, mais também eu sei que, sair do buraco não é nada fácil, e quando a gente entra, nós sempre desejamos nunca ter entrado. – Justificou Anita, querendo entende-la.

– Bom pelos menos tudo que vocês passaram, não foi em vão, vocês se amam, e apesar de tudo, você não perdeu a amor dele, também o Ben é o Ben, não dá nem pra comparar com o que a gente vê por ai. – Afirmou Julia.

– É realmente, nem me fala. – Anita apertou suas palavras entre os dentes.

– Ah não, você ainda tá com aquela história de ontem, heim. – Questionou ela a garota.

– Não, to, sei lá Ju, eu posso até confiar no Ben, mais eu não confio naquela garota. – Anita proferiu pensativa.

– Então você acha mesmo, que ela tá querendo alguma coisa com ele. – Julia perguntou, intrigada.

– Eu não sei, mais ela chega lá em casa, encontra o Ben, aparentemente solteiro, porque ninguém sabe da gente, pelo menos não aquelas pessoas que, sei lá não prestam atenção, também a gente não tem feito muito questão de esconder, lá em casa talvez, e Julia que tivesse sozinha iria acabar olhando pra ele. – Ela contrapôs.

– É essa situação de vocês anda delicada, mais vê se não vai ver coisa onde não tem. – Aconselhou Julia.

– Coisa onde não tem, você e o Ben adoram essa frase não é, aliás tá aí uma coisa que eu odeio no Ben, a mania dele de sempre achar que eu sou exagerada, foi assim quando eu peguei ele beijando a Meg, quando eu descobri que ele tinha um rolo com a Sofia, agora quando eu exitei em ficar com ele, depois que ele teve um namoro com a Sofia, quando é com ele não né, ele tá sempre certo. – Anita reclamou.

– E ele tava não é, tipo nessa história do Antônio, ele nunca gostou do Antônio, perto de você. – Falou Julia, achando graça dela.

– Tava porque o Antônio é um louco, porque eu não dei brecha pra ele fazer o que fez, posso até me responsabilizar porque veio depois da história do vídeo, mais antes não, antes eu não tive culpa de nada, posso ter sido ingênua de não ter visto quem era o Antônio, mas mesmo assim eu vivia grudada no Ben, e depois que rolou aquela briga dos dois aqui na escola, ai mesmo que e não cheguei mais perto, o Antônio com aquele jeito sutil dele de sempre vir com uma coisa, é que ficava as vezes na minha volta, mas mesmo assim eu não ficava muito perto. - Justificou ela, impaciente.

– Quem saber, pra mim vocês são dois ciumentos, isso sim. – Julia caçoou dela rindo.

– O Antônio é um louco Julia, ele fantasiava comigo, aquilo que eu vivia com o Ben, ele se colocava no lugar do Ben, ali comigo, por isso que é tão difícil, ele enfiar na cabeça dele, que além da insistência dele, pra gente ficar junto, aquelas promessas estupidas que ele fazia, quando eu tava mal, e não confiava em ninguém, depois de tudo, eu nunca tive nada com ele, e nem quis ter. – Anita desvendou, preocupada com as loucuras do garoto.

– Ai Anita credo, me deu até um arrepio agora. – Julia disse com uma cara assustada, se contorcendo, no banco.

– O Antônio pode até ter entendido, que eu nunca vou ter nada com ele, mais ele nunca vai desistir de tentar, meu deus quando é que esse pesadelo, vai ter fim. – Anita falou, tensa, prensando uma mão contra os cabelos.

– Anita nem pensa nisso, deixa pra lá. – Julia quis tranquilizar a amiga.

– É tem razão, sem falar que o Antônio anda muito quieto, eu preciso falar com o Ben, ele precisa convencer o Hernandez, a obrigar o Antônio e esse pai dele, a fazer um exame de DNA. – Anita afirmou.

– Você não vai desistir, enquanto você não descobrir nada sobre o Antônio. – Ela falou, nervosa pelos pensamentos de Anita.

– Não, e eu tenho que aproveitar, enquanto o Antônio não sabe de mim e do Ben, depois pode ficar um pouco pior, eu nunca pensei que eu fosse dizer, mais o Ben ter namorado a Sofia meu deu uma vantagem, Antônio acha que eu não ia perdoar isso, ou pelo menos ele cogita essa hipótese. – Anita pronunciou taxativa.

– É pode ser. – Disse Julia.

– Você fez aquele texto de história que o Virgílio pediu. – Anita questionou.

– Eu posso roubar a Anita, um minuto. – Ben falou bem-humorado, chegando por trás da namorada.

– Não, não pode. – Anita respondeu rindo.

– Roubar? – Quem tem que roubar ela, de você sou eu, aliás, essa vida anda muito injusta, eu tenho que dividir meus dois amigos, com você e com a Flaviana, porque o Serguei é outro também que não desgruda dela. – Julia brincou rindo.

– Ah maldade tua, com a gente vai. – Anita retrucou, achando graça dela.

– Ai não. – Ben riu, se sentando.

– Gente é, eu vou indo. – Afirmou Julia.

– Não, Julia, volta aqui. – Anita ainda tentou impedi-la.

– Tchau, depois a gente se fala. – Julia não se deu por vencida e foi embora.

– Não acredito. – Reclamou ela.

– O que deu nela, ela não vai pra aula não. – Ben indagou, sem entender muita coisa.

– Esquece, endoidou, só pode. – Anita afirmou sorrindo.

– Vamos pra aula. – Disse ele.

– Vamos. – Concordou ela, e os dois foram caminhando até a sala.