Sua mente era um enorme salão de danças, com piso brilhante e sacadas dando ao céu estrelado e bonito, e as palavras rodopiavam e dançavam sem parar. Palavras que ele não queria falar, mas precisava.

Ele pensou... Que tudo estaria resolvido. Que ele poderia muda-la... Correção: retorná-la a quem ela realmente é, quem ela era antes de tudo isso. Mas o dano era permanente, e Elena Gilbert para sempre seria quem ela nunca quis ser.

Inconsequente. Egoísta. Ela não notava mais, porém ela era isso tudo agora. Ela era Damon, e Damon era ela. Um dia, eles iriam se destruir. Um, e depois o outro. Como um espelho, mas os dois estavam no mesmo lado. E ele, no oposto.

Stefan lembrava como tudo começou, quando a conheceu e ela era apenas Elena. Divertida, iluminada, boa e gentil. Às vezes ele se perguntava se não era tudo culpa dele, mas ele jurava, ele tentou construir um mundo tão bonito em volta dela. As estrelas brilhavam e ele pensou que tivesse encontrando-a.

Eles viveram um sonho que, de repente, virou pesadelo, e todas as bonitas palavras derreteram nas chamas. De uma hora para a outra, todas as juras não valiam mais, todos os olharem eram gelados e os braços que a protegiam não era os dele.

E ficou por isso. O amor virou um fantasma, e ele foi enterrado vivo ainda no coração de Stefan, e por isso o assombrava constantemente. Ele era obrigado a assistir a felicidade de Elena com o irmão.

E então algo mudou.

Ele supõe que foi quando Silas o trancou naquele caixão e ele foi esquecido no fundo da pedreira. Num baque, a ficha caiu. Ele não era mais tão importante.

Por algum tempo, ele sentiu-se um lixo, e também sentiu raiva do irmão, raiva de Elena, raiva de todos. E saudades de Lexi. Ela havia ido, mas ela era também a única que se importava. E então ele sentiu mais raiva ainda de Damon, porque a culpa era dele.

Depois, ele superou. Respirou fundo e decidiu que não importava mais. Se ninguém ligava, ele seria importante para ele mesmo. Parecia um discurso de alguma adolescente de quinze anos estúpida, mas funcionou.

A esperança morreu, e a dor diminuiu. Ele continuava ali porque mesmo que os dois não se importassem com ele, ele o fazia.

E era hora também de por um fim em tudo. Era hora de matar aquele fantasma e enterrá-lo o mais fundo possível, e longe de seu coração.

Um coração, inclusive, inutilizável. Havia tantas cicatrizes, tantos remendos, que ele duvidava que um dia pudesse funcionar apropriadamente de novo. Era o fim de tantas coisas.

E, no fim, ele não queria amar outro alguém, porque ele sabia que nunca poderia se livrar completamente de Elena Gilbert.

Algumas vezes, ele só desejava que a antiga Elena voltasse, aquela que se importava, e eles poderiam ser felizes novamente. Ele queria sentir aqueles lábios macios juntos aos seus novamente, e ficar assim para sempre, nada os abalariam.

Mas ele também não poderia correr atrás de um fantasma para sempre. Ele tinha que seguir em frente, já era hora de começar de novo. Ou desistir desses tais começos, porque, no fim, a dor não compensava. Porque inícios chegam a finais, e todos os corações são partidos.

Ele já não tinha mais coração para partir. O seu coração pertencia a Elena, eternamente, e não havia nada a ser feito além de esquecer que já teve um.