–Sei...

–Ah, eu acho isso super legal, sério, mas me diz uma coisa, já te levaram para a sala dos espelhos?

–Já

–Espero que não tenha te assustado tanto, tem gente daqui que nunca mais se olha no espelho

–Não tiro a razão deles...

–É, as vezes, a verdade parece não ser o melhor caminho, mas deixa eu te explicar mais, você não tem aula hoje mesmo. O que você ganhou da sua Madrinha, ou do seu padrinho?

–Madrinha?

–É a moça que te trouxe aqui, aquela que foi sua amiga e te conheçe desde quando você nasceu e tal...

–Srta.Heather?

–Miss Heather? Uau, ela é uma das superiores aqui, sinal que você é poderosa.Posso ir no seu quarto depois?

–Claro...

–Legal! Gostei de você, vamos ser amigas para sempre.- ela falava demais, e um pouco rápido, mas ela era simpática.- você não é de falar muito né? Mas não faz mal, aposto que é uma boa ouvinte, e nós, ninfas, sabemos quando a pessoa é mal caráter, dá pra sentir o cheiro. Esse é o seu primeiro dia como dimou?

–Sim

–Ah, então você não desenvolveu sentidos ainda, essa noite você vai virar outra pessoa, vai ver o mundo de outro jeito.

–Como assim

–Ah, seus sentidos vão mudar. Você vai ficar Adof

–Adof?

–É um palavrão ao contrário.- ela sussurrou- Não fala pra ninguém.- eu ri

–O.k.- ela sorriu e falou um pouco mais sobre os sentidos, mas não entrou em detalhes.

–A natureza é perfeita.

–Eu tenho pais?

–Pais? Ah, não. Você nasce da natureza, de uma árvore, ou uma nuvem, ou uma flor... E você tem sua madrinha, que nasceu no mesmo lugar que você

–Então a Srta.Heather nasceu no mesmo lugar que eu?

–Isso, e se você se concentrar você consegue se cominicar com ela pela mente

–Mesmo?

–Mesmo, é bem legal né?E sua madrinha tem os mesmos dons que você. Nossa, você é bem poderosa mesmo. Fez 16 ontem?

–Fiz.

–Ah, parabéns! -ela segurou meu punho com uma mão e girou a outra em cima do meu braço, e então apareceu uma pulseira, rosa, feita de flores pequenas com uns cristaizinhos intercalando as flores

–Uau

–Presentinho pra você.- ela sorriu

–Obrigada, ela é linda...

–De nada, ficou linda em você.- ela olhou para o meu cabelo.- Posso pentear seu cabelo?

–É...

–Por favor?- ela abriu um sorriso e seus olhos brilharam

–Tudo bem...
Ela fez aparecer uma escova de cabelos em sua mão e se sentou atrás de mim.

–Ah, eu adoro mexer em cabelos bonitos, assim como o seu...- então uma corneta bem alta começou a tocar

–O que é isso?

–Ah, esse é o despertador daqui, mas não é pra você, não hoje, já que é seu dia livre

–Que horas são?

–Nove e meia.- fiquei feliz por saber que não teria que acordar as sete da manhã todos os dias. Péris começou a cantarolar.- Ei, quer ver uma coisa legal?

–Claro...- ela pegou na minha mão e nós saímos correndo, fomos mais para o fundo da floresta, então nós paramos no meio do nada

–Você vai adorar isso.- ela se virou de costas para mim e se abaixou.- Não fala nada o.k? Se não eu não consigo me concentrar.

–Mas, o que...

–Shh!- então ela respirou fundo e tocou o chão, logo depois começou a fazer um barulho dentre as árvores como se tivesse um gigante correndo, então um enorme tigre branco de mais ou menos uns dois metros de altura saltou dentre as arvores e rugiu alto, então Péris o abraçou e acariciou seu focinho

– O que é isso?

– Um tigre branco, ué, o nome dele é Baby.- ela falou sorrindo enquanto o tigre ronronava, então ela parou de acaricia-lo, e foi quando ele olhou diretamente para mim e veio na minha direção, eu recuei.

– Péris, me ajuda aqui...

– Relaxa! Ele é um fofo.- então ele começou a rosnar, mas parou assim que me farejou, ele empurrou minha mão com o focinho e deitou no chão.- Viu só, ele quer carinho!

– Isso é inacreditável.- eu murmurei enquanto me aproximava do tigre, mas quando eu encostei em seu pelo ele soltou um brilho azul que se transformou em um tipo de purpurina prateada.

–Nossa.- ela me olhou de uma forma estranha por uns segundos, mas logo começou a sorrir de novo. - Agora você tem um tigre só seu, ele é fiel a você.

– Fiel?

– Isso, agora ele só obedece você, e também sempre que você precisar dele ele vai aparecer de alguma maneira. Você gosta de sereias?

– Sereias?- eu disse quando parei de acariciar Baby ele saiu correndo e sumiu no meio da floresta

– É, você gosta?

– Não sei, eu nunca vi uma.- quando eu disse isso Péris me puxou pelo braço e nós saímos correndo até chegarmos na areia em frente ao lago infinito, ela se abaixou colocando a mão na água e falou:

– Sidorapa iaseres.– então ela se sentou e eu me sentei logo ao lado dela, até que alguém chamou:

– Péris!

– Celine! - disse ela acenando para uma menina ruiva que apareceu dentro da água com um sorriso no rosto, ela se aproximou de nós

– Vejo que trouxe uma dimou com você, ela vai com a gente?

–Vai sim.

– Ah, você vai amar. - ela disse para mim. - Me faz um favorzinho, meu bem, tira seu sapato?

– Ah, claro.- quando eu tirei o sapato ela pegou meu pé, então Péris pulou na água, a sereia pegou um frasco com um líquido transparente dentro e pingou uma gota no meu pé.

– Isso vai dore um pouco.- Um pouco? Eu nunca senti tanta dor na minha vida, mas quando pensei que fosse desmaiar eu estava dentro da água com barbatanas como as de uma sereia.

– Não pode ser. - eu disse mexendo as barbatanas

– Agora sempre que você entrar na água, vai poder virar uma seria, se quiser.

– Isso é realmente muito legal. - eu sorri

– É mesmo. - ela disse concordando.

– Vamos mostrar o reino para ela. - disse Celina afundando, Péris me puxou pela mão e nós fomos descendo até chegar bem fundo, onde tinham corais coloridos, de varias cores, umas que eu até achava impossível de existir para corais.Celine nos levou para nadar com golfinhos, peixes dourados, conhecemos também outras sereias, eu até vi uma baleia, até Péris falar que deveriamos ir, se não eu ia perder a hora do jantar.
Quando chegamos na floresta novamente Péris disse que o jantar começava as sete horas

– Que horas são?

– Seis horas, dá tempo de você ir para o chalé e tomar um banho.

– Mas eu não sei voltar.

– Eu preciso ir.

– Péris, espera...- antes que eu pudesse falar mais alguma coisa ela desapareceu, deixando flores em seu lugar. - Ah, ótimo.- eu olhei ao meu redor e não via nada a não ser árvores, eu estava por um fio de entrar em desespero quando senti alguma coisa me dar um empurrão de leve pelas costas, quando me virei lá estava Baby, admito que nunca fiquei tão feliz em ver um tigre em toda a minha vida.

– Oi baby.- eu disse coçando sua orelha.- tem como você me levar para o meu chalé? Eu não sei como voltar... - então ele colocou sua cabeça entre as minhas pernas me jogando pra suas costas, eu abracei seu pescoço e ele correu tão rápido que eu achei que fosse cair. Ele me deixou em frente ao meu chalé, mesmo sem eu falar qual era, eu desci de suas costas e acariciei sua cabeça.

– Obrigada baby.- eu disse entrando no chalé.