Something Wrong - Pernico escrita por Lyra


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Aqui está um capítulo fresquinho e grande, como prometi :v
A história, por enquanto, não é nada demais... mas no próximo capítulo começam as tretas e as melosidades tuts tuts ("melosidades." wtf?)



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Mal consegui dormir. Minha noite se resumiu em ficar acordado, pensando em... absolutamente nada. Deixava que meus pensamentos vagassem por lugares na qual minha mente nunca mais vagou. Pensava em minha família; em como seria minha vida a partir dali. Idealizava uma vida perfeita, e tentava descobrir como minha mãe morrera. Isso sempre fora um mistério para todos.

Uma pequena parte de minha mente, quando eu pensava sobre o assunto, mostrava-me bombas, policiais, guerras, bombardeios... E gritos. Mas em meus 16 anos de idade, eu nunca presenciara uma guerra, então supus que eu estivesse confundindo os sonhos com a realidade ou tivesse, em algum momento, visto algo na televisão. Ou talvez eu estivesse louco mesmo.

A maioria das pessoas diz que a escola é uma merda, eu sei. Mas elas não entendem. Para elas é uma rotina, algo estupidamente normal. Mas elas não sabem como é ser sozinho. Não sabem como é, na verdade, amar ficar sozinho, mas odiar, com todas as forças, sentir-se sozinho. Querer, desesperadamente, qualquer tipo de companhia – e nada melhor para isso do que a escola.

Talvez essa fosse uma boa oportunidade para eu conseguir encontrar alguém legal. Não digo uma namorada; quero apenas um amigo, já que amizade é uma coisa que há muito venho desconhecendo. Mas... não.

Nico, porra. Pare de pensar nisso, dizia minha voz interior.

Não, não consigo, eu respondia.

Isso pode ser perigoso, você sabe. Os melhores amigos tornam-se os piores inimigos em questão de segundos.

Eu sabia disso. Sabia perfeitamente. Já havia confiado toda uma vida a um “amigo”, e ele usara isso contra mim.

Não. Não, eu não podia. Não tão cedo. Não ainda.

Não posso, não posso, não posso...

E eu repetia essas palavras, até que, sem perceber, caí em um sono profundo.

#

Não precisei de meu despertador para acordar, como sempre. O galo de minha maldita vizinha estava cantando. Sim – galo. Quem, diabos, tem um galo no meio de uma cidade? É... aquela mulher era realmente estranha.

Sentei-me na cama e olhei para a parede por algum tempo. Depois, desviei meu olhar por todo o quarto, reconhecendo cada contorno e cada móvel do mesmo.

Mas meus olhos demoraram-se em minha escrivaninha. Algo parecia... diferente. Olhei, atentamente, cada um dos porta-retratos em cima da mesma. Em um quadro roxo, minha mãe sorrindo, alegre, para a câmera, no momento em que fazia um piquenique no jardim de sua antiga casa. Em um vermelho, minha irmã e eu, sorrindo, enquanto fazíamos corninho um no outro. Subsequentemente, vovô e vovó, já velhinhos, abraçados à sua filha e seus dois netos.

Havia outras além destas, e eu as olhava quando notei: na foto onde minha mãe deveria estar sozinha, dando um sorriso tímido em frente à sua nova casa, um homem apareceu junto a ela. Sua imagem era desfocada, pouco nítida. A única coisa que se podia ver era que o homem tinha barba e bigode ralos; e eu conseguia imaginar minha mãe e minha irmã falando que ele era “sexy”.

É minha imaginação, tentei convencer a mim mesmo. Deve ser uma sombra que... eu nunca vi naquela foto.

Deite-me novamente em minha cama, mas depois de menos de um minuto o despertador tocou, e eu fui obrigado a me levantar.

Olhei novamente para lá, esperando que aquela sombra de feições esquisitas tivesse desaparecido. Mas não; continuava lá.

Intrigado, cheguei mais para perto, e a imagem ficou tão nítida quanto possível: um homem alto, com roupas pretas. Seu cabelo liso era bagunçado, como se ele tivesse acabado de acordar. Seu sorriso era tão tímido quanto o de minha mãe. Ele aparentava ter uns 30 anos para menos – e o cavanhaque ainda estava lá.

– Mas que porra... é essa?

Coloquei o porta-retratos no lugar e virei-me de costas para ele, olhando para minha cama e tentando achar uma explicação lógica para aquilo. Quando olhei de novo para a escrivaninha, minha mãe sorriu para mim.

E o homem havia desaparecido.

#

– Olá, filho.

A velhinha que morava ao lado de minha casa me cumprimentou. É, essa mesmo; a mulher do galo.

Em algum momento ela me disse seu nome. Demi? Demétria? Dessa, de Andressa? Hum, não lembro. Mas era alguma coisa com d.

– Oi – respondi.

Sua filha cuidava do extenso jardim das duas. Ela tinha um imenso carinho com flores – tal como minha mãe.

Ela era bonita; devia ter uns 20 anos. Mas eu nunca falei com ela, devido à minha timidez. E pretendia jamais falar. Mas, felizmente, ela não se dirigiu a mim. Continuei andando pela calçada, sempre olhando para baixo.

Em pouco tempo, eu estava na escola. Westover Hall era seu nome. Parecia um castelo... pode-se dizer que era bem parecida com Hogwarts.

Alguns alunos aglomeravam-se em volta do castelo, enquanto outros já estavam passando pelas portas de entrada.

Localizei alguns dos famosos “valentões” e passei longe por eles, enquanto batiam em um garotinho de uns 12 anos.

Com as mãos nos bolsos de meu casaco e o volume da música do meu celular no máximo, passei rapidamente por todos e corri para a diretoria, para pegar logo a senha de meu armário.

– Bom dia, Nicolas! – disse a diretora, quando cheguei.

– Ahn... meu nome é Nico. Bom dia.

Ela deu uma breve risadinha.

– Ah, desculpe-me. São tantos alunos, sabe... Mas, então, filho. O que deseja?

– Quero pegar a senha e o número do meu... armário.

Eu estava tão nervoso... há quanto tempo eu não falava com alguém, a não ser para pagar contas ou comprar algo?

– Ah! Claro. Aluno novo, não é mesmo? Sim, sim. – ela abriu uma gaveta e pegou uma agenda desta. Abriu-a em uma página marcada – Pois bem! Armário 204. A senha é 48903.

Ela estendeu-me uma caneta e anotei tudo o que eu precisava saber.

– Obrigado.

Já estava saindo, quando ela falou:

– Boa sorte!

#

Olhe para baixo, caminhe rápido. Olhe para baixo, caminhe rápido. Olhe para baixo...

– Ai! – eu havia tropeçado em alguém. – Não vê por onde anda? – disse ele.

– Desculpe – falei baixinho, e continuei andando.

Percebi que ele parara de ajuntar os livros e agora estava de pé.

– Hey! E você sai assim, sem nem dizer nada?

Parei por um segundo. Dei um suspiro, e então falei, um pouco mais alto que o barulho das conversas dos alunos:

– Eu pedi desculpas, cara.

– Muito obrigado, senhor educação – resmungou ele.

Virei-me e o encarei. Ele tinha olhos verdes, cabelo escuro e porte atlético.

– De nada.

Ele revirou os olhos e seguiu para a sala de ciências – o local da minha primeira aula do dia.

Ótimo; serei colega de turma de um idiota, pensei nervoso. Esse ano promete.


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Notas finais do capítulo

Quem adivinhar os mistérios do capítulo ganha um pastel de flango -qq