O herdeiro de Hera escrita por Len Baran, Lah S Conde, Juliana Moreira


Capítulo 22
Destino? -Final-


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas... Tudo bom com vocês? Espero que sim, estou me sentindo triste por esse ser o último capítulo da fic. Mas... Tem algo que vai surpreender vocês e deixar alguns felizes :3 Até daqui a pouco... o/



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SOPHIA

Vamos pular a parte de eu tentando explicar para a Mandy que a missão tinha sido um fracasso, não é? Não gosto de lembrar que David morrera. Muito menos minha mãe... Pois bem. Tivemos que voltar ao acampamento, isso me doía, pois tive que explicar para Amber sobre a morte de David, ela chorou muito mais do que qualquer vez que houvesse chorado antes, mas disse-me que já sabia sobre isso, só tinha a pequena esperança de que eu conseguisse mudar o futuro, o que infelizmente não foi o caso. Conversei com Quíron na Casa Grande, falei sobre meus novos poderes e que ouvia a voz de Hórus em minha cabeça. Falei também sobre eu ter que exilar minha mãe para o Duat. Ele me disse que, possivelmente, o corpo de minha mãe teria se separado de Klonos, ele teria sido enviado ao Duat por saber manipular magia egípcia, e minha mãe enviada ao Tártaro por ser uma deusa grega. Fiquei aliviada ao ouvir isso, tomara que ele esteja certo.

Hórus me disse que se eu me concentrasse na imagem de David, poderia mover seu corpo do Duat até o acampamento e foi o que fiz, com a ajuda de Hórus, eu pensei no espaço preto no qual lutei com Klonos. Pensei no corpo de David deitado com sangue em sua blusa, me concentrei em todo o amor que eu sentia por ele. Logo seu corpo estava saindo lentamente de um portal rodopiante, como um rodamoinho de areia. Pouco tempo depois, o corpo de David estava deitado ao chão no meio dos chalés do acampamento, os irmãos de David trouxeram uma mortalha dourada, um lençol que se usa para envolver os corpos dos mortos. Amber chorava a todo momento abraçada a mim, eu não sabia o que dizer, apenas chorava junto a ela alisando seus cabelos loiros. Os filhos de Apolo envolveram o corpo de David na mortalha e então o levaram para ser cremado e suas cinzas jogadas ao vento, do topo da Colina Meio-Sangue.

Amber pediu para que ela mesma jogasse as cinzas do irmão, seus irmãos concederam o pedido. Caminhei com ela até o topo da Colina, ela segurava um baú pequeno com desenhos de Apolo em sua carruagem solar segurando uma harpa. Lá de cima se via todos os chalés, o campo de treinamento, o lago de canoagem e o monte de pedras que os campistas chamam de O Punho de Zeus. Amber abriu a caixa e pude ver as cinzas de David, coloquei a mão sobre as dela.

– Juntas? – Falei com um sorriso, mesmo que meus olhos estivessem cheios de lágrimas.

– Juntas. – Ela moveu a cabeça positivamente e fechou os olhos com um largo sorriso, lágrimas caíram sobre seu rosto.

Jogamos as cinzas ao vento na direção do lago, “David” foi voando até que as cinzas se separaram e iam sumindo aos poucos. Amber soltou o baú e então me abraçou com força. Disse-me que eu precisava ir depressa ao Olimpo, Hades iria declarar guerra a Zeus, eu precisava impedir que os deuses se matassem. Fui novamente a Casa Grande e perguntei a Quíron se havia alguma forma rápida de chegar ao Olimpo. Ele me disse que podia me levar, criaturas mitológicas se movimentam de forma diferente dos humanos, são bem mais rápidos.

Após me despedir de Amber, chamei Mandy para ir comigo ao Olimpo. Montamos nas costas de Quíron e ele partiu. Não parecia que ele estava indo tão rápido como disse que seria. O galope era suave e o vento fazia os cabelos ruivos de Mandy baterem em meu rosto, nós duas riamos durante o percurso. Poucos minutos depois, chegamos à Nova Iorque, não sei que o que os mortais estavam vendo ao olhar para Quíron, mas não pareciam se importar, um cavalo branco comum, talvez. Quíron nos disse para irmos ao Empire State Building e pedir para que nos leve ao 600º andar.

– Mas não existe 600º andar no Empire State. – Protestei.

As pessoas me olharam como se eu fosse doida por conversar com um cavalo, corei de vergonha. Mandy apenas ria da minha cara.

– Você verá que existe, Srta. Forbes. – Falou ele com sua voz calma.

– Quíron, posso te perguntar uma coisa? – Falei baixinho.

– Pergunte criança.

– Se meu pai era Carter Kane e os semideuses usam o sobrenome de seus pais mortais, por que não me chamo Sophia Kane? – Perguntei com uma expressão confusa em meu rosto.

– Sua mãe, Hera, provavelmente tenha criado este nome, da mesma forma como usou a névoa para encobri-la dos monstros gregos, talvez chama-la de Kane traria demônios egípcios atrás de você também. Não é certeza, apenas uma hipótese. – Respondeu ele.

– Faz sentido, obrigada. – Agradeci sorrindo.

– Tudo bem, tudo bem. Vamos logo. – Chamou Mandy.

Nós duas corremos em direção ao edifício mais alto de Nova Iorque, ao chegar à porta tudo parecia muito calmo, não havia muitas pessoas na portaria, apenas o porteiro e algumas senhoras idosas fofocando sobre casamentos que de suas amigas, não pude deixar de ouvir, de relance ouvi: traição... Eles se divorciaram. Nos aproximamos do balcão e conseguimos ver o porteiro mais de perto: afro-americano, alto e forte, até me lembrava meu pai, Carter. À medida que nos aproximávamos, os olhos do porteiro mudavam de cor, em um momento tinha íris azuis, em outro seus olhos eram totalmente brancos.

– Seiscentésimo andar, por favor. – Pedi.

– Esse prédio só vai até o andar de número 102, mocinha. – Ele sorriu ironicamente.

– Ah é? – Perguntei. – E eu achava que os olhos de pessoas normais não poderiam ser completamente brancos! Rápido, homem, temos uma guerra entre deuses para impedir.

Ele me olhou com uma expressão difícil de distinguir, mas eu poderia jurar que havia um pouco de admiração em seu olhar. Tirei minha mochila das costas, abri o bolso e peguei alguns dracmas de ouro, joguei sobre o balcão e ele sorriu. Pegou os dracmas e colocou no bolso de sua blusa. Levantou-se de sua cadeira, pegou um cartão-chave, entregou-me e nos encaminhou ao elevador.

– Insira na fenda de segurança. Certifique-se de que ninguém mais esteja no elevador com você.

Fiz como ele mandou, assim que as portas do elevador se fecharam, inseri o cartão na fenda de segurança e ele desapareceu, então um novo botão apareceu no quadro, um botão vermelho que possuía o número 600. Apertei o botão e esperamos alguns segundos até o elevador começar a se mover. Iniciou bem devagar, mas lentamente aumentava a velocidade e pouco tempo depois a pressão que o elevador fazia, nos puxava para baixo como se a gravidade na Terra tivesse aumentado para 100 m/s². (Nota: Para quem não estuda Física na escola, a gravidade é medida por “m/s²” – metro por segundo ao quadrado).

Finalmente as portas se abriram, eu e Mandy gritamos em uníssono, pensávamos que iríamos cair. A nossa frente se encontrava um estreito caminho de pedra no meio do ar. Abaixo de nós, a ilha de Manhattan, estávamos na altura de um avião. Acompanhei com os olhos até o topo do caminho de degraus feitos de mármore branco. Uma montanha se erguia do topo das nuvens, não conseguia acreditar no eu via. Fui caminhando com Mandy em direção a montanha, passamos por uma cidade no melhor estilo grego antigo.

– Devemos apressar os passos. – Disse Mandy apreensiva.

– Tem razão... – Peguei na minha mochila a garrafa de ventos que Hermes me dera. Falei para Mandy segurar a garrafa com firmeza, segurei em sua cintura e me concentrei nos ventos ao meu redor, imaginei nos levanto diretamente até a sala dos tronos. – Vamos!

Mandy abriu a garrafa e fomos arremessadas pelo vento até os portões da Sala dos Tronos. Imaginei o vento se dispersando aos poucos e então descemos devagar até o chão. Entramos rapidamente.

– Seu filho matou o meu mais competente, já não bastara Bianca? – Hades pareceu entristecido. – Ou você aprisiona Klonos no fundo do Tártaro, ou eu aprisiono você!

– Ninguém vai aprisionar ninguém aqui! – Gritei.

Admito que fiquei bastante nervosa interrompendo o deus dos mortos assim, um calafrio percorreu meu estômago, achei que vomitaria no piso, mas como seria um ato de desrespeito muito grande, consegui conter meu almoço no estômago. Todos na sala agora me olhavam confusos.

– Klonos... Klonos já foi derrotado. – Eu disse envergonhada com todas aquelas pessoas gigantes me encarando.

– Como?! – Perguntou Zeus se levantando de seu trono. Era simples como o seu chalé no acampamento, se localizava ao meio dos outros e era totalmente branco. – Quem o derrotou?

– Eu... Eu o derrotei. – Assumi que o melhor que eu deveria fazer era me curvar perante eles. Puxei o braço de Mandy, que estava olhando atentamente para o deus deformado com longos cabelos ruivos, seu pai Hefesto, talvez.

Ele vai mata-la pelo que fez a Hera. Hórus falou em minha mente. Fica quieto, depois eu falo com você.

E como fez isso, garota? – Perguntou ele.

– Senhor, minha mãe Hera o traiu com um homem chamado Carter... – Eu informei. – Carter Kane. Ele era um poderoso mago egípcio. Creio que os senhores saibam da existência dos devotos dos deuses egípcios. Eu nasci desse romance que ela tivera com Carter, eu tenho sangue de faraós percorrendo minhas veias. Eu sou Sophia Kane. Semideusa grega e maga egípcia em uma só.

Zeus ouvia tudo atentamente, nunca passou pela minha cabeça que ele pudesse ser um bom ouvinte, mas nem ele e nenhum dos outros deuses faziam sequer um barulho. Tudo que se ouvia era o crepitar de um grande braseiro localizado no centro da sala. Hades me olhava admirado e parecia até feliz.

– O que quero dizer é que exilei seu filho, Klonos, ao Duat. Uma realidade paralela criada pelos egípcios. – Continuei. – Klonos possuíra o corpo de minha mãe, Hera, e para exilá-lo, precisei enviar o corpo de minha mãe junto a ele, peço-lhe encarecidamente que me perdoe por isso.

– Está dizendo que enviou minha esposa para uma cópia fajuta do mundo inferior?! – Ele disse aumentando o tom da voz.

Cópia fajuta uma ova! Gritou Hórus em minha mente.

– Cale a boca! – Eu gritei sem querer.

– Como ousa?! – Zeus gritou de volta.

– Não, não Senhor! – Eu disse rapidamente. – Não estou falando com você... Com o senhor... Bom... Como eu explico isso? Os deuses egípcios, não eram como os gregos e romanos, eles não tinham filhos com humanos, creio que já saibam disso. Eles usavam os corpos de magos como seus hospedeiros, e o deus Hórus está usando meu corpo neste momento.

– Você entrou em meus domínios acompanhada de um deus de religião diferente? – Perguntou ele. – Admiro sua coragem menina. – Ele sorriu com desdém.

– Obrigado, senhor. – Virei-me para Hades.

O deus dos mortos estava olhando para mim com um pequeno sorriso no canto da boca.

– Senhor... Sinto muito pela morte de Nico... – Eu disse abaixando os olhos. Virei-me para o deus loiro com uma camiseta regata laranja que brilhava forte, presumindo ser Apolo. – Sinto muito pela morte de David, também. Klonos fez com que eu o matasse, mas juro pelo Estige que não foi minha intenção.

– Eu acredito em você, garota. – Disse Apolo, mais parecia um adolescente rebelde que um deus.

Virei-me novamente para Hades. Você pode trazê-lo de volta, Sophia. Trazer Nico e evitar uma guerra entre os acampamentos. Disse Hórus. Ele morreu por Klonos, deve estar preso ao Duat, pode estar na espera para o Julgamento com meu pai, Osíris. Sorri quando ouvi isso de Hórus.

– Senhor Hades... – Chamei. – Trarei seu filho de volta.

Como fará isso menina? – Perguntou ele. – Nem mesmo eu consegui.

– Isso é porque Nico não está no Mundo Inferior, senhor. – Informei. – Ele foi morto por Klonos. Klonos, assim como eu, se fundiu a mitologia egípcia. Nico está no Duat.

Juntei toda minha força. Imaginei o corpo de Nico sendo trazido do Duat, assim como fiz com David. Queria poder trazer David de volta. Pensei.

– COMO OUSARAM MATAR MEU NAMORADO?! – Uma mulher de longos cabelos pretos e uma camiseta lilás, como a de Jason, entrou com tudo na sala do trono, montada em um lindo pegasus branco. Reyna, presumi.

Ela ficou calada ao ver o corpo de Nico se levantando do chão por um rodamoinho roxo e preto que se abriu no piso da sala como um buraco negro. Reyna desmontou do pegasus e correu para abraçar seu namorado, não pude resistir a sentir uma pitada de ciúmes e inveja. Apenas caminhei em direção à porta.

– Onde você pensa vai? – Perguntou Zeus. – Você tem que ficar e ser a nova deusa do casamento já que sua mãe não poderá mais ser.

– Há uma chance de que ela tenha sido separada de Klonos e mandada ao Mundo Inferior grego quando exilei Klonos. – Respondi. – Irei treinar magia egípcia com minha tia.

– Mas esse é o seu destino! – Ele disse.

Saí pela porta com um sorriso em meu rosto.

– Eu traço meu próprio destino...

“Eu traço meu próprio destino...” Sophia Kane.


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Notas finais do capítulo

Então... gostaram? *---* Espero que sim, bom... O aniversário de uma pessoa muito especial pra mim foi essa semana, e essa pessoa gosta muito do Nico. Ela não mora perto de mim, então eu não podia dar nada material para ela como presente... Essa foi a forma que eu achei de agradar a ela e pedir desculpas por acabar sendo ignorante...