Marley se sentou calmamente no auditório, bem no centro. Seus olhos vagaram pelo palco, lembrando cada segundo da sua primeira apresentação naquele palco. Havia escolhido Barbra, e nem lembra mais o motivo.

Talvez porque a música era perfeita. Muito mais que perfeita. Era divina.

Sem nem perceber começou a cantarolar a música enquanto fechava os olhos e lembrava cada segundo, cada sensação, daquele dia.

Foi quando ouviu uma voz perfeita cantando Barbra, bem não era New York state of mind, mas era Barbra.

Olhou atentamente para o palco onde encontrou uma morena baixinha cantando com um sorriso e paixão. Hipnotizada ela se inclinou para frente, colocando o queixo sobre a cadeira e abrindo um sorriso deslumbrado.

Quando a última nota percutiu pelo auditório ela quase se levantou para aplaudir a judia no palco, mas aplausos vindos da porta do auditório a fizeram parar e se virar para a loira alta na porta com um sorriso enorme.

A morena no palco abriu um enorme sorriso e se virou para a loira, colocando uma mecha do cabelo castanho-escuro atrás da orelha.

- Você está deslumbrante. – A loira disse caminhando até o palco.

A morena estava realmente deslumbrante, as roupas novas lhe caiam perfeitamente e ela parecia realmente feliz. Depois de tanto tempo, ela parecia feliz.

- E você continua linda como antes. Não. Ainda mais linda. – A morena respondeu descendo o palco e parando de frente para a loira.

A loira sorriu e olhou para si mesma. Ela estava uma mistura de sua versão rebelde do último ano e sua versão madura de depois do acidente. Talvez ela realmente estivesse linda, mas para ela Rachel sempre estaria perfeita.

- Rachel. – A loira disse casualmente alguns fios dourados caindo sobre os olhos avelãs quando inclinou o rosto para o lado.

- Quinn. – Rachel sussurrou sem fôlego, Quinn conseguia ficar ainda mais bonita quando fazia aquilo.

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Houve silêncio. Puro e completo silêncio. Marley, que ainda observava tudo da plateia se perguntou quem eram aquelas duas mulheres, a estudante até chegou a levantar para falar alguma coisa, mas ao perceber que as duas estavam presas no próprio mundo desistiu. E antes que Marley pudesse ao menos cogitar novamente a ideia de tirá-las de seu universo alternativo algo a chocou.

Elas se beijaram.

Marley não teve certeza de quando aconteceu, somente que num único piscar de olhos elas estavam se beijando com entrega e paixão que ela nunca vira em nenhum casal. Nunca.

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Assim que se separaram Quinn abriu um largo sorriso e cantarolou um pedaço perdido de uma música qualquer, ouvindo Rachel rir baixo do momento, acompanhando a loira em seguida.

- O que está fazendo em Lima? – Quinn perguntou num sussurro.

- Vim ver a apresentação do Glee e aproveitei para relembrar um pouco do colegial. E você?

- Minha mãe ligou. – Quinn respondeu com uma careta. – Parece que Russel teve uma filha há um tempo atrás e ela quer que eu fale com a menina. – Completou suspirando e sentindo o toque suave dos lábios da morena contra os seus.

- Quem?

- Uma das líderes de torcida.

- Seu DnA tem alguma coisa contra ser outra coisa além de uma popular líder de torcida? – Rachel perguntou divertida, finalmente se afastando da loira, apenas para levantar uma das sobrancelhas e colocar as duas mãos no quadril, na típica versão Rachel de uma Head Cheerio Quinn.

A risada de Quinn foi alta o suficiente para preencher todo o auditório. Rachel havia se tornado completamente diferente nos últimos dois meses, pouco depois de ter terminado com Finn e ter recebido a primeira visita de Quinn.

Antes que Quinn pudesse verbalizar o convite que lhe veio a cabeça ela ouviu o barulho de algo nas escadas e imediatamente se virou em direção a ele. Havia uma garota saindo do auditório.

Assim que a garota levantou os olhos para Quinn e percebeu que elas a haviam notado correu em direção a porta e saiu em disparada pelo corredor.

- Droga. – Quinn disse levando a mão até a nuca.

- O que foi? – Rachel perguntou. – Conhece a garota?

- Não. Mas pelo jeito ela faz parte do Glee.

- Faz? – Rachel pergunto olhando para os olhos esverdeados da loira a sua frente. – Por que pensa isso?

- Quem mais vem no auditório durante o almoço? – Quinn perguntou rolando os olhos.

- Oh. Realmente.

- Podemos ir ver minha irmã agora?

- Nós?

- É... A não ser que esteja com medo da sua cunhada. – Rachel rolou os olhos diante da insinuação.

- Vamos. – Disse aceitando a mão de Quinn e vendo um sorriso preencher o rosto da loira. – O que foi?

- Sabe... – Quinn disse trazendo a mão de Rachel para mais perto do rosto. – Eu acho que esse anel combinou perfeitamente com você. – E então seu sorriso se abriu ainda mais quando observou o anel de prata de perto.

- Eu também acho. – Rachel concordou sorrindo. – Você tem bom gosto.

- Claro que tenho. – Respondeu como se fosse óbvio.

Andaram em silêncio pelos corredores vazios, nenhuma única palavra era necessária. Até que Rachel se virou para Quinn curiosa.

- Vai contar a sua irmã?

- O quê? Sobre nós? – Quinn perguntou confusa.

- Se quiser.

Quinn abriu um largo sorriso e abraçou Rachel pelo ombro enquanto andavam até o escritório de Sue.

- A propósito. Qual o nome da sua irmã?

- Kitty Wilde.