PoV. Silena Callegari

Digamos que eu estava certa... Ao abrir os olhos, eu e Nico fomos surpreendidos por bolas de fogo voadoras. Por reflexo, levamos às mãos a frente de nossos corpos tentando nos proteger, mas eu tive um pressentimento. Algo me dizia que eu podia deter o fogo: não pensei muito quando me joguei na frente do filho de Hades e fiz uma fenda surgir no chão terroso de onde jorrava água. Não sei como, mas consegui controlar... O suficiente. Pelo menos não viramos churrasquinho de semideus, mas acabei molhando três outros garotos além do Nico. Todos me olhavam boquiabertos.

– Ei! Você acabou com o meu fogo e... E eu estou todo molhado também! – queixou-se o primeiro garoto, um latino com orelhas grandes, pele morena, olhos castanhos e cabelos pretos.

– Se você tivesse mais cuidado, isso não aconteceria! – dei de ombros.

– Está dizendo que a culpa é minha!? – ele franziu a sobrancelha, confuso.

– É exatamente o que estou dizendo! – minha expressão era carrancuda

Nico observava tudo calado até então, e só consegui perguntar:

– Como você fez isso, Silena? – Nico exibia um semblante perplexo.

– Eu... Eu gostaria de saber explicar.

– Espera... Essa não é a irmã gatinha do Percy? – perguntou o latino... PERA! Gatinha? Que abusado! Humft...

– É... – disse Nico, quase sussurrando enquanto fuzilava o garoto com o olhar.

– Para tudo! Eu sou não gatinha e... Quem é esse tal Percy? – eu estava “acidentalmente” gritando.

– Ah, é o seu irmão, só pode são tão parecidos e... É hora de apresentar os meus respeitos! Leo Valdez, o cara mais descolado do Acampamento Meio-Sangue! Filho de Hefesto, o cara das...

Por um momento, o interrompi:

– Eu sei, o cara das forjas. Deus do fogo e tudo mais...

– É claro que sabe, mas aposto que não sabe que está conversando com o inventor do Estilo Magricela, que as garotas amam chamar de Gostoso pra Dedéu! Se quiser, dá uma passada no chalé 9 depois, eu adoraria te ver de novo, gatinha! – ele saiu correndo, mas não antes de dar uma piscadela acompanhada de um sorriso malicioso.

– Hã... O.K... O que foi isso? -perguntei a Nico, confusa.

– Valdez sendo Valdez, apenas. - ele respondeu como se fosse algo corriqueiro. Mas pode ter certeza, qualquer garoto que seja reparando em mim com certeza não é normal.

Os outros dois estavam escondidos rindo baixinho com malícia no olhar, que foram embora o mais rápido que puderam.

– Ignore-os, são filhos de Hermes, Travis e Connor Stoll.

Assenti. Começamos a caminhar, passando por campos de morangos, que são cultivados por filhos de Dioniso e sátiros. Passamos também pelas Forjas - onde o tal Leo ficou acenando para mim e respondi com um sorriso sem graça - até chegarmos até uma casa grande.

– Chegamos, aqui é onde o Acampamento é dirigido: a Casa Grande! - ele fez sinal para que eu o seguisse.

Não demorou muito para que déssemos de cara com um cara que não era um cara, era um cavalo... Um cavalo-cara... Centauro? Um garoto loiro, alto e de olhos azuis... Tipo, muitos olhos azuis e ainda um velho barrigudo de cabelos encaracolados e camiseta de estampa havaiana.

– Silena, estávamos a sua espera! Bem-vinda ao Acampamento Meio-Sangue, o lugar mais seguro para semideuses! Eu sou Quíron, o diretor de atividades! - disse o centauro - Este é Argos, o responsável pela segurança - ele apontou para o garoto cheio de olhos - E este é Dioniso, o deus do vinho, também chamado de sr. D. e diretor do Acampamento.

– Er... Oi! - acenei. Eu tenho tantas perguntas...

– Imagino que sim, criança. Bem...

O Sr. D. tomou-lhe a palavra:

– Espero que você não seja se meta em encrencas como o seu irmão Peter, cara Serena!

– É Silena, Sr...

– É Percy, Sr. D! - disse um garoto que surgiu em minha frente, de súbito. Quantas vezes terei que dizer?

– Ora, seu... – o Sr. D. começava a ficar vermelho como um tomate.

– Temos uma provável filha de um dos Três Grandes aqui, não é hora de discutir sobre essas coisas! - repreendeu Quíron.

– Não é uma provável filha de Poseidon, ela é uma filha do deus do mar, que salvou a minha vida hoje. Aliás, obrigado.

– De nada... Sabe como é... Sempre estarei aqui para salvar sua pele! – pisquei.

Todos – menos eu – ficaram surpresos ao ver o pálido garoto abrir um sorriso... Aparentemente, não era comum ele fazer isso. Por que só eu acho isso estranho?

Apenas depois de alguns minutos pude perceber como eu e o tal Percy eramos parecidos: os mesmos olhos, expressões parecidas... Apenas a pele dele era mais bronzeada e os cabelos mais escuros.

– Você é... O meu irmão? - perguntei.

– Sim, sou eu! - ele me abraçou forte e eu retribui. - temos um outro irmão chamado Tyson, um ciclope filho de Poseidon com um espírito da natureza. Ele mora no reino de nosso pai, é um forte general. - ele exibiu um sorriso largo.

– Incrível! Tudo isso é incrível. –falei, apesar de ainda não me sentir parte daquele lugar, disso como um todo, na verdade.