Como roubar teu beijo escrita por maguilasan


Capítulo 13
Visco


Notas iniciais do capítulo

especial de natal



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Aquele tédio de fim de tarde estava ficando cada vez mais freqüente, estava encostado no parapeito da varanda da biblioteca há sabe Deus quanto tempo, apenas observando os flocos de neve caírem perante seus olhos. Resmungou baixo batendo a testa na base fria do guarda-corpo. Se ninguém é capaz de matá-lo o tédio seria. Walter decidiu ignorá-lo enquanto preparava as tradições humanas da semana do natal, Integra o expulsou do escritório aos berros e tiros, além de jurar transformá-lo em picolé de vampiro e só o descongelaria no ano seguinte, caso ele coloque para dentro da sala qualquer parte de seu corpo ou qualquer coisa que ele exerça algum tipo de poder. Saiu da sacada quando teve uma idéia de quem poderia infortunar, pelo menos por algumas horas, já que não fez nada de muito grandioso no Halloween iria assustar alguém agora.

Em outro canto da mansão as coisas não pareciam muito tediosa, na verdade a trupe de Gansos gargalhavam e cacarejavam como aves de fato. Haviam uns cinco ou seis deles, incluindo a ave chefe em uma das saletas reservada para o descanso dos próprios. O motivo do caos: uma aposta.

“Estou falando cara, isso vai dar muito certo e eu vou me dar muito bem” Vangloriou entre risos e gestos o líder desconjuntado.

“Não sei não” respondeu um outro desfrutando de um pacote de batatinhas da exata maneira que um ganso legítimo faria.

“É perfeito” Pip desviava das migalhas de comida que saiam da boca de outro.

“Seus planos sempre dão em merda” o de trás cutucou com o cotovelo outros dois que caíram na gargalhada contra o chefe que não disfarçou a careta de desgosto.

“Parem de reclamar putinhas!” fez gesto para os demais aproximarem-se “Escutem” fez mistério por alguns segundos “É o seguinte: eu amo de mais as plantas” fez uma cara sorridente, mas os demais levantaram uma sobrancelha em grande dúvida. Pip continuou antes que um deles abrisse a maldita boa “Vocês são inúteis até na hora de bolar uma sacanagem” tirou do bolso do casaco o panfleto amassado de uma loja de decoração natalina “Nessa loja encontra-se a maior arma contra garotas tímidas” passou o papel para os outros “Você sabem da tradição, não é? visco no teto?” olhou os colegas com um sorriso de duplas intenções.

“Não?!” um deles soltou falso espanto “Você vai fazer a Policial parar debaixo de um desses pra você conseguir algo!?” soltou a frase com sarcasmo

“Não idiota! Ela jamais ficaria parada debaixo de um comigo por perto”

“Sabemos o porquê” o das batatas interrompeu o discurso criando outro caos de risadas.

“Isso não é da sua conta” resmungou “O caso é que vou fazê-la passar por um” apontou para o armário de casacos a frente deles.

“Aah bom, por isso estamos encarando essa porta há um tempão”

“Grande gênio” ironizou Pip

“Pra quê um armário? Ela não vai sair de dentro do armário, deveria ter posto na passagem” o das migalhas deu sua opinião novamente.

“Não seu imbecil, escolhi o armário porque ela não pode fugir quando ver a planta presa no teto” arrancou o pacote da mão do outro transferindo para o amigo do outro lado “Quem sabe consigo algo mais do que um beijo” Sorriu safado.

“Como você vai fazer a menina abrir o armário? Ela não é otária que nem você não, heim” o engraçadinho da turma fez os outros rirem.

“Simples” tirou do casaco uma pulseira de ouro já um pouco gasto “Ela me disse que sempre usa isso no natal, vou dizer que está dentro do armário”

“Não não está lá, está na sua mão” o grande gênio se fez presente.

“Tudo bem imbecil eu ponho na droga do armário agora” foi, irritado, na direção da porta.

Rodou a maçaneta congelando logo em seguida. Nada mais do que gaguejos e ruídos estranhos saíram de sua boca quando encarou o par de olhos vermelhos pensativos preso ao corpo que saia do armário fazendo o líder ganso andar a passos largos para trás. Alucard queria assustar os infelizes aparecendo de surpresa com uma forma assustadora e soltando um “bu” seguido de risadas insanas, porém ouvira parte da conversa e foi conferir o ramo de visco.

“A-ah juro que não ia fazer nada” Pip riu sem graça se afastando “Juro que não ia fazer maldade com a Policial ou algo assim” Soltou risadas falsas temendo o castigo por ‘atormentar’ a aprendiz do vampiro.

“ficarei com isso se não se importar” Alucard sorriu para o mercenário antes de desaparecer nas sombras.

Os gansos se entreolharam e suspiraram de alívio, mas seus corações quase explodiram quando Victória entrou na sala batendo a porta contra a parede.

Alucard andava em círculos no teto do corredor carregando o ramo de visco. Precisava pensar em um bom lugar para colocar a planta. Sabia que os Druidas usavam a folhagem em medicamentos e rituais, mas essa tradição humana lhe era de uma oportuna novidade. Faria seu costumeiro saque à Hellsing, mas ainda faltava um lugar para pendurar seu trunfo. Quase uma hora depois Integra decidiu tomar um banho antes do jantar, atravessou tranqüila o corredor e tocou as maçanetas da porta dupla de seu quarto, abriu-as mas ficou para debaixo do batente cruzando os braços e levantando uma sobrancelha. Por fim entrou no quarto passando rente à folha esquerda da porta, evitando totalmente o meio da passagem.

“Não sou idiota, Alucard” exclamou para o quarto por sobre o ombro direito enquanto recolhia o que era necessário para seu banho.

“Mas deveria estar ignorante sobre isso” resmungou saindo do teto próximo ao centro da porta onde pendurara o ramo de visco.

“Nada passa desapercebido por mim nessa mansão” gaba-se entrando no banheiro trancando a porta atrás de si.

“A Policial deve ter aberto o bico” resmungou

A parte desanimadora é que o tempo passara e Alucard não conseguira seu objetivo que aos seus olhos deveria ser deveras simples. Ficou encarando o forro de veludo de seu caixão, esperando que o tecido proporcionasse uma epifania. Equivoco. Apenas ficou lá encarando as fibras velhas do tecido. Não queria admitir, mas a criatividade acabara. Passou toda a noite anterior tentando enfiar a Hellsing debaixo de um arranjo de visco ou enfiar o arranjo acima dela. Estava com essa fixação nem mais pelo prêmio, mas sim por honra – como preferia chamar – contanto, a outra também estava empenhada em devia-lo de seu objetivo, apenas pelo prazer de ver a expressão furiosa no rosto do mais velho quando mais um de seus planos infalíveis falhava. Alucard pendurou a bugiganga em praticamente todos os lugares da mansão que seriam rota da mulher durante aquela noite, julgou que sua tarefa estava sendo previsível de mais já que Integra parecia farejar suas armadilhas. Sua última tentativa na noite anterior foi perseguir-la – literalmente. A seguiu por todos os corredores enfiando o arranjo sobre os fios dourados, uma abordagem um tanto direta e patética, mas foi a idéia do momento. Acabou com uma Integra bravejante sacando uma pistola e atirando três vezes no arranjo de visco entre os dedos enluvados do servo. Agora, além de ter de pensar em outra estratégia teria que arrumar mais um daqueles badulaques com o ganso mercenário. Abriu a tampa do féretro levantando o tronco e encarando o ambiente. Parece que sua tão esperada epifania surgiu para o desgosto de Pip que recebeu uma ordem um tanto estranha: fazer compras.

Como um milagre, Walter conseguiu convencer a loira a comer seu jantar na sala de jantar, como pessoas normais e saudáveis. O velho estava orgulhoso e alimentava esperanças de, finalmente, ter adquirido a habilidade de convencer a protegida em tomar decisões a favor de sua saúde, ela por sua vez, aceitou como um presente de natal dado ao mordomo. Porém admitira que a refeição feita no local correto pareceu-lhe mais agradável, mas a caminhada da sala de jantar até de volta ao escritório pareceu-lhe infinita tendo a barriga cheia. Abriu as portas duplas do cômodo já escuro, mesmo estando longe da janela sentiu uma brisa de inverno entrar pelas folhas de vidro abertas, o vento a fez escutar um tilintar suave vindo de algum lugar. Encostou a porta atrás de si com o máximo de cuidado esperando ouvir o som novamente e quando ele veio suas orbes azuis dilataram, alcançou o interruptor o mais rápido o possível. Quando a luz dominou as trevas, seu pensamento se fez correto, o teto de todo o cômodo estava forrado por penduricalhos em tons de verde, vermelho e dourado de uma forma tão minuciosa que era impossível ver a cor e material original no acabamento arquitetônico.

“Fuck...” continuou encarando a bagunça em seu teto, girou com os calcanhares quando sentiu a aura pesada atrás de si.

“São mil trezentos e noventa e quatro” O maldito estampava o maior sorriso que já dera aquele ano.


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