O Que O Medo Vai Ter escrita por Schmerzen


Capítulo 1
O que o medo vai ter


Notas iniciais do capítulo

Tenho escrito algumas histórias maiores do que as que escrevo geralmente, o que estou simplesmente amando! Essa é uma delas.



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Penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer¹

-

- Estou nervoso! Temos aquele teste com o bicho papão amanhã e não sei se peguei muito bem a ideia do Riddikulus.

O comentário aleatório de Peter fez Sirius se lembrar de algo que precisava resolver e ele se levantou da grama, onde estava sentado com seus amigos, chamando a atenção dos mesmos.

- Ei, Sirius, aonde vai? – James questionou, levantando os olhos para o moreno.

- Tem algo que preciso fazer. Volto logo.

- Não vá aprontar sem a gente, cachorrão.

Sirius apenas riu para o amigo, saindo em direção ao castelo com passos apressados. Precisava encontrar o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas antes que ele se retirasse para seu quarto.

-

Os garotos se encontravam apreensivos enquanto esperavam que o teste com o bicho papão começasse. Muitos estavam animados com a ideia de enfrentar uma criatura das trevas, mesmo que fosse algo bobo como um bicho papão, alguns estavam assustados, pensando em qual forma a criatura tomaria quando se acercasse dele. No geral, todos estavam tão eufóricos que haviam, sem exceção, chegado bem antes do horário da aula começar.

O professor que lidava com essa euforia dos alunos todo ano, chegou um pouco mais cedo, carregando um malão preto, bem fechado. Colocou o malão a frente da sala, solenemente, e mandou que os alunos formassem uma fila. Durante a bagunça iniciada com a formação da fila, se dirigiu discretamente a uma parte da sala, onde dois garotos continuavam sentados.

- Lupin, Black – falou baixo aos garotos, para não despertar atenção para eles – estão dispensados do teste.

Remus se perguntou por que o amigo também havia sido dispensado, mas resolveu perguntar depois que estivessem fora da sala, se apressando em sair da mesma. Sirius foi atrás, silencioso, sob o olhar intrigado de James, que fora o único a perceber a cena.

- Sirius, por que o professor dispensou você? – o castanho perguntou assim que estavam a alguma distância da sala. – Quero dizer, você sabe por que eu fui dispensado, quando o bicho papão virasse uma lua cheia na frente de todos seria meio comprometedor, mas não me lembro de você também ser um lobisomem.

- Digamos que o bicho papão também vira algo comprometedor quando estou na presença dele – Sirius rolou os olhos. – Expliquei a situação e fiz o teste ontem, na presença apenas do professor para que ele me liberasse hoje.

- Ah! Foi isso que precisou resolver ontem a tarde?

- Sim.

- Sirius, como sabe a forma do bicho papão? Nunca tivemos contato com nenhum, estão todos ansiosos pra saber.

- Eu encontrei um no armário perto do meu quarto durante as últimas férias – o garoto respondeu rapidamente pretendendo mudar logo de assunto. – Minha casa é assustadora nesse nível.

Remus ficou em silêncio uns minutos, mordendo os lábios e pensando se deveria ou não perguntar a Sirius qual a forma constrangedora que o bicho papão assumia. O que poderia ser tão ruim ou comprometedor a ponto do professor liberá-lo do teste? Aparentemente ele não queria lhe contar ou já teria dito, mas eles eram amigos, certo?

- Pad?

- Sim.

- Qual é?

- Qual é o que?

- Qual é a forma constrangedora que o bicho papão assume para você.

- Hum... Não é constrangedor, é comprometedor, acho. É só uma bobeira de família, deixe isso pra lá – Sirius olhou para a frente, torcendo pra Remus esquecer aquilo logo. – Ei, o que vamos fazer nessa folga que arrumamos?

Remus ficou chateado porque o moreno nunca escondera nada dele, mas decidiu não insistir, se Sirius quisesse, já teria lhe contado. Ruminou um pouco sobre o que poderia ser assim tão comprometedor.

- Ah, o que acha de ficarmos no dormitório, fazendo nada? Seria legal, para descansar um pouco.

- Parece bom – o maior sorriu, apressando o passo em direção à Torre da Grifinória, sendo seguido por Remus.

-

Remus ficou um pouco confuso por alguns segundos, em um estado meio acordado meio adormecido. Assim que despertou completamente, na escuridão do dormitório pela madrugada, entendeu que o que o havia despertado de seu sono leve foram as vozes sussurradas de Sirius e James, que conversavam algo na cama deste último.

- E então ele simplesmente liberou você?

- Sim. Quero dizer, eu fiz o teste na sala dele ontem.

- E o que ele disse sobre isso?

- Que é relativamente comum quando gostamos de verdade da pessoa.

Lupin finalmente percebeu que os dois falavam sobre o teste de Defesa Contra as Artes das Trevas com o bicho papão. Sentiu-se um pouco mal por estar ouvindo a conversa dos dois amigos e ainda pior por Sirius só ter conversado com James sobre isso.

- E pretende dizer algo pra...

- Não! – Sirius falou num tom mais alto. Depois baixou o tom novamente. – Não agora pelo menos.

- Você não deve ficar tão assustado assim só porque nunca se apaixonou antes.

- Obviamente não é só por isso, Prongs. Eu com certeza não preciso de mais um motivo pra minha família me deserdar. Até esperava que isso fosse só algo meio passageiro, até o negócio com o bicho papão acontecer nas férias. Eu só te contei depois disso, inclusive.

- Não é tão ruim assim, Sirius!

- Não seria, se fosse só isso. Mas o que me mata mesmo é que com certeza vou levar um fora.

Remus ficou mais alguns minutos com a respiração suspensa, até perceber que os amigos haviam terminado a conversa. Abriu os olhos cuidadosamente e reparou que Sirius já estava em sua própria cama e que os dois já estavam deitados. Só então se permitiu analisar o que tinha ouvido.

Aparentemente Sirius estava apaixonado e a forma que o bicho papão assumia para ele revelava isso. Sua família não podia saber, o que sugeria que a garota tivesse os dois pais trouxas. Saber que Sirius estava apaixonado – de verdade! – causou um certo desconforto em Lupin, que ele não entendeu exatamente de onde veio. Depois começou a pensar em qual seria a garota de Hogwarts que daria um fora em Sirius e dormiu novamente ainda com isso na cabeça.

-

Algumas semanas se passaram depois do dia do teste com o bicho-papão. Remus se lembrava da conversa entre os dois amigos de vez em quando e sempre ficava atento para descobrir por qual garota Sirius estava tão encantado a ponto do bicho-papão se utilizar disso para assustá-lo. Mas nunca conseguiu perceber o moreno agindo diferente com nenhuma garota, ele na verdade não conversara com garota alguma durante todo aquele tempo. E Remus não sabia explicar por que se sentia relativamente satisfeito com isso.

Os dois estavam andando por Hogwarts em um dia particularmente difícil para Lupin; a lua cheia aconteceria naquela noite e ele estava ansioso. Sirius tentava acalmá-lo, conversando sobre coisas aleatórias e levando-o para vagar pelo castelo, o que de fato funcionara, fazendo Remus muito grato por ter amigos tão bons. De repente os garotos perceberam que estava escurecendo.

- Sirius, está tarde... Já tenho que ir – falou numa careta desanimada.

- Certo. Já estamos quase conseguindo completar a transformação – Sirius falou baixinho para que ninguém ouvisse, apesar do corredor estar deserto. – Quando conseguirmos não vai mais ter que passar por isso sozinho.

- Vocês são incríveis – Lupin sorriu com gratidão.

- Tudo por você, Moony... Nos vemos amanhã?

- Claro – Remus soltou um meio sorriso. – Obrigado por hoje.

O moreno apenas acenou, sabendo que Lupin se referia a tê-lo distraído da angustia pela qual passava nos dias de lua cheia. Sorriu para o amigo e ficou parado enquanto ele se afastava rapidamente.

Quando já estava longe do lugar onde se despedira de Sirius, o castanho lembrou que ia deixar sua varinha com o amigo e voltou correndo por onde viera. Subindo uma das escadas que descera há poucos minutos, sentiu com um suspiro de frustração enquanto a escada se movia para outro lugar. Resignou-se a ir pelo caminho no qual a escada o pusera, um corredor meio escuro e cheio de curvas. Em uma dessas curvas avistou Sirius e se sentiu com sorte por ter encontrado o amigo ali naquele caminho.

Estava prestes a chamar pelo garoto quando percebeu que ele estava estranhamente parado na frente de uma porta aberta. Aproximou-se silenciosamente com medo de interromper e ficou horrorizado quando viu o que Sirius encarava; uma pessoa estava deitada de modo descuidado no chão, as pernas em um ângulo estranho, sangue e cortes pelo corpo todo, os olhos vidrados no nada. Sirius achara um cadáver.

Remus estava prestes a chamar por ajuda e verificar se o amigo estava bem quando percebeu que o cadáver que Sirius encarava insistentemente era ninguém menos do que ele mesmo. Ali estava Remus Lupin morto, no chão daquela sala, coberto de sangue e de cortes grotescos. Ficou com uma expressão abobalhada no rosto, tentando entender o que acontecia, como era possível que seu corpo estivesse ali no chão, todo mutilado e morto quando ele tinha certeza de que estava bem vivo, assistindo a cena.

Sirius ficou por mais alguns minutos encarando a cena e depois levantou a varinha.

- Riddikulus!

Só quando seu cadáver sumiu numa fumaça azul foi que Remus entendeu o que estava acontecendo. A primeira coisa que passou por sua cabeça quando o entendimento chegou era que precisava sair dali o mais rápido que podia. Sirius não podia saber o que ele vira. Correu de volta pelo caminho que fizera, tentando entender o que aquilo significava.

Naquela noite, Remus ficou mais inquieto do que o normal dentro da Casa dos Gritos. Enquanto esperava a dolorosa transformação ele revivia a cena que vira há menos de uma hora de novo e de novo, tentando formar algo coerente no que acreditar. Quando pensou no que ouviu Sirius contar para James já imaginara que o bicho-papão mostrava a Sirius a pessoa da qual ele gostava ferida ou até mesmo morta, mas o que queria dizer aquilo, por que Sirius via o cadáver dele?

Remus não era burro, já havia juntado dois mais dois, no momento em que entendera que aquilo era um bicho-papão. Mas não conseguia acreditar que Sirius estivesse apaixonado por ele. Isso nem fazia sentido. Pensou por um pouco e percebeu que isso pelo menos explicaria a falta de uma garota em potencial na história toda. Também explicaria porque Sirius sempre dava o máximo de si para distraí-lo nos dias de lua cheia, para mantê-lo feliz. Não que ele não se importasse com os outros dois amigos, mas com ele era diferente.

Não! Não tem nada diferente, estou inventando evidências porque quero que seja verdade – Remus pensou e no mesmo instante ficou muito quieto.

Ele queria que fosse verdade? E então percebeu que na verdade gostara da ideia, realmente queria que fosse verdade e se estava negando a si mesmo era só porque não queria criar esperanças fantasiosas. Mas não entendeu exatamente por que gostara tanto da ideia.

Ficou pensando sobre isso até sentir uma pontada dolorosa, algo que começou fraco e em instantes se tornou uma dor enorme que queria rasgá-lo ao meio. Enquanto se perdia nos instintos selvagens do lobisomem, o último pensamento coerente de Lupin foi sobre Sirius.

-

O barulho do cortinado sendo aberto, acompanhado da leve iluminação natural que veio junto, acordou Remus, que olhou meio sonolento para o lado, vendo os amigos ali. Sorriu calmamente, tentando despertar melhor para tomar consciência da extensão dos machucados daquela vez. Sentiu dor nas costas e algo latejando em sua perna esquerda, provavelmente um corte mais profundo que ainda não cicatrizara, mas fora isso – constatou surpreso – não sentia mais nada.

- Bom dia, Moony – James falou, sorrindo.

- Como se sente hoje? – Sirius sorriu também, colocando uma bandeja na mesinha ao lado cama. Remus sentiu com gratidão o delicioso cheiro de comida, as transformações o deixavam faminto. – Madame Pomfrey nos disse que você parece melhor do que nas outras vezes. Até nos deixou entrar sem fazer cara feia dessa vez.

- De fato, me sinto melhor. Obrigado pela comida, estou com fome.

- Falando nisso, também estamos – James comentou, rindo. – Passamos aqui para ver se estava bem. Vamos tomar café e voltamos para te fazer companhia, certo?

- Certo – Remus concordou, pegando um pedaço de bolo da bandeja.

- Ahn, tudo bem se eu ficar aqui, Moony? – Sirius virou-se para o castanho. – Já comi.

- Claro, Sirius. A menos que vá roubar minha comida, nesse caso, terei que pedir que se retire.

- Eu realmente já comi – o moreno riu, sentando-se na cadeira que ficava ao lado da cama.

- Bom, então até depois para vocês – James se despediu, saindo da enfermaria com Peter.

- E então, o que fizeram ontem sem mim?

- Nada demais. Fomos até Hogsmeade. Bebemos umas cervejas amanteigadas. Compramos uns doces. O que me lembra; comprei chocolate pra você.

- Sério? Que bom! Onde está?

- Na verdade – Sirius passou a mão pelos cabelos, com uma expressão culpada –, eu comi todos. Mas juro que comprei pensando em você.

Remus gargalhou, achando a cara de culpado de Sirius extremamente engraçada.

- Você é um idiota, Padfoot.

- Bom, só de vez em quando – o moreno riu também, quando percebeu que o amigo não ficara bravo. – Fico feliz que você esteja bem essa manhã, Moony. Fiquei bem preocupado com você, noite passada.

- Por quê? – Remus questionou, bebendo suco de abóbora.

- Só algo que eu vi, nada demais – Sirius deu de ombros.

Lupin lembrou-se da forma do bicho-papão e sentiu muita vontade de falar com o amigo sobre isso. Mas se refreou e decidiu que ainda não estava preparado para isso. Queria pensar mais sobre o assunto antes de discuti-lo com Sirius. Não havia achado estranho, em um sentido ruim, nem estava se sentindo estranho quanto ao moreno. Na verdade sentia uma agitação agradável quando olhava para Sirius e pensava que era bem provável que o amigo estivesse apaixonado por ele.

Ficou alguns segundos encarando Sirius enquanto ele lia um panfleto que estava em cima da mesinha. Com certeza o garoto era muito bonito. Percebeu o quanto sempre adorara o cabelo de Sirius e o quanto sempre quisera tocá-lo. Sirius voltou os olhos para ele e apoiou o rosto na mão, sorrindo.

- Prometo que assim que você sair daqui vou te arrastar para Hogsmeade e te comprar duas caixas de chocolate, para compensar. Juro solenemente – o moreno gracejou, fazendo Lupin rir.

- Não precisa, Sirius, você já faz tanto por mim...

Sirius sorriu, balançando a cabeça numa negativa. Não achava que fizesse muito pelo amigo. Na verdade, sempre buscava mais jeitos de agradá-lo e ajudá-lo, principalmente com relação a sua licantropia. Já estava quase terminando o complicado processo para que pudesse se tornar um animago e acompanhar as transformações do amigo, já sabia inclusive qual animal seria, o que havia originado os apelidos pelos quais se chamavam.

- Ei, Sirius? Está aí?

- Claro, por quê?

- Sei lá, você ficou todo calado e pensativo, o que não é nenhum pouco comum.

- Está dizendo que eu não penso, Lupin? – o garoto cruzou os braços, num falso aborrecimento.

- Claro que não. Só quis dizer que você faz mais o tipo falante. Black.

- Ei, não gosto quando me chama de Black – Sirius bufou, um pouco aborrecido de verdade desta vez.

- Então não me chame de Lupin. Prefiro quando me chama de Moony – o castanho corou quase imperceptivelmente, se sentindo meio tolo por pedir que o amigo o chamasse pelo apelido.

- Estava só brincando. Você é sempre Moony pra mim, sabe disso.

Sirius apoiou o braço na cama, sorrindo. Lupin estava acostumado com a proximidade dos amigos, mas dessa vez ficou um pouco sem ar com o quanto o rosto de Sirius estava próximo dele e, sem pensar muito, levantou as mãos e acariciou o cabelo preto do amigo. Ficou aliviado por Sirius não ter achado estranho e se afastado dele, pelo contrário, ele sorriu ainda mais e deitou a cabeça na cama, aproveitando o carinho.

- Ei, Moony... Eu gosto muito de você.

Remus se perguntou se aquilo era uma tentativa de confissão e o que devia fazer caso fosse.

- Eu também gosto de você, Padfoot.

- Assim é melhor, nada de Black – ele levantou o rosto e Remus afastou a mão de seu cabelo. – Quando acha que poderá sair daqui?

- Hoje mesmo. Na hora do almoço, talvez antes. Já estou me sentindo bem.

- Que bom. Não gosto quando fica se sentindo mal por muito tempo, além disso, ficar deitado na enfermaria é um péssimo jeito de passar o sábado.

- Com certeza. Vamos fazer algo hoje?

- Nós dois vamos a Hogsmeade, lembra? Vou te comprar chocolates. A não ser que não queira ir.

- Está brincando? Chocolate e Sirius Black, o que mais eu poderia querer? – Lupin riu, rolando os olhos.

- Está pegando o espírito, Moony! – Sirius riu também. – E à noite, James e eu temos treino de quadribol.

- À noite? Por que treinar a noite? Não é perigoso?

- Acho que não. O time estúpido da Sonserina estúpida reservou o campo no horário da manhã e da tarde. E precisamos treinar, porque o jogo é na segunda.

- Ah, sim. Bom, tenham cuidado.

Ficaram conversando uns minutos e então James e Peter chegaram, juntando-se aos dois amigos até a hora em que Remus fosse liberado.

-

Os dois garotos saíram silenciosamente por uma das passagens secretas, usando alguns agasalhos porque o outono já começava a se transformar em inverno e o vento já era gelado do lado de fora do castelo. Após passarem na Dedos de Mel e comprarem chocolates suficientes para vinte pessoas, Sirius e Remus foram em direção a Casa dos Gritos, o lugar mais afastado e vazio de Hogsmeade, onde podiam se instalar a vontade sem o risco de serem reconhecidos por alguém.

- Sirius, se comer muito chocolate vai passar mal no treino.

- Ah, e essa é sua desculpa para comer todo o chocolate sozinho, Moony?

- Droga, você descobriu meu plano.

Eles riram e depois passaram a comer em silêncio por alguns minutos. Lupin começou a pensar novamente naquilo que não saia da sua mente desde o dia anterior. Pensou em como gostava da presença de Sirius, até mais do que da presença dos outros dois amigos, pensou em como Sirius sempre sabia acalmá-lo e distraí-lo nos dias de lua cheia e no fato de ser ao moreno que recorria quando acordava assustado após um pesadelo. Nessas noites, ele só conseguia voltar a um estado normal e dormir outra vez após acordar o amigo e conversar com ele por um tempo. E na realidade, lembrou-se, ultimamente nem mesmo precisava acordar Sirius, ele sempre parecia estar desperto quando Remus precisava dele.

- Remus? Por que está me encarando desse jeito? – Sirius perguntou, um pouco constrangido com o olhar do amigo. – Quer me beijar?

- O quê?! Não! – Remus arregalou os olhos, porque realmente estava pensando um pouco sobre como seria se beijasse o amigo, mas não sabia que isso havia ficado tão transparente – Não, Padfoot, eu só estava...

- Calma, Remus! – Sirius se assustou também, arrependido da brincadeira. Não queria que Lupin percebesse o quanto o afetava apenas olhando para ele e por isso resolvera dizer aquilo para aliviar o clima, mas parecera só piorar tudo – Eu estava brincando, não pensei realmente que quisesse, quero dizer...

- Eu sei! Sei que estava brincando, Sirius, eu só me assustei um pouco... ahn, com o jeito que você disse e... – Lupin se calou por um segundo. – Quero.

- O quê?!

- Eu quero beijar você – Remus confessou, meio atordoado. Sirius o encarava assombrado. – Quero dizer, só se você quiser e...

- Eu quero – eles se encararam por alguns segundos, tentando entender o que acontecera. – Eu sei o quanto soa estranho, mas na verdade, eu quero beijar você, Moony.

Os dois garotos ficaram se olhando fixamente, pensando no que fazer em seguida. Sirius se perguntando se Lupin realmente quisera dizer aquilo. Remus sabia que Sirius queria beijá-lo de verdade, e por isso foi o primeiro a se mover, aproximando-se do moreno com cuidado, chegando o rosto perto do dele. Quando Sirius entendeu o que o amigo fazia, moveu-se também, para mais perto dele, colocando a mão meio hesitante no ombro do castanho. Remus terminou de matar todo o espaço entre os dois, colando os lábios deles suavemente e erguendo uma mão para apoiá-la em Sirius. Ficaram daquele jeito por uns instantes e então o moreno moveu os lábios, aprofundando um pouco o beijo, ainda com cuidado. Separaram-se só o suficiente para que pudessem olhar um para o outro e então se beijaram outra vez. E outra vez. E mais outra.

Passaram muito tempo entretidos um com o outro, sem sentir as horas voarem e então quando finalmente se separaram, ambos deitaram no chão coberto de folhas amareladas, sorrindo. Sirius virou o rosto para Lupin, pretendendo falar algo, mas antes que pudesse, viu o relógio da fachada de uma das lojas de Hogsmeade e levantou-se num pulo.

- Droga!

- Sirius? – o castanho se sentou assustado. – O que foi?

- James vai me matar! Vou chegar atrasado para o treino! – ele olhou aflito para o amigo. Não era certo passar tanto tempo beijando o garoto e depois simplesmente ir embora sem dizer nada. – Moony, preciso ir, de verdade. Quando eu voltar, a noite, nós conversamos, está bem?

- Promete?

- Claro! – Sirius sorriu e ajoelhou-se na frente de Lupin, colando seus lábios uma última vez antes de levantar agilmente e ir embora correndo.

Remus suspirou e deixou-se cair novamente no chão, sorrindo como um bobo. Pensou que era melhor assim, era melhor que tivesse um tempo para pensar no que diria a Sirius antes de conversarem. Era óbvio que também estava apaixonado pelo amigo, como demorara tanto para perceber isso? Agora ele sabia que se sentia da mesma forma que Sirius desde muito antes do teste com o bicho-papão, desde muito antes do quinto ano. E decidiu que era isso que iria dizer a Sirius.

-

Depois que voltou de Hogsmeade, Lupin pensou em mil e uma maneiras de passar o tempo, mas a verdade é que nenhuma delas conseguiria de fato distraí-lo e ele sabia disso. Enrolou o máximo que podia durante a janta, mas comer sozinho – Peter fora assistir ao treino – era muito maçante e ele logo começou a vagar pelo castelo, sem rumo. Pensou em ir até a biblioteca, mas não tinha nenhum interesse lá naquele momento, considerou ficar no salão comunal da Grifinória, mas estava tudo muito silencioso por ali e começou a parecer para Remus que seus pensamentos fugiam de sua mente e todos podiam ouvi-los. Por isso decidiu ir até o dormitório e ficar lá sozinho, apreciando um silêncio onde ninguém invadia seus pensamentos.

Constatou animado que durante sua inquietação se passaram mais de três horas desde o momento em que Sirius o deixou em Hogsmeade. Depois se lembrou que o jogo de segunda era contra a Sonserina e que os treinos que antecediam jogos contra a Sonserina eram gigantes. Suspirou, novamente desanimado, e passou a fazer objetos aleatórios do quarto levitarem.

Lupin sabia que o treino provavelmente iria acabar bem tarde, por essa razão se assustou quando James entrou correndo no dormitório, ainda vestindo o uniforme do time de quadribol, que balançava atrás dele por conta da velocidade na qual o garoto chegara. Ele segurava a vassoura e tinha um olhar meio selvagem, meio perdido.

- Remus! Graças a Merlin encontrei você!

- James? O que houve? – Lupin se pôs de pé, pressentindo problemas. Viu Peter chegando atrás de James, também assustado e percebeu que faltava alguém. – Onde Sirius está?

- Vamos logo, Remus, não tenho tempo pra explicar!

James voltou correndo por onde viera, seguido por Peter e por um Remus desesperado, sem a menor ideia do que estava havendo.

- James, por Merlin, me diga o que está acontecendo! – Assim que alcançou Potter, ele pediu explicações. – Onde estamos indo?

- Campo de quadribol... – James estava ofegante, juntando forças para explicar ao amigo o que estava acontecendo e ao mesmo tempo correr pelo castelo – Remus, estava escuro, meio nublado, os balaços estavam... – James parou, apoiando-se no joelho e puxando o ar com um barulho alto, tentando recuperar o fôlego. – Os balaços estavam enfeitiçados, acho, Sirius viu um e... Foi tudo confuso, rápido demais! Ele caiu.

- James, onde Sirius está? – Remus parou também, segurando James pelo uniforme para que ele o encarasse. – O que aconteceu, ele está bem? Responda!

- Ele não está nada bem, Remus! – James puxou outra lufada de ar. Seu rosto se decompôs lentamente e Lupin viu com desespero crescente uma lágrima escorrer. – Foi tudo culpa minha...

- Depois você se culpa – Remus deu um puxão em Peter e James –, agora Sirius precisa de nós.

Os três garotos terminaram o trajeto o mais rápido que conseguiram, em silêncio. Assim que chegou ao campo, Remus acendeu a varinha com um Lumos e correu até onde duas pessoas estavam agachadas. Ele pode ver Sirius por entre seus colegas de time, que pareciam horrorizados. Caminhou até lá com medo do que veria.

Sirius estava de lado no chão, desacordado. O rosto coberto de sangue e o braço esquerdo torto de um jeito bizarro, deslocado do ombro, além de obviamente estar quebrado em uns três lugares diferentes, perto da mão. Os garotos se afastaram enquanto James, Peter e Remus se aproximavam.

- Madame Pomfrey já foi chamada – um dos garotos com uniforme da Grifinória disse. Remus não sabia seu nome. – Dumbledore e os outros professores também. Porque o balaço está enfeitiçado.

- Como sabem disso? James, o que houve? – Remus sussurrou para o amigo, assombrado.

- Os balaços estiveram estranhos o treino todo, sempre vindo na minha direção – James começou o relato, meio choroso. – Quando escureceu, decidimos treinar com um só, por isso desci e guardei um deles na mala, após uns quinze minutos ele simplesmente se soltou e foi na minha direção com muita força, Sirius rebateu brilhantemente, mas isso impediu que ele visse o outro, que vinha pela esquerda pra me atingir também e acabou batendo nele com uma força descomunal.

“Sirius caiu da vassoura e quando descemos pra ver como ele estava, o encontramos desacordado e com o braço desse jeito. Um dos garotos conseguiu desenfeitiçar os balaços e os outros foram chamar a enfermeira e os professores. E Peter e eu fomos chamar você.”

- Quem faria isso, James?

- Tenho certeza que foi alguém do time da Sonserina, ou o time inteiro! Eles foram os últimos a terem contato com os equipamentos, além disso, o jogo de segunda é muito importante, eles queriam me atingir, para que eu não pudesse jogar. Mas Sirius acabou sendo acertado no meu lugar! Merlin, é tudo minha culpa!

- James, não é sua culpa. É culpa de quem enfeitiçou os balaços.

- Saiam do caminho, garotos – madame Pomfrey gritou de longe, correndo em direção ao lugar onde Sirius estava. – O que foi que fizeram com Black?

- Foi um balaço enfeitiçado – Peter falou um pouco estridente.

- E de quem foi a maravilhosa ideia de enfeitiçar os balaços? – ela se virou exasperada para os cinco garotos que estavam lá.

- Ainda não sabemos, madame Pomfrey, chamamos os professores para que eles descubram.

- Oh, esse jogo fica cada dia mais selvagem. Um bando de garotos doidos por uma bola dourada e agora enfeitiçando uns aos outros! – ela virou Sirius com cuidado enquanto falava. Olhou com terror para o estado do garoto. – Merlin!

Dumbledore apareceu seguido de dois professores e da treinadora de quadribol, fazendo um gesto para que os meninos se afastassem, ele encarou Sirius desmaiado, e olhou para a enfermeira em busca de um diagnóstico. Remus se aproximou silenciosamente, ansioso por saber o estado do amigo, pois temia que fosse ainda pior do que aparentava.

- E então, madame Pomfrey, como o jovem sr. Black está? – o diretor perguntou baixo, enquanto os professores se moviam para levar Sirius à enfermaria.

- Diretor, o braço esquerdo está deslocado do ombro e com fratura em quatro lugares, todas as costelas do lado esquerdo estão quebradas e o garoto provavelmente teve hemorragia interna, tem muito sangue no rosto. Vai demorar mais do que costuma, mas ele ficará bem, tenho certeza disso.

- Bem. Faça sua magia, minha querida – o diretor piscou para a enfermeira e retirou-se para perto da treinadora, que avaliava os balaços.

Madame Pomfrey seguiu rapidamente os outros professores, que levavam Sirius para a enfermaria, passando a frente deles para preparar uma cama e as poções que precisaria para curar o garoto. James, Remus e Peter foram atrás, em silêncio.

Assim que chegaram na enfermaria, Sirius já estava deitado em uma das camas e a enfermeira movia-se frenética de um lado ao outro, administrando poções e recitando feitiços. Só quando terminou o que deveria fazer, muito tempo depois, na opinião de Remus, ela percebeu que os três meninos estavam lá, assustados.

- Podem ficar fazendo companhia a ele, já fiz tudo o que estava ao meu alcance. Agora devemos esperar. Acredito que Black acordará em breve, mas talvez ele sinta algumas dores, nesse caso, me chamem. Certo?

- Sim. Obrigado, madame Pomfrey.

- É minha função, não é? – a mulher sorriu, retirando-se para sua sala.

Eles se sentaram ao redor da cama de Sirius, ainda muito abatidos com a rapidez na qual aquele acidente acontecera, embora aliviados porque tudo indicava que o amigo ficaria bem. Ele estava bem pálido, o que era compreensível considerando a quantidade de sangue que perdeu, e parecia meio incomodado mesmo na inconsciência. Nenhum deles se importou em dizer nada durante o tempo que esperaram e todos estavam olhando o moreno, por isso os três perceberam imediatamente quando ele despertou.

Primeiro Sirius abriu os olhos e tentou entender onde estava. Demorou apenas alguns instantes para se lembrar da última coisa que sentira antes de desmaiar; a incrível pancada que o balaço lhe dera. Reconheceu o teto da enfermaria e moveu o pescoço com cuidado, percebendo pela primeira vez os amigos ali.

- Ei, eu não morri ainda, desfaçam essas caras de enterro.

- Sirius? – James levantou ansioso, chegando mais perto. – Está se sentindo bem?

- Na verdade, não. Parece que um hipogrifo pisoteou minha cabeça e meu ombro. E estou sentindo muita dor a cada vez que respiro.

- Isso é esperado, todas as suas costelas do lado esquerdo se quebraram – James comentou.

- Todas elas? Minha nossa! – Sirius tossiu um pouco, fazendo uma careta de dor na sequência. – Fiquei muito tempo desacordado?

- Umas duas horas – Peter constatou. – Madame Pomfrey mandou chamá-la caso você sentisse dor, vou até a sala dela.

- Obrigado, Peter – Sirius sorriu para o amigo, fechando os olhos em seguida. – Alguém sabe o que aconteceu?

- Balaço enfeitiçado – Remus falou pela primeira vez. – Provavelmente.

- Se algum sonserino for expulso por isso, não terei me machucado em vão.

Peter voltou com a enfermeira, que trazia um vidro de poção nas mãos. Assim que ela convenceu Sirius a tomar, dizendo que ele poderia respirar com menor dificuldade, Dumbledore apareceu na porta da enfermaria.

- Sr. Black, vejo que já está melhor, que maravilhosa surpresa. Sente-se bem? – Sirius disse que sim e agradeceu a preocupação do diretor. – Bom, receio ter que tomar dois de seus amigos emprestados. Enfeitiçar objetos, principalmente para que atinjam outros colegas, é algo extremamente perigoso e expressamente proibido em Hogwarts. Por isso, precisarei do depoimento deles para que possamos chegar a um culpado de modo rápido. Sr. Potter, sr. Pettigrew, acompanhem-me por favor.

James e Peter se despediram dos amigos, disseram que voltariam para ver Sirius assim que pudessem e seguiram o diretor, que sorriu e acenou. Quando a porta se fechou, Sirius percebeu que finalmente estava sozinho com Remus, obviamente não do jeito que esperava, estando ele todo machucado, mas talvez pudessem conversar.

- Eu te disse para tomar cuidado, Sirius! – Lupin ralhou com o amigo, desolado.

- Sério mesmo que vai brigar comigo agora, Moony? – Sirius bufou.

- Não estou brigando! Só estou preocupado... A dor diminuiu? Já consegue respirar melhor?

- Sim. A poção era horrível, mas funcionou perfeitamente. Agora só me sinto meio exausto, como se tivesse passado dois dias correndo sem parar.

- Pelo que entendi a pancada foi grande. Acho que se sentir assim por um tempo é normal.

- Ainda bem que eu entrei na frente, aquele balaço acertaria em cheio o rosto de James, quebraria o pescoço dele, com certeza.

- Isso é insanidade! Quero dizer, nenhum deles pensou que enfeitiçando o balaço poderiam até mesmo matar alguém?

- Não sei. São todos meio loucos – Sirius comentou com raiva. – Provavelmente não poderei jogar na segunda.

- Acho que não, mesmo – o castanho concordou.

Os dois ficaram em silêncio, pensando no que falar a seguir. Ambos queriam conversar sobre o que acontecera a tarde entre eles, mas nenhum dos dois sabia se era o momento certo. O clima começou a pesar com o constrangimento.

- Moony?

- Sim.

- Acho que talvez devêssemos conversar. Você sabe, para não ficarmos nesse clima constrangedor.

- Concordo.

Apesar disso, continuaram em um silêncio meio envergonhado por alguns minutos, ambos se perguntando quem deveria falar primeiro. Sirius finalmente decidiu que iria contar a verdade a Remus, que estava apaixonado por ele há muito tempo. Formulou algo coerente pra falar, algo que pudesse explicar tudo o que ele sentia.

- Moony, tenho que te contar algo – ele começou de modo meio óbvio. – É um pouco estranho, apesar de que talvez você não ache tão estranho quanto o que aconteceu hoje à tarde, mas de qualquer forma, o que eu quero dizer, bem...

- Sirius – Lupin o interrompeu, percebendo o que ele diria. – Eu vi o bicho-papão. Sexta-feira. No corredor.

Sirius demorou um momento para entender o que ele dissera. E então uma expressão de compreensão e um pouco de constrangimento tomou sua face. Ele ficou um tempo em silêncio.

- Acho que é assim que ele representa meu medo de te perder.

Remus olhou para o amigo e o viu encarando o lençol. Ficou um pouco sem ar pelo que ouvira e, se não estivesse já tão certo de que retribuía os sentimentos de Sirius, naquele momento ele teria essa certeza, porque seu coração disparou quando ele ouviu aquela frase tão cheia de sentimento e medo.

- Eu meio que... ahn... eu ouvi um pouco do que você falou pro James na noite depois do teste.

- Então você já... Já entendeu o que exatamente significa a forma que o... bicho papão assume. Certo?

- Certo.

- E você não achou, você sabe, estranho? Não está com raiva de mim? Nem querendo me matar ou azarar ou algo assim?

- Sirius, eu te beijei!

- Eu sei. Mas não queria acreditar que você se sente do mesmo jeito e depois você dizer que nunca mais quer olhar na minha cara, e isso seria realmente horrível pra mim – Sirius o olhou meio constrangido e suspirou, parecendo cansado. – E eu tinha certeza que você iria me dar um fora se eu dissesse alguma coisa, porque você não gosta de garotos e tudo isso. E eu só te beijei porque você disse que queria primeiro e porque eu realmente queria fazer isso há muito tempo – ele levantou os olhos, para se certificar de que Lupin estava entendendo tudo. – E eu amo você.

Remus sorriu com essas palavras e se moveu para sentar mais próximo de Sirius.

- Realmente, eu não gosto de garotos, Padfoot. Eu gosto de você. Na verdade, eu também amo você.

- Está falando sério?

- Sim. Juro solenemente.

Os dois riram, nervosos. Sirius colocou uma mão no rosto do castanho, puxando-o para mais perto, e segurou a mão dele com a outra. Lupin se aproximou um pouco mais, colando a testa dos dois.

- Você está se sentindo bem? – Remus sussurrou, acariciando o rosto de Sirius.

- Só um pouco dolorido. Acho que amanhã eu estarei melhor.

- Quer que eu fique aqui com você?

- Claro, Moony. Sempre.

Remus sorriu novamente, se perguntando se alguma vez já fora tão feliz como estava naquele momento. Beijou Sirius, finalmente, sentindo o moreno retribuir ao beijo com a mesma paixão que ele sentia queimar lentamente em algum lugar dentro de si. E foi ainda melhor do que havia sido antes, porque agora ambos sabiam que era juntos que deveriam estar.

- Ahn... Desculpe interromper, mas eu queria dar boa noite porque já vou dormir.

- James! – Remus levantou, assustado, ficando muito vermelho em seguida.

- Por Merlin, James! Não pode assustar as pessoas desse jeito – Sirius falou, também um pouco envergonhado.

- Não esperavam que eu ficasse aguardando até terminarem de demonstrar seu afeto mútuo, não é mesmo? Sabe-se lá onde isso ia chegar – ele riu um pouco, ficando sério em seguida. – Ei, por que esse espanto todo? Não iam me contar, de qualquer forma? Agora não precisam, poupei vocês desse trabalho.

- E você quer o que, um agradecimento por escrito? – o moreno rolou os olhos, rindo também.

- Um pouco de gratidão já estaria bom – James se sentou, sorrindo. Remus ainda parecia um pouco constrangido, mas já estava voltando ao normal. – Vim avisar que eles descobriram quem foi que enfeitiçou os balaços. O apanhador da Sonserina, mas todo o time sabia. Ele foi expulso de Hogwarts, todos os outros seis jogadores foram expulsos do time e o jogo de segunda foi cancelado porque a Sonserina foi retirada do campeonato. O que nos faz campeões, porque esse era o jogo decisivo.

- Dumbledore age rápido. Só é uma pena não ter jogo.

- De fato – James concordou. – Com certeza iríamos ganhar. Ei, sem querer ser intrometido nem nada... Vocês estão namorando?

Remus e Sirius se olharam, num questionamento mudo. Não tinham falado sobre um compromisso, mas é claro que tudo o que eles mais queriam era estar oficialmente juntos. Eles entenderam isso e decidiram naquele momento que sim, estavam namorando.

- Sim – Lupin falou, sorrindo.

- Foi rápido – James riu. – Ontem mesmo Sirius estava choramingando pra mim algo sobre você não gostar dele.

- James, eu nunca choraminguei, que mentira mais absurda! – Sirius rolou os olhos. – É bem provável que quem estava choramingando era você, pela Evans.

- Bom, isso sim é uma mentira! Por que eu choraria pela Lily quando tenho total certeza que ela vai se casar comigo um dia?

- Vai sonhando.

- Vou deixar vocês sozinhos agora. Boa noite!

Os dois garotos deram boa noite ao amigo, que saiu rindo. Depois de dar alguns passos, James virou-se para eles novamente.

- Ficou feliz que tenham se acertado – ele olhou para as mãos juntas dos amigos. – De certa forma, sempre soube que vocês ficariam juntos. Desde o primeiro ano – ele sorriu novamente e foi embora.

- Acho que eu também sabia – Remus sussurrou quando James saiu, a cabeça no ombro de Sirius.

- Nós sempre fomos um do outro, não é, Moony?

- Sempre. E para sempre.

Eles se beijaram novamente, selando o que foi dito como uma promessa.


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Notas finais do capítulo

¹Versos de "O poema pouco original do medo", de Alexandre O'Neill. O título também foi tirado desse poema.