Narrador pov

Rachel andou até ao banheiro nervosa, ela sabia que estava no seu limite, suas mãos tremiam, ela queria gritar, mas Beth estava no quarto próximo e não queria assustar a menina, Quinn estava muito preocupada com o que poderia acontecer com a morena se ela tivesse um resultado negativo.

Cinco minutos e nem sinal de Rachel, só um silêncio assustador, que gritava. Quinn foi até ao banheiro, parecia que seus medos estavam se tornando realidade, Rachel no chão, apertando as pernas com força, ela chorava e murmurava um “ inútil” bem baixinho que se Quinn não tivesse tão próxima ela não teria ouvido.

Quinn ficou sem ação olhando aquilo, toda aquela cena e toda aquela sensação de impotência em relação a Rachel. Aquela sensação tão conhecida, a fragilidade da morena, o coração quebrando e agora o choro preso na garganta.

A loira olhou para os exames em cima da pia de mármore, negativo, ela suspirou, ela sabia que isso podia acontecer, mas parecia tão real e assustador agora. Quinn foi até Rachel, segurou suas mãos com força para que parasse de arranhar as pernas e abraçou ainda no chão do banheiro.

Quinn pegou a morena no colo e a levou até cama e deitou Rachel que soluçava e mantinha os olhos fechados, o corpo da morena tremia, não sabia se eram por causa dos soluços ou da situação.

Q: Rach abre os olhos, por favor...

A loira esperou um tempo e voltou a falar

Q: Rachel, amor, eu não quero te medicar, então por favor abra os olhos e vamos tentar se acalmar.

Longos minutos se passaram e Rachel ainda não tinha falado nenhuma palavra só encarava o teto enquanto as lágrimas saiam sem controle nenhum pelos olhos da morena.

Quinn a puxou para um abraço que não foi correspondido, a única coisa que a morena fez foi se encolher nos braços da loira.

Q: primeiro meu amor, você não é inútil, nunca mais fale isso ou pense isso, segundo você é incrível e terceiro a chance de que isso desse certo era mínima.

Rachel olhou pela primeira vez para loira encontrando os olhos verdes a encarando com preocupação, fazendo-a voltar a chorar mais forte.

R: desculpa Quinn, me desculpa, eu não sei porque não deu certo, eu fiz tudo direitinho, você viu, eu...

A morena disse com dificuldade por causa do chora e sendo interrompida por um choro mais forte, deixando Quinn ainda mais preocupada.

Q: amor não foi sua culpa, não pense assim, pare de se desculpar, se acalme, nos podemos tentar de novo.

R: eu não quero tentar de novo, eu não quero, eu não quero decepcionar você mais uma vez.

Q: você não me decepcionou nos sabíamos que não poderia acontecer.

Quinn deitou a morena na cama e foi até o banheiro eliminar qualquer vestígio daquele negativo, jogou tudo fora, e recolheu o saco do banheiro e avisou a Rachel que jogaria na lixeira do prédio, a morena concordou com a cabeça e Quinn saiu. O processo durou em média dez minutos, o suficiente para Rachel começar a descontrolar, a loira voltou e a morena estava toda encolhida na cama e tremia, ilustrando a mesma cena do banheiro que Quinn tinha visto, só que agora parecia mais forte, a loira viu aquilo e suspirou enxugando as poucas lágrimas que caiam de seus olhos e desceu em direção ao escritório, pegou os remédio necessário e as seringas, adquiridos após o inicio do relacionamento com a morena, e pegou um calmante fraco sublingual, pegou uma garrafa de água na cozinha e subiu novamente ao quarto.

Rachel estava na mesma posição, Quinn apoiou as coisas no criado mudo que tinha ao lado da cama, primeiro ela levantou Rachel e fez a morena beber água, colocou o calmante embaixo da língua da morena e a fez deitar, administrou as doses nas seringas e aplicou na coxa de Rachel ganhando um grunhido como protesto.

Quinn levantou e jogou o lixo no banheiro, encostou a porta do quarto e cobriu Rachel deitando junto com a morena e fazendo cafuné no cabelo escuro até que os remédios fizessem efeito, a marca de lágrimas na bochecha e o nariz vermelho era como se enfiassem uma faca no peito de Quinn cada vez que olhava. A loira beijou a bochecha de Rachel logo que ela fechou os olhos e soltou uma respiração pesada, foi nesse momento que Quinn se permitiu chorar, ela queria tanto aquele bebê, ela esperava que ele viesse agora e somado a ver a garota que ela tão amava devastada daquele jeito, foi difícil permanecer forte.

....................................................

Uma semana para o casamento...

Rachel no dia seguinte parecia outra pessoa, nenhuma das duas tocava no assunto, mas Quinn via que a morena continuava tomando os remédios que tomava antes de fazer a primeira inseminação, como o médico havia dito se não desse certo de primeira e quisessem tentar uma segunda.

A morena estava uma pilha devido ao casamento, ela estava passando mal a três dias deixando os pais preocupados, ela escondia de Quinn pois sabia que a loira também estava uma pilha, enquanto Quinn perdia a fome e ficava vagando pelo apartamento a noite, Rachel comia demais e o sistema imunológico dela estava uma porcaria, como a mesma tinha dito, sempre foi assim a expectativa e a ansiedade faziam a morena vomitar.

Tanto Quinn quanto Rachel não via a hora de casarem logo, a morena estava cansada, era muita gente em volta e muita coisa para resolver. Hiram e Leroy olhavam para filha e viam as olheiras e o quanto ela estava abatida, eles sabiam que ela estava passando mal nos últimos dias devido a ansiedade, mas não acharam que ela ficaria assim.

Rachel estava extremamente estressada, passou em casa e pegou Beth com a babá e foi para casa dos pais, ela sabia que Beth adorava os dois e que não faria oposição em ir para lá, e hoje ela não queria deixar a criança sozinha.

Beth corria pelo apartamento gritando agitada com o cachorrinho do casal Berry, Rachel franzia a testa a cada gritinho fino seguido de um latido tão animado quanto, os Berrys só riam da interação da menina.

Leroy estava com a cabeça de Rachel no colo e passava a mão pelo cabelo da filha como fazia quando ela era uma criança. Hiram estava na cozinha fazendo chá, chocolate quente e biscoitos amanteigados.

Beth parou um pouco e viu o rosto de Rachel um pouco contorcido e chegou perto preocupada.

Beth: mami você está dodói?

R: sim meu amor...

Beth: quer que eu de beijinho para melhorar?

R: quero!

Rachel respondeu fazendo beicinho e Leroy riu da manha da filha. Beth beijou as duas bochechas e a testa da morena.

L: como é uma princesa essa minha neta, eu não ganho um beijo não?

Beth: sim!

Beth subiu no sofá e beijou a bochecha de Leroy e Rachel puxou a menina pra deitar no seu colo.

Hiram veio trazendo o chocolate para a pequena e para filha, e o chá para Rachel que tinha a intenção de aliviar a vontade de vomitar da morena e os muitos biscoitos amanteigados.

Rachel deu uma golada no chá se arrependendo ao sentir o gosto, ela fez uma careta de desgosto e Beth riu.

R: eu quero chocolate também!

H: tome isso e depois se você tomar tudo terá seu chocolate!

R: é muito ruim!

L: é para seu bem estrelinha, gostou do chocolate e dos biscoitos princesa?

Beth: sim, sim, estão muito bons!

R: isso é sacanagem!

H: se você demorar seu chocolate vai esfriara Rachel...

Rachel bufou e terminou de tomar o chá e ganhou o seu chocolate em seguida, tomou duas xícaras e comeu uma quantidade absurda de biscoito, deixando os pais chocados, já que a filha não era de comer muito.

H: estrelinha vai com calma, você não vai entrar no vestido desse jeito.

R: eu sei, eu sei, engordei seis quilos..

H: estrelinha! Porque isso?

R: não sei, acho que é o nervosismo e eu estou comendo muito também, ai tem o estresse que me da fome e me deixa cansada e eu sinto que posso dormir o dia todo e em qualquer lugar.

H: você tem que se cuidar, não pode ficar doente agora.

R: eu estou me cuidando, daqui a pouco melhora e volta tudo ao normal.

Rachel ligou para Quinn e avisou que estava na casa dos pais com Beth.

Os quatro estavam no sofá, quase embolados, Rachel deitada com os pés em Leroy e cabeça no colo de Hiram, Beth estava de conchinha com ela e estavam vendo Funny Girl, e cantavam as musicas do filme, até mesmo Beth, o que deixava os Berrys orgulhosos, a morena estava tão envolvida que nem percebeu que tinha um par de olhos verdes a observando.

Beth: eu gosto quando você canta!

Rachel sorriu e beijou a cabeça da menina que cheirava a framboesa e torceu o nariz com o cheiro, que antes era tão delicioso e agora parecia repulsivo, mas ela ignorou e ficaram naquela posição até o filme terminar. Quando o filme terminou Rachel tinha pego no sono, Hiram levantou e foi pegar um travesseiro e um lençol para filha, ajeitou e a morena não acordou.

Leroy saiu da sala com Beth, e Hiram observava a filha, ele sabia que tinha algo errado com ela, ele poderia não saber o que, mas sabia que tinha, deu de ombros e foi até a cozinha onde Leroy estava com Beth preparando o jantar.