I Wish escrita por Lorena Carvalho


Capítulo 1
Oneshot


Notas iniciais do capítulo

Essa fic eu fiz há um bom tempo e decidi postar hoje. Eu gostei muito desses "Livro",como foi apelidado, por conta da narrativa calma, que foi bastante complicado pra me habituar, então acabei dando trabalho para a minha beta, (ela mandou os arquivos com o nome "ta aqui sapo**a"). Mas o que posso fazer,uma ideia me veio no momento que a internet não pegava, me restou apenas escrever... E muito! (Choremos) P.s Cris, te amo por aguentar todos os meus então e "E" kkkkkkkkkkkkk



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Algumas pessoas ficam felizes ao nascer, porém, não eu.


Nasci em uma cidade onde os costumes nunca mudam, assim como as pessoas. Seus pais eram iguais aos pais deles, que eram iguais aos seus genitores e assim por diante. Em uma cidade assim, gêmeos não tem destinos diferentes. Então, vocês se perguntam: Por que falo de gêmeos? Irão entender agora...


Depois de um contrato de casamento feito pelos meus avós, minha mãe Layla e meu pai Jude se casaram, porém, não era preciso contrato para que eles se unissem. Desde pequenos eles sabiam que era o destino deles se casarem, pois por eras as duas famílias eram unidas por este laço e, apenas por mera obra do destino, eles acabaram se apaixonando. E desse amor nasceram gêmeas.


Eu e minha irmã nascemos em um dia chuvoso e conturbado, não havia parteiras por perto para auxiliar e minha mãe estava a beira do desespero, sua sorte foi a vizinha que também estava grávida e a ajudou. Finalmente nascemos. Como eu disse antes, nesta cidade gêmeos não tem vez, se um nome havia sido escolhido para um bebê ele teria que ser posto nos dois, e para que isso fosse feito eram inventadas inúmeras desculpas, desde evitar problemas de saúde, até ter uma bela aparência. Apenas por coincidência alguns gêmeos ao qual os pais colocavam nomes diferentes nasciam desprovidos de beleza.Então, eu, como a minha irmã, nos chamamos Lucy.


Pela primeira vez, perdi o que devia apenas me pertencer.


Contudo, depois de uma das minhas inúmeras crises de identidade ela se colocou um nome: Ashley. Assim ficamos conhecidas como Lucy Ashley e Lucy. Apenas Lucy. Ainda não era o suficiente. Mas, vamos falar um pouco mais da época de meu nascimento.


Como disse antes, minha mãe foi auxiliada na hora do parto por sua vizinha, que estava com oito meses de uma perigosa gravidez. Por ter uma saúde frágil todos pensavam que ela ao menos conseguiria engravidar e, no momento em que ela viu a barriga crescer, chorou de felicidade por dias. Depois do parto, ela e minha mãe inesperadamente ficaram amigas, assim como meu pai e o marido da mesma. Então, no mês seguinte foi quando tudo começou.


Era um dia atípico, a temperatura chegava perto dos quarenta graus. Estava quente, muito quente. Quando nossa vizinha entrou em trabalho de parto, minha mãe imediatamente nos deixou com nosso pai e foi ajudar a amiga que havia ficado só, enquanto o marido ia em busca da parteira. Embora minha mãe negasse, ela sabia que sua amiga não suportaria aquele momento e, com lágrimas nos olhos, olhava a doce mulher que sorria. Sim, sorria. Pois o bebê que ela tanto desejara nasceria naquele dia.


Minha mãe estava de coração apertado. Como uma mãe que desejara tanto o filho não poderia ficar com o mesmo? Foi então que sua amiga pediu sua atenção e, entre as constantes contrações, fez seu último apelo: que ela cuidasse do seu marido e do seu filho quando ela se fosse. Minha mãe entrou em choque, ao menos tinha força para responder aquela súplica.


No momento em que a parteira entrou no quarto, nossa amada vizinha gritou por uma resposta de minha mãe, que imediatamente concordou e depois de uma hora de muita força e alegria finalmente o bebê nasceu. A amiga de minha mãe tivera apenas poucos minutos para pegá-lo no braço e chamá-lo de:


— Natsu... — E completou sussurrando com um caloroso sorriso, antes de cair na inconsciência — Meu Natsu.


Rapidamente o bebê foi tirado de seus braços por minha mãe e começou a chorar.


A parteira tentava conter a grande vasão de sangue, porém, seus esforços foram nulos. Nossa vizinha havia perdido muito sangue e veio a falecer. Por momentos minha mãe não ouviu nem viu nada, pensou que havia pedido um pedaço de si. Mesmo que se conhecessem por pouco tempo, nossa vizinha era uma pessoa de coração tão puro que conquistou o coração da minha mãe assim que sorriu ao ver a mim e a minha irmã nascendo.


O que tirou mama de tamanho sofrimento, foi o pequeno bebê que se mexia em seus braços, já de olhos abertos. Ela sentia que o pequeno a olhava, mesmo que soubesse que bebês não enxergavam muito bem quando tão novos. Então, ele sorriu... Minha mãe mal podia acreditar no que via e suas lágrimas não paravam de cair, o pequeno bebê que tinha em seus braços tinha exatamente o mesmo sorriso caloroso de sua amiga na face.


Foi então que tomou força para cumprir a promessa que havia feito. Depois de enxugar as lágrimas, saiu com o bebê ainda em seus braços para a pequena sala do casebre de madeira e lá estava o senhor Igneel, sentado no sofá, de cabeça baixa. Minha mãe se perguntava como ele reagiria quando soubesse, mas assim que ela pisou em uma tábua do chão e a mesma rangeu ele a olhou, lá estava o senhor com o rosto ainda marcado por algumas lágrimas, foi quando ela entendeu: ele já sabia.


Ela exitou em entregar o bebê, pois não sabia se ele ainda o queria, Igneel havia amado muito sua mulher e havia acabado de perdê-la. Assim sendo, ele se levantou e estendeu os braços para minha mãe, ela foi lhe entregar o bebê, no entanto, ao chegar perto ele a abraçou e os dois voltaram a chorar pela mulher que acabavam de perder. Mas não estavam apenas tristes, pois ela havia deixado uma pequena semente que com certeza faria tudo para alegrar as suas vidas. E, assim como prometeu, minha mãe começou a cuidar do pequeno Natsu.


E mais uma vez eu havia perdido o que era meu, pois a atenção e o leite de minha mãe não mais era dividido por dois e sim por três.


Todos os dias de manhã, assim que acordava, mamãe nos amamentava e seguia para a casa do senhor Igneel, para amamentar o pequeno esfomeado Natsu, que mal sabia a sorte que tinha, já que os seios de minha mãe sempre estavam tão cheios de leite que nem eu nem minha irmã dávamos conta, ficando a cargo do pequeno menino tomar todo o resto. Assim seguia repetidas vezes durante os dias e até nas madrugadas, mama fazia sempre com um sorriso no rosto, estava conseguindo cumprir a promessa que tinha feito para sua amiga.


O senhor Igneel depois de um mês havia aprendido a conviver com a ausência a perda da mulher de uma forma inesperada, ele estava sempre com o sorriso no rosto e sempre que podia estava com o filho nos braços, mas acabou por se isolar de pessoas da cidade para evitar seus olhares de pena e passou a viver do que plantava.


Os anos foram se passando, porém, não se arrastavam. Passavam sem ao menos serem percebidos e logo estávamos grandes. Eu e Ashley, que ainda era chamada de Lucy na época, sempre brigávamos por nossas coisas, como eramos de uma família pobre acabávamos por dividir os pequenos presentes que nossos pais nos davam. Então, eu acabava fazendo pequenas bonecas de pano com alguns pedaços de roupas velhas que tinham no meu baú, mas como Ashley sempre acabava chorando por não ter bonecas como as que eu fazia, corria para os braços da minha mãe que se apiedava e pedia para que eu fizesse bonecas para ela também. Contudo, não importava quantas eu fizesse, ela sempre insistia em ter a boneca que a mamãe havia feito para mim.


E um dia eu me descuidei.


Como sempre eu dormia com a minha Michelle, quando no meio da noite Ashley a tirou de mim e nunca mais eu a vi. Chorei por dias e até deixei de falar com minha irmã e tudo que ganhei foi uma severa repreensão do meu pai. E pela primeira vez eu disse que o odiava, tanto ele, quanto a minha irmã, então saí de casa.


Como sempre, toda vez que eu brigava com meu pai ou com a minha irmã eu acabava indo me esconder no mesmo lugar, na plantação do senhor Igneel. E entre os altos pés de milho lá estava o senhor colhendo os mesmos.


— Hey, Luce, o que a traz aqui? — Disse sorrindo.


— Por favor, tio. Não me chame assim — Respondi encabulada, pois aquele apelido havia sido colocado por seu filho Natsu. Quando eramos pequenos ele não entendia o porquê de eu e minha irmã termos nomes iguais, foi ai que passou a me chamar de Luce.


— Venha me ajudar que eu pensarei se pararei de chamá-la assim — Falou voltando a colher os milhos. E assim eu fiz.


Passamos horas conversando sobre a briga e como sempre ele me defendia, mas assim que disse que eu estava errada por dizer que odiava meus parentes, meu coração apertou, ele sabia como fazer me sentir mal pelas coisas erradas que eu fazia. Ao ver as primeiras lágrimas caindo de meus olhos, ele largou o cesto de milho que carregava e me pôs nos braços.


— Eu não sei ver uma mulher chorando — Confortou com um sorriso meigo — Por que não entramos e comemos algo?


— Eu quero...


— Biscoitos? — Falou antes mesmo que eu respondesse.


— Com...


— Suco de laranja, daquela laranjeira na frente da casa?


— Como o senhor sabe? — Questionei surpresa.


— Por que tenho o poder de ler mentes — Sussurrou e fomos buscar as laranjas. Anos depois acabei descobrindo que ele sempre sabia o que eu queria comer porque eu sempre pedia as mesmas coisas.


Sempre pegávamos quatro laranjas, uma para mim, uma para o senhor Igneel, que eu carinhosamente chamava de tio e as outras duas eram para a minha mãe e para Natsu quando chegassem das compras na cidade. E essa foi minha vida até o Natsu completar sete anos.


Eu, Ashley e Natsu brincávamos na minha casa e depois do jantar Natsu se foi.
Era madrugada quando o ouvimos gritar, imediatamente pulei da cama e corri para sua casa, era normal do Natsu gritar e chamar atenção, mas ele nunca havia feito isso daquela forma, com tanto desespero. Fui a primeira da minha família a chegar na casa. Procurei pelo senhor Igneel para perguntar o que estava acontecendo, mas ele não estava lá, foi quando ouvi sua voz vinda da plantação. Corri para lá com um aperto no peito, sabia que algo estava errado. Então eu vi Natsu correndo pelos cantos, procurando algo, procurando seu pai.


Minha mãe depois de nos encontrar melados de lama, ainda chamando pelo senhor Igneel, nos pediu para entrarmos em casa e nos garantiu que o senhor Igneel iria chegar a qualquer momento, ele podia apenas ter ido resolver alguma pendência que poderia ter aparecido, mal sabia ela o quanto estava errada.


Depois de dar banho no Natsu e em mim, ela nos mandou ir para o andar de cima, onde ficavam nossos quartos para dormir. Ashley, ao contrário de mim, tinha o sono extremamente pesado e ao menos acordou com o barulho que fizemos.


Eu havia percebido que até agora Natsu não havia falado nada. Deitei-me na minha pequena cama e deixei um espaço para que ele fizesse o mesmo, mas ele apenas ficou parado, olhando pela janela do nosso pequeno quarto. Vendo-o daquela forma me deixou imensamente abalada.


Levantei, o peguei pela mão e o levei para minha cama e lá deitamos frente a frente, ele tinha olhos perdidos, mas assim que olhou pra mim vi sua primeira lágrima ser derramada. Depois da primeira muitas outras vieram em sequência, mas não apenas dele, as lágrimas eram minhas também, minha mãe podia tentar nos enganar, mas nós sabíamos que algo muito errado estava acontecendo.


Depois de um tempo paramos de chorar e ficamos abraçados na cama, era a primeira vez que estávamos tão perto um do outro, foi nessa hora que Natsu falou:


— Acho que matei minha mãe.


Sua voz estava rouca por conta do tempo que ele passara gritando a procura do pai, mas estava carregada de tristeza.


— Minha mãe não disse isso, você sabe que...


— Sim, eu sei. Mas as vezes ainda acho... — Falou ele fazendo uma pausa depois de me interromper — Acho que meu pai me culpa.


— Não culpa, não — Disse fazendo bico, mas o Natsu ainda estava pesaroso, eu apenas tinha sete anos e não sabia o que falar, por fim acabei falando dos meus problemas — Seu pai te ama tanto... E ele é só seu, eu não tenho nada que seja só meu e a única coisa que eu tinha me foi tirada.


— Sabe, Lucy... Um dia ainda vou te dar algo que seja só seu, eu prometo — Ele finalmente havia sorrido.


Eu não sabia o que dizer, mesmo ele sofrendo tanto ainda pensava em mim! Eu não podia fazer nada por ele, o que me restou foi chorar por não ter nada meu, pelo estranho sentimento que crescia em meu peito, pelo garoto que mesmo perdendo tudo se preocupava comigo e pelo meu tio que havia sumido.


Quando acordei, Natsu não estava lá e eu sabia exatamente o que ele estava fazendo: procurando pelo pai. Mesmo triste pela situação, me arrumei e fui para a cozinha onde minha mãe estava sentada na cadeira, com os cotovelos apoiados na mesa e as mãos no rosto.


— Mãe — Chamei e imediatamente ela tirou as mãos da face.


— Bom dia, Lucy. Quer tomar café da manhã? — Ela perguntou amavelmente e eu confirmei com a cabeça.


Ela estava preocupada e não conseguia esconder isso. Depois de colocar a minha frente um prato com um pão e uns pedaços de queijo junto a um copo de leite ela falou:


— Vou precisar de sua ajuda hoje nas compras, então assim que terminar o café troque-se que estarei lhe esperando.


Comi o mais rápido que pude, afinal, eu poderia fazer algo por Natsu, se fizesse as tarefas que ele costumava fazer ele teria mais tempo para procurar por seu pai. Assim se passou uma semana e o senhor Igneel não havia aparecido.


No fim da manhã, depois de voltar das compras com minha mãe decidi levar as compras que ela havia feito para Natsu na sua casa, pois mesmo com a insistência da minha mãe para ele ir morar conosco ele recusou e preferiu morar só. Deixei as coisas em cima da mesa de madeira da cozinha e olhei a minha volta, tudo estava uma bagunça, então comecei a arrumar a casa desde o quarto onde ele dormia com seu pai, até a cozinha. Já estava acostumada, pois eu e Ashley ficávamos cuidado da casa, enquanto, papa trabalhava e mama ia comprar a comida para o almoço e o jantar com Natsu.


No fim da tarde me sentei na porta dos fundos, que ficava ao lado da pia da cozinha, e olhei para a plantação do senhor Igneel. Sabia que se ele visse o estado da plantação não ficaria contente. Então, continuei o trabalho. Comecei a tirar todas as ervas daninhas que haviam nascido, coloquei água e colhi o que havia para colher.


Era noite quando terminei, estava suja, cansada e com fome, afinal, não tinha almoçado. Fui me lavar no pequeno banheiro que o senhor Igneel havia feito do lado de fora da casa para quando casos como esses acontecessem, depois de ter tomado banho e lavado minha roupa, saí do banheiro vestida com a mesma ainda molhada e segui para casa.


Eu precisava passar sem ser descoberta, então entrei pela porta da frente e corri para as escadas e não parei até chegar no meu quarto. Por sorte Ashley não estava lá, então troquei-me com pressa e desci para a cozinha onde todos estavam jantando, exceto Natsu.


E foi assim, mês a mês, minha mãe sabia o que eu estava fazendo, pois a plantação do senhor Igneel estava bem cuidada demais para uma pessoa que havia sumido há cerca de um ano, mas não falou nada ao meu pai, porque ela sabia que ele me mandaria parar e deixar o Natsu se virar. Até hoje não sei a partir de qual momento ele ficou tão amargo, mas sempre havia minha mãe para contorná-lo.


Um dia voltando da cidade vi algo que me chamou atenção. Um pequeno gato estava dentro de uma lata de tinta azul, imediatamente corri e o peguei, minha mãe me olhou torto, por eu está toda melada de azul e disse que meu pai não aceitaria um gato em casa, pois minha irmã era alérgica, mas avisei a ela para não se preocupar, pois tinha outros planos para ele.


Depois que terminei de fazer todas as tarefas pendentes na casa de Natsu fui para cozinha e abri a porta e pude ver o gato que ainda estava melando tudo de azul. Sorri ao ver ele perseguindo uma formiga, então o pequei e junto a ele tomei banho, depois do banho tomado, vesti uma muda de roupas que aprendi a trazer todos os dias comigo e peguei um pano velho e seco para enxugar o felino. Mesmo depois de eu ter esfregado tanto ele ainda estava azul, dei de ombros, pelo menos ele não mancharia mais as coisas.


Fui para a cozinha e preparei um pequeno bolo e um ensopado de carne com os ingredientes que minha mãe havia comprado. Depois de tudo pronto, sentei a mesa e esperei, esperei até que o sono me tomasse. Pois hoje era o dia que ele retornaria, seu aniversário.


Acordei com o barulho da porta da sala se abrindo, eu não sabia que horas eram, mas sabia que ele havia chegado, fiquei aliviada por avisar a minha mãe que dormiria aqui hoje. Levantei, acendi uma vela e coloquei-a bem do lado esquerdo da pia, onde ficava o fogão a lenha. O acendi para colocar o ensopado para esquentar, foi nessa hora que ele entrou na cozinha em posse de uma vela. Estava sujo, suas roupas estavam rasgadas e arranhões se espalhavam por seu corpo, fazia exatamente um ano que eu não o via, mas não esperava que ele estivesse naquela situação.


Imediatamente larguei tudo, com uma mão tomei a vela que ele estava segurando e com a outra pequei uma de suas mãos e o levei para o banheiro, deixando a vergonha de lado dei banho nele e o ajudei a se vestir, como no dia que seu pai havia sumido ele não olhava em meus olhos e eu não precisava disso, para uma garota de oito anos eu era madura demais... Eu havia me obrigado a amadurecer mais, por que eu precisava cuidar dele.


Levei-o para a cozinha e o sentei a mesa onde estava o bolo, coloquei a vela em um castiçal e o coloquei na mesa. Ele continuou quieto, foi então que eu lhe dei seu presente.


— Natsu, finalmente pude cumprir a promessa — Ele vagarosamente levantou a cabeça e me olhou confuso, então eu abri a porta da cozinha e falei:


— Agora você tem algo que é apenas seu — Falei Sorrindo e quando ele desviou os olhos de mim e olhou para o pequeno e estranho gato azul um sorriso e uma lágrima, que foi imediatamente limpa, surgiram em sua face.


— Obrigada, Luce, mas fui eu que fiz a promessa.


Finalmente eu pude ser chamada assim novamente.


Depois de termos brincado com o gatinho e do Natsu ter escolhido seu nome – Happy –, comemos o ensopado com pão e fomos dormir em sua cama.


Eu acordei cedo e sozinha, novamente Natsu havia saído em busca de seu pai, mas isso não me importava, pois eu sempre estaria lá, em sua casa... lhe esperando, então segui minha rotina. Já havia me acostumado: fui para a casa da minha mãe para ajudá-la nas compras, como de costume, no fim da manhã voltamos para casa e eu voltei para a casa de Natsu para preparar o meu almoço, pois ainda tinha muito o que se fazer lá.


Coloquei as panelas no fogo e fui arrumar a casa. E depois de uma hora já havia terminado tudo, eu seguia para a cozinha enquanto limpava a mão no meu avental que estava em cima de um vestido cinza e me lembrei que minha mãe fazia a mesma coisa. Rindo com esse pensamento entrei na cozinha e me surpreendi com o que vi, lá estava Natsu sujo de lama e sentado na mesa. Ao me ver ele deu um largo sorriso e disse:


— O que temos para o almoço?


Eu caí de joelhos no chão e chorei, chorei até que as minhas lágrimas secassem, não esperava que ele ficasse, mas lá estava ele vindo me consolar. Finalmente eu tinha seu abraço caloroso de volta, havia esperado tanto por isso que mal podia acreditar.


— Mas... S-seu Pa-ai — Tentei falar entre soluços.


— Eu não vou deixar de buscá-lo, mas acho que você precisa de ajuda por aqui.


Eu não podia medir o tamanho da minha alegria.


Naquele momento, eu acreditava que aquele era o melhor dia da minha vida, entretanto eu não sabia que estava enganada.


E os anos foram passando e voltaram a serem felizes.


Natsu com dezoito anos, assumiu o trabalho de seu pai, mas sempre que ouvia boatos sobre o mesmo saía a sua busca, enquanto eu, que ansiava por seu regresso, cuidava de sua casa.


Em um dia atípico minha mãe mandou que eu voltasse para casa no lugar de ir para a casa de Natsu, normalmente eu só voltava para casa para dormir, estranhei, mas fui. Assim que coloquei os pés na cozinha me arrependi. Lá estava meu pai conversando com uma pessoa que eu conhecia muito bem. Loki. Ele era considerado o melhor partido da cidade, pois seu pai era dono da mercearia e diziam que ele era dono de uma beleza única.


Eu não podia negar ele era bonito, contudo, o que ele tinha de beleza faltava em caráter, vez ou outra eu ouvia boatos na cidade dizendo que ele havia roubado o coração e sabe-se lá mais o que de donzelas inocentes. Para ele está em sua cozinha devia ser apenas por um motivo.


— Lucy — Papa me chamou e eu fui até ele — Conhece o senhor Loki?


— Sim, pai — Afirmei, mas decidi apenas fitar o chão.


— Ele veio aqui sugerir uma barganha.


— E que barganha seria essa, pai? — Eu não queria perguntar, mas ele diria de qualquer jeito.


— Um casamento. Ele pediu a sua mão.


Eu senti como se algo tivesse se partido em mim, a imagem do sorriso de Natsu passou em minha mente e o frio me tomou. Por um momento pensei que fosse desmaiar, mas isso apenas pioraria a situação, eu teria que ir contra isso de todas as formas.


— Pai, tenho certeza que não é a mim que ele quer de esposa, com certeza é... — Ele me interrompeu, ao menos me deixou terminar.


— Não, senhora Lucy, estou interessado em você — Disse com um sorriso que me provocou calafrios.


— Sinto desapontá-lo senhor, mas no momento não estou disposta a casar-me.
Foi então que eu caí no chão, minha bochecha ardia, o que havia acontecido? Assim que olhei meu pai eu entendi, ele havia me batido por que eu recusara o pedido de casamento.


— Ela aceitará — Disse papa com a voz firme, então eu levantei e corri.


Corri como fazia quando era criança, mas dessa vez algo estava diferente. Forcei a memória e percebi o que havia mudado, depois da plantação de milho não estava meu tio Igneel e sim um crescido Natsu, quando o tempo havia passado tão rápido? Ele vendo as lágrimas em meu rosto, largou a enxada que tinha em mãos e me abraçou. E era lá que eu queria estar, era de lá que eu nunca devia ter saído, dos braços de Natsu. Ele esperou até que eu me acalmasse, depositou um beijo em minha testa. Por que ele era tão carinhoso comigo?


Com sua ajuda me levantei e fomos para a cozinha de sua casa, vimos Happy que estava grande, mas continuava o mesmo gato bobalhão de sempre, sentamos a mesa e Natsu pediu que eu contasse o que havia acontecido. Seu olhar era sério e assim que falei sobre o pedido de casamento o sangue fugiu de seu rosto, eu pensei em parar, mas ele continuou a questionar:


— E você quer se casar com ele? — Perguntou preocupado.


— Não, eu nunca aceitaria casar com um homem como ele — Falei limpando algumas lágrimas que ainda caiam.


— E que você fez?


— Eu recusei educadamente até que...


— Fale — Forçou de uma forma delicada.


— Natsu, por favor, prometa que não vai fazer nada por mim — Eu precisava fazer ele prometer antes de contar.


— Fale Lucy — Eu via a raiva nos olhos dele — Vamos!


— Por favor, Natsu — Disse, mas não aguentei e voltei a chorar, pude ouvir ele suspirando.


— Prometo — Disse seco.


— Meu pai... Me bateu.


Foi o suficiente, imediatamente ele se levantou da mesa e foi para a porta da cozinha, desesperada eu o segurei pela camisa e implorei:


— Não, Natsu, não vá! Você prometeu! — Eu disse entre lágrimas.


— Eu não posso deixar isso assim, Lucy!


— Mas isso só vai piorar as coisas e você prometeu! Prometeu por mim! — Falei o mais alto que pude, então ele se acalmou.


Eu abracei suas costas e chorei até não poder mais, estava fraca. Então ele me levou para o quarto e ficamos deitados até que eu pegasse no sono.


Eu acordei e estava só, olhei para a janela e vi que ainda era noite, mas não fazia ideia de que horas eram. Me levantei e fui para a cozinha, eu sabia que era o único lugar que ele poderia estar. Assim como previ lá estava ele, sentado no chão a beira da porta, olhando para a plantação de seu pai, que agora era sua.


Sentei ao lado dele, mas, mesmo assim, ele não me olhou, ele estava preocupado, porém eu não entendia o por quê.


— Sabe, as vezes a gente se acostuma com uma coisa que temos ao nosso lado e não nos damos conta do quanto gostamos dela até perdê-las. Foi assim com meu pai. Ele sabia que eu o amava, mas eu não sabia o quanto eu podia amá-lo. E é assim agora. — Eu entendi o que ele falava, mas não sabia por que ele estava falando aquilo — Agora eu entendo Lucy, todo o carinho e preocupação que eu tive com você e você teve comigo, você foi a única que nunca saiu do meu lado e me ajudou quando ninguém poderia. Graças a você, agora sou um homem — Eu o vi dando um sorriso amargo — Um homem que quando tomou coragem para falar de seus sentimentos soube que era tarde demais.


Eu não sabia porque, mas eu estava nervosa, no entanto contive minhas lágrimas.
— Eu ia guardar isso até você se dar conta do que sinto por você, mas acho que não vou ter tempo pra isso.


Ele me entregou um pequeno embrulho de pano, eu o abri e vi uma aliança.


— Eu queria que descobrisse que eu te amo há um tempo, mas acho que você não me vê dessa forma — Uma lágrima escorreu por meu rosto — Logo nós seremos afastados, se não for por Loki, vai ser por outro que roube seu coração — Eu ouvia cada palavra pronunciada por ele com pesar.


— Ne, Natsu, acho que não é possível que roubem meu coração, pois acredito que ele só pode ser roubado aos poucos, diariamente para ser mais exata, e quando menos esperamos, o coração não se preocupa mais com a pessoa que o carrega, mas com seu dono, a pessoa que o roubou a cada sorriso, a cada alegria e a tristeza...


Eu estava insegura do que eu iria falar, porém no momento que o olhei, tive certeza e depois de um longo suspiro continuei


— Acho que agora, você é o dono do coração que carrego.


De repente ele me beijou e eu pude sentir o calor e o sabor de seus delicados lábios, que se misturaram com minhas lágrimas salgadas, as quais lentamente paravam de cair. Meu estômago se contorceu de alegria e meu coração acelerou. Não o meu coração, o coração que agora era de Natsu.


Ele afastou seus lábios dos meus, eu ainda estava perdida com a falta de seu beijo. O vi se levantar e me puxar para os seus braços e me levar para o cômodo que estivemos tantas vezes. Para o quarto.


Acordei e senti sua respiração no topo da minha cabeça, pela primeira vez eu acordara ao lado dele, peguei em seu peito nu que subia e descia devido a respiração e o acariciei lentamente. Logo ele abriu os olhos.


— Bom dia — Ele sussurrou.


— Bom dia — Respondi envergonhada e escondi minha cabeça em seu peito, foi quando senti seu cheiro, o cheiro que havia me inebriado na noite passada, o cheiro que tinha tirado meu controle, minha sanidade e pureza. Na noite passada eu havia feito amor com Natsu.


Senti ele alisar minhas costas por debaixo do lençol e beijar o topo da minha cabeça. O olhei, ele parecia tão envergonhado quanto eu. Me distanciei um pouco de seus braços, imediatamente ele fez o mesmo, ficando naquela posição, aquela que tínhamos ficado várias vezes, mas todas por motivos diferentes. Quando eu vi seus olhos me fitando tão profundamente, senti o coração em meu peito palpitar.


— Ne Natsu, no final acabei ficando sem nada — Disse com um meio sorriso.


— Eu não acho — O vi dando um de seus calorosos sorrisos.


— Me diga algo que eu tenho que é apenas meu — Falei com a voz fraca e ele apenas me beijou calmamente, ao nos separarmos ele falou:


— Você tem a mim.


Não pude conter tanta felicidade que estava em mim e o beijei novamente, contudo, fomos obrigados a parar por gritos de minha mãe e pela porta da sala que havia sido aberta bruscamente, imediatamente vi Natsu se por de pé e vestir suas calças e sua camisa apressadamente, enquanto eu me enrolava nas cobertas, foi então que meu pai entrou no quarto e nos viu.


Eu pude ver o ódio estampado no seu rosto e logo atrás dele estavam minha mãe e minha irmã o segurando, ele as jogou no chão e veio até minha direção, mas Natsu entrou na sua frente bloqueando sua chegada. Mas meu pai não parou, eu o vi levantando sua mão fechada, ele iria socar Natsu, gritei, mas então vi Natsu se esquivando do soco e o revidando, fazendo o meu pai ir ao chão.


— Você nunca mais vai encostar nela, entendeu? Ela agora é minha mulher — Eu podia ouvir a fúria na voz de Natsu.


— Pois fique com essa vadia — Vi Natsu se preparando para socá-lo novamente e agarrei seu braço com uma de minhas mãos, tentando me manter segura com a outra no cobertor. Eu vi o braço de Natsu relaxar, me senti aliviada.


— Você — Vi meu pai apontando para mim — Nunca mais apareça na minha frente ou na minha casa, agora você é apenas uma vadia de rua qualquer, nunca mais eu quero vê-la, nunca!


E essas foram as últimas palavras que eu ouvi do meu antigo pai, antes dele sair da casa. Foi então que eu vi minha irmã e minha mãe ainda no chão e chorando.
Me enrolei de uma forma desajeitada, mas cujo desse para cobrir meu corpo e fui até elas e enxuguei suas lágrimas.


— Mãe, Ashley, não precisam chorar — Então elas olharam para mim — Eu sabia que isso aconteceria, então, por favor, não chorem. Vocês ainda são da minha família.


— Nós sabemos — Ouvi minha irmã dizer — Na verdade eu estou feliz, finalmente ele vai deixar você viver do jeito que você quer — Disse sorrindo para mim — Eu já esperava por isso quando ouvi sobre a proposta do casamento, sabia que era essa a decisão que você tomaria. Só agora estou aliviada por não ter acontecido algo pior.


As palavras de mama me fizeram chorar, mas não chorar de tristeza e sim de alegria, as três choraram juntas e depois de nos acalmarmos eu olhei para Natsu que estava sentado na cama e sorri para ele, mas a minha mãe me chamou a atenção.


— Agora Lucy, vá se trocar adequadamente, não precisamos saber o que vocês fizeram sobre essa cama — Eu vi minha irmã corar, foi então que eu entendi, o lençóis ao qual eu estava enrolada estavam manchados de sangue e tanto minha mãe quanto minha irmã sabiam que isso acontecia quando se tirava a pureza de uma moça, imediatamente corei e ao me levantar e olhar para Natsu, pude vê-lo olhando para o lado com o rosto tão corado quanto o meu. Ainda ouvi minha irmã falar:


— Nós vamos para casa Lucy, qualquer coisa que precisar pode nos pedir e... Agora você tem o que é apenas seu — Afirmou piscando o olho, eu fiquei em choque, como ela sabia da promessa que Natsu fez para mim? E como resposta ela continuou a falar — Ainda bem que vou ter um quarto só pra mim, não aguentava ouvir as conversas de deles. — Então eu a vi indo embora resmungando para nossa mãe.


Suspirei, ainda não acreditava no que havia acabado de acontecer, meu pai havia me deserdado, minha mãe e minha irmã me apoiavam e finalmente eu tinha algo que era meu, não algo, mas sim uma pessoa que me amava.


Naquela mesma semana eu e Natsu nos casamos em uma cerimônia simples, estavam apenas mama e minha irmã como convidados. Fomos para casa e festejamos a nossa união e no momento em que minha mãe e Ashley iriam para casa eu recebi um presente. Minha irmã havia me dado um saco de papelão, no momento em que abri lágrimas caíram dos meus olhos, eu havia ganhado Michelle de volta. Não apenas isso, havia um outro boneco de pano, muito bem feito e parecido com a minha pequena Michelle.


— Eu a peguei para fazer um namorado parecido com ela, mas eu era muito orgulhosa para lhe dizer na época e achei que essa era a hora perfeita pra lhe entregá-la — Eu mal podia acreditar no que minha irmã havia falado, todos esses anos eu havia guardado rancor por uma coisa tão bonita que ela havia feito para mim, por mais que a atitude dela fosse errada. Eu estava feliz demais com o presente, então deu um abraço apertado nela e a agradeci de todo o coração, fiz o mesmo com a minha mãe e vi as duas irem embora.


Senti a mão de Natsu em minha cintura me puxando para perto dele e quando estávamos frente a frente eu perguntei:


— Alguma notícia do seu pai?


— Nem um mísero boato— Respondeu cabisbaixo — Mas espero receber alguma pista logo.


— O que fazemos agora?


— Seremos felizes — Respondeu com um sorriso caloroso, pouco antes de me roubar um beijo apaixonado.


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Notas finais do capítulo

Se houver algum erro, me falem e quero a opinião de vocês, espero que gostem. Beijos

Caso queiram ler minhas outras fanfics (oneshot) de Fairy Tail, é só copiar os links.

Em Busca de um Novo Amanhecer: http://fanfiction.com.br/historia/397598/Em_Busca_De_Um_Novo_Amanhecer/

Roubando sentimentos: http://fanfiction.com.br/historia/395469/Roubando_Sentimentos/

Say:Yeah: http://fanfiction.com.br/historia/453737/SayYeah/



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