Ao ver a placa, Samylla queria fazer igual a um avestruz e enterrar sua cabeça embaixo da terra. Já Ellen, só ria da amiga, mas ela sabia que esses dois precisariam de um empurrãozinho pra darem certos. Samylla visivelmente nervosa fala à Ellen:

– Como você pôde fazer isso comigo? Eu não estava preparada ainda.

– Calma Sá, calma. Já que você está aqui, vai falar com ele.

– Eu me recuso.

Então, do meio das pessoas que estavam na fila, sai Christian indo em direção a onde elas estavam. Ele parecia não ter notado Samylla ali, enquanto se aproximava. A garota ao ver que ele já chegava, se afasta para um canto e começa fingir que procurava algum livro numa estante próxima, ficando de costas para ambos. Christian se dirige a Ellen:

– Onde fica o banheiro?

Ellen aponta pra direção da sala de funcionários.

– Lá dentro.

– Obrigado.

Christian foi ao banheiro e Samylla voltou-se para amiga:

– Essa foi por pouco! Melhor eu ir antes que ele me veja.

O problema é que Christian foi extremamente rápido para voltar e como a sala de funcionários era logo atrás de onde ficava o caixa, assim que saiu, deu de cara com Samylla. A reação dele foi surpresa. Seguiu rumo à ela e quando Samylla notou, ele já estava bem próximo e disse:

– Agora eu estou meio ocupado, mas não saia daqui precisamos conversar. A sessão vai acabar daqui a pouco.

Samylla não pode responder, pois Christian saiu de volta sua seção de autógrafos. Ellen se divertia muito com tudo, ainda mais por saber que seu plano havia dado certo.

– Droga, droga, droga! – disse Samylla com as mãos cobrindo o rosto. – Como eu vou explicar o beijo? Que vergonha!

– Olha Sá, por que você se confessa?

– Não! Isso está fora de cogitação, não, não mesmo.

Mesmo Samylla não querendo falar sobre o que aconteceu, algo a impedia de ir embora. Talvez por que reencontrar Christian era um de seus desejos mais fortes no momento. Depois de quinze minutos a sessão de autógrafos acabou. O escritor ainda tirou uma ou duas fotos com fãs, Samylla não pôde deixar de sentir um pouco de ciúme. Depois disso Christian foi até ela.

– Então? – falou ele – Quer conversar aqui, ou prefere um lugar em especial?

Até agora Samylla só tinha ouvido, mas ela decidiu falar.

– Olha só Christopher – Ela deu ênfase no nome dele, pois sabia que ele não gostava. – Se vamos conversar é por que eu quero, não pense que pode ficar me dando ordens. Não quero conversar aqui, prefiro um lugar mais particular. – Ela deu uma olhada em direção à Ellen, que fingiu se sentir ofendida.

– Tudo bem podem ir, vou até fingir que não fui eu que proporcionou este encontro. – disse Ellen saindo e entrando na sala para funcionários. – Tchau Sá. – despediu-se

Já a sós, Christina perguntou:

– Para onde você quer ir?

– Para casa. Vamos conversar na minha casa.

Os dois foram a pé. E durante o percurso não trocaram uma palavra. Samylla podia parecer confiante para Christian, mas por dentro estava muito nervosas e envergonhada. Ao chegarem na casa de Samylla, ela falou para que ele sentasse no sofá. E foi o que ele fez.

– Quer tomar algo? Água, suco...

– Não obrigado. – Ele respondeu. Ela ofereceu bebidas não para ser educa e sim para adiar a conversa. Samylla foi forçada a se sentar no sofá. Eles estavam cara a cara em silencio, até que Christian ergueu uma das sobrancelhas, como se dissesse “E ai? Não vai falar?”

– Olha, eu posso explicar... – Samylla foi interrompida antes de terminar a frase.

– Não quero explicações. – Falou Christian. – Quero uma resposta curta e direta à essa pergunta: por que me beijou?

Samylla estava totalmente sem palavras. Christian não estava ali pra ouvir uma desculpa boba. Ele queria a verdade, só que Samylla não sabia se queria falar. Eles ficaram mais uma vez em silencio. Por fim Samylla disse:

– Bem, é que, eu estou afim de você. E como achei que não te encontraria de novo, te beijei. Uma vez é melhor que nada.

Ela exibiu um leve sorriso sem graça. Seu rosto estava mais vermelho que um tomate, e por mais penetrantes que fossem os olhos verdes dele, ela não conseguia encara-lo.

– Que bom. – Ele disse. – Achei que meu sentimento não fosse mutuo.

Samylla olhou surpresa para ele, que estava com um sorriso bobo na cara.

– Como assim sentimento? O que você tá querendo dizer?

– Será que eu preciso mesmo explicar? Eu também estou afim de você. Desde o dia do evento. Você acha que eu te chamei para o aquário à toa? Era pra ser um encontro, mas não tive coragem. No começo, eu só te achei alguém legal, mas depois algo foi crescendo em mim. Quando você me beijou então, meu Deus! Eu achei que estava sonhando. Então você entrou no táxi e eu fiquei meio deprê por achar que não te veria mais. Sei que é estranho, a gente nem se conhece direito, mas eu gosto de você e quero ficar com você.

Samylla não podia acreditar no que ouvia, era perfeito demais para ser real.

– E-Eu também quero ficar com você. Eu aceito seu pedido.

– É como diz a música A Lenda de Sandy & Junior: “Se um coração diz que sim a paixão, como pode um outro dizer não?”

Samylla estava muito feliz. Ela nem conseguia imaginar que os dois estava realmente juntos, então disse:

– Sério isso? Quer começar nosso relacionamento citando Sandy & Júnior? – Eles riram.

Depois disse veio o beijo. Tão natural quanto um rio correr para o mar. Foi um beijo curto, leve e simples. Não era nem o primeiro beijo dela, nem o dele, mas esse beijo foi mais especial e marcante que qualquer um dos outros. Ele se levanta do sofá e fala:

– Tenho que ir. Nos vemos amanhã? Podemos fazer um passeio e você pode conhecer onde eu moro.

– Tudo bem.

Samylla ficou no sofá até Christian sair, ela estava tão feliz que achava que seu coração iria explodir. Ela ligou para Ellen e contou todos os detalhes. Depois esperou ansiosa pelo dia seguinte.