Amor de Maroto escrita por Helena Prett


Capítulo 3
Capítulo 3




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Capítulo 3


–Não acredito! - Anna estava a ponto de ir ao dormitório dos meninos para espancar Tiago - E você correspondeu?


–Perdi o controle da situação! - ela se justificou - Mas depois, quando recuperei a sanidade mental, eu o empurrei. Mas foram apenas alguns segundos! Nada demais! - Lily tentava a qualquer custo esconder que havia gostado do beijo. Pelo menos até lembrar de que não poderia nunca se entregar a Tiago Potter. Nunca. Em nenhuma circunstância.

–Mas quantos segundos, Lil? - Carol já estava desconfiada das palavras da amiga, mas não comentou nada.

–Ah... Alguns... - ela não sabia o que responder - Não lembro quantos.

–Lembra sim! Qual é o problema se você contar pra gente? Cara, nós somos melhores amigas! - Anna estava perplexa, não acreditando que a amiga continuava escondendo algo - Você o beijou ou ele te beijou?

–Ele me beijou, obviamente! - Lily começou a pensar, e decidiu que, daquele momento em diante, tentaria ser mais sincera.


–Por quanto tempo vocês ficaram? - Carol perguntou, novamente.

–Nós ficamos por uns, no máximo, 5 minutos... - então ela pensou melhor - Ou talvez 10... Não sei!

–E você disse que foram apenas alguns segundos. Tipo, alguns segundos multiplicados por 20? - Anna perguntou, sarcasticamente.

–Mais alguma pergunta? Ou posso ir dormir? - ela perguntou, ignorando o último comentário da amiga.

–Sim. Duas, na verdade. - Carol disse - Você gostou do beijo?

Essa pergunta deixou Lily um pouco confusa, ela não havia pensado nessa possibilidade. Não era possível de ela gostar de algo que viesse do estúpido do Potter... Ou seria? Como ela ainda estava pensando, Anna respondeu por ela.

–Esse pensamento prolongado me diz que sim.

–Concordo.

–Eu não tinha pensado nessa possibilidade, pra falar a verdade - Lily fez uma pausa. - Mas já que você perguntou, pensei agora e... - ela suspirou - Sim, eu gostei - admitiu. - Do beijo, apenas!

–Lily, como ele começou? Eu não vou deixar você dormir até me contar a história inteira - Anna sentou-se na cama e cruzou os braços. Com essa atitude da amiga, ela não teve como escapar. Contou tudo. Todos os detalhes. Até o diálogo. No final, as duas estavam olhando para Lily como se ela tivesse algum problema.

–Que foi?


–Primeiro: você tem algum problema? - Anna berrou - Eu teria me entregado no primeiro beijo no pescoço! E segundo: quando você terminou, você estava vermelha, ou seja, você gosta dele! Eu sabia! Sabia!

–Eu não gosto do Potter! E nunca vou gostar! Que horror! Gostar de um legume sem emoções? Credo! - ela já estava voltando a ficar vermelha.

–Eu desisto de você! - Carol disse, irritada - Mas só se lembre que independente de você gostar ou não dele, você vai amanha para Hogsmeade com o Guilherme, e o Tiago vai estar lá, te observando. Mas uma hora ele vai perceber que você está nem ai, e vai desencanar de vez. Só avisando. Boa noite - depois de falar isso, ela fechou as cortinas de sua cama.


–Eu, hein! Que mau humor! - Anna disse, se virando novamente para Lily - Mas, de qualquer jeito, ela tem razão. Quando ele desistir, ai você percebe o que perdeu e sente falta. Só estamos tentando te ajudar. Se eu fosse você, nos ouvia. Boa noite, Lil, amanhã tenho que acordar, no mínimo, uma hora mais cedo para me arrumar.


–Se arrumar pra quem? - ela perguntou, curiosa.

–Ninguém, ué! Eu só preciso ficar linda para os meus admiradores! Como sempre! Boa noite, Lil - ela se sentou em sua cama - E vê se pensa no que a gente te disse. Nós só queremos te ver feliz.

Depois que Anna foi se deitar, Lily ficou sozinha com os seus pensamentos. Alguns pensamentos eram bons, mas a maioria eram ruins. E todos envolviam Tiago.


–--


–Lil, acorda. Você vai chegar atrasada.


–Atrasada pra quê? Hoje é sábado, Anna - ela disse sonolenta, cobrindo o rosto com o travesseiro.


–Exatamente, hoje é sábado. Hogsmeade. Guilherme - após ela dizer isso, Lily se levantou imediatamente em um pulo.


–Você está acordada desde quando? Por que não me acordou antes? - quando levantou a cabeça e disse isso, ela percebeu o quanto a amiga estava arrumada: seus cabelos castanhos pareciam estar mais cacheados e mais brilhantes; ela não usava tanta maquiagem, mas estava com a pele muito uniforme; vestia uma camiseta com um decote em V de um tamanho quase não aceitável e uma calça jeans justa. Parecia até que estava se produzindo para alguém...

–Faz tempo. Já estou até arrumada. Não te acordei porque pensei que você não ia gostar se eu te acordasse muito cedo. Ontem você chegou com uma cara muito cansada.

–Devia ter me acordado! - ela disse escovando os dentes - E onde está a Carol?

–Ela já foi tomar café da manhã com o Remo. Faz uma hora, mais ou menos.

–Por que ninguém me acordou?! - ela perguntou, ainda meio desordenada - Espera aí, vou só tomar uma ducha.


–--


–Pontas, levanta logo. Nós vamos para Hogsmeade, lembra?

–Não enche, Almofadinhas. Eu não vou mais.

Tiago ainda estava deitado. Já tinha acordado havia algum tempo, mas não queria se levantar. Não tinha motivos para sair de lá.

–Por que não? Você é idiota por algum acaso?

–Por que eu iria? A Lily já tem par. Você tem par. Aluado tem par. Rabicho vai estudar. Não vou para ficar sem nenhum amigo.

–Levanta e não reclama. E vê se se arruma, porque você vai ter que causar inveja na Lily - Sirius disse, pegando uma roupa decente para o amigo - O que você está esperando? Anda!


–Tá, mas se eu ficar sozinho eu volto, ok?
–Você não vai.


–Você que pensa.

–Certo, se quiser ir embora, você vai. Mas vamos, ou você quer se atrasar?

–Estou indo.


–--


Ao chegarem no café da manhã, Anna e Lily pegaram apenas uma torrada com geléia e voltaram até a Sala Comunal, onde seus pares as esperariam.

Sirius e Guilherme já as aguardavam quando chegaram. Tiago também estava lá, esperando com Sirius. Quando Lily o viu, Sirius assentiu de leve com a cabeça para Tiago, que saiu de lá e foi encontrar uma menina. Na hora, ele escolheu aleatoriamente, mas, como todas as meninas queriam ficar com ele, isso não foi um problema. Ele perguntou então para Julie Stone se ela estava sem par e quando a convidou, só faltou ela gritar, de tão surpresa e feliz que ficou. Quando Tiago percebeu que Lily ainda estava olhando, a lançou um olhar frio, como se já tivesse a esquecido.


Lily faltou ficar roxa de tanta vergonha. Guilherme até perguntou se ela estava bem. Ao se recompor, olhou para ele e disse que estava ótima.

–Vamos? - Anna lhe perguntou, fazendo-a prestar atenção.

–Sim, claro.


–--


–Você já foi na Dedos de Mel? Lá tem tantos doces...

–Que tal irmos lá? Faz um tempinho que eu e as meninas não vamos - Carol respondeu

para Remo, se perguntando onde elas poderiam estar.

–Claro, vamos sim - ele respondeu, alegremente.


No caminho, eles acabaram vendo Tiago com Julie. Ela estava radiante, já ele estava bem entristecido.

–E aí, Pontas? - Remo o cumprimentou - Tudo bem? - ele olhou com um olhar reprovador, já conhecendo o amigo, sabia que ele tinha escolhido qualquer menina que lhe apareceu na frente.

–Tudo ótimo, pra falar a verdade - ele respondeu, não muito animado.

–Ah, que... bom. Você encontrou a Lily? - outra vez ele lançou um olhar reprovador para o amigo, mas esse fez que não entendeu e apenas respondeu, sem nenhum ressentimento em sua voz:

–Sim, por quê?

–Hm... Nada não. Só pra saber.

–Quem é Lily? - Julie interrompeu a conversa. Ela agora prestava atenção, já que o nome de outra menina havia sido citado. Tiago não soube responder de imediato, apenas tentou começar uma frase:

–Ela... é...

–Minha melhor amiga - Remo respondeu a primeira coisa que lhe veio à cabeça, embora isso fosse verdade - Eu só queria mesmo saber onde ela estava. Não encontrei com ela hoje. E já que Pontas saiu do dormitório mais tarde, poderia tê-la visto.


–Ah, entendi - ela respondeu, desconfiada.

–Vamos, Remo? - Carol interrompeu a conversa deles - Vai que ela está na Dedos de Mel. Depois a gente se vê, Tiago - ela, por sua vez, também lançou um olhar reprovador para o amigo. Ele simplesmente saiu andando com seu par por Hogsmeade.



Depois de ter certeza que eles não conseguiriam ouvi-la, Carol disse:


–Você conhece essa?

–Não... O que eu não entendi foi que ontem ele estava todo animado em relação à Lily, por causa do beijo roubado, mas hoje já está com essa menina. Ele não tinha falado nada comigo sobre outra... Tenho certeza que foi ideia do Sirius de convidar qualquer uma hoje mesmo.

–Isso é muito estranho... Mas quer saber? Deixa pra lá! Esse é um problema dele e da Lil. Eu acho que eles que tem que se entender sozinhos.

–Sabe de uma coisa? Eu concordo com você. Já deu dessas brigas bobas deles.

Com essa última frase, eles rumaram em direção da Dedos de Mel.


–--


–Prett, você quer ir lá?


–Lá onde, Sirius?

–'Lá' - Sirius disse, ao lançar um olhar para Lily e Guilherme, que estavam ao lado deles. Anna, então, captou a mensagem e apenas disse:

–Claro, estava precisando mesmo... - ela pensou rápido - comprar uma pena nova - dito isso, ela puxou Sirius e eles saíram andando.

–Nossa... Que esquisito. - Guilherme disse, ao assistir o comportamento dos dois. Ele se voltou para ela - Eles sempre são assim, Lily?


–Pra falar a verdade, não. Mas eles são estranhos, às vezes - ela fez uma pausa - Vamos beber uma cerveja amanteigada?


–Claro, você é quem sabe das coisas.


Eles estavam caminhando para o Três Vassouras em silêncio, quando Guilherme resolveu falar algo.


–Então, Lily... - ele disse, meio sem saber o que falar.

–Sim.

–Nós nem nos falamos direito hoje...

–Pois é, né... - ela mexeu no cabelo, para disfarçar o quanto ela estava sem graça - Você queria falar sobre algo em especial? - ele não respondeu de imediato.

–Ah, não. Só queria mesmo te conhecer melhor...

–Pode me perguntar qualquer coisa - ela sorriu com essa frase, deixando ele mais confiante.

–Você é monitora, não é? Uma vez te vi com Remo nos corredores à noite.

–Sou sim, comecei esse ano. Mas não é tão legal quanto parece, ser monitora - ela disse, já se descontraindo um pouco - Você não pode ter muitos problemas com as regras e tal. É um tanto irritante, parece que você virou uma professora - os dois riram.


–Eu nunca pensei que ser monitor poderia ser tão chato. Quer dizer, você tem de fazer a ronda, tem de ser certinho... Eu não conseguiria isso - no final dessa fala, eles chegaram ao Três Vassouras, se sentaram e pediram duas cervejas amanteigadas.


–É bem chato, às vezes... - houve uma pequena pausa após essa fala.

–Você gosta de quadribol? - ele perguntou, tentando descontrair, novamente.

–Pra falar a verdade, eu não entendo nada sobre o assunto. Mas eu até que gosto. Tenho dois amigos que estão no time.

–O Black e o Potter? - ao ouvir o nome Potter, ela sentiu um repentino frio na barriga, mas, ao mesmo tempo, raiva.


–Exatamente eles - ela respondeu, tomando um gole da bebida.

–Eles são bons, mas não aparentam ser muito amigáveis. Eles não parecem que são seus amigos, eles são tão diferentes de você, aparentemente. Quer dizer, eu nunca vi você ficando com vários meninos e nem matando aulas. Você é totalmente o contrário: não fica com qualquer um e é sempre muito estudiosa.

–Desde de quando você sabe tanta coisa sobre mim? - ela perguntou, curiosa.

–Ah... - ele corou um pouco - É que... Fazia um tempo que eu estava querendo te convidar para sair, estava só criando um pouco de coragem, mas você sempre estava com alguém: uma amiga, um amigo, ou várias pessoas juntas. Dei sorte de te encontrar sozinha aquele dia de manhã, se não acho que nunca teria falado com você - ele agora olhava nos olhos dela - Aliás, o que você estava fazendo aquele dia? Sem ninguém? É bem raro te encontrar assim…


–Aquele dia? Eu... - ela não queria nem se lembrar do que tinha acontecido, e não ia, de jeito nenhum, contar para ele, quem ela conhecia a pouco tempo, o que ela estava fazendo.

Enquanto ela pensava em uma resposta razoável, ela olhava pelo bar, procurando alguma coisa que pudesse ajudar, mas nessa procura de ajuda ela encontrou as últimas coisas que queria ver no momento: seus olhos. Verdes brilhantes. De repente, sentiu um frio na barriga. É, já tinha um tempo que Tiago Potter tinha esse efeito sobre ela. Ele estava com os cabelos bagunçados, com uma camiseta vinho, uma camisa meio marrom desabotoada e um jeans surrado. Como ela não parava de encará-lo, Guilherme pigarreou, fazendo-a volta onde estava - Eu estava voltando da biblioteca! - ela disse a primeira coisa que lhe veio à cabeça.

–Da biblioteca? - ele perguntou desconfiado - Interessante - ele pronunciou essa palavra lentamente - Com quem?


–Com... a Anna! Só estávamos devolvendo alguns livros. Mas ela foi para o outro sentido, pois havia esquecido o livro de transfiguração no dormitório.


–Entendi - ele concordou, ainda desconfiado - E você e o Potter?

–Como? - quando ele disse aquilo, Lily despertou totalmente de seu transe, virando-se para ele por completo.

–O Potter. Qual é o seu lance com ele?

–Nenhum. Não tenho nenhum lance com aquele idiota. E nunca vou ter - ela começou a ficar brava.

–Vocês nunca namoraram?

–Nunca. E nunca vamos. Por que você acha isso?

–Ah, Lily, é que parece. Vocês estão sempre juntos, sabe. Parece que tem algo entre vocês, que não é só amizade - ele disse envergonhado, mas, ao mesmo tempo, aliviado, ao saber que eles não possuíam nada entre si. Ela ficou meio chocada com a resposta dele, e por um momento não respondeu.


–Acho que nem amigos nós somos direito. Apenas conhecidos.

–Não é o que parece...

–Como assim? Eu não tenho nada com o insensível do Potter - ela tentava manter a calma, mas já estava ficando difícil. Ela relaxou um pouco, e perguntou - Por que você está perguntando tudo isso?

–Não sei, é só que eu realmente queria saber sobre isso. Não pensava que ele era tão importante assim pra você.


–Importante? - agora era que Lily não entendia nada mesmo.

–Você reclama dele e tal, mas essa críticas só provam o quanto você se importa com ele. É exatamente isso, você está afim do Potter - essa última frase foi como um tapa na cara dela. Não podia estar sentindo isso por ele, era impossível. Tecnicamente, nada é impossível, mas essa era uma das exceções. Enquanto ela pensava nessa possibilidade, na mesa ao lado, Tiago, que ouvira tudo, assimilava os fatos. Não acreditava no que tinha ouvido. Então, havia, sim, uma possibilidade de Lily gostar dele.


–Não. Sem chance. Ele é a última pessoa do mundo de quem eu vou estar afim - ela disse, como se fosse uma coisa simples.


–Olá, Lírio! Tudo bom com você? - Tiago apareceu, de repente, logo após seu par, Julie Stone, ir embora com uma amiga.


–É Evans pra você, Potter - ela respondeu friamente, embora estivesse se derretendo por dentro.


–Hm, Lily... - Guilherme começou a falar - Eu já vou indo, sim? Tenho um trabalho de História da Magia pra terminar. Até outro dia - ele saiu do bar de cabeça baixa.


–Ele percebeu que a concorrência ganhava?


–O que você quer dizer com concorrência, Potter? - Lily perguntou, brava por ele ter feito o par dela ir embora.


–Ele sabe que eu sou bem melhor que ele. E que se você fosse escolher alguém, escolheria a mim - ele disse, se gabando - Pode não admitir, mas no fundo sabe que eu sou mais bonito que ele. Mais engraçado. Mais legal. Mais atraente. Mais tudo, pra falar a verdade.

–Tem como você parar de ser convencido? Já não basta fazê-lo ir embora? - ela disse irritada - E quer saber? Eu vou fazer o mesmo. Já deu pra mim - ela coloca alguns sicles na mesa, para pagar as bebidas e saiu de lá.


–Ruivinha, espera! - ela conseguiu ouvir Tiago gritar de algum lugar. Ela simplesmente continuou andando sem rumo, até sentir uma mão quente em seu braço, a impedindo de avançar.

–Lily, por favor, pára de fugir de mim! Me ouve.

–Ok, fala - ela disse com desgosto, já se alterando.

–Na verdade é uma pergunta: por que você disse pra ele que não gostava de mim?


–--


–Você acha que eles vão ficar bem? - Anna enfim disse, quando se certificou que já estavam longe de Lily e seu par.


–Claro que vão. Por que não ficariam?

–Não sei, Sirius. Mas esse tal de Guilherme não me parece muito confiante do que quer. Não acha que ele pode magoar a Lily?

–Ela não iria se deixar abalar tão fácil assim, Anninha. Ela é bem mais forte do que nós pensamos - ele disse, olhando para frente. - Quer dizer, a menos quando se trata do Pontas.

–Eu queria tanto que eles se entendessem. Ele parece estar falando a verdade quando se declara pra ela, todos os dias.


–Pode ter certeza de que ele sabe o que faz. Nós, marotos, sempre temos um plano.

–Ah, é? - ela disse, olhando para ele - E qual seria o plano dessa vez, senhor Black? - ela parou de andar e colocou as mãos na cintura.

–Ainda estou reformulando. Mas, com certeza, ele envolve você, suas curvas, sua boca e sua língua - ele disse, sorrindo abertamente.


–Sabia que você é muito abusado? E muito convencido também! - ela não conseguia acreditar no que ouvira - E quem disse que dessa vez você vai conseguir o que quer?

–Eu sempre consigo o que eu quero. Principalmente quando isso envolve meninas - ele disse, bem orgulhoso de si.

–Mas dessa vez, tenha certeza de que você não vai. Não vou fazer nada que você queira. Pode acreditar.


–Tem certeza? - ele a puxou pela cintura para perto.

–Absoluta. Não vou me render à você - ela respondeu, o afastando de perto. Com isso, voltou a andar.


–Nossa - ele disse, surpreso pela atitude dela - Sabia que você foi a primeira menina que conseguiu me evitar?

–Não é muito difícil, se você quer saber.

–Mas é claro que é! Eu sou irresistível! - ele falou, sorrindo maliciosamente.

–Baixa essa moral, Sirius. Você não está podendo tanto.

–Como assim não?

–Acabei de te rejeitar, então seria melhor se você ficasse bem quietinho - com essa fala, ele não teve coragem de retrucar. Sabia que ela iria daria um jeito de deixá-lo em uma situação pior.


Depois de eles já terem andado cinco minutos sem rumo, eles se sentaram em um banco.

–Sabe, estive pensando... - ele olhava para seus seios enquanto falava, então Anna captou a mensagem de imediato.

–Sem chance, Sirius.


–Mas você nem sabe o que eu ia falar. E além disso, que não estava pensando em nada que você também não quisesse.

–Então o que você ia falar? - ela perguntou, cruzando os braços.

–Eu ia dizer que o clima está tão romântico hoje e que...

–Não - ela respondeu antes que ele pudesse terminar.

–Por favor, Prett! Um beijinho não faz mal a ninguém. Além disso, desde a última vez que a gente ficou que eu quero ficar com você de novo. Quando você me beija, me deixa com vontade de mais. Por favor - Sirius estava a ponto de ajoelhar-se e implorar para Anna. Ela, por sua vez, não queria de jeito nenhum dar o braço a torcer. Se o fizesse, iria parecer com as meninas do fã clube dele, que aceitam qualquer coisa quando ele pede. Ela tinha que prová-lo que ela era diferente. Única.


–Eu já disse que não. Não vou te beijar só porque você quer.

–Mas e se eu te desse um motivo razoável?

–Tipo...? - agora sim a conversa estava mais interessante para ela.

–Se nós ficarmos... você pode... - ele não sabia o que seria um motivo razoável naquele momento.

–Por que você não admite que não tem nenhuma razão para isso?

–Porque, se eu o fizer, vai perder a graça. E você também poderia pensar que eu estava sem argumentos. Não que eu tenha algum argumento, mas...

–Cale a boca e me beije - ela o cortou.


Ele não teve dúvida quanto aquele pedido, simplesmente o obedeceu de imediato.


–--

–O que você acha de saírmos e sentarmos em algum lugar para comer os doces?

Carol e Remo estavam na Dedos de Mel faziam apenas alguns minutos. Depois de encontrar Tiago e Julie, foram para lá comprar doces. No caminho, falaram sobre várias coisas, a maioria delas relacionada à escola. Nesse meio de conversa, ela percebeu o quanto ele estava cheiroso. Não se pode dizer que estava arrumado, mas aquilo que ele vestia já bastava para Carol: uma camiseta branca e um par de jeans escuros. Seus cabelos cor de areia estavam um tanto bagunçados, ela queria muito poder tocá-los. Pareciam estar tão macios...

–Eu acho uma ótima ideia - ele respondeu, segurando a porta para ela passar.


Ao se sentarem, ela abriu o pacote de doces e pegou um bombom.

–Sabe que às vezes eu quero simplesmente sumir? Ir para algum lugar onde não conheça ninguém e começar tudo do zero? Você já se sentiu assim?

–Nunca tinha pensado nisso, na verdade - ele disse, coçando o queixo. - Mas desse jeito que você fala, acho que seria perfeito. Ninguém iria me julgar tão mal assim.

–Quem que te julga desse jeito, Remo?


–Alguns meninos. Mas isso não vem ao caso - ele tentou mudar de assunto. - O que você achou daquela enrolação que o Pontas falou? - ela achou estranho, mas apenas o respondeu.

–Eu só acho que ele vai acabar quebrando a cara, de novo. Será que ele não aprende? Ele já sabe o jeito da Lily. Ela não suporta isso de ele ficar com uma a cada dia.


Após falar sobre isso e mais um pouco, os dois permaneceram em silêncio por um tempo. Nesse momento, um casal passou de mãos dadas na frente deles e se deram vários beijos e selinhos. Carol ficou vermelha ao ver que Remo olhou para o casal e depois a olhou.


Ele começou a se aproximar bem devagar, para não assustá-la. Não podia dar errado dessa vez. Ela, ao ver que ele estava bem perto, fechou os olhos. Logo, seus lábios se tocaram e o mundo a sua volta pareceu desaparecer completamente. Era um beijo calmo e doce. Remo colocou uma mão em sua cintura e outra em sua nuca. Carol colocou suas mãos em sua nuca. Durante o beijo eles acariciavam os cabelos um do outro. Eles estavam sem pressa. O mundo podia acabar que eles não se importariam. O beijo estava aconchegante, mas ia ficando um pouco mais intenso em seu decorrer.

–Até que enfim! Já não era sem tempo!


Eles se separaram imediatamente ao ouvir Sirius na frente deles. Os dois estavam com as maçãs do rosto e os lábios muito vermelhos.

–Sirius! Por que você fez isso?! - Anna perguntou com voz de reprovação, ao perceber o que aconteceu.

–Nada não, apenas compartilhei a minha felicidade com os meus amigos. Qual é o problema nisso, Anna?


–Vem! Deixa eles em paz! - quando disse isso, ela o puxou para longe. Ele tinha um sorriso maroto estampado no rosto quando saiu de perto deles.

Remo ficou mais sem graça ainda. Ele olhou para Carol e percebeu que ela também estava corada. Os dois deram uma risada.

–Carol... Sobre isso... - ele não sabia as palavras certas para explicar.

–Foi um impulso. Desculpe, Remo. Eu não sou nada sua pra te beijar desse jeito. Foi minha culpa - ela estava confusa. Não sabia o que realmente estava sentido.


–Não. Carol, eu queria falar... - ele começou a falar, mas ouviu uma voz alterada.


–Eu não te devo explicação nenhuma, Potter!


–Claro que deve! Isso é a meu respeito também. Não envolve apenas você - Tiago andava atrás de Lily, mas ela só parava para gritar com ele.


–Quem disse que eu estava interessada em você? Nunca estive e nunca vou estar!


–Acho melhor nós pararmos os dois ou ela vai acabar dando um tapa nele - Carol sugeriu e Remo concordou de imediato. Os dois correram ao encontro dos amigos.


–Lily! Calma. O que aconteceu? - Remo tentou perguntar calmamente.


–Esse estúpido do seu amigo acha que eu devo alguma satisfação pra ele. E, além disso, conseguiu fazer Guilherme ir embora.

–Hm, Tiago... Não seria melhor... - Carol não sabia o que falar - Venha - ela o puxou pelo braço e sumiu pelo vilarejo.

–Lily, tente se acalmar.


Ela se sentou e colocou a cabeça entre as mãos. Remo apenas falou algo depois de alguns minutos, para deixá-la respirar um pouco.


–Lil, o que aconteceu? - ao ouvir a voz do amigo, ela levantou a cabeça com a cara corada. Ela estava um pouco surpresa por ver Remo e não Carol. Suspirou e começou a falar.


–O Guilherme foi embora.


–Por quê?

–Potter - ela disse com desgosto.

–O que ele fez? Ele foi falar com vocês?

–Não. Quer dizer, sim. Também - ela estava ainda confusa com tudo que tinha acontecido - Guilherme estava desconfiado de que eu tivesse algo com Potter e, como se não bastasse isso, ele tinha que interromper a nossa conversa. Isso aniquilou qualquer chance de eu conseguir conhecê-lo melhor - ela suspirou - Não que eu já estivesse interessada, mas ele parecia ser um cara legal.

–Hm... Você está bem? - ele fez uma pausa - Quer dizer, nunca achei que você algum dia ficaria triste por algum menino.


–Não estou assim por um menino... Tecnicamente, estou, mas não nesse sentido. É só que... Por que o Tiago sempre me chateia tanto? Isso me incomoda.

–Lily, quer um conselho? - ela assentiu com a cabeça - Não perca tempo. Você sabe que gosta dele - ela abriu a boca para dizer o contrário, que não gostava dele de jeito nenhum, mas ele falou antes. - Não precisa me dar satisfação nenhuma, pois no fundo você sabe quem está falando a verdade. Pode ter certeza que ele gosta de você de verdade, mesmo com algumas controversas. Se eu fosse você, não seria tão duro com ele. O Tiago é mais descontraído, não leva as coisas tão a sério como você. Talvez você seja a pessoa que o ajude a se estruturar - ele tentava não ser tão duro com ela.

–Mas, Remo, ele fica sempre me provocando, me chateando. Isso é...

–Amor - ele completou.


–Não! Eu ia dizer que isso é irritante ao extremo.


–Então é por isso que é amor. Ele gosta de você, Lily. E você dele. Qual é o problema de lhe dar uma chance? - ele a perguntou - Pense nisso - ele se levantou. - Vou atrás dele e da Carol. Talvez ele também precise pensar sobre alguns fatos. Até logo, Lil.

–Obrigada, Remo - com isso, ele saiu andando.


Ela estava mais confusa ainda.


Gostar do Tiago? Como assim? Ele sempre a irritava, a chateava, a enchia... Mas, pensando por outro lado, ele sempre a protegia. Sempre a ajudava… Não. Ela não gostava daquele idiota e ponto final. Não fazia sentido! Ele era o motivo de sua tristeza quase todas as vezes. Ele era o culpado por ela ficar brava. Era o culpado por ela levar bronca de professores nas aulas. Não tinha como ele a ajudar em qualquer sentido.

Lily se levantou e foi em direção ao castelo. Ainda estava imersa em seus pensamentos quando chegou ao retrato. Disse a senha e quando entrou na Sala Comunal viu de longe Tiago no canto da sala. Sua raiva voltou repentinamente ao ver aquela figura com cabelos negros, mas ela veio acompanhada de algumas borboletas em seu estômago.
Como ele podia ter tal efeito sobre ela? Mas o pior ainda estava por vir, quando ele se virou e a encarou com seus olhos profundos. Nesse instante, parecia que seus estômago tinha dado um looping de 360 graus. Por um momento, ela ficou hipnotizada, mas quando recobrou sua consciência parou de encará-lo e começou a procurar alguém conhecido na sala. Por sorte, encontrou Carol sentada em uma poltrona. Ela foi a seu encontro e se sentou na poltrona ao lado.


–Não precisa explicar, Lil - ela disse, ao ver que Lily ia contar a sua versão da história. - Remo já me contou. Eu acho que você poderia bem que deixá-lo em paz por alguns dias, tipo uns dois ou três, pra ele pensar melhor.


–Pode até ser...

Elas se viraram para o retrato quando ouviram duas pessoas rindo entrando.


–Claro que não! Os cabelos dela eram laranjas e não vermelhos.

–Eram vermelhos cor de sangue! Tenho certeza que eram, Prett - Sirius sorria ao falar com Anna. Eles estavam com uma sacolinha da Dedos de Mel cada um.

–Onde estão Pedro e Remo? - Anna perguntou ao se sentar com o amigo no sofá.

–Estão no dormitório - Tiago apareceu subitamente. - Pedro deve estar dormindo e o Remo, provavelmente, está estudando - sua voz era calma e triste. Lily não pode deixar de perceber que ele não estava tão animado como sempre.


–Eu vou chamá-los - Carol anunciou, indo para as escadas.

–Normalmente, ela seria a última a se voluntariar para ir ao dormitório dos meninos... - Lily comentou.


–Na verdade... - Sirius começou a falar, mas foi interrompido por Anna.


–Você conseguiu falar com Guilherme direito? - ela mudou de assunto, lançando um olhar para Sirius, que entendeu no primeiro momento para não falar ainda sobre o beijo da amiga com Remo.

Lily ficou imediatamente corada ao perceber que Tiago a olhava.

–Hm, sim - ela mentiu.

–Sobre o que vocês falaram? - perguntou, curiosamente.

–Ah... Muitas coisas - ela respondeu. - E vocês? Fizeram muitas coisas? - ela tentou mudar de assunto.

–Lil, por que você não quer falar sobre isso?


–Por nada, não. Vamos jantar? Já estou com fome - ela tentava a todo custo mudar de assunto. Não queria relatar o que tinha acontecido.

–Você sabe que ainda são cinco da tarde, certo? - Sirius disse, tentando entendê-la.

–Ah, nem tinha percebido... Será que eles estão bem? Carol, Remo e Pedro. Já faz tempo que ela subiu para chamá-los...

–Estamos aqui - Remo disse ao descer as escadas. - Nós estávamos ajudando Rabicho com uma tarefa de poções - ao anunciar isso, os três se sentaram junto ao grupo.
Com a chegada deles, Anna parou de interrogar Lily e o assunto foi esquecido.


–Pontas, você pode pegar pra mim o mapa? - eles estavam todos na Sala Comunal, sentados nos sofás e poltronas, quando Remo falou com Tiago.

–Não. Pega lá você. Você é quem quer.

–Foi você que guardou da última vez. Não sei onde está.

–Pra que você quer, Aluado? - ele perguntou desconfiado - Você sempre foi contra usarmos o mapa para sairmos escondidos. Onde você quer ir?

–Preciso pegar algumas tortinhas de abóbora para deixar no dormitório. As minhas acabaram. E como foi você que guardou o mapa da última vez, eu não sei onde está - Tiago pensou um pouco antes, mas no final cedeu, se levantando para ir.

–Lil, posso falar com você? É um minuto - Carol disse, se levantando.


–Claro - se levantou também e acompanhou a amiga. Elas subiram as escadas e pararam na frente da porta do dormitório dos meninos.


–Sabe, Lily, eu acho que você e o Tiago deviam se entender.


–Carol, não é por nada, mas se você me chamou aqui pra falar sobre o Potter... - ela não conseguiu terminar a frase, pois a amiga foi mais rápida. Carol abriu a porta do dormitório e empurrou a amiga para dentro. Quando Lily se deu por si, estava trancada.

–Abre a porta!

–Lily? - Tiago queria entender por que a menina estava ali - Por que você está aqui?

–Você realmente acha que eu estou aqui porque eu quero? A Carol me jogou aqui pra dentro e trancou a porta com um feitiço. Eu deixei minha varinha lá embaixo, você está com a sua ai?


–Não, eu também esqueci a minha na poltrona onde eu estava sentado. Mas por que ela nos trancou aqui?

–Ela disse alguma coisa sobre nós nos entendermos - ela disse e se sentou na cama mais próxima - Eu mato ela!

–Então se ela te jogou aqui, Aluado me pediu para pegar o mapa de propósito. Mas pra que eles queriam isso?

–Você é surdo ou se faz? - ela estava incrédula com a inutilidade do menino.

–Ok, não precisa explicar de novo. Já entendi - ao dizer isso, se sentou no chão e começou a puxar uma tábua de madeira do piso.


–O que você está fazendo? - Lily perguntou, sem entender nada.

–Estou pegando comida no estoque. Ou você quer ficar com fome? - ele perguntou, ainda concentrado. Poucos segundos depois ele retirou a tábua por inteira, que revelou um buraco pouco fundo onde podia-se ver alguns potes e garrafas de suco de abóbora - Você quer? - ele perguntou, lhe oferecendo uma garrafa e um pote. Ela queria a qualquer custo recusar, mas sabia que se não comesse iria ficar com fome depois.

–Ok - ela pegou os dois - Obrigada.

Os dois ficaram três minutos sem trocar uma palavra. Lily se incomodava muito em estar trancada em um cômodo com ele, mas não reclamou. Tiago até que estava gostando de tudo aquilo. Queria há algum tempo falar com ela a sós, mas como ela nunca permitia, essa era uma ótima oportunidade.


–Hm... Lily? - ao ouvir sua voz ela levantou o olhar - Já tem um tempo que eu quero falar com você.


–Diga.

–Por que você sempre está tão brava comigo? - perguntou, tomando um gole de suco.

–Não estou sempre brava com você. Mas quando fico é porque você é um idiota. Simples assim - ela disse, olhando para o chão. Não queria falar sobre aquilo. Não queria lembrar.

–Hm... Interessante... - ele se aproximou um pouco - Aposto que você gosta quando eu sou um idiota - ele supôs, se aproximando mais ainda.

–Não - ela respondeu friamente, se afastando.

–Não? Por quê? Eu sou tão charmoso! Ninguém me resiste.

–Suponho que eu seja uma exceção.

–Uma pena. Já que... - ele sentou-se ao lado dela. Seus corpos se encostavam - ...eu adoraria ser só seu.

–Infelizmente, eu recuso - ela fez menção de que ia se afastar, mas ele foi mais rápido e a puxou pela cintura. Ela agiu sem pensar e derramou suco de abóbora nele. Seu plano não deu muito certo, pois ela também ficou encharcada.


–Por que você fez isso? Eu nem tentei te beijar! - ele disse, indignado.

–Mas você ia! Isso foi pra você aprender a não dar em cima de mim.

Ele se levantou, foi até seu malão e pegou uma camiseta azul marinho. Tiago tirou sua camiseta molhada e antes de colocar a seca, Lily pôde perceber que ele tinha um abdômen definido, talvez por conta do Quadribol. Ao colocar a camiseta, percebeu que ele a olhava. Ela corou imediatamente, desviando o olhar. Tiago pegou mais uma camiseta, dessa vez branca, e a jogou para Lily.


–Veste isso. Ou você quer ficar molhada?


Ela acabou concordando com ele.

–Você poderia, pelo menos, virar? - ela perguntou, o encarando.

–Ah, claro - ele se virou.

Ela tirou a camisa e o jeans, colocando a camiseta de Tiago. Nesse meio tempo, ele deu uma espiada, observando as curvas da amiga. Ele estava gostando do que via, mas virou-se para ela não perceber. Ao terminar, disse:


–Pronto. Pode virar.


A barra da camiseta ficava na metade de sua coxa. Ela insistia em tentar abaixá-la, sem resultado.

Ao se sentar, Tiago ainda a encarava. Parecia estar hipnotizado. Lily passou a mão na frente de sua face e ele voltou ao normal.

–Em que mundo você estava?

–Hã? Como assim? - ele perguntou, avoado.

–Deixa pra lá. Se não se importa, eu vou dormir. Não acho que eles vão abrir essa porta antes do amanhecer. Boa noite - ao dizer isso, Lily se deitou na cama mais próxima.

–Ei, essa cama é minha - ele indagou. Ela apenas se levantou e deitou-se na cama ao lado. Não queria discutir com ele.

Lily não conseguia pegar no sono. Estava ainda muito brava com Carol por ter feito aquilo com ela. Por que ela tinha que ter feito aquilo? Era totalmente sem nexo. Ficar no mesmo quarto que Tiago, para ela, era uma tortura. Ainda mais agora, que estava muito confusa com seus sentimentos. Não podia estar apaixonada por ele. Era impossível! O garoto era o contrário dela: bagunceiro, não gostava de estudar, não fazia as tarefas, não ia bem na escola e, ainda por cima, ficava com qualquer uma. E ela odiava tudo isso nele.

Tiago estava na mesma situação que a amiga. A insônia o consumia. Por que ela não ligaria para ele? Todas as meninas gostavam dele, o bajulavam e queriam beijá-lo, mas ela era a única que não queria isso, que queria distância. Ele nunca havia ouvido alguma menina dizer que não o desejava, ela havia sido a única.


Ele estava confuso. Gostaria de tê-la só para ele. Foi quando teve uma ideia.

–Hm, Lily? Ainda está acordada?


–Sim - ela respondeu friamente. Não queria conversar.


–Sabe, o seu perfume ficou no meu travesseiro. E, bem, o seu cheiro já está saindo... Você faria uma boa ação para mim, se viesse aqui para renová-lo - nesse momento, levantou a cabeça para ver a reação da garota. Ela não se moveu - Por favor? - ele tentou, sem obter resultado algum.

–Não. Sofra sem o meu perfume - ela respondeu sarcasticamente, algum tempo depois. Como percebeu que ela não ia para lá de jeito nenhum, Tiago se levantou e se deitou ao lado de Lily. Ela não reclamou, apenas foi mais para o lado oposto possível.


–Você quer conversar? - perguntou.

–Potter, dá pra você me deixar em paz? Isso é irritante - dito isso, virou-se, e ficou de costas para ele. Tiago estava quase perdendo as esperanças quando teve outra ideia. Essa teria que dar certo.


Ele enroscou seu braço em volta da cintura de Lily e puxou-a para perto. Após isso, depositou seus lábios no pescoço dela e tentou provocá-la. Ela tentou se desvencilhar, mas ele a segurava fortemente.

–Me solta! Tiago, pára!

–Sem chance - ele a virou e deu-lhe um selinho. Esse selinho a fez esquecer tudo a sua volta. Esquecer de quem era e o que estava fazendo lá. Lily apenas o beijou.


O beijo começou calmo. Seus lábios estavam doces e macios. Ele segurava sua cintura e tinha sua outra mão em sua coxa. Ela, por sua vez, tinha ambas as mãos em seus cabelos negros, que estavam macios e cheirosos. O beijo se intensificava em seu decorrer, mas continuava sendo aconchegante. Eles se separaram para respirar e se olharam. Logo depois se deitaram. Lily depositou sua cabeça e uma mão no peito dele, e os dois adormeceram.


–--


–Será que eles vão ficar bem? - Carol perguntou, preocupada.


–Sim, acho que sim. Eles vão acabar se entendendo - Remo respondeu, ao ela chegar à Sala Comunal.


–Onde eles estão? - Pedro perguntou curioso.


–No nosso dormitório, acho que vamos ter que dormir aqui, não sei quando eles vão sair de lá...

–Espera aí, vocês trancaram os dois lá? - Anna estava perplexa por não ter pensando nisso antes.

–Pra falar a verdade, não. Eles só acham que estão trancados. Mas eles precisam se entender. Eu não agüento mais eles brigando - Carol respondeu, se afundando no sofá.

–Bem, já que é por uma boa causa... Anninha, o que você acha de sentar aqui comigo? - Sirius perguntou.


–Vou pensar no seu caso... - ela respondeu, com uma voz enigmática. Isso só atiçou o menino, que a puxou pela cintura para perto. Ela apenas se acomodou do lado dele e o abraçou. Remo seguiu o exemplo do amigo e se aproximou de Carol, que logo se aconchegou em seu peito. Pedro foi o único que ficou sozinho, mas ele nem ligou, apenas caiu no sono, assim como os outros.


–--


Tiago acordou com a claridade que vinha da janela. Ele analisou o ambiente, mas ainda demorou um pouco para lembrar do que havia acontecido.


Ela havia o beijado. Ela tomara iniciativa. Ok, ele que começou, provocando-a, mas ela que tinha o beijado primeiro. E ele nem teve que roubar um beijo!

Enquanto olhava o dormitório, percebeu que Lily ainda estava dormindo. Ela parecia uma princesa, com seu rosto angelical e seus cabelos alaranjados brilhantes. Ele, por sua vez, continha um largo sorriso em sua face, só de vê-lá daquele jeito. Serena. Logo, ela acordou e também tardou um pouco a se lembrar só que havia acontecido. Ao se recordar, ficou, imediatamente, muito vermelha e envergonhada.

–Tiago, eu... - ela gaguejava, sem sabe o que falar. Como iria explicar o beijo que havia lhe dado? - Me desculpe. Eu não deveria... Eu... Não era para aquele beijo ter acontecido. Não mesmo. Nós não somos nada um do outro. Quer dizer, nós somos amigos, mas isso não interfere - ela ficava cada vez mais sem graça. Não deveria ter ficado com um garoto como aquele. Era o Potter! Um dos mais pegadores e desejados. Ela não podia ter caído naquilo.


–Lily, sobre isso... - ele começou a falar mas ela logo o interrompeu.

–Só finja que nada aconteceu, certo? Por favor, não comente nada sobre... Bem, você sabe. Qualquer coisa falamos para os meninos que nós nos acertamos, apenas - ao dizer isso, se levantou e percebeu que estava com a camiseta branca de Tiago. - Depois eu te devolvo a sua camiseta - então, rumou para a porta, que estava destrancada. Eles deviam ter destrancado à noite e os dois nem perceberam.


–Lily, espera - Tiago disse, quando ela ia sair. - Bem, tecnicamente, nós não nos entendemos. Nem conversamos, pra falar a verdade.


–Sobre o que você quer falar? - ela disse, voltando alguns passos - Se é sobre eu não sair com você…


–Exatamente. Quer dizer, não era, mas também quero falar sobre isso.


–Pode falar, estou ouvindo - ao falar isso, fechou a porta atrás de si e sentou na cama mais próxima.

–Por que você sempre fica tão brava comigo? - ao ouvir essa pergunta, ela revirou os olhos.


–Por que você sempre tentar roubar algum beijo meu?

–Hm, entendi. Mas qual é o seu problema comigo? Você sempre grita comigo e tal.

–Qual é o seu problema, isso sim - ela o corrigiu. - Você fala que me ama, me rouba um beijo e depois já está ficando com outra no dia seguinte. Bem, se era só isso que você queria conversar... - ela se levantou e abriu a porta.


–Não! Não vai. Fica - ela parou e se virou.

–Acho que já não temos mais nada pra conversar - assim, saiu, o deixando sozinho.


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