— Eu sei que vocês já sabem sobre nosso plano. O Benzarol. Tudo começou há quarenta anos atrás. Alguns familiares Cahill junto com alguns químicos e médicos decidiram tentar criar um medicamento que fosse capaz de atuar no cérebro da pessoa, eliminando os pensamentos, desejos, e tudo que pudesse fazer a pessoa agir com maldade. — Dan e Amy ouviam atentamente. — Eles conseguiram criar o Benzarol mas ainda estavam em fases de testes, precisavam de voluntários. Cinco pessoas se voluntariaram para ser cobaias. Infelizmente o resultado foi trágico. Todos sofreram os mesmos efeitos colaterais do nosso remédio. Das cinco pessoas duas se deram bem. Uma teve perda total de memória e desenvolveu o Mal de Alzheimer. As outras duas faleceram.

— E quem era as duas pessoas que se deram bem? — perguntou Dan.

— Eles ficaram decepcionados — continuou Grace, sem responder a pergunta de Dan. — e decidiram abandonar o projeto, antes que causassem danos a mais pessoas. Há anos os Cahill lutam uns contra os outros sem nem mesmo ter uma razão válida. E há anos que outros Cahills tentam ajuntar a família. Mas seus esforços sempre fracassaram. Há alguns meses eu e Fiske decidimos retomar o projeto. Com muita ajuda nós fizemos o novo Benzarol.

— Nossos parentes foram os cobaias. — disse Dan.

— Não. — respondeu Grace. — Nós recebemos ajuda de um grupo secreto que aparentemente tem o mesmo objetivo que nós. Eles nos ajudaram e ofereceram voluntários para os testes. Os resultados foram bons. Então decidimos medicar nossos parentes. Para isso contamos com muitos empregados e informantes. Com uma semana os resultados já apareceram. Decidi fazer uma festa para ver como os Cahill se tratavam. Foram além de nossas expectativas! Por isso decidimos continuar, mas depois do dia da festa, os efeitos colaterais começaram a aparecer, e com mais intensidade do que esperávamos. Também o Benzarol não estava mais fazendo efeito em Irina, Alistar e Ted. Em Isabel e Eisenhower o Benzarol nunca chegou a dar resultados.

— Mas por que? — perguntou Amy.

— Não sabemos ainda.

— Parece que ser mal está nos genes e no sangue dos Cahill.

— Será que é por que eles são os mais malvados? — sugeriu Dan olhando para Grace.

— Pode ser. Foi ficando cada vez mais perigoso. O risco dos efeitos se tornarem duradouros aumentaram, e o risco de morte também. Fiske achou melhor parar o tratamento, mas quando eu via como vocês estavam felizes, só pensava em arranjar um jeito de ajustar o remédio, para que eles pudessem ser assim legais para sempre. Mas os riscos aumentaram. E Isabel descobriu o que estávamos fazendo com sua família. Um dos nossos informantes, que era empregada da família Kabra, lhe contou tudo. Então decidimos parar antes que fosse tarde demais.

— Então eles não estão mais tomando o Benzarol?

— Não. Fiske deu a ordem hoje de manhã. Nós não sabíamos e ainda não sabemos por quanto tempo o Benzarol atua no organismo. Mas como eles pararam de tomar o remédio, acredito que em duas semanas, três no máximo, ele vai parar de agir e assim eles voltarão a ser os Cahill que eram antes.

Amy não queria que seus primos voltassem a ser como antes. Não queria que Hamilton voltasse a ser aquele grandalhão que intimidava e zombava Dan; não queria que Sinead voltasse a ser aquela metida de antes; nem que Jonah Wizard fosse novamente o cara mais mala do mundo; e muito menos que Ian voltasse a ser ignorante e insuportável.

— O que vai acontecer com a empregada e a Isabel? — perguntou Dan.

— Bem, nós tivemos que nos livrar da Nayara por não seguir o acordo e o contrato de sigilo. Ela e também Isabel já não lembram de nada. Elas tomaram um remedinho que apaga a memória das últimas semanas.

— Espera, — disse Amy com um sorriso — ela é N. G. que você escreveu no bilhete?

— Sim, Nayara Gonzales. Vocês pensaram que eu estava falando da Nellie, não é?

Dan e Amy sorriram, mais de alívio, por saber que Grace também não fez nada com a Nellie.

— Ela também teve que tomar o remédio do esquecimento. Mas não se preocupem, ela está bem.

— Por que vocês esconderam isso de todo mundo? — perguntou Dan.

— Porque se algo extremamente trágico acontecesse a eles, eu teria medo de que vocês nunca me perdoassem. E se algo acontecesse com vocês, eu nunca me perdoaria. Por favor Dan e Amy, — Grace segurou as mãos deles — não fiquem zangados comigo. Eu só os estava protegendo.

— Não estamos zangados Grace.

Dan e Amy abraçaram Grace fortemente. Eles sabiam que ela era uma boa pessoa, e que nunca fariam mal a eles, nem mesmo a seus parentes malvados. Ela e Fiske eram os únicos Cahill que eles conheciam que eram boas pessoas. Nem tia Beatrice era uma boa pessoa.

— Grace o que aconteceu com aquelas duas pessoas que tomaram o Benzarol há quarenta anos atrás? — Perguntou Amy.

Grace sorriu docemente.

— O Benzarol fez muito bem a eles. Acho que modificou o cérebro deles para sempre. Bom eles não são as pessoas mais boazinhas do mundo mas, estão bem acima da média para um Cahill.

Nesse instante, uma luz se acendeu em Dan e Amy e eles souberam quem eram aquelas duas pessoas que se deram bem com o Benzarol há quarenta anos atrás. Eram Fiske e Grace.