Estou tão animada que mal consegui dormir esta noite! Vejo que o dia já estava começando a clarear, olho o relógio, ainda era muito cedo, fico mais um tempo na cama. Consigo pegar no sono e só acordo novamente assim que o despertador toca. Comecei a me arrumar, eu estava com um ótimo humor nesta manhã! O dia parecia lindo, tudo parecia perfeito. Eu ria de qualquer coisinha! Parecia uma boba.

Assim que acabei de me vestir, desci para tomar café, e vi minha mãe quase caindo encostada no balcão da cozinha

–Mãe? – falei balançando ela – Você está bem?

–Ah... – ela acorda assustada - estou minha filha! Só cai no sono! Aqui está seu café da manhã e seu almoço! – ela dá um sorriso tentando disfarçar o cansaço

Como eu não havia percebido antes?! Minha mãe acorda duas horas antes de mim para preparar meu café da manhã e o meu almoço, e vai dormir super tarde esperando meu pai. É obvio que estaria exausta! Tive uma ideia que achei que resolveria parcialmente o problema

–Mãe, a partir de amanhã, pode deixar que eu mesma levanto para fazer o meu almoço!

Pelo menos dessa forma ela poderia dormir até mais tarde.

–Não precisa se preocupar! Pode deixar que eu dou conta! – fala ela tentando me convencer de que está bem

–Não, não! Pode deixar que eu faço, e vai ser até melhor pra mim. Pois dessa forma vou aprimorar a minha culinária. – tento dar uma justificativa, mas ela continua insistindo

–Você não gosta da comida da mamãe? – depois de falar isso ela faz uma carinha de cachorrinho sem dono

–Mãe! Para de chantagem emocional! Assim não vale! E a senhora sabe que eu amo sua comida. Mas também quero aprender a cozinhar tão bem quanto a senhora, e para isso quero fazer o meu almoço eu mesma! Só isso!

–Ah, tá bom. Já que você insiste tanto! – diz ela indo me dar um beijo na testa, depois sobe para dormir mais um pouco

Quando acabo de tomar o café da manhã, escovo os dentes e vou andando para o metrô. No caminho, acabo me esquecendo um pouco do Takagui, por estar pensando no que fazer para meu almoço do dia seguinte, e também por estar preocupada com minha mãe.

Vou caminhando meio cabisbaixa, por estar meio pensativa e preocupada, quando ouço uma voz familiar

–Shimizu!! – era o Takagui, mas não entendi o porquê dele estar gritando e correndo até a mim

–Oi Takagui! Bom d... – quando vou terminar a frase ele me dá um puxão e sai me arrastando

–Vamos logo! O trem já vai sair! Corre!

Nós dois corremos até dentro do vagão, quase que nós não conseguíamos, a sorte foi que um senhor que estava próximo a porta a impediu de fechar. Assim que entramos, agradecemos a ele. Meu coração estava disparado, não apenas pela corrida, mas também pelo fato dele ter segurado na minha mão!

–O que aconteceu? Por que se atrasou tanto hoje? – ele pergunta ainda ofegante por ter corrido

–Ah... não foi nada! É que tive que convencer a minha mãe de uma coisinha...

Achamos lugares vazios e nos sentamos para descansar um pouco. Quando percebo que ele está dando risada

–O que foi? O que aconteceu?

–Nada, nada! – diz ele olhando para a paisagem que passava pela janela – é que só você mesmo para me fazer dar um grito no meio da rua, e ainda por cima, sair correndo! – ele continua a dar risadas

–Me desculpe por isso! – falo meio envergonhada

–Não, não... tudo bem.

Eu estava morrendo de vergonha. Não havia reparado que já estava atrasada! Estava caminhando tranquilamente, enquanto ele estava me esperando no metrô. Mas até que fiquei meio feliz com isso. Fomos quietos olhando a paisagem pelo resto do caminho.

Saímos do trem e começamos a conversar sobre coisas como músicas, animes, restaurantes... conversamos até sobre o tempo. Quando percebo já estamos na porta do colégio e Aki já está lá, parada, com um sorrisinho no rosto olhando para a gente. Fomos de encontro a ela

–Bom dia Aki!

–Bom dia Ay-chan! E... bom dia Takagui-kun.

–Bom dia Hayashi! Bem, Shimizu, eu já vou indo, preciso passar na biblioteca antes de ir pra sala. Até depois meninas!

–Até! – falamos ao mesmo tempo

–Não acredito! Vocês vieram juntos para a escola?! – fala Aki arregalando os olhos e abrindo a boca de surpresa

A expressão que ela fez foi tão engraçada que comecei a dar risadas

–Me fala Ay-chan! Vocês vieram juntos ou se encontraram aqui perto? E por que vocês estavam tão alegrinhos?

–Calma Aki! Uma pergunta de cada vez, nós nos encontramos no metrô lá perto de casa.

–Sério?! Então vocês vieram juntos! Que lindinho! – o jeito que ela falou me fez rir mais ainda – agora, por que estavam tão alegrinhos ein?

–É que viemos conversando, e vez em quando ele falava alguma coisa engraçada.

–Awnt! Que coisinha mais fofa! – diz ela com um olhar provocador

Pensei bem em falar para ela sobre o que havia acontecido antes, resolvi falar mais tarde, pois estávamos no meio do pátio, que por sinal estava lotado, e se eu falasse sobre isso ali, naquele momento, era capaz dela armar a maior confusão! Mas assim que chegamos na sala, aproveitei que estava vazia e contei tudo. Ela ficou com uma expressão estranha no rosto, era uma mistura de alegria, com preocupação, com ciúmes e um sorrisinho provocativo no final. Começamos a dar risadas. Assim que acabamos de falar, os alunos começam a entrar na sala, acompanhados do professor. As aulas se iniciam.

Assim que o sinal bate, na hora do almoço e o professor sai da sala, Aki fala que vai dar uma saidinha rápida, e que volta assim que o sinal bater novamente. Por esse motivo fiquei na sala de aula, até que vejo Takagui sentado, algumas cadeiras atrás da minha, ele estava parado, olhando pela janela para o horizonte. Resolvo ir falar com ele

–Takagui? Não vai almoçar?

–Não. Tô sem fome.

–Sério? – bem na hora o estômago dele ronca, ele finge que nada aconteceu, por isso não comentei

–Se quiser pode ficar com metade do meu almoço! Eu nem como tudo mesmo! – só depois que falei isso percebi o quão vergonhoso era propor uma coisa dessas!

–Não, valeu. Pode deixar.

–Takagui, o que foi? Por acaso você esqueceu seu almoço?

–Não...

–Então por qu... – antes que eu conseguisse finalizar a pergunte ele me responde já meio irritado

–Não tem ninguém que faça meu almoço. E eu não sei cozinhar. Respondi a sua pergunta?

Confesso que fiquei meio chocada. Como assim “Não tem ninguém que faça meu almoço”? O que ele quis dizer com isso? Outra coisa que me chocou foi o tom de voz que ele usou, eu nunca imaginei que ele poderia ficar irritado comigo.

–Certo. Me perdoe. – falei olhando para uma das cadeiras ao lado

Nesse instante eu tive uma ideia...

–Takagui, e se eu fizer o seu almoço? – falo com um sorriso no rosto, e logo depois começo a ficar vermelha de vergonha ao ver a besteira que havia dito

–Não precisa se preocupar...

–N-não. T-tudo bem. Sério... – tento esconder que estava morrendo de vergonha

–Então tudo bem! – ele dá um sorriso que me deixa mais vermelha ainda – Mas hoje realmente não precisa!

–Ok... – eu já estava tão envergonhada que não conseguia mais falar direito, então a única coisa que eu pude fazer foi almoçar, mas eu dei dois de meus onigiris recheados para ele, que custou a aceitar

Pouco antes do sinal tocar, vejo Aki entrando na sala, passei o resto do intervalo com ela. Depois das aulas, Aki me disse que precisava urgente da minha ajuda em um assunto de matemática, por isso fiquei até um pouco mais tarde. E na hora de ir pra casa fiquei surpresa, pois desta vez quem esperou foi o Takagui! Assim que me aproximei do portão, vi que ele estava parado, me despedi de Aki, e fui falar com ele

–Takagui? Não vai pra casa?

–Vamos... Por que demorou tanto para sair hoje?

–É que a Aki precisava da minha ajuda em um assunto...

Não conseguia acreditar! Ele realmente havia esperado todo aquele tempo por mim!

–Obrigada! – disse dando um sorriso

–Pelo quê? – ele pergunta equivocado

–Por ter me esperado.

–Atah... Não foi nada... – vejo que ele havia começado a ficar envergonhado, achei muito fofo

Fomos falando sobre alguns livros que tínhamos lido, ele basicamente só lê mangá! Tentei convencê-lo a ler outras coisas mas não deu muito certo. Novamente não me dei conta do tempo passando e assim que percebi já estava na porta de casa

–Até amanhã Takagui!

–Até amanhã Shimizu! Mal posso esperar para provar a sua comida! – fala ele num tom provocativo

–T-tá! – digo com um sorrisinho no rosto, completamente vermelha (novamente) e entro em casa.