Órion! The Clan Hope Kuchiki escrita por Cieli


Capítulo 101
O caminho para Annwn!


Notas iniciais do capítulo

E minha alma, sem luz nem tenda,
passa errante, na noite má,
à procura de quem me entenda
e de quem me consolará...

Cecília Meireles

Errante

Meu coração da cor dos rubros vinhos
Rasga a mortalha do meu peito brando
E vai fugindo, e tonto vai andando
A perder-se nas brumas dos caminhos.

Meu coração o místico profeta,
O paladino audaz da desventura,
Que sonha ser um santo e um poeta,
Vai procurar o Paço da Ventura...

Meu coração não chega lá decerto...
Não conhece o caminho nem o trilho,
Nem há memória desse sítio incerto...

Eu tecerei uns sonhos irreais...
Como essa mãe que viu partir o filho,
Como esse filho que não voltou mais!

Florbela Espanca



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Órion trocou-se rapidamente, evocou sua zampakutou e faz alguns movimentos circulares, com um cântico antigo, meio gregoriano, foi enovelada por uma fina e translucida seda de luz, olhou para Jibrail: - não me siga, e muito menos revele o meu destino, retornarei assim que conseguir o que irei buscar.

Jibrail, balbuciou alguma coisa, mais a Kuchiki, não ouvira, pois já havia desaparecido: - Meu senhor, certamente não esperava que Kuchiki Órion fosse se aliar a outro deus, ainda por cima de uma terra distante. Tão pouco, eu irei informa-lo. – dizendo isso, Jibrail desaparece nas sombras.

.............

 Não muito longe dali dois nobres conversavam: 

— Porque estás a espionar-nos, Hakurei-dono? – indaga Byakuya.

— Não vos espionava Kuchiki-dono. Apenas vigiava o local, pois sabes tu muito bem sobre o quão Órion fica vulnerável nesses dias!? Todas elas ficam, até mesmo Tansui no Hana. – revela Mikaido.

— Shouri e Órion, já esperava isso delas. Mas a pequena deusa?! Ela não é mortal. – afirma o nobre taichou admirado.

— Também não compreendo, mas deve ser algo relacionado à natureza humana. – explana Hakurei.

— Eu sou capaz de proteger minha filha, não será necessária tua ajuda. – elucida o Kuchiki gélido.

— Dane-se! Eu somente estou nessa causa para vingar a minha família e porque Órion e ‘Hakurei Tansui no Hana’ (o homem enfatiza isso) me intimaram. – responde o nobre de mechas cinzas dando de costas. 

 

..............

Mansão Kuchiki: 

—Nee-chan? Como você estar agora? – interroga Órion Shouri, adentrando o quarto de sua irmã.

— Muito melhor, obrigada nee-chan. – responde Ária sentada sobre a cama sorrindo, mas muda de expressão assim que nota uma bolsa nas mãos da mais jovem: - para onde você estar indo? Vais me deixar só?

— Eu vim te informar que...tenho que sair em missão por alguns dias...vai um oficial de cada bantai, e eu irei representando o Rokubantai. – responde a morena tropeçando nas palavras.

— O otou-san não irá gostar nenhum pouco disso. Há outros oficiais no bantai, porque Abarai enviou logo você? – indaga a alba irritada.

— Como se By-sama...digo...otou...ah?! tanto faz!!!, como se Byakuya-sama se importasse comigo. Eu mesmo me ofereci para a missão. Retornarei logo, não se preocupe. Talvez chegue antes dele. – responde a mais jovem abraçando a irmã: - eu já vou indo e comporte-se. – sorri a morena. – Não vais matar teu prometido antes do casamento!!! – sai do quarto sorrindo.

Ária pasma, havia aquele maldito casamento ainda, por um breve momento esquecera daquele detalhe, a jovem respirou fundo: - Hana-chan irá resolver tudo isso. Ela prometeu. – sorri docemente, enquanto vai até a janela, ver a irmã atravessar uns dos jardins internos e desaparecer pelos longos corredores da mansão: - volte logo minha amada irmã.

 

 .......... 

Órion Shouri seguia triste, um pouco relutante, com o pensamento distante, estava seguindo para o rokubantai, antes de partir com sua mãe: - por que ela somente voltou agora?! Será seguro eu seguir com ela? Terá mesmo razão do que disse sobre Apsu? Quem estar mentindo para nós, Tezcatlipoca ou Apsu? Será difícil descobrir isso se eu não seguir com a minha’ mãe’! – a jovem respira um pouco, faz uma pausa em frente ao esquadrão: - Espero que ‘aquela pessoa’ esteja certa em relação a isso! Do contrário, eu mesmo a matarei. – fala entre os dentes e entra no bantai. 

 

.............. 

 

Em algum lugar muito distante: 

Órion reaparece, vestidas em seus trajes celtas, deparando-se com uma belíssima tundra, florida, com uma fria e gostosa brisa, onde ao longe delineavam-se belíssimos picos cobertos de geada. A jovem sorriu, sentou-se sobre a colorida vegetação, colheu alguns ramos floridos, entrançou uma belíssima grinalda de flores do campo em tons de vermelhos, rosas , roxos e verdes. Colocou-a sobre sua cabeça, contrastando com seus nigérrimos cachos.

Comtemplou mais um pouco a rica paisagem: - que lugar esplendido!!! Agora tenho que caçar algo muito valioso, um presente para Arawn, o coração de um Deer. Eu não gosto de caçar, ainda mais...um animal tão magnifico!!!  - Choramingava a Kuchiki que se encontrava a oeste das Terras Altas, entre Escócia e o Reino Unido.

Ela seguiu pela pradaria, até adentrar um suntuoso bosque, seguira a delgada corrente de um riacho, adentrando uma extensa floresta. Usando Akumu no Omo, entalhou uma afiada lança de algum tipo de carvalho, fazendo sua ponta de uma espécie de cristal de âmbar bem compacto. Sentou-se sobre uma rocha e ficou esperando, primeiros por minutos, depois horas, pegando no sono.

A jovem desperta com um barulho vindo de sua bosuton baggu, quando olhou para o lado, viu uma belíssima corsa caramelo, comia delicadamente dos doces e frutas que guardara. Estava anoitecendo, os vaga-lumes despertavam com suas piscadelas, enquanto grilos e cigarras entoavam um melodioso som misturado a leve brisa fria que cantarolava entre as folhas das arvores. A garota levantou-se delicadamente, firmou a lança nas mãos, respirou morosamente, nesse momento a corsa virou-se pala ela alegremente a encarando. A morena estremeceu, seus olhos marejaram:

— Eu...eu...eu não posso fazer isso, é uma animal tão doce e inocente! Que mal me fez?! Além de devorar toda minha comida !? – a garota larga sua lança no chão, anda até o riacho  senta-se com os pés dentro da fria corrente: - Arawn, vai ficar sem presente, mesmo sabendo que ele ainda estar com muita raiva de eu ter fugido dele...eu não vou matar nenhum deer... – afirma a jovem encarando a límpida água.

Assim que a corsa terminou sua refeição, foi até a jovem, e a lambeu, como se estivesse agradecendo o delicioso lanche. - Vai em paz, minha bela amiga. Pelo jeito os doces estavam excelentes!! Vá e junte-se à sua manada, estar escurecendo. – Após despachar a corsa, Órion se levanta, pega Akumu no Omo, coreografa alguns movimentos e recita: 

Ruinas urbium diu oblitus

Surge ac tenebras quam lucem lucescere,

Supra usque ad mundi oculos videre

Perdidit in aeternum regnum autem misticus

 

A low pallide rubrum luna ab occasu

Narrat mysteria vicis ab alia

Comprime obumbratio captum, in arboribus antiquis

Custodi ad portals aeternitatis

 

Et Oceanum transire

Pro mundi pace et otio,

Unde oriri ex spirituum obumbratio

Aurum argentumque in lucem

Mirabile est enim quod crystal speculo

Ubi possimus vivere in aeternum

Cum venimus contra hanc novam terram

In the realm of fabula fabula et

 

Risus sonat vox acta

Verum est somnium, sicut quondam amisit tandem

Ut post anni belli: rumpitque silentia voce

Nisi qui congreget

 

Et Oceanum transire

Pro mundi pace et otio,

Unde oriri ex spirituum obumbratio

Aurum argentumque in lucem

Mirabile est enim quod crystal speculo

Ubi possimus vivere in aeternum

Cum venimus contra hanc novam terram

In the realm of fabula fabula et.”

 (Eternity - Annwn— álbum Aeon) em latim.

 Um clarão se fez em torno da jovem Kuchiki, ela levitou por um breve momento, alguns centímetros do chão. Tão somente para cair sentada sobre a relva umida: - aiii... – grita a jovem: - essa doeu!! – ela olha à suja volta, admira-se: - Uê?!!! Não aconteceu nada!! Eu ainda estou na floresta das Terras Altas da Escócia!!! – a morena levanta-se, sacode sua lèine, ajeita seu corset, compõe a grinalda de flores do campo que trazia na cabeça, toma de sua zampakutou e a enlaça em sua bainha que trazia presa na parte de traz do corset que usava, pega sua lança e se põe a andar pela floresta.

Atravessa o pequeno córrego de águas cristalinas, que brilhava sob a luz dos últimos raios de sol. Seguia descalça sobre os verdejantes musgos úmidos. Peregrinava reclamando algo, sentira fome. Apenas tomara um pouco de chá antes de deixar a hospedaria:

— O otou-san deve estar uma fera comigo agora. Provavelmente não mais me deixar sair de casa quando eu voltar... – pensou mais pouco: - se eu ainda voltar! Arawn deve estar possesso comigo devido a minha fuga, somente para ser pega por Anupu e Tsukishirou depois, malditos!!! Me seguiram até nos reinos do submundo! – Órion depara-se com uma clareira:

— talvez aqui seja um bom lugar para pernoitar. Não estou disposta a passar a noite sobre uma arvore! Será que enlouqueci para ficar falando sozinha?! – a avatar analisa sua situação.

Sua zampakutou oscila e tilinta duas vezes, chamando sua atenção.

— Hãã?! Desculpas Akumu no Omo, é que você sempre é tão quieto, que às vezes penso que estou sozinha! – sorri a jovem despertando do seu desvario.Órion fez uma fogueira e se sentou perto, ficou ali a jogar conversa fora com Akumu no Omo, até pegar no sono.

Assim que dormiu, a entidade de sua zampakutou materializou-se, um enorme anjo negro de olhos esmeraldas incandescentes, com duas enormes asas levemente depenadas, sua armadura lembrava a cor de aço queimado, seu elmo cobria todo o rosto deixando apenas a luz dos olhos à mostra, escorrendo do elmo na parte de trás, longos cabelos negros sobre a junção das asas na costa. O grande anjo negro sentou-se ao lado de sua senhora e se pôs a velar seu sono.

Já passava da meia noite, quando Akumu no Omo escutou um barulho de pegadas no meio do mato. Ele espalma suas garras no chão, para tentar identificar o som melhor. Porém, sem ter tempo de se defender, Akumu no Omo cambaleia e cai ao lado da Kuchiki adormecida, algo lhe acertara a fronte, mas antes que se desmaterializa-se, tocou em sua senhora para que despertasse.

Órion acorda assustada, porem ao se levantar, o acúleo de uma enorme espada estava a milímetros de sua garganta. Ela levanta o rosto e apenas consegue ver na noite escura dois orbes em brasas lhe observavam. A jovem grita, o  qual faz ressoar por toda a floresta.


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Notas finais do capítulo

Um dia irás errante pelas vastas solidões dos mares ou pelos cimos elevados das montanhas, longe do mundo, sob o olhar protetor de Deus, à sombra dos cuidados de nossa mãe, mas até isso viveremos tanto um com o outro, encheremos de tanta afeição os nossos dias, as nossas horas, os nossos instantes juntos, que, por mais curto que seja o nosso tempo juntos, teremos vivido por cada minuto séculos de
amor e de felicidade.
Eu espero; mas temo.
Espero-te como a flor desfalecida espera o raio de sol que deve aquecê-la, a gota de orvalho que pode animá-la, o hálito da brisa que vem bafejá-la.
Porque para mim o único céu que hoje me sorri, são teus olhos;
o calor que pode me fazer viver, é o do teu seio.
Tens mais dúvidas do meu amor?

José de Alencar



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