Prince escrita por luud-chan


Capítulo 1
❀ Capítulo 01: Príncipes não existem


Notas iniciais do capítulo

Oie gente! :D Como vocês estão? :D

Depois de mil anos, resolvi escrever outra fic SasuHina, porque não escrevo o tanto que gostaria sobre eles. E como ainda não tenho tempo para escrever uma longfic, fico nas oneshots-shortfics da vida mesmo. /cries. Mas já é alguma coisa.

Essa ideia veio de repente e pensei... Por que não? É só uma two-shot, por questões de tempo mesmo.

Espero que apreciem, porque foi muito gostoso escrever e tenho esperanças que irão me acompanhar nessa curta história!

A Hinata é meio OOC em relação ao Sasuke. Preferi fazer assim, pra poder encaixar exatamente o que eu queria, espero que não se incomodem. Mas don't worry, ela não é uma bitch sem coração ou algo do gênero, só é meio ácida. Mas vocês verão isso! n_n

Boa leitura e até as notas finais! ♥

ps: Revisei apenas por cima, se encontrarem algum erro, podem me dizer!



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PRINCE

Príncipes não existem

.

Eu estarei esperando

Ele partiu teu coração

Ele levou a tua alma

Você está ferida por dentro

Pois há um vazio

Você precisa de algum tempo

Para ficar sozinha

Então você vai achar

O que você sempre soube”

.

 

 Desde pequena eram lhe contadas histórias sobre cavaleiros com lindos garanhões brancos ou príncipes majestosos que eram gentis e corajosos e que a tratariam como uma verdadeira princesa. Durante longos anos, Hyuuga Hinata acreditou nisso. Acreditou que um príncipe encantado viria salvá-la sempre que estivesse em apuros e que seria capaz de entendê-la quando mais ninguém o faria.

Demorou dezesseis anos — e meio — para que percebesse que estava errada. Não somente errada, mas, terrivelmente, horrivelmente, absolutamente, mas muito errada meeeeeeeesmo. Até mesmo o jovem Uzumaki Naruto — que fora sua fantasia amorosa por mais de cinco anos — tinha saído de sua lista sobre possíveis príncipes perfeitos.

Sem dizer uma única palavra, o rapaz tinha quebrado seu coração em pedaços tão pequenos que seria praticamente impossível reconstruí-lo. Como das outras três milhões de vezes, Naruto se declarara para Sakura, e diferente das outras três milhões de vezes que a resposta tinha sido “não”, ela aceitara seus sentimentos — provavelmente ele a vencera pelo cansaço. E começaram a namorar no mesmo dia, assumiram na frente da escola inteira.

Rum! Não é como se ela fosse se declarar para ele algum dia mesmo”, Hinata pensou amargamente, “ninguém precisa saber sobre os meus sentimentos.”

— Hyuuga. — A voz grave despertou-a do transe em que se encontrava, deu um pulinho de susto e virou apenas para encontrar Uchiha Sasuke. — Estava dormindo em pé no meio do corredor.

Ah. Uchiha Sasuke era um bastardo filho da mãe que trazia o pior lado de Hinata — que nem ela mesma sabia que existia até conhecê-lo. As garotas costumavam ficar tendo faniquitos quando o viam, enquanto sussurravam umas para as outras como ele era perfeito, lindo, maravilhoso e mais um bando de adjetivos que preferia nem lembrar.

Para ela, Sasuke não passava de um arrogante riquinho esnobe. Não tinha o costume de julgar as pessoas sem conhecê-las, mas era exatamente dessa forma que ele se portava. Odiava a forma que falava com as outras pessoas, com aquele queixo empinado.

E de uns tempos para cá, tinham se encontrado e “conversado” mais tempo do que gostaria.

Franziu as sobrancelhas levemente e, por um segundo, apertou os olhos e os lábios de desgosto, para depois se esforçar ao máximo apenas para colocar um sorriso no rosto. Piscou algumas vezes antes de responder sem gaguejar:

— Não estava dormindo, Uchiha-san. Mas agradeço pelo seu aviso. — Quis bufar, mas não o fez. Apenas esforçou-se para manter o sorriso e fez uma breve reverência. — Estou indo, desculpe pelo incômodo. — Oh, ácida demais.

Sasuke sorriu de maneira quase imperceptível. Começaram a chamar atenção dos outros colegas que começavam a chegar.

— Tem uma língua afiada, Hyuuga — comentou. — Quem diria que por trás desse rosto de princesa, se escondia uma garota assim.

Hinata poderia ter corado se não estivesse tão irritada. Desde o começo do namoro do seu ex-príncipe, estava irritada com tudo. Com a vida, com as pessoas, com a porcaria do mundo! E o rapaz na sua frente, não ajudava nenhum pouco.

Teme! — Ela olhou por cima dos ombros do rapaz e viu Naruto correndo animado, enquanto puxava Sakura com uma mão e acenava efusivamente com a outra. — Hinata-chan!

Ah não! Por que aquilo estava acontecendo? Estivera a semana toda evitando o-mais-novo-casal-lindo-da-escola-inteira e agora estava ali. Tudo por culpa do Uchiha! Conteve-se para não fuzilá-lo com o olhar.

Dobe, não grite a essa hora, ainda é cedo — Sasuke reclamou e depois olhou para a garota de cabelo rosa. — Sakura.

— Bom dia, Sasuke-kun — murmurou parecendo constrangida. — Hinata. — Sakura desviou o olhar para o chão, desconfortável.

Ah. Hinata teve certeza que a outra sabia. Sentiu-se mal.

— B-bom dia, Naruto-kun, Sakura-san.

O clima ficou tão tenso quanto ferro. O único que parecia alheio a tudo, era Naruto — que era um poço de lerdeza.

— Eu e a Hinata estávamos de saída. — Ser chamada pelo primeiro nome pegou-a totalmente de surpresa. Sasuke pegou sua mão e antes que pudesse protestar, começou a ser arrastada pelo corredor inteiro, viraram e ele só parou quando estavam em frente à máquina de bebidas. — Pode me agradecer depois, Hyuuga.

— Agradecer pelo quê? — replicou ao mesmo tempo em que massageava o pulso marcado. Uma das grandes desvantagens de ser branca demais: ficar roxa por qualquer motivo. Seu tom era ácido quando continuou: — Por me arrastar pelo corredor inteiro? Obrigada.

O rapaz revirou os olhos quase dramaticamente e voltou-se para ela.

Por favor, Hyuuga. — Era a primeira vez que o escutava dizer “por favor”. — Não seja idiota, praticamente todo mundo sabe que você gosta do idiota do Naruto. Só diga “obrigada” e estaremos bem.

A Hyuuga olhou para o rosto do Uchiha. Poderia jurar que havia um rastro de um sorriso ali, um sorriso bem cínico e irritante. Duvidava muito que ele deixaria por isso mesmo, iria ficar devendo um favor para ele, mesmo que não precisasse da ajuda dele para ter ido embora. Limitou-se a suspirar e morder o lábio inferior.

— Obrigada, Uchiha-san — disse cuidadosamente. — Obrigada por me salvar daquela situação. Com sua licença. — Virou-se para, finalmente, ir para a sala de aula.

— Hyuuga. — Parou para olhá-lo. — Você age completamente diferente comigo, nem parece você. Por quê? Nem gaguejar você gagueja.

— Eu não preciso responder isso. — E saiu, deixando Sasuke sozinho e com a melhor expressão de idiota que alguém poderia tirar dele.

— Só parece ser uma princesa, Hyuuga. Mas tem a língua de uma cobra.

 ♛

“O que o Uchiha queria com você?”

Hinata levantou o olhar do bilhete e encontrou Kiba encarando-a do outro lado da sala. Pensou um pouco antes de responder.

“Não era nada demais. Não se preocupe.”

Depois de alguns minutos, o bilhete voltou para sua mesa. Antes de abrir, teve o cuidado de não deixar que o professor de Biologia a visse desdobrar o papel, seria ruim se ele a pegasse e lesse em voz alta, ainda que não tivesse nada demais para ser visto. De qualquer modo, odiaria passar por tal constrangimento. Estremeceu só de pensar.

“Shino e eu vamos naquela lanchonete que você gosta depois da aula. Quer vir com a gente? J

Iria escrever que sim, porém, acabou lembrando que já tinha marcado de ir ao karaokê com Tenten e as outras meninas no mesmo horário. Fazia um mês que estava marcando isso e ela não iria decepcioná-las desmarcando de última hora.

“Desculpe, já tenho compromisso. =[“

— Hinata, você parece estar prestando muita atenção na aula hoje, poderia responder a questão do quadro, por favor?

Seus olhos se arregalaram como pratos e teve que respirar fundo para não desmaiar de nervoso. Espiou brevemente o quadro. Botânica. Urgh. Qual é o lugar apropriado para o bom desenvolvimento das briófitas?

— Sim, sensei. — Levantou da cadeira e limpou a garganta antes de responder: — As briófitas se desenvolvem melhor em lugares úmidos e sombreados!

— Certo, Hinata. Pode sentar — disse com as sobrancelhas franzidas de desconfiança. — Outra característica das briófitas é...

Ela parou de escutar tudo que ele dia assim que se sentou. Esperou alguns minutos para poder passar o bilhete para Kiba. Depois disso, a aula se passou sem nenhum tipo de incidente. Fez questão de prestar atenção a cada mínimo detalhe, para que o professor não “pegasse no seu pé”.

Encontrou Tenten na hora do intervalo, ela parecia radiante.

— Hinata! — Pulou nos seus ombros e abraçou-a. — Bom dia!

Infelizmente, Tenten não estava na mesma sala que a dela. Os únicos amigos, amigos mesmo que tinha em sua classe, eram Kiba e Shino. E para seu desgosto, Sasuke também estava ali e tinha que ficar sentindo seus constantes olhares, que pareciam perfurar suas costas.

— Bom dia, Tenten-chan! Quer dividir? — Hinata sorriu e levantou a marmita cheia de guloseimas diferentes, que dificilmente conseguiria comer sozinha.

— Claro! Você trouxe essa omelete maravilhosa! Como você consegue?! — Beliscou a comida e sentou ao lado da amiga. — Você vem para o karaokê hoje, não é?

— Sim. Nós marcamos, e você está tão animada...

— Que bom! Então, mudança de planos! Ao invés de irmos para o karaokê, vamos para uma festa! — declarou, faltando dar pulinhos de tanta animação.

— O quê? Mas... Mas... Tenten-chan! — quis protestar, mas não conseguiu formular bem o que queria dizer.

— Relaxa, Hinata! Não vai ser nada demais, lá vai ter o karaokê! — justificou-se. — Vai ter uma festa legal na casa da Ino, os pais dela viajaram e ela convidou a gente pra ir lá. Vai ser demais!

— E-eu — esforçou-se para colocar as palavras para fora. — Eu não acho que isso seja uma boa ideia, é melhor eu ir para casa.

— Vamos lá, Hinata! Um pouco de diversão não vai te matar. Você só estuda, e estuda, e estuda... Dê um descanso para si mesma! — Os olhos de Tenten brilhavam pidões. — Vai ser a mesma coisa do karaokê, só que com mais gente...

A morena olhou bem para a amiga, aaah, não iria conseguir negar. Ficaria com a consciência pesada se não fosse e também ficaria se fosse, então... Dane-se.

— Tudo bem, Tenten-chan!

— Isso! — comemorou. — Amo você, Hinata! Me encontre no portão quando a aula acabar!

Hinata suspirou.

— Ok.

O barulho da música era tão alto que Hinata achou que iria ficar surda. Tentou passar entre a multidão de adolescentes que dançava, cantava e jogava alguma coisa que preferiu não saber. Foi pisoteada duas ou três vezes, mas conseguiu chegar à cozinha em quase segurança, o lugar estava razoavelmente mais calmo. Só alguns colegas que conversavam e bebiam alguma coisa — provavelmente ilegal para a idade deles.

Não tinha demorado mais que vinte minutos para que fosse abandonada no meio daquele bando de gente que nem conhecia. Tenten e Temari logo tinham se perdido no meio daquela enorme confusão.

“Como elas conseguem?”, Hinata pensou com os lábios apertados de frustração. “Devia ter ido à lanchonete com Kiba e Shino.”

Pelo jeito não tinham sido convidados para aquela porcaria de festa. Sorte a deles. Queria ir pra casa e entrar debaixo do cobertor quentinho e ler o livro de História para revisar a matéria. Não queria estar ali. Odiava lugares cheios, odiava lugares barulhentos. Gostava de paz, da calma. O grande problema era que a casa de Ino era quarteirões de distância da própria casa, demoraria eras para chegar andando e o ônibus... Ah, nem sabia se passava ônibus ali.

Em outros tempos teria ligado para Neji, mas o primo arrancaria sua cabeça ao ver o tipo de lugar que estava “frequentando” e Hinata não estava nem um pouco a fim de ouvir sermões. O mesmo servia para o motorista da família, seria bem pior, porque ele falaria direto com seu pai e se não falasse, Hanabi — a irmã linguaruda — o faria.

Só lhe restava esperar.

A garota ficou parada por vários minutos, até sentir sede o suficiente para querer beber alguma coisa. Receosa, abriu a geladeira e encontrou mais garrafas do que poderia contar nos dedos. Procurou algo que não parecesse álcool e encontrou uma garrafa diferente das demais, parecia ser refresco.

— Isso parece servir. — Abriu e bebeu tudo a goladas muito rápidas, sentiu o líquido descer gelado por sua garganta, aliviando a secura que se apoderava dali. — Isso aqui é muito bom. — Terminou de beber o resto rapidamente.

Hinata sentiu-se quente. Uma sensação letárgica se apoderou de todo o seu corpo e parecia leve como uma pena. Teve vontade de gritar, cantar, tudo ao mesmo tempo. Estava alegre.

— Acho que vou pegar outro refresco.

E antes que se desse conta, tinha bebido quatro do inofensivo refrigerante. Na quinta garrafa, sentou-se na varanda, enquanto cantava Summertime¹ mais alto do que julgaria apropriado em uma situação comum. Mas estava tão bêbada, quem ligava? Porque ela não.

— Hyuuga?

A morena levantou os olhos e encontrou o olhar negro de Sasuke.

— Quê? — resmungou de volta e voltou a beber.

— Você está bêbada? — perguntou incrédulo. De todas as pessoas, ele nunca imaginou que encontraria logo ela naquele estado.

— Não! — a voz saiu estridente e ela soluçou. — E você? Veio pra fora pra fumar ilegalmente?

Sasuke franziu as sobrancelhas.

— Do que você está falando, Hyuuga? — disse retoricamente. — Ainda não consigo acreditar que logo você está bêbada. — murmurou para si mesmo. — Você veio com quem?

— Não-não te interessa! — murmurou. — Vai embora!

— Quantas dessa você já tomou? — Aproximou-se cuidadosamente, temendo que ela acertasse a garrafa em sua cabeça. Não sabia o que esperar dela.

— Não lembro — admitiu. — Se você não for embora, eu vou! — Levantou rápido demais e cambaleou, só não caiu porque ele segurou-a pelo braço. — Me solta!

— Vou te levar para casa.

— Eu não quero ir pra casa! — choramingou sem forças para se livrar dele.

— Onde estão suas coisas? — ignorou-a e recebeu apenas um aceno de “não faço ideia”. Apertou os lábios e pensou por um minuto, enquanto Hinata continuava cantarolando uma música. — Ok, não saia daqui, tudo bem? Eu já volto.

Pra sua surpresa, a morena apenas assentiu e voltou a se sentar na pequena escada.

Sasuke entrou na casa e passou pelo amontoado de pessoas habilmente, até encontrar Tenten em um canto, conversando e rindo com algum grupo esquisito.

— Tenten — ele chamou-a e no mesmo instante a garota levantou os olhos para encará-lo, parecendo surpresa. — A Hyuuga veio com você?

— Ai Meu Deus! Hinata! Eu não a vejo há horas! Esqueci... Ai Meu Deus... — começou a surtar, sentindo-se extremamente culpada.

— Pare — Sasuke pediu sem paciência. — Ela está bem, só me diz se ela veio com você.

— Sim, ela veio e...

— Ok. Você vai fazer um favor para mim. — Usou um tom que dispensava qualquer tipo de recusa, ela assentiu rapidamente. — Ligue para a casa dela e diz que ela vai passar a noite na sua casa, inventa qualquer merda para que a família dela não surte.

— Tudo bem, mas... O que você vai fazer? Ela está bem mesmo? Pra onde...

— Ela está bem — voltou a afirmar. — Não se preocupe, apenas faça o que eu disse.

— Tá — limitou-se a dizer e observou o rapaz partir. — Que coisa estranha.

Sasuke achou as coisas de Hinata na cozinha, largadas em um canto qualquer. Com um suspiro, pegou tudo e saiu pela porta dos fundos, apenas para não encontrar a garota no lugar que tinha pedido para ficar.

Ele grunhiu.

Procurou-a com o olhar e percebeu que ela não estava muito longe, brincava com um cachorro no meio da grama, estava bêbada demais para conseguir ficar em pé sozinha e o cão a derrubou no chão, atacando seu rosto com lambidas cheias de saliva. Ergh.

O Uchiha se aproximou e espantou o animal, ajudando-a a se levantar em seguida.

— Qual é o seu problema? Eu não disse pra você ficar ali? — repreendeu-a, irritado. — Deixa pra lá, não acredito que estou discutindo com uma bêbada, nem acredito que estou te ajudando — resmungou para si mesmo.

— Eu não pedi sua ajuda — disse com a voz grogue quando ele passou a mão na cintura dela e a fez se apoiar no seu ombro.

— Você é uma mal-agradecida.

— Não sou! — rebateu infantil. — Não sou!

Porra — sussurrou para que ela não ouvisse e revirou os olhos. — Não consegue ficar de pé?

As pernas de Hinata pareciam mais gelatina do que qualquer outra coisa. Sua expressão era quase adorável.

— Consigo, olha aqui! — Soltou-se dele para mostrar que estava errado, mas falhou miseravelmente ao cambalear mais uma vez e cair no chão.

— Estou vendo, parabéns, Hyuuga — comentou sarcástico, segurando a sugestão de um sorriso. — Parece que vou ter que te carregar. — Agachou-se com as costas viradas na direção dela. — Suba.

— Não! Não vou subir.

Suba, Hyuuga, não estou pedindo.

Hinata pensou nas suas opções, mesmo com a mente meio nublada, percebeu que não tinha outra saída. Ainda que se recusasse, não tinha forças para lutar contra Sasuke, caso ele resolvesse pô-la nas costas ele mesmo.

A contragosto, moveu-se devagar na direção dele e passou os braços pelos ombros fortes e tensos, e prendeu-os em volta do seu pescoço, ele levantou e segurou-a fortemente pelas coxas, a bolsa dela pendendo em um dos ombros dele.

— Não precisa me segurar ai — reclamou.

— E onde você espera que eu segure? — replicou, sentindo a textura da pele dela, as coxas roliças. Uuuuuuh.

— Nos joelhos? Tarado.

— Eu não sou tarado, Hyuuga.

— Você é. Está se aproveitando de mim porque estou bêbada.

— Há poucos minutos você disse que não estava bêbada — provocou com as sobrancelhas arqueadas e teve que segurar o sorriso mais uma vez.

— Não lembro disso.

— Você é uma bêbada barulhenta — declarou e começou a andar.

— Minhas coxas vão ficar marcadas com seus dedos — apontou, apertando ainda mais os braços em volta do pescoço dele, parecia que queria sufocá-lo.

— Vai sumir. Pare de me apertar desse jeito, vai me matar sufocado — retrucou.

Ela não o fez.

Seguiram metade do caminho em silêncio, por um momento o Uchiha achou que Hinata tinha dormido, engano o dele. Demorou, mas ela finalmente começou a falar.

— Na escola — soluçou —, você tinha me perguntando por que eu te trato diferente. — Ele esperou pela resposta dela. — Eu não gosto de você. É por isso.

— Uau, isso quebra meu coração — disse com ironia e passou mais um tempo antes que continuasse: — Por quê?

— Porque detesto o jeito que você olha para as pessoas, como se fosse melhor que elas — confessou, pouco lúcida.

— Eu sou melhor mesmo — confirmou com sua excessiva humildade. Recebeu um murro na cabeça.

— É exatamente disso que estou falando, você é um arrogante idiota, Sasuke.

— Me chamando pelo primeiro nome? Somos tão íntimos assim agora? — provocou e virou em uma esquina.

— Cale a boca — sibilou mal-humorada. — Pra onde você está me levando?

— Pra minha casa. Moro sozinho. — Na verdade, morava com o irmão, mas esse raramente ficava em casa, então é como se sempre estivesse sozinho. — Não vai ter perigo de ninguém te ver assim. — Esperou que ela retrucasse, mas ficou em silêncio. — Sem protestos? Incrível.

— Estamos chegando? — A Hyuuga parecia cansada.

— Mais alguns minutos. Você é pesada — soltou.

— Não se fala isso para uma garota. Príncipes não falariam isso para suas princesas, mesmo que fosse verdade!

— Do que você está falando agora? — Sasuke estava confuso, Hinata era completamente doida naquele estado. — E de qualquer modo, não sou um príncipe.

— Não é mesmo. Um príncipe nunca seria um idiota como você. Ele seria mais como Naruto-kun — recitou amarga. — Mas ele não é o meu príncipe.

— É agora que você vai começar a chorar? — resmungou, apertando-a ainda mais sem se dar conta. — Você tem razão, ele não é o seu príncipe.

— Ele é o príncipe da Sakura. Mesmo que eu tivesse me declarado, não teria adiantado nada mesmo... Príncipes estúpidos. Eu o odeio — sentenciou, mas era uma mentira. Os dois sabiam disso, porém, Hinata queria repetir isso para si mesma até que fosse verdade, porque só assim não iria sofrer mais. — Príncipes não magoam suas princesas.

— Príncipes não existem, Hyuuga — Sasuke declarou quase amistoso. — Você deveria saber disso.

— Eu sei! — exclamou com a voz estridente.

— Você é uma bêbada barulhenta — repetiu. — Será que também é uma bêbada esquecida?

— Espero que sim, porque quero esquecer tudo isso, inclusive sua cara.

— Você pode ser rude. — Dessa vez ele sorriu. — Chegamos.

Era um apartamento simples, apesar de grande. O prédio tinha somente quatro andares e Sasuke morava no último. Com facilidade, andou até o elevador e apertou o botão do seu andar, esperou com mais paciência do que demonstrava. Abriu a porta com Hinata ainda em suas costas e entrou no quarto perfeitamente arrumado.

— Você é organizado.

— Surpresa?

A Hyuuga deixou-o no vácuo. Sem nenhum tipo de delicadeza, o rapaz soltou-a na cama de casal macia. Ela gemeu, surpresa, e olhou para ele. Sasuke pensou que tinha desenvolvido a capacidade de ler os seus olhos, porque parecia ter um enorme “idiota” inscrito ali.

— Você pode dormir aí, sonhe com seus príncipes, eles só existem nos seus sonhos. — Tinha um tom ressentindo em suas palavras, o que não passou despercebido por ela, Hinata sempre fora muito boa em ler as pessoas. — O que é uma pena.

— Falando desse jeito — Engoliu a saliva, que desceu por sua garganta rasgando —, até parece que você gosta de mim — zombou.

Foi a vez de Sasuke ficar em silêncio. Hinata tremeu. Oh, Uchiha Sasuke gostava dela. Dela. O. QUE? QUÊ?

— Você gosta de mim — declarou abismada.

— Talvez — começou receoso. — Mas isso não importa, porque você só gosta de príncipes e eu não sou um.

— Há uma grande chance que eu esqueça isso depois, e espero que sim e nem acredito que vou dizer isso, mas, Uchiha-san, você é bonito o suficiente para ser um príncipe.

Qual era dessa mudança de personalidade do nada?

— Hyuuga, você é cruel. — Aproximou-se da cama e parou ao lado dela, encararam-se por um minuto inteiro, antes de ele se abaixar o suficiente para alcançar o rosto feminino e dizer: — Espero que não tenha bebido o suficiente para se esquecer disso.

E Uchiha Sasuke beijou Hyuuga Hinata. Não de uma maneira selvagem, rude e cheia de paixão, mas de uma maneira calma, sincera e cheia de sentimentos. Ela não o afastou, ficou estática, enquanto a textura dos lábios masculinos preenchiam os dela com perfeição inimaginável.

Quando ele se afastou, os dedos ainda estavam enrolados no cabelo negro e liso.

— Eu poderia ser um príncipe por você, Hyuuga, mas você já tem um príncipe no seu coração e ele não sou eu.

Mas Hinata pouco se lembrou das palavras dele, sentiu a letargia tomar conta de si e o sono pesou em seus olhos, antes de finalmente adormecer, disse baixinho com pouca coerência:

— Sabe o que seria engraçado? — Ajeitou-se na cama, embrulhando-se no lençol. Tinha o cheiro de Sasuke. — Você vestido de príncipe, seria engraçado. Uchiha Sasuke... de príncipe.

E dormiu.

O rapaz observou-a por um instante, pensativo. Não é que ela tinha lhe dado uma grande ideia? Talvez não poderia ser o príncipe que ela queria, mas poderia ser o cavalheiro capaz de roubar-lhe o coração.

Oh, Uchiha Sasuke tinha uma grande ideia. E logo colocaria seus planos em prática.

Príncipes não existem, Hyuuga, mas cavaleiros sim e eu vou te mostrar isso.      


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Notas finais do capítulo

¹Summertime (https://www.youtube.com/watch?v=guKoNCQFAFk&feature=kp) Só tentem imaginar a Hinata bêbada cantando essa música, hehehehe.

Escrever a minha diva desse jeito foi divertido pra caramba! :DD

Well, chegamos ao fim do primeiro capítulo, espero que tenham gostado, de verdade! n_n

Sintam-se à vontade para comentarem com sinceridade, não se preocupem, não sou do tipo que não sei receber críticas, desde que sejam construtivas, estará ótimo para mim! :) Sério, hehe. Além disso, reviews são sempre um ótimo incentivo, agradeceria de montão se deixassem o que acharam!

Beijão e até o próximo capítulo, que creio que será logo!