Grabor escrita por wisniewski


Capítulo 4
Capítulo 04 - A caminho


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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NAFRA, HEMISFÉRIO SUL

Na sala da Guilda, na região sudeste de Nafra, estavam Felíxia, Graxia, Effort, Allie e o elfo negro que ainda não habia revelado seu nome. Totalmente imóvel por uma magia de Allie, o elfo negro não fazia nada além de observar o que ocorria. Estava suspenso, sem o elmo e indefeso:

—Felíxia – Effort quebrou o breve silêncio – foi este o elfo que lhe perseguiu dentro do túnel?

—Túnel? Que túnel? – Perguntava Effort, sem saber o que acontecia.

—Não há tempo para explicar agora, Effort, só saiba que Pomi foi atacada – respondeu Allie – Felíxia, foi esse o elfo ou não?

—Sim, Allie, este mesmo! – Confirmou Felíxia.

—Você disse que ele lhe alcançou e que você escapou, certo? – Felíxia só confirmou com a cabeça – Como você escapou?

—Grabor me ensinou um feitiço, um muito simples, que confunde o cérebro do alvo – respondeu Felíxia.

—Occulus! – Exclamou Effort.  Felíxia confirmou com a cabeça.

—Uma das técnicas originais de Grabor – completou Allie – Pelo visto, você a conjurou com perfeição. Conseguiu uma boa vantagem.

Allie se voltou ao elfo:

—Como se chama? – Perguntou autoritário.

O elfo não esboçou reação:

—Eu perguntei como você se chama?

Novamente o elfo não esboçou reação.

Effort, diante do silêncio do elfo, levantou-se da cadeira e foi até o elfo. Fitou-o por alguns segundos e tocou seu rosto com ambos os polegares logo abaixo dos olhos, murmurando algo que não pode ser ouvido pelos demais.

Ao terminar de murmurar, o elfo negro soltou um sonoro grito. Effort estava conjurando um feitiço de ilusão, parecido com o Occulus que Felíxia usou minutos antes. Demorou um minuto, até que Effort removeu suas mãos do rosto do elfo e voltou a se sentar. O elfo tinha parado de gritar e fuzilava Effort com os olhos.

—Quanto mais cedo falar, mais cedo seu sofrimento acaba – sugeriu Allie – Por um acaso sabe como é perder um braço? – Perguntou, soando ameaçador.

Sem tirar os olhos de Effort, o elfo negro finalmente falou:

—Quando eu sair daqui, você será o primeiro a não ter mais vida seu... – foi interrompido.

Effort, sem mover um músculo de seu corpo, paralisou o elfo com um feitiço de manipulação:

—Não foi isso o que meu amigo lhe perguntou. Ele lhe perguntou seu nome. – E soltou o feitiço.

O elfo desviou seu olhar para Allie:

—Você será o próximo a... – foi a vez de Allie o interromper.

Com um leve movimento de dedos, Allie quebrou o braço do elfo, o qual não esboçou reação, somente desviou seu olhar ao braço. Já tinha enfrentado dores piores do que aquela. A que Effort recém lhe causou era um exemplo.

—Seu úmero está quebrado. Se não responder logo a pergunta, quebrarei mais coisas. Novamente: qual é o seu nome?

O elfo ainda persistia. Já tinha enfrentado muitos magos antes e sabia bem como lidar com eles. Simplesmente olhou para Graxia e depois para Felíxia:

—Depois matarei sua filha em sua frente e por fim, lhe matarei!

Após a ameaça do elfo, a porta da Guilda se abria novamente revelando uma adorável elfa. Não era muito alta, tinha no máximo 1,70 metros. Vestia uma blusa branca de mangas compridas com um belo decote em ‘v’, Uma saia preta que ia até pouco acima dos joelhos e um sapato preto com um pequeno salto. Era dona de sedutores olhos cinzas, boca pouco carnuda e cabelo loiro que ia até o pescoço.

—Hila – saudou Effort – bem-vinda. Temos um trabalho para você – completou.

—Olá para todos – olhou para Felíxia – Felíxia querida, quanto tempo? Essa é Graxia? Como cresceu! – voltou seu olhar para o elfo negro suspenso no meio da sala – E esse quem é? – Após o ataque de perguntas, se dirigiu até uma mesa na lateral da sala e pegou uma fruta de cor azulada, voltando em seguida para o lado de Allie.

—Olá Hila, digo o mesmo – saudou-a Felíxia – Sim essa é Graxia. Obrigado! – completou Felíxia.

—Esse é o problema Hila, não sabemos seu nome – respondeu Effort à pergunta de Hila.

—Bem e por que não me chamaram antes? – Perguntou Hila em tom sarcástico enquanto devorara a fruta – Pode soltá-lo Allie, tenho tudo sob controle – sugeriu Hila.

—Hila, você sabe que ele é um general certo? – Perguntou Allie.

—Também sei olhar para armaduras querido – e deu um beijo em Allie – agora, solte-o, por favor.

—Você ouviu a moça! – Disse o elfo com um sorriso no rosto, atraindo o olhar de todos na sala.

E, fazendo-o como a noiva sugeriu, soltou o elfo que avançou na direção de Effort sem hesitar.

Na casa de Maranda, no meio do povoado Pomi, Platos segurava a estaca firmemente há poucos centímetros das costas de Grabor que hesitava em responder a pergunta de Platos.

—Elfo, lhe perguntei sei nome – repetiu Platos.

Ainda relutante em responder, Grabor deu rápida olhada pela porta e notava um pequeno clarão no horizonte: o sol estava nascendo. Resolveu, por fim, responder:

—Grabor!

Platos ficou perplexo. Estava com o alvo da procura este tempo todo pretendendo usá-lo de refém caso uma ajuda de Nafra surgisse. Abaixou o braço que segurava a estaca e deixou a raiva tomar conta de seu corpo. Como pôde ser tolo esse tempo todo. Queria puni-lo por isso, no entanto seu líder tinha sido claro quanto a marcar o procurado. Não podia!

Tentando conter sua raiva, jogou a estaca pela janela lateral da sala, acima do sofá, quebrando o vidro, deu a volta em Grabor e sentou novamente no sofá, encarando-o.

—Por que não me marcou? – Perguntou Grabor confuso.

—Você sabe porque elfo, não me encha com perguntas tolas.

Só havia uma resposta para aquela pergunta:

—Jorkin! – Exclamou Grabor encarando Platos.

Ainda mais raiva tomou o corpo de Platos. “Como ele ousa pronunciar o nome dele, depois de tudo que fez? Desgraçado”, pensou, ficando com mais raiva ainda por não poder fazer nada contra esse insulto, na sua visão. “Se for um leve soco ele não notar! Ou vai?”, sua mente estava em conflito.

—Diga-me, como é ser marionete de Jorkin? – Perguntou Grabor esboçando um sorriso, tentando provocar Platos.

Platos apenas ignorou a pergunta e se voltou para Maranda:

—Parou de reclamar, isso é bom – esboçou um sorriso – Diga-me Maranda, como quer morrer?

Maranda estava calada, mas lágrimas corriam pelo seu rosto. “Como sou inútil”, pensava, “Devo defender esse povoado e nem tenho como. Devem estar todos mortos por agora”.

—O que fez com os habitantes do povoado? Seu cretino! – Perguntou Maranda ainda olhando para baixo. Suas costas doíam muito, mas aguentava firme.

—Bem, temos três perguntas e nenhuma resposta – falou Platos – façamos o seguinte - pegou um dos pedaços de vidro da janela que estava sobre o sofá, apoiando a ponta sobre a perna de Maranda – ou você responde à minha pergunta ou não caminhará mais do mesmo jeito que antes, que tal? Completou Platos, deixando sua raiva o tomar.

—Não desconte sua raiva nela. Está com raiva de mim, bata em mim, ou Jorkin lhe disse para não tocar em mim? Tem certeza que ele não o manipula? – Perguntou Grabor, sarcasticamente.

Platos levantou do sofá, levando o pedaço de vidro consigo, posicionando-se novamente atrás de Grabor. “Bem, não posso feri-lo, mas Jorkin não falou nada sobre piorar os existentes”, concluiu mentalmente e com a ponta do pedaço, começou a riscar as costas já queimadas de Grabor.

Hila não falou nada, somente levantou o braço esquerdo deixando a mão aberta e na direção do elfo negro. Da palma da sua mão, saiu uma espécie de projétil azul, atingindo o elfo em cheio, jogando-o contra uma das colunas do ambiente.

—Sua única preocupação agora sou eu, elfo! – Gritou Hila.

Allie rapidamente foi juntar-se à Effort, Graxia e Felíxia na mesa, observando o combate a sua frente.

O elfo recuperou-se rapidamente e avançou em Hila. Ainda com a palma da mão esquerda, Hila conjurou outro feitiço, dessa vez, uma descarga elétrica pequena, mas grande o suficiente para fazer o elfo beijar o chão, literalmente.

—Sua desgraçada – gritava – vou matá-la por sua insolência.

Na tentativa de se levantar, Hila rapidamente se posicionou a frente do elfo, envolveu sua mão com uma aura vermelha e atingiu o elfo no rosto, de baixo para cima. Após o golpe, o elfo foi jogado ferozmente contra a parede da sala, fazendo uma bela rachadura.

—Comecemos pelo seu nome, elfo – Disse Hila enquanto caminhava em sua direção com uma bola de fogo já pronta em sua mão direita.

O elfo, que não chegou a cair no chão, cuspiu uma boa quantia de sangue, pegou a primeira coisa que enxergou e lançou na direção de Hila: era a perna de madeira de uma mesa que estava próximo a ele. Era fino e não muito grande, mas iria servir.

Hila, sem parar de caminhar, parou a perna da mesa no ar e a arremessou de volta contra o elfo. Acabou por atravessar a perna esquerda do elfo e somente a parede foi capaz de parar a estaca. Após ter sua perna ferida, o elfo caiu no chão, deitado e agonizando de dor.

A elfa torceu levemente a mão esquerda, fazendo com que o elfo ficasse de barriga para cima. Estendeu a mão para a perna da mesa, tirando-a da parede e cravando-a na mão esquerda do elfo, prendendo-o ao chão e fazendo-o gritar de dor. Ajoelhou-se ao lado do elfo e aproximou a bola de fogo de seu peito:

—Sua perna está sangrando e nesse ritmo, tem menos de dez minutos de vida. Seus movimentos estão severamente limitados e não hesitarei em limitá-los mais. Essa bola que estou segurando tem aproximadamente 317ºE (400ºC) e garanto que não quer saber do que ela é capaz quando toca alguma coisa. Diante disso tudo, eu lhe pergunto: Qual é o seu nome?

O elfo analisou a situação, engoliu saliva e decidiu falar:

—Me chamo Drag – falou já com a voz falhando.

—Ótimo, enfim começamos – olhou para Allie – era difícil fazer isso?

Platos não teve misericórdia. Não cravou o pedaço de vidro fundo demais, mas a dor que causava era extrema e perfeitamente mostrada pelos gritos de Grabor. Platos segurava firme o vidro e fazia movimentos desordenados, riscando severamente as costas de Grabor.

—Ainda vai me insultar? Elfo patético – dizia Platos enquanto “desenhava” nas costas de Grabor.

Após um minuto de movimentos e de gritos incessantes de Grabor, Platos removeu o pedaço de vidro e voltou a se sentar. Olhou para Maranda e respondeu a sua pergunta:

—Sua amada população está bem, ou o que restou dela. Sabe, elfos são irritantes. Alguns estavam perturbando minha tropa e mandei que os eliminassem. Simples assim! – Terminou sua declaração com um sorriso assustador.

Grabor ainda agonizava, mas não mais entre gritos. Lágrimas escorriam pelo seu rosto. A dor ainda era insuportável.

—Quem está sendo manipulado agora, Grabor? – Falou o nome Grabor com um terrível desgosto.

Entredentes, Grabor sussurrou:

—Você, estúpido!

—Vocês elfos não aprendem mesmo não é. Mas ainda tenho uma pergunta pendente – e se virou para Maranda, colocando novamente o pedaço de vidro sobre sua perna – como você quer morrer?

Maranda, após observar o que Platos havia feito com Grabor, olhou firmemente para Platos e respondeu firme:

—Exausta, depois de lhe decapitar! – E cuspiu no rosto de Platos.

Satisfeito pela resposta, Platos removeu o pedaço de vidro da perna de Maranda e se virou para Grabor:

—Ela é sincera não é? E muito valente. – Completou seu comentário enfiando o pedaço de vidro na perna de Maranda, na lateral. Por sorte, não acertou nenhuma artéria, mas fez Maranda soltar um belo grito.

—Peço licença de nossa belíssima conversa, volto logo. Disse Platos levantando-se e indo em direção à porta. Saiu, dobrando à esquerda, acenando para que um guarda o seguisse.

—Por que estão aqui? Perguntou Hila a Drag.

—Não sei! – Ele falava a verdade.

Hila aproximou a bola do peito do elfo, fazendo a armadura aquecer com uma velocidade incrível.

Tudo o que pôde fazer foi soltar um leve grito.

—Effort, me ajude aqui. Preciso saber se ele está mentindo.

Effort foi ao encontro de Hila e Drag. Agachou-se na frente da cabeça de Drag e posicionou sua mão direita na testa de Drag. Olhou para Hila e assentiu.

—O que vocês vieram fazer aqui? – Perguntou Hila novamente, afastando a bola de fogo da armadura.

—Não sei! Só recebo ordens, não as questiono - Respondeu apreensivo.

Hila olhou para Effort que confirmou a versão do elfo.

—Por que perseguia a mulher? – Fez outra pergunta.

—Me foi ordenado que entrasse em um túnel e perseguisse quem fosse que estivesse ali, se houvesse alguém.

Effort novamente assentiu.

—Recebe ordens de quem?

—Do meu superior, menina tola!

Effort pressionou a estaca que estava na mão de Drag, fazendo este gritar de dor.

—Qual o nome dele? – Perguntou Effort.

—Platos! É Platos! Após a resposta, Effort removeu a mão da estaca, mas manteve a outra na testa do elfo.

—Só mais uma pergunta: Onde fica a base de vocês?

Drag suou frio com aquela pergunta. Sabia que seria perdoado pelo que já dissera até agora e sabia também que se respondesse a essa pergunta, estaria morto pelo lado dos elfos negros e os magos que ali estavam não o deixariam sair com vida.

—Não irei lhe revelar isso. Se falar, me matam e aqui me matarão de qualquer forma.

Effort assentiu novamente.

—Imaginei que diria isso, elfo – retrucou Hila.

Desfez a bola de fogo. Segurou com a mão direita o braço do elfo e com a esquerda, posicionou na lateral do corpo, logo abaixo do braço. Pressionou ambas as mãos e as envolveu com uma aura azul.

—Sabe como é ter o braço arrancado do corpo, elfo?

—Pode tentar – disse o elfo em tom encorajador – morrerei em poucos minutos mesmo.

“O elfo tem razão”, pensou Hila, “estou me mostrando estar desesperada. Se controle garota”, xingou-se a si mesma. O interrogatório foi interrompido por Felíxia, que tinha lágrimas nos olhos:

—Desculpe interromper, mas meu marido pode estar morto por agora! – Falou Felíxia, calmamente.

—Ela tem razão – sugeriu Allie – Hila, pare com isso, cure-o para que Effort possa colocá-lo na prisão sem fim.

Todos concordaram. Primeiramente, Effort manipulou o elfo,  deixando-o imóvel para que Hila pudesse estancar o sangramento da perna. Com o elfo salvo da morte, Effort colocou ambas as mãos na cabeça de Drag, emanando várias espécies de faixas negras que envolveram todo corpo de Drag. Ao final, falou:

—Prisão sem fim – e o corpo do elfo simplesmente desapareceu.

Todos olharam para Felíxia:

—Pois bem – começou enquanto enxugava suas lágrimas. Graxia no seu colo – É bom começarmos a andar. Temos uma hora de caminhada até chegar à Pomi.

Effort começou a rir. Felíxia o olhou sem entender.

—Há uma maneira mais fácil de viajar, Felíxia... – disse Allie

—...portais – completou Effort enquanto tocava a parede mais próxima com sua mão.

Dali, um círculo preto, da altura de elfo, fora desenhado com runas que pareciam muito com as do teto. No meio do círculo, um triângulo perfeito surgiu com três linhas que partiam dos seus vértices e se encontravam no exato centro. Uma fumaça preta surgiu do meio do portal.

—Felíxia, pense em um local de Pomi, mas que seja seguro. Não quero ser atacado ao chegar. Feito isso, entre no portal. Estaremos logo atrás – explicava Effort com um semblante sério.

Felíxia pensou na mercearia em que trabalhava. Ficava na rua principal do povoado, a mesma que levava até a casa de Maranda. Após pensar no local, foi na direção do portal.

Cerca de cinco minutos após ter saído, Platos voltava para dentro da casa e se sentou novamente no sofá, encarando Grabor e Maranda. Olhou para a perna desta e removeu o pedaço de vidro que estava ali, fazendo-a gemer.

Grabor olhava para a porta, contemplando o sol que se mostrava. Notou que o guarda que saíra junto de Platos ainda não havia regressado.

—Ele não volta tão cedo – garantiu-lhe Platos – pode ficar tranquilo. Logo, logo meu líder vai chegar e a verdadeira diversão vai começar. A propósito, Grabor, não pude deixar de notar que nenhuma bola de fogo foi atirada contra mim, nem nenhuma cadeira fora desintegrada nem nada. Jorkin me alertou sobre você ser um grande mago e me pediu para ter um extremo cuidado. Por que não usou nenhuma magia ainda?

Grabor apenas o encarou. “Eles não têm ideia. Tolos”, pensou, desviando seu olhar para a porta. Notou, a distância, sua mercearia e dela saia uma pequena quantidade de fumaça por uma das janelas.


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Notas finais do capítulo

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