Moon, Sun & Truth. escrita por Mellodye


Capítulo 1
Dance on the moonlight


Notas iniciais do capítulo

Oi ^^ Não sei se alguém que está lendo já me acompanhava na outra fic '' Crystals Stations '', mas eu estou voltando de pouco a pouco escrever, e estou pensando no melhor jeito de recomeçar a fic pra vocês, então não, não esqueci u.u Enfim, eu só estou postando porque se não a minha linda amiga iria me esganar ( te amo Tábs ). Então... espero que gostem ^^



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– Então toda a família acabou sendo derrotada, pois eu sou simplesmente o rei das guerras de neve. – o albino sorriu, triunfante, mas só para fazer graça, enquanto erguia o queixo, gabando-se.

– Você é tão bobo, Jack! – riu-se a loira, com as bochechas coradas pelas risadas e os fios loiros despenteados. Era incrível como eles chegavam até o piso de mármore, ainda mais para uma garotinha de sete anos. Ela se ajeitou nas almofadas do quarto, dispostas no chão aos pés da simples cama, e voltou a encarar o garoto a sua frente.

Sabe, ela era seria única que conseguiria vê-lo ali, pois se tratava de alguém mais especial do que você pode pensar.

Ele havia estado sozinho por quase cinquenta anos, perambulando de um lado ao outro, até aquele preciso dia.

Jack voava tranquilamente, já decidido de que não poderia encontrar mais nada interessante naquele pequeno vilarejo. Mais uma vez, nenhum lugar parecia o ideal para aceitá-lo. Não que isso fosse um problema, já que ninguém reclama de algo que não se pode ao menos enxergar. Todos os cantos em que ele tentava prestar o mínimo interesse, a maldita neve se seguia. Tudo era duro e sem emoção quando se tratava de Jack Frost, e assim sempre seria.

Quando resolveu que já não seria de nenhuma utilidade - oras, eles estavam no verão! - traçou novamente o caminho para fora do magnífico reino de Corona, ou seja, pelas densas florestas que circundavam o lugar. Foi então que ele se deparou com grandes elevações de montanhas que poderiam formar um pequeno vale.

Bem... - pensou - Não acho que ninguém viva lá, e montanhas não são lugares gelados? Duas combinações que me resumem.

Ele então arriscou o palpite, mas acabou por se surpreender como nunca achou que faria. Pois da visão elevada das montanhas, viu que elas realmente funcionavam como paredes de um pequeno vale, onde, bem em seu centro, se erguia uma grandiosa torre. Era simplesmente um lugar encantador, tanto que ele mal podia acreditar se sua mente processava tudo direito. O sol que banhava o lago cristalino e encobria o manto de grama verde e brilhosa. O modo em que pequenos animais corriam para lá e para cá, felizes, e os pássaros cantarolavam alegremente de seus ninhos entre as rochas da montanha.

É claro que ele quis entrar pela curiosidade, mas acabou se assustando ao ver o pequeno ser lá dentro. Certo de que ela mal repararia nele, resolveu adentrar ainda mais no salão. Mas não demorou para recuar por conta dos gritos de pavor da garotinha descalça de cabelos extra-longos que segurava uma almofada pronta para atirar, e tinha os olhos arregalados para ele. Tudo bem, ele retribuiu os gritos pelo susto - e ela tentou atirar uma escova de cabelo nele além da almofada - mas logo Jack conseguiu acalmá-la. Eles tiveram uma breve conversa, e então a garota ficou encantada ao ver que Jack conseguia voar e fazia truques de neve com seu cajado. Mas que, por algum motivo estranho, ele não estava ali para fazer nada com seu cabelo dourado.

O garoto sorriu para ela e despenteou seus próprios fios claros de um modo agitado. – É, eu sei disso, sou o maior bobo. Não é incrível? – ele murmurou irônico e os dois riram.

– Eu quero outra história! – pediu a garotinha após tomar um certo fôlego, com os olhos esmeralda brilhando de alegria.

– Bem, eu já contei todas as que conhecia! O que mais você quer saber? – ele arqueou a sobrancelha.

Ela hesitou, ficando pensativa. Cruzou os bracinhos e permaneceu encarando de Jack para a janela lá fora. Seu olhar de iluminou, demorando-se um pouco com o olhar. – Qual... qual é seu sonho? - hesitou por um momento, trançando seus dedinhos em nervosismo.

A pergunta pegou Jack desprevenido. Ele suspirou e então ficou tão pensativo quanto ela. – Eu... não sei, Rapunzel. Minha vida é muito confusa pra falar a verdade. – ele desviou o olhar.

Ela pareceu ficar decepcionada. – Ah... não faz mal. – e mordeu o lábio lentamente ao perceber que a temperatura do quarto havia caído, como se acompanhasse os sentimentos de Jack – Uh, pode me chamar de Punzie. - ela tentou puxar mais assunto - Rapunzel é tãããão... – ela foi erguendo os braços franzinos pra cima. – Grande! E você é meu amigo agora, não é?

Jack sorriu. – Se você diz... claro, Punzie. – uma estranha sensação veio de Jack, algo que ele já tinha perdido a esperança de encontrar: alguém realmente o chamando de amigo? Uau. – Mas bem... e você, qual o seu sonho?

O sorriso dela foi desaparecendo lentamente. A pequena suspirou, se levantou e foi até a janela. Ficou na ponta dos pés encarando o céu lá fora. – Meu sonho... bem, é difícil. Ele só seria possível uma vez no ano.

Jack, curioso, também levantou e caminhou até o lado dela. Já começava a escurecer lá fora. – Como assim?

– É que... tem um dia do ano... em que bem, bem, beeeem, lá longe, todo o céu é iluminado por estrelas. Elas sobem até o céu e somem nas nuvens. Parecem dançar enquanto flutuam. É tão lindo, Jack! – ela suspira, enquanto os dois imaginam a cena. – Eu até penso que elas são pra mim.

Jack ri. – Deve ser incrível. Mas não sei se estrelas fazem isso... – ele parou lentamente ao ver que a pequena não parecia se importar, apenas suspirava sonhadora na janela. - Então... porque você continua aqui? Digo, tudo bem, você é muito nova pra sair por ai sozinha, mas...

– Minha mãe. Ela não deixa nem que eu encoste um dedo na janela. Mas eu sempre faço isso, pois não consigo parar de pensar como deve ser legal ir lá pra fora.

Jack arregalou os olhos. – Quer dizer que você... nunca... nem tocou na grama?

Ela acenou um não com a cabeça. – Por isso deve ser tão... incrível fazer o que você faz! – ela deu um sorrisinho para ele, e Jack retribuiu, mesmo que de modo desconfiado, pois simplesmente não podia pensar em sí mesmo trancado por anos em uma torre.

– Bem... – Jack bateu seu cajado no chão, e mesmo não tendo a intenção, pequenos flocos de neve apareceram acima dos dois, caindo lentamente. Os fios dourados de Rapunzel logo ficaram lotados de flocos gélidos. – Opa. – ele fez uma careta.

Rapunzel riu. – Eu disse, é super legal! – então ela se afastou da janela e começou a dar pulinhos, na direção em que os flocos caíam, tentando apanhá-los.

Jack inesperadamente se juntou a ela, agarrando alguns flocos para si mesmo, e então quando tinha o suficiente, planava até acima de Rapunzel e jogava na tal.

Eles se divertiram por bons minutos, até que Rapunzel parou para tomar um ar, se jogando na cama. A lua já brilhava lá fora. Ela bocejou inocentemente, encarando o teto do quarto. Jack demorou algum tempo para fazer a nuvem cessar, mas nada tão complicado.

– Posso? – ele pediu, aproximando-se da cama e encostando em um espaço vazio e afastado perto dos pés do móvel.

– Claro! – ela sorriu e então todo o colchão balançou quando Jack sentou na ponta do tal.

Os dois suspiraram no mesmo instante, parecendo satisfeitos por finalmente poderem ter alguma diversão.

Punzie cerrou os olhos pelo quarto. – Eu acho o quarto tão sem vida. As paredes tão sem graça... – ela voltou a bocejar.

– É, devia ter mais de você no seu quarto... Já que fica tanto tempo aqui.

Ela riu. – É! Eu podia... jogar molho pelas paredes e deixar elas mais coloridas.

Jack bufou. – Claro, ai sua mãe vai ter algum ataque. – o silêncio permaneceu por segundos até que eles voltaram a rir juntos. A risada de Punzie era imensamente reconfortante para Jack; porque era a primeira vez em que as risadas eram diretamente para ele, e não para a neve criava. Ela também lhe lembrava algo que a muito parecia esquecido e apagado.

Rapunzel se revirou na cama. – Jack... você não vai embora, vai? – o tom dela era meio vago, iria cair no sono a qualquer segundo.

Ele deu de ombros. – Você quer que eu fique?

– Para sempre. – concordou ela em um tom meigo. – Ter um amigo é incrível. – ela bocejou uma última vez e então adormeceu.

Ali, no quarto iluminado pela lua, Jack permaneceu, com um sorriso no rosto. Ele se levantou e ficou encarando Punzie, que tinha um ronco tão baixo que chegava a deixá-la ainda mais inocente.

Não demorou muito até ele escutar algumas batidas vindas do outro andar da torre. Planou até lá furtivamente, curioso. Uma jovem mulher de fios negros escorrendo pela capa que usava saiu de um buraco no chão da torre, carregando uma cesta. Assim que ficou em pé, limpou as vestes e voltou a colocar o ladrilho pelo qual tinha saído no lugar. Jack ficou pensativo - Será que Punzie sabe dessa passagem?

Tudo continuava em plena escuridão. Jack só via a movimentação da mulher. Ela parecia zangada com alguma coisa, bufava a cada instante. Colocou a cesta acima da mesa lá embaixo e começou a subir as escadas. Instintivamente Jack voou até o quarto de Rapunzel novamente, e fechou a janela com um baque surdo. Também apagou a vela acesa e cobriu a garota adormecida no segundo em que a mulher parava na frente da porta.

Houve um momento tenso em que a mulher penetrou Rapunzel com os olhos, e então ficou encarando suas palmas enrugadas com ódio, como se fosse culpa da garotinha. Ela deu meia volta, fechando a porta de carvalho, deixando Jack na escuridão novamente.

Ela não consegue me ver... – Suspirou e então se deitou no meio das almofadas que Punzie havia deixado jogadas aos pés da cama. Ele fechou os olhos mas a cabeça estava lotada de mais para conseguir dormir - não que ele precisasse disso.

Inesperadamente, veio a lembrança da pergunta de Punzie minutos atrás. Qual é seu sonho?

Talvez tudo o que ele precisasse para começar a descobrir sua reposta estivesse ali mesmo naquela torre.

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– Vamos logo, Jack! – cantarolou Rapunzel, sentando no corrimão da escada e deslizando sobre o tal, tocando o piso da torre num piscar de olhos. Ela tinha o grande sorriso no rosto, e seu cabelo já tinha o dobro do tamanho, sendo que estava prestes a fazer 10 anos. Usava um vestido esverdeado com rendas de um dourado apagado, mas nada se comparava ao brilho do cabelo.

– Tem certeza? Eu sou horrível com pincel. – Jack reclamou lá do alto da torre. Estava deitado entre as tábuas de madeira em que Punzie geralmente se pendurava com o cabelo, sendo que tinham considerado ali 'O Esconderijo' deles.

– Não importa se é bom ou não. – ela continuou com sua vozinha, não tão aguda quanto aos 7 anos, mas tinha um pequeno tom de autoridade, e continuava super meiga. – Eu preciso de ajuda. Ângulos, cor... e ainda precisamos nos sujar o bastante pra ser um ótimo aniversário pra mim! – ela riu, e Jack não resistiu.

– Ok, ok. Mas depois que você for parar pra ver no que deu, vai se arrepender. – ele murmurou irônico, então agarrou seu cajado e se jogou de lá de cima, parando á centímetros do chão, de cabeça para baixo, mas ainda assim na frente de Punzie.

– Exibido! – provocou ela, tocando a ponta de nariz de Jack, e os dois voltaram a sorrir. Ela o empurrou para o lado e correu até o armário onde estava sua caixinha de tintas. – Ok... que tal... todas elas!? – então disparou alegremente para o canto da torre em que alguma pintura não chamaria tanto a atenção, e se ajoelhou ali, ao lado do armário com porcelanas.

– Ei... quando é que sua mãe volta mesmo? – perguntou Jack, chegando ao seu lado e também se ajoelhando.

Ela suspirou e desviou o olhar. – Amanhã... ela... vai perder meu aniversário de novo.

Jack mordeu o lábio. Quando ele ia parar pra se tocar que Punzie realmente odiava assuntos ligados á mãe dela?

– Ahh... ér... – ele tentou achar uma saída. – Isso é ótimo! – e então viu Punzie olhar para ele como um ''Isso não está ajudando, na verdade...'' – Não, é sério. Veja, se ela só volta amanhã, podemos sujar MUITO a torre pra comemorar seu aniversário, já que temos tempo pra limpar a bagunça.

Ela deu um sorrisinho. – É, se pelo menos você ajudasse a limpar! – ela riu e ele fez uma careta. – Mas tem razão... acho que tenho sorte de você estar aqui. – então, sem Jack ver, ela mergulhou o dedinho na tinta verde, e logo após atirou-se contra Jack, lhe dando um abraço forjado como se agradecesse sua companhia. Ela esfregou bem a tinta sobre a capa castanha de Jack de propósito, segurando o riso, e só então ele se tocou.

– O que você... – então ela se afastou e viu sua palma suja. – Nããão. Você não fez isso, Rapunzel! – ele fingiu um tom duro, e então ela caiu na gargalhada e se levantou, sem querer derrubando um pouco da tinta verde na parede. Mas simplesmente não se importou, apenas levantou o vestido e se colocou a correr pela torre, enquanto Jack fingia urrar como um monstro e também começava a persegui-la em círculos, com a capa pingando gotas de tinta por todo lado. – Eu vou te pegar, e você sabe! – disse para fazê-la se apressar ainda mais.

Ela corria rindo com imenso prazer. Seus aniversários com certeza eram os melhores tendo Jack como companhia.

Então simplesmente algo que não esperava aconteceu. Abaixo de seus pés, surgiu uma camada de gelo fina o suficiente para escorregar. E foi o que aconteceu com ela. Caiu sentada e foi deslizando para longe, observando Jack parado ali de pé, com o cajado encostado no chão. Ele sorria abertamente, como se falasse '' Te peguei! ''

Então os dois riram da situação e Punzie se levantou bambamente, se apoiando na parede para não deslizar ainda mais. Jack viu sua complicação, sendo que os dois estavam descalços. Então ele foi até a garota delicadamente e estendeu a palmas para ela, que aceitou no mesmo segundo.

E ai Jack a puxou bruscamente, fazendo a pequena reprimir um grito e fechar os olhos. Mas quando os abriu, simplesmente não pode parar de sorrir, pois agora ela e Jack pareciam patinar, ali mesmo na torre. Ele voava bem baixinho, trazendo Punzie consigo, mas ainda a deixando tocar os pés no gelo.

– Iupi!! – ela gritou, colocando a mão desocupada para cima, aproveitando o momento.

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– Está quase. – murmurou Punzie, com a língua para fora, expressando a concentração enquanto pincelava delicadamente na bochecha de Jack. – Não se mecha! – ela censurou.

Estavam sentados no centro da torre, agora ambos respingados de múltiplas cores de tintas. O chão ainda tinha registros da patinação deles, e a casa estava cheia de papéis dos doces que eles haviam devorado. Punzie havia convencido Jack a deixá-la pintá-lo também. - Pelo meu aniversário! ela acrescentou. E quem iria resistir á aqueles olhinhos esmeralda?

– Tem certeza que não está pintando um... pônei no meu rosto, não é? - perguntou Jack, curioso para ver o porquê da demora dela na pintura.

– Por mais que seja uma boa ideia, não, não estou. – ela riu. – E... – ela deu um último toque. – Pronto! – então se levantou e correu até a mesa da cozinha que eles haviam empurrado para o lado, pois precisavam de mais espaço para patinar. Apanhou o espelho acima da mesa e então estendeu á Jack. – Tharaaam! – ela cantarolou, parecendo orgulhosa.

– Uou. – os olhos de Jack se arregalaram. Punzie com certeza não havia feito um pônei. Era simplesmente um floco de neve, um tanto torto por ser na bochecha de Jack, mas continuava incrível. Tinha pelo menos quatro cores de azul, e o principal combinava maravilhosamente com o tom de seus olhos e de seu cabelo gélido.

– Não... gostou? – murmurou Punzie, cabisbaixa, vendo a expressão espantada dele.

– Se eu gostei? Eu adorei! – Então puxou a mãozinha de Punzie e lhe deu um pequeno abraço. – Você é super talentosa.

Ela relaxou os ombros no abraço gelado dele. – Obrigada! – então recuou um passo e fez uma reverência a Jack, como uma princesa, segurando o vestidinho. Os dois riram, e então ela ficou silenciosa, encarando além dos ombros de Jack, onde a janela estava aberta. Teve um pequeno espasmo de emoção. – Está escurecendo! Vamos, Jack! – ela agarrou o pulso do garoto e o arrastou para a janela.

Ela deu saltinhos, tentando apoiar os braços no parapeito para ter uma boa visão. Jack riu e a levantou no ar, a deixando sentada ali na beirada. Ela agradeceu silenciosamente. O sol já havia desaparecido, e as estrelas cintilavam lá acima. Jack quase não percebeu os olhinhos agitados de Punzie, ela olhava tanto para o céu quanto para o mundo bem ali abaixo dela.

– Você está bem, Punzie? – ele perguntou lentamente, e ela acenou com a cabeça.

– Eu... só nunca fiquei tão perto da beirada assim antes. – ela engoliu em seco, e Jack se precipitou.

– Quer que eu te tire daí? – ele já estava com os braços estendidos para pegá-la.

– Não... – ela murmurou. –A visão é bem melhor daqui. – ela sorriu meiga para ele, e Jack retribuiu o sorriso. – Obrigada, Jack. – ela sussurrou o mínimo que podia, mas é claro que ele escutou.

E então ela pareceu se desligar completamente do mundo, pois uma pequena luz radiante se ergueu de trás das montanhas. Punzie suspirou, atônita. Tinha começado.

Demoraram apenas segundos até que os outros pontos iluminados acompanhassem o primeiro. Eram centenas, milhares. Em um minuto, os pensamentos de Punzie já estavam longe, todos iluminados pela linda visão das lanternas. Ela se encolheu ali ao lado da janela, sonhadora. Então ergueu uma das mãos como se tentasse alcançar as '' estrelas flutuantes. ''

Jack se sentia triste vendo aquilo. Ele já tinha perguntado à Punzie se ela não aceitaria que ele á levasse até lá em seus vários aniversários, mas a resposta era sempre não: ela não queria trair a confiança da mãe. Mas ele sabia que na verdade a coisa que ela mais desejava era pelo menos soltar uma lanterna junto ás outras.

Então uma ideia se iluminou tanto quanto o céu coberto pelos pontos amarelados.

Ele deu uma última olhada para aquela linda visão, e então foi recuando os passos. Punzie parecia em transe, encantada com o momento, então nem percebeu a saída dele.

Jack apanhou seu cajado encostado na parede e voou até o quarto de Punzie, saindo pela janela de lá, mesmo sendo bem mais apertada que a outra.

E disparou na direção dos céus, desaparecendo na escuridão da noite.

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– Jack? – chamou Rapunzel pela quinta vez. – Jack, o que está fazendo ai em cima?

As últimas luzes estavam desaparecendo no céu quando Punzie percebeu que Jack já não estava ali com ela. Pulou da janela para dentro novamente, aquele piso gelado que tinha agora um aspecto sombrio, pois a torre parecia abandonada todas as noites. Ela correu até as escadas e começou a subir. Estava nas nuvens por ver as lanternas novamente. – Jack, você não vai acreditar o tanto de ideias que eu tive pra pinturas na parede com as estrelas flutu... – então ela parou bruscamente ao abrir a porta: Jack não estava ali. Ela ficou confusa. – Jack? – olhou para o teto, nas tábuas... ele também não estava lá.

Seu coração começou a acelerar: por que Jack havia saído sem avisá-la?

– Jaaaaack! – ela desceu pelo corrimão da escada e ficou encarando ao redor. – Se isso é uma brincadeira, não é tão engraçado! – murmurou e então foi até o canto com potinhos de tinta.

Voltou a pegar os tons claros e escuros de azul, principalmente o esbranquiçado. Passou os próximos 5 minutos fazendo outro grande floco de neve na parede. Dessa vez era mais detalhado que simplesmente na bochecha de Jack. As cores pareciam cintilar á luz da lua.

Quando terminou, ficou o encarando, encarando, encarando. Jack tinha mesmo ido embora?

Ela começou a assobiar a melodia que vivia cantando para sua mãe. Aquela que fazia todo seu cabelo brilhar. Jack dizia que ela era mesmo uma garota especial, mas isso não significava que precisava passar a vida inteira numa torre, ela precisava viver. Ela assobiava, mesmo que não pudesse ter ninguém ali, se sentia confortável nas palavras de Jack... como incentivo de um bom irmão mais velho, e fechou os olhos, encolhida na parede.

Então algo gélido tocou bem a ponta de seu nariz. Ela abriu os olhos e os arregalou, só então percebendo a figura que se aproximava dela.

– Eu não acredito que você pintou e está cantando sem mim! – disse ele em um tom ofendido.

– Jack! – ela deu um pulo da parede e correu até ele. – Pra onde você foi? Achei que...

Ele fez sinal para que ela ficasse em silêncio. Então tirou as mãos de trás das costas, e Rapunzel reprimiu um grito: ele carregava uma das lanternas. Era tão linda de perto, com detalhes dourados em forma de renda, assim como o grande símbolo de sol. Sua chama estava quase apagada.

– É, eu acho que consegui trazer uma estrela. – brincou Jack.

Os olhos de Rapunzel lacrimejavam. – Eu...

– Sem tempo pra falar! – ele a cortou. – Vamos Punzie, é sua chance e meu presente. – então pegou a mãozinha dela e a fez tocar na lanterna. – Um, dois...

– Três! – o sorrisinho trêmulo dela se iluminou quando os dois lançaram a lanterna para cima. Ela planou por um segundo e então decolou em círculos para cima. Rapunzel riu. Ela nunca imaginaria que estaria tão perto do seu sonho assim.

– Me concede essa dança? – disse Jack, a tirando do transe com a lanterna. Ele indicava para que ela subisse na cadeira esverdeada de madeira ao seu lado. E foi o que Rapunzel fez. Eles se seguraram pelos ombros quando Punzie estava agora na sua altura, como se dançassem num salão de baile. Jack fazia questão de estufar o peito como um príncipe, para fazer graça.

– Sabe, Punzie... – começou Jack depois de alguns segundos. – Eu acho que finalmente sei como responder a você qual é o meu sonho.

Puxa! Havia se passado tanto tempo, ela nem lembrava mais daquela pergunta. A pequena o encarou, curiosa com a resposta.

– Mas... não sei se você pode estar pronta com a resposta. – ele murmurou.

– Diga! – ela insistiu.

Ele revirou os olhos. – Ok, acho que meu sonho se realiza a cada dia que passo com você... - então ele tomou fôlego - ... pois me dá a chance de te atormentar!

Punzie arqueou a sobrancelha. – Seu sonho é poder me atormentar todo dia?

– Exatamente. – ele sorriu. A verdade é que tinha muito mais por trás daquilo. Era uma amizade que valia a pena prosseguir para a eternidade.

– Eu acho que gosto do seu sonho. Só um pouquinho. – ela disse irônica, ignorando a provocação. Os dois riram, então continuaram a dançar, pés de cadeira aos pés de Jack, enquanto a lua observava tudo aquilo de fora da janela... e a luz da lanterna flutuante desaparecia acima de suas cabeças.

E assim começa a história de como a lua e o sol se encontraram.


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Notas finais do capítulo

Sun and Moon, they dance together.