Lembranças escrita por Natalia Beckett


Capítulo 73
Restart


Notas iniciais do capítulo

Florzinhas e cravinhos!
Desculpa a todos pela demora em postar. Eu estava com algumas atribuições na minha vida pessoal que estavam atrapalhando meu tempo para escrever, mas justamente quando consigo ajustar esse detalhe, eu adoeci. Garganta me pegou... Hoje me senti um pouco melhor e consegui terminar o capítulo. Então aproveitem, ele está GIGANTE! kkkkkk

Boa leitura pessoal!



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https://www.youtube.com/watch?v=9GZc8r-JNBA– The Scientist/Coldplay - Boyce Avenue feat Hannah Trigwell cover

O medo e o desespero me consomem. Em questão de segundos sinto meu corpo enfraquecer e meu coração disparar. Eu não sei se quero abrir os olhos diante da voz que tanto conheço. A energia do contato repentino da sua mão em meu braço me traz algo que não sei definir, mas o que sinto é algo muito diferente do que eu já posso ter sentido antes. Eu sinto falta do toque mais simples. Ele alisa as mãos sobre meu braço direito desnudo. Sinto sua mão trêmula e sua voz com tons de medo repetirem meu nome em voz e toques me fazendo despertar.

– Kate... – Abro os olhos devagar. Involuntariamente as lágrimas escorrem. Ainda não o encaro diretamente. Ele retira a mão que estava sobre mim. Prendo o ar sem perceber e logo meu coração que parecia ter encontrado um compasso volta a bater desesperadamente. Aos poucos, com muito receio, volto meu olhar para ele. Ele me encara atordoado e com olhar lacrimejante. Abro minha boca e mesmo com várias tentativas, nada sai dela. Rick enxuga suas primeiras lágrimas e arqueia em minha direção. Eu sinto-me pressionada e em meio ao desespero súbito eu consigo o chamar em súplica.

– Rick... – Minha voz sai falha. Seu olhar no meu me causa um arrependimento arrebatador. Algo redime minha vida a nada além de me entregar a ele. Como pude o evitar tanto? Como fui capaz de fazer isso com ele e comigo? Ele não me deixa pensar muito e vagarosamente aproxima seu corpo do meu. Eu não me importo com as lágrimas que escorrem de nossos olhos, eu só estou frágil para resistir perante a qualquer atitude que ele tome. Seja atitude boa ou ruim. Eu não sei o que esperar dele, mas ele simplesmente se aproxima mais e mais. Sua mão, antes a apoiar sobre o banco, passa a deslizar sobre minha pele. Delicadamente sua mão traça um caminho pelo meu lado direito, sua mão passa suave sobre meu rosto e acomoda meus fios soltos do cabelo para detrás da orelha. Um arrepio involuntário percorre meu corpo no momento em que sua mão passa pela minha têmpora. Ao sentir a sensação me tomar eu novamente fecho meus olhos. Tento me concentrar a não agir por impulso.

– Kate... Olhe para mim... – Ouço sua voz me chamar e eu não consigo negar. Eu estou a tremer e meus olhos podem entregar facilmente qualquer informação que eu pretenda guardar. Eu estou nas mãos dele. Eu respiro fundo e o encaro entre lágrimas. – A gente precisa conversar. – Ele diz o que eu queria ouvir, mas eu simplesmente disparo em choro e o fungar na busca de autocontrole faz meu desespero se tornar perceptível.

– Desculpa... – É tudo que consigo balbuciar. Ele me olha com um olhar também desesperador, porém menos que o meu. Eu baixo a cabeça e ponho minhas mãos sobre o rosto. Eu busco ar para me ajudar a respirar normalmente. Não demora muito para que eu sinta sua mão pousar sobre meu ombro.

– Kate, respira... Eu só quero conversar. Não fique assim. – Ele sussurrava e sua mão a me acariciar, pedia silenciosamente um ”por favor”. Eu ainda não consigo respirar normalmente e por mais que eu tente me convencer que esse choro é o que necessito pôr para fora, não consigo parar, para conseguir assim, quem sabe, ir adiante e conversar com o Rick tudo o que se necessita para voltarmos. Eu me inclino apoiando os cotovelos em meu colo. Meu rosto em pranto está escondido pelas minhas mãos. Rick não demora muito e passa a acariciar minhas costas. Sinto o conforto ir me reparando aos poucos. Mais uns minutos de silêncio e eu consigo parar e respirar de uma forma mais próxima do normal.

– Eu...

– Tudo bem. Respire. Quando estiver pronta a gente conversa. Eu estou bem aqui. – Aqueles olhos, aquela voz... O poder de me levar para outro mundo. De me trazer segurança e de eliminar boa parte dos meus medos. Eu voltava ao normal e com uma única certeza: a necessidade de ser forte e reconquistar o homem que eu amo. Eu seco minhas últimas gotas de lágrimas e ergo a cabeça. Inspiro profundamente e solto de uma única vez. O encaro em silêncio e o observo a me analisar.

– Eu falei que iria atrás de você, mas aí...

– Acho que isso só acontece com a gente... Eu...

– ACABEI DE SAIR DA CASA DA LANIE... – Dissemos juntos. Não mais como antes, onde nessas circunstâncias a gargalhada preencheria esse ambiente obscuro, agora apenas um sorriso decadente, de canto de boca, se formou.

– Rick...

– Kate...

– Eu preciso explicar o que houve...

– E eu realmente quero e mereço uma boa explicação para você ter sumido tão subitamente depois que terminou comigo. – Ele agora se mostrava firme.

– Eu vou...

– Eu entendi que você estava muito confusa, Kate. Que não queria me confundir juntamente com você em seu mundo. Mas você era muito mais que apenas uma garota confusa e eu tinha um mundo para te oferecer, para te fazer feliz. Você apenas me deu as costas e me proibiu de me reaproximar de você. Não atendia minhas ligações e mudou-se de endereço para que eu não a achasse... Eu quero apenas entender o que aconteceu no meio disso tudo... Porque eu ouvi cada palavra sua naquele parque, eu ouvi... Mas nunca consegui compreender.

– Eu sei... Eu te devo toda explicação do mundo. Eu... – Suspirei profundo. – Nem sei por onde começar...

– Comece do por que você não me deixou rastros para ir atrás de você.

– Rick... Eu realmente mudei o meu número, achei que fosse melhor assim. Eu tentei a todo custo te esquecer, mas não iria conseguir fazer isso recebendo suas ligações. Sobre a mudança... – Pus meu cabelo para trás da orelha e arrumei minha postura para observá-lo. – Nem eu sabia que eu havia me mudado até chegar aqui. – Ele me encarou atônito.

– Co-co-co como assim?

– Meu pai. Eu cheguei e só assim ele me comunicou. Não foi um ato meu não te comunicar que havia me mudado. E também não foi porque eu queria me mudar, pelo contrário, eu estou ainda processando essa mudança.

– Você não sabia... – Ele constatou cabisbaixo.

– Não. – Engoli seco. Ele encarou o chão por alguns segundos e então voltou a me encarar.

– Kate... – Ele deu uma longa pausa. Pensou por um instante e eu apenas o observava. Vagarosamente ele pega minha mão e me encara. Sinto meu ar ser bloqueado e meu coração dispara. – Como você está se sentindo agora? Digo... Todo esse tempo se passou e... Você está bem? – Pude ver sua garganta se movimentar. Ele engolia seco. Eu não estava pensando por mim mesma sentindo o toque de suas mãos na minha. Eu preciso ser forte. Concentro em seus olhos que expressam que ele está pronto para falar novamente e eu ainda não elaborei uma resposta. – Você se sente melhor sem mim?

– Eu... – Céus! Claro que não! Claro que não me sinto melhor sem ele. Mas...

– Seja sincera, comigo e consigo. – Ele me alerta.

– Não sou a mesma Kate e tenho certeza que não voltarei a ser. Depois do que aconteceu com minha mãe uma parte de mim se foi para sempre. – Ele me encarava tão intensamente. Eu não conseguia manter meus pensamentos seguindo numa ordem conexa. – Eu me sinto melhor, em geral. Ao menos não choro mais todos os dias sentindo a falta dela. Pensar nela agora é como um carinho na alma. Sei que ela está olhando por mim de alguma forma.

– Isso é razoavelmente bom. – Ele observa. Ele ainda me aguarda. A última pergunta, a mais pertinente de todas... Pelo olhar dele, sei que é essa resposta a que ele mais quer.

– Eu não me sinto melhor por ficar sem você. – Disparo de uma só vez após um grande suspiro.

– Não? – Vejo o olhar dele se ampliar. Porém ainda me encara com cuidado e observação. Existe receio em seu olhar.

– Até posso ter melhorado sobre a lembrança da minha mãe, mas não sobre a sua, sobre a nossa lembrança. – Ele me encara se aproximando, como quem procura me ouvir detalhadamente. Sinto minha garganta apertar. – Eu tentei durante esse tempo todo que passamos separados, te esquecer. Juro que tentei com todas as minhas forças.

– Por quê?! – Ele me pergunta contrariado.

– Eu achava que isso era o melhor para nós. Achava que sem mim você ia seguir melhor na vida. E eu poderia viver o luto sem medo de magoar você, a pessoa que mais me importo. – Pausei por um momento e senti as mãos dele soltarem das minhas. Respirei fundo e prossegui. – Eu ainda acho que não sou boa o suficiente para você. Ainda acho que estou longe de ser aquela que você espera que eu seja. De ser alguém que realmente vai construir a vida junto com você. Não sei se devo entrar novamente num relacionamento com uma pessoa tão especial como você, se eu nem sei se conseguirei me dar por inteiro. Eu me afastei porque eu tive medo do meu medo lhe machucar.

– Kate...

– Eu não queria que você guardasse uma má recordação sobre algo que eu lhe fizesse ou causasse enquanto eu estava no pior momento da minha vida. Eu não queria que nossas melhores lembranças fossem quebradas em virtude de eu não saber lidar com a minha perda. Eu nunca me perdoaria se eu te machucasse no meio daquele turbilhão. Nunca! – Minhas lágrimas voltaram a cair.

– Kate... Eu teria compreendido. Eu juro que teria. – Ele também começava a chorar. – Eu teria estado com você e teria aguentado ver você se comportar de uma maneira que nunca imaginei por motivo de momentos difíceis. Teria suportado tudo. Consigo suportar tudo! Mesmo que agora... Eu consigo porque eu te amo, Kate... Always, lembra? Eu fui sincero, verdadeiro, íntegro. Eu te amo com todo meu coração.

– Desculpa... Perdoa-me... Eu não queria que você passasse por isso. Eu...

– Psiu! – Ele seca minhas lágrimas deslizando o polegar por minhas bochechas. Deixo-me conduzir e sem controlar eu busco carinho em cada toque que ele me oferece. – Doeu muito mais te ver partir do que ficar com você e te ver destruída, Kate. Doeu muito mais.

– Eu sei... Eu só não pensei nisso quando decidi fazer o que fiz...

– Oh, Kate... – Ele deslizou outra mão pelo meu rosto. Suas mãos acariciavam a minha face, a cada lágrima que caia suas mãos a capturavam. Meus olhos se fechavam automaticamente e meu choro aliviava com a sensação do seu mísero carinho, seu mísero toque, toda a energia que brotavam em nossos corpos. Seus olhos azuis brotavam um rio de lágrimas que pareciam ter sido contidas por muito tempo. – Eu não quero e nem posso ficar longe de você. Eu não sou nada sem você. Nada! – Ele sussurra devagar. – Eu te amo demais. Eu sei que você me ama também...

– Rick... – Sinto um arrepio percorrer meu corpo. Minha respiração acelera. Já não existe razão que me controle. Estou entregue e não penso em proibir minha rendição.

– Eu te amo... – Ele sussurra e se aproxima vagarosamente. Sinto suas pernas encostarem-se à minha. Suas mãos arrumam meu cabelo em prol de deixar o caminho de minha face livre para que ele observe cada reação do meu olhar. Seu rosto se aproxima do meu e eu posso sentir o calor de sua respiração atingir meu rosto. Deixo minhas mãos caminharem até seu ombro. Não penso em nenhum momento em coibir, apenas quero o sentir. Parece loucura, mas eu o quero. Eu preciso dele, eu o amo. Eu o quero. Eu o quero agora.

– Eu te amo, Rick. Sempre te amei. – Minha voz quase sai como um sopro, mas Rick consegue compreender. Seu movimento é cuidadoso e sinto vagarosamente a ponta de seu nariz encostar-se ao meu. O ar que escapa de meus pulmões é rarefeito, descompassado. Assim como as batidas enfurecidas do meu coração. Meus lábios são receptivos e não há mais dúvidas sobre o que estamos prestes a fazer. Nossos corpos já conhecem o caminho e o toque dos lábios de maneira doce e tranquila não dura muito tempo. Entre o gosto salgado de lágrimas insistentes, agora por emoção, nosso beijo se intensifica. Saudades, dor em cura, amor intenso, coração fênix.

Suas mãos deslizam pela minha nuca e sinto a velha e saudosa pressão me preencher em cheio. Meus braços o envolvem querendo o ter mais e mais perto. Seu braço me puxa para si e sinto o conhecido arrepio percorrer meu corpo quando sua mão desliza e pressiona minha cintura. Eu não vivo sem ele. Não consigo viver sem ele. Deus! Eu sou louca pelo Rick. Eu não sei dizer quanto tempo se passa, mas não tínhamos a menor vontade de terminar o que começamos. Na busca por ar ele sussurrava.

– Você sempre será minha... – Ele sussurrava enquanto mordiscava meu queixo e tecia beijos úmidos pelo meu maxilar rumo ao meu pescoço. – E eu sempre serei seu. – Ele disse isso em meu ouvido e então me encarou. Aqueles olhos, transformados pelo momento de entrega. Eu o conheço e ainda me surpreendo.

– Eu quero você. – Digo suspirando alto, tentando deixar minha respiração em compasso. – Eu não quero ficar longe de você de novo, Rick. Não quero me afastar de você.

– Se depender de mim você nunca mais sai do meu lado. Nunca mais! – Ele diz pressionando meu rosto com as mãos. – Eu também te quero. Para sempre.

– Always.

– Always. – Voltamos a nos beijar. A saudade que nossos corpos estavam um do outro não conseguia nos separar. A tensão sexual me fazia esquecer onde eu estava, para onde eu estava indo e o que eu estava fazendo. Eu estava entregue e eu confiava no Rick o suficiente para me permitir amolecer.

– Rick... – Supliquei em sussurros enquanto arfava.

– Ok... – Ele arfou. Ele se pôs em posição e arrumou a camisa. Eu aproveitei para me refazer. Tentei colocar o cabelo no lugar, mas sentia que não tinha sucesso.

– A gente...

– Você...

– De repente a gente podia ir...

– Devíamos continuar a conversa e...

– Se de repente a gente marcar outro dia...

– Quantos dias você ainda tem aqui?

– É...

– Quer saber? Pra quê marcar dia?

– É... Pra quê?

– A gente podia ir lá pra...

– Sua casa? – Sugiro.

– Sem problemas...

– A gente podia conversar melhor...

– Sim e... Bom, tenho sorvete por lá.

– Seria uma boa...

– A gente podia sentar no sofá... – Ele se reaproximava.

– Dividir o sorvete... – Eu mordi os meus lábios.

– Conversar mais um pouco... – Ele deslizou a mão pela minha cintura.

– Ver algo na TV... – Passeio a minha mão pelo seu peitoral e ombro. É um jogo perigoso.

– Ou apenas conversar... – Ele diz cerrando os olhos e se aproximando.

– Ou então... – Deixo minhas unhas pressionarem a pele que reveste seus ombros.

– Fazer logo o que queremos... – Ele aperta minha cintura e me rouba um beijo sedento. Eu não o deixo prolongar e o separo depois de alguns segundos.

– Vamos... – Levanto do banco e puxo sua mão. Ele me segue. Juntos, nós entramos em um táxi e fomos até o seu apartamento. Encaradas pecadoras dominavam os ares no elevador. Assim que Rick abriu a porta de seu apartamento eu senti seu corpo pressionar o meu contra a porta, fazendo-a fechar. Seu corpo pressiona o meu tão rapidamente que deixo um som de surpresa escapar de minha boca. Ele me beija e não me deixa aprofundar. Ele interrompe o beijo e passa a me olhar intensamente. Quero me movimentar, mas o olhar dele me paralisa.

– Seria melhor se a gente conversasse, antes de... – Ele gesticula o que seria nossa próxima ação. Minha cara revela o momento de choque... Mas ele tem razão.

– É... – Digo o afastando. – Você tá certo. Eu ainda preciso conversar coisas com você.

– Eu... – Ele suspira profundamente. – Quer água, refrigerante, suco? – Ele pergunta se afastando em direção a cozinha.

– Água... – Olho para seu apartamento. Nada mudou. – Onde está sua mãe?

– Turnê. Deve voltar depois de amanhã. – Ele fala alto lá da cozinha. Eu sigo para lá.

– Então você tem ficado sozinho. – Digo já pegando de sua mão o copo de água.

– Basicamente, sim. – Ele diz bebendo a água que separou para si.

– Lanie me disse que você tem saído com muitas “amigas”... É verdade? – Eu pergunto o encarando e ele pigarreia quase engasgando com o último gole de água.

– A.. A... Amigas?

– Qual é Rick, eu sei que você tem saído com várias. Eu não estou te culpando. Só quero saber se é verdade.

– Não está me culpando?

– Para de repetir o que eu estou dizendo! – Digo cruzando os braços. – Nós estávamos separados... Quer dizer, nós ainda não decidimos se...

– Eu...

– Você tinha o direito de sair com outras garotas. Afinal nós não tínhamos mais nenhum compromisso.

– Então... – Ele estava pálido.

– Eu só quero saber se isso é verdade. Não precisa ficar tão nervoso.

– É... Kate...

– Fala Rick... – Digo o encorajando carinhosamente.

– Eu tenho frequentado lugares tentando te esquecer... Meu livro tem feito sucesso na turma de grunges. Eu tenho algumas fãs e pseudo-fãs. Às vezes acontece. Mesmo sem querer... Mas eu só queria mesmo tentar te esquecer. Isso não vai mais acontecer se a gente ficar junto, eu vou afastar essas malucas e aí...

– Tudo bem... Tudo bem, Rick. – O faço pausar. – Eu disse que tudo bem.

– Você não vai querer me matar ou...

– Não. – Baixei a cabeça. O silêncio durou mais que o necessário e ele então interrompeu.

– Você também tem algo para me contar, não tem? – Ele sussurra e rouba minha atenção.

– Oi? – Tento digerir a informação.

– Você também ficou com outro cara, não ficou? Por isso você está me perguntando sobre essas loucas que eu fiquei... – Ele engole seco, eu também.

– Rick...

– Eu também quero saber. Fui sincero com você. Disse a verdade. Diga para mim também. Diz!

– Você não tá levando isso de forma tão leve quanto eu levei.

– Você quem terminou comigo! Eu tinha que procurar uma forma de te esquecer! Você terminou comigo, pensei porque já não tinha amor por mim o suficiente! Não posso analisar isso de “forma tão leve”. Não é a mesma coisa!

– Então você quer brigar por algo que não tem mais importância? Sério isso? – O tom de nossa voz começa a alterar.

– Não tem importância? Não tem importância?! Claro que tem importância, Kate! Caramba! Eu estava aqui o tempo todo. Era só você dizer que sim... Não vejo a menor necessidade de você ter ficado com outros caras.

– Há-há! Por quê? Eu realmente devo estar louca. Louca para ficar aqui, discutindo com você, coisas que não são relevantes e não acrescentam nada na situação do atual momento. – Disse virando as costas e caminhando para sala.

– Ah, então é assim que você vai fazer? Não vai conversar tudo por inteiro, vai virar as costas e dar esse assunto como morto. Encerrar assim? Você quer que eu conviva com esse eterno fantasma de quantos caras você pegou “tentando me esquecer”! Porra, Kate! Não dá, pra mim não dá!

– Você tá querendo o quê Rick? Números? Você quer o meu número?! – Pergunto irritada.

– Eu não disse isso!

– Ah, disse! Entre linhas, mas disse!

– Eu não quis dizer isso!

– Então que fantasmas são esses?

– Esses outros caras que possivelmente você ficou...

– E eu então posso surtar por ficar vendo “os fantasmas” de cada “louca” que você pegou? Posso?!

– Não é assim... Você quem quis ouvir o que aconteceu.

– E você? Quer ouvir o que realmente eu fiz ou deixei de fazer na Califórnia?

– QUERO! Eu quero!

– Eu não vou voltar atrás, Rick! Porque se eu estou aqui hoje, na sua frente e te dizendo que eu quero voltar porque eu te amo, é porque nada do que fiz foi verdadeiro. E eu acredito que isso também valha para você. Você sabe muito bem que nenhuma dessas garotas que você transou te faz sentir o que você sente comigo! EU SEI!

– Mas eu quero saber!

– Então tá bom... – Falei indo na direção dele. – Foram dois! DOIS CARAS, E SÓ! E eu, diferente de você, não dormi com nenhum! Satisfeito? – Dou as costas e vou em direção ao sofá da sala.

https://www.youtube.com/watch?v=Kbc6U9JEBsQ– Firestone/ Kygo feat Conrad Sewell acoustic

– Kate...

– Ah, Rick... – Digo manhosa me inclinando para sentar.

– Kate... – Ele pede carinhoso e do nada puxa meu braço me fazendo ser jogada de encontro ao seu peito.

– Rick! – Reclamo tentando me ajustar.

– Eu posso até pensar nesses “dois”, mas não agora. – Ele sussurra e então me pressiona pela cintura num abraço impossível de desvencilhar. Ele me rouba um beijo sem hesitação. Suas mãos passeiam em mim, me pressionam e acariciam. O caminho já é conhecido. Minhas mãos vão direto por dentro de sua camisa. Eu não posso resistir. É mais forte que nós dois. A recente discussão simplesmente se esvai. A saudade e a necessidade de sentir um o toque do outro supera qualquer intenção de ser mais forte.

– Rick... – Minha voz sai rouca, repleta de desejo e eu sei que não posso disfarçar. Eu suplico através de seu nome que ele procure a razão nisso tudo, mas que por tudo que há de sagrado, não pare. Meu corpo está dançando contra o dele. Minhas pernas já querem ficar bambas. Ele pressiona minha cintura, desliza vagarosamente a mão até o final da minha coluna e aprofunda o beijo ainda mais. Eu não sei se realmente necessito de ar agora. Tenho medo de que qualquer movimento possa vir a interromper isso.

– Oh, Kate! – Ele solta um ar quente, abafando o som em minha clavícula. Eu planto beijos que caminham de seu queixo até o seu pescoço. Deslizo sem pudor minhas unhas em suas costas fazendo sua camisa ser levantada pelos meus braços. Entre beijos, mordidas e sentir o sabor salgado do seu suor, Rick inspira. Sentir o bufar, a vã tentativa de se controlar, o gemido contido do homem que mais amo, sobre mim... É uma sensação que não existem palavras capazes de descrever. Ele pressiona a parte inferior do final da minha coluna. Meu corpo se ergue como quem busca mais contato do que já estamos tendo. Suas mãos fortes me pressionam, me apertam e me chamam mais para perto dele. Minhas pernas estão fracas e em meio ao desejo e a fraqueza do calor que tomava meu corpo, minha perna se ergue envolvendo o seu quadril. Não é preciso mais avisos.

– Eu quero você. – Encaro seu olhar profundamente antes de dizer mais uma vez o que realmente quero. Minhas pernas estão envoltas em seu quadril. Suas mãos apoiam meu corpo para em equilíbrio ele me sorrir e nos leva para o quarto. Meus braços envolvem seu pescoço. Eu o agarro como alguém que eu não quero nunca mais abandonar. Ele me deposita, no centro da cama, com fervor e sem desgrudar de mim, continuamos o que fazíamos na sala. Ele se separa por um segundo, busca ar e me encara com um olhar pecaminoso. Eu conheço esse olhar. Sua mão antes em meus seios, agora acariciam minha face e arrumam parte dos meus fios de cabelo bagunçados pelo episódio.

– Você é tudo pra mim. Tudo!

– Eu te amo.

– Linda. Sempre linda. Eu te amo muito. – Sua boca planta um beijo casto em minha testa. Esses lábios doces plantam mais um beijo na ponta do meu nariz. Ele deixa escapar um sorriso bobo, encara meus olhos e volta a olhar para minha boca. Eu mordisco meu lábio inferior. Ele estreita o olhar e entende meu recado. Ele vem me beijar distraído e eu simplesmente escapo sorrateiramente e deixo escapar um sorriso divertido. Ele ri logo em seguida, mas esse sorriso logo volta a ser o ar misterioso e sensual. Utilizo seus pontos mais fracos e mais conhecidos por mim. Retiro sua camisa devagar e ele se senta sobre mim, deixando espaço para que eu finalizasse a ação. Ele me olha em silêncio, como quem grava mentalmente cada movimento. Ponho meus braços para cima e ele capta a mensagem novamente. Retira minha blusa com delicadeza e com isso faz meu corpo arrepiar cada fio. Eu abro seu cinto e retiro o jogando longe. Ele me pressiona de supetão pelo colchão e prende meus braços sobre a cama com suas próprias mãos. Rimos levemente e ele não parece se abater.

– Rick... – Não tenho tempo de suplicar. Rick devora meus lábios como se fosse a primeira vez. Ele continua prendendo meus braços e meus quadris dançam involuntariamente. Ele não prolonga muito e decide montar uma trilha de beijos úmidos até o centro dos meus seios. Deixo escapar um som de súplica. Posso sentir o lábio dele formar um sorriso enquanto planta seu último beijo. Ele me solta devagar e desliza as mãos pelo meu quadril. Para nos botões do meu short, me olha sedutor, morde os lábios inferiores e deixa outro beijo em meu umbigo. – Céus! – Ele rir com minha exclamação e retira meu short. Ele agora se inclina até a beira da cama. Põe-se de pé e retira seu tênis e seu jeans. Ele olha para meus pés e pegando um de cada vez, retira minha sandália e deixa no peito do pé um beijo casto. Eu o amo de todas as formas. Após retirar meu calçado, Rick cola seu corpo ao meu. O contato do seu toque, do seu corpo, do calor dele em mim me faz amolecer. Eu não tenho mais um pingo de razão. Tudo em mim é emoção.

– Senti tantas saudades do seu cheiro. – Ele sussurra em meu ouvido.

– Saudades de ouvir você sussurrando no meu ouvido. – Ele deixa um sorriso escapar e morde o lóbulo da minha orelha me fazendo arfar.

– Você é tudo que eu quero. – Enquanto ele sussurra juras de amores, suas mãos trabalham em mim. Rapidamente não nos resta peça alguma de roupa em nossos corpos. – Você é tudo que eu quero para a vida inteira.

– Te amo. – Essas são minhas últimas palavras antes de tudo virar murmúrios sem sentido, súplicas de paixão, reflexo do ato de amar. Eu sou dele e ele é meu. E nesse momento, enquanto dançamos nossa dança única, tudo faz sentido. Tudo é infinito e o bem nunca tem fim. Não importa qual de nós está a beira de enfraquecer, de perder a força física, com ele eu sinto uma segurança que não se finda. O olhar que trocamos a beira do clímax comporta todas as palavras que o fluxo não nos deixa formar. Uma comunicação em silêncio que completa qualquer intenção de palavras. Amor verdadeiro e do mais profundo. Eu nunca pensei que poderia amar e querer tanto uma pessoa como eu quero e amo o Rick.

– Kate... – Ele sussurra e logo depois sinto seu corpo relaxar e pousar cuidadosamente sobre o meu. O peso do seu corpo ainda me trás espasmos. Vagarosamente, sem pressa, ele desliza seu corpo pelo meu até pousar sobre o meu lado esquerdo na cama. Ainda tentamos recompor o ar e o batimento correto para o coração. Eu me recupero lentamente e tento achar o lençol que de alguma forma se escondeu embaixo de nós. Estamos suados e cansados, se movimentar parece uma missão complicada. Rick me puxa carinhosamente para deitar minha cabeça sobre ele. Planto um beijo casto onde minha cabeça logo em seguida descansa. Posso ouvir o coração batendo ainda ferozmente no peito do meu amor. Inacreditável. Parece que essa foi a melhor. Nunca me senti assim com ele antes. Meu ar volta parcialmente e eu arrisco dizer.

– Uau! Isso foi...

– INCRÍVEL! – Ele solta de uma única vez. Eu sorri com sinceridade.

– Totalmente incrível.

– A saudades, as pazes...

– Ingredientes que talvez, fizeram a diferença.

– Talvez porque eu te amo mais agora. – Ele diz me apertando contra ele e dando um beijo no topo da minha cabeça. Eu acaricio seu peito, produzindo desenhos imaginários com a ponta dos meus dedos.

– Eu nunca mais vou te deixar. – Revelo em paz.

– E eu nunca mais vou deixar você ir...

– Te amo. – Assim adormecemos um sobre o outro. Em algum momento senti Rick se mexer, puxar um lençol e novamente se aconchegar a mim. Estou tão tranquila... Essa foi a melhor decisão que eu poderia ter tido.


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Notas finais do capítulo

Tem ainda alguém querendo me matar? XD

O que acharam pessoal? Será que a maré vai continuar boa assim? Quais serão os próximos planos do casal? Palpites sobre a manhã desse novo dia?

COMENTEM, meus amores!



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