Lembranças escrita por Natalia Beckett


Capítulo 57
Snowstorm


Notas iniciais do capítulo

Lindos e lindas! Como vcs estão amores?
HAPPY CASTLE MONDAY PESSOAL!

Mas gente... Esse capítulo ficou gigaaaaante. Tentei dividir ele em dois, mas acho que não ficaria legal para compreender e mergulhar na emoção do capítulo. Ou então ficaria um pequenininho e outro grande. Também não achei legal.

Portanto segue o aviso:
SE VOCÊ FLORZINHA E CRAVINHO, NÃO ESTIVER COM TEMPO SUFICIENTE PARA LER 3.349 PALAVRAS, NÃO COMECE.

Eu entenderei a dificuldade ok? Irei dar mais um tempo para iniciar o capítulo novo devido ao tamanho desse, certo?
Bom, boa leitura e aguardo ansiosa vcs nos comentários. ;)

P.S.: Vai ter musiquinha no meio do capítulo para quem gosta.



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Não consegui voltar pra casa. Fiquei sentada no banco do Central Park com a neve caindo. O frio era melhor do que a dor que eu sentia dentro de mim. Eram tantas coisas que se passavam na minha cabeça. O casaco era o mesmo que nada sobre a minha pele amedrontada. Meu celular vibrava incessantemente no meu bolso. Não quis nem ao menos olhar no visor, meu pressentimento tinha quase certeza de quem seria. Já passava do meio-dia e a neve cessou um pouco. Decido ligar pra Lanie. Sei que essa não era minha melhor ocasião para reencontrar minha melhor amiga. Mas só com ela que eu podia contar naquele momento. Sei que minha mãe é sempre muito acolhedora e me dá ótimos conselhos, mas dessa vez eu prefiro a deixar fora da explicação de encontrar Rick extremamente bêbado. Pego o celular e como eu havia desconfiado antes, todas as ligações eram do Rick. Ignoro-as com pesar e ligo para Lanie. Ela reconhece meu tom de voz logo depois de responder sua pergunta se estava tudo bem. Sem hesitar ela fala para que eu a espere. Em menos de 10 minutos ela está buzinando próxima a mim. Entro no seu carro mando um sms informando a mamãe meu paradeiro.

Lanie não me responde ou questiona muitas coisas no carro. O trajeto é curto. Ao chegarmos a sua sala sinto o cheiro de chocolate quente.

– “Pré-preparei” para a gente antes de sair para te buscar. – Ela diz e logo em seguida me dá um abraço apertado. – Vai ser bom pra melhorar essa carinha não acha? – Respiro profundamente.

– Ai Lanie! Eu senti tanto a sua falta! – A abraço mais uma vez.

– Eu também garota! – Após nos separarmos do abraço Lanie me examina com o olhar dos pés a cabeça e arqueia a sobrancelha. – O que aconteceu com você e o Rick? – Apenas me dirijo para o sofá em silêncio. Ela me segue, mas antes de me alcançar minhas lágrimas começam a sair sem pudor.

– Oh, Lanie!

– Relaxa amiga. Bota pra fora. – Lanie passeia a mão no meu cabelo tentando me confortar. Passo alguns minutos choramingando até cessar tudo que estava contido. Lanie percebe minha recente pausa, vai até a cozinha e volta com duas canecas de chocolate quente e lencinhos para mim.

– Eu acho que não tem mais jeito Lanie. – Falei pegando um lenço após depositar a caneca com o liquido fumegante na mesa de centro.

– Garota, porque você tá falando desse jeito? Você acabou de voltar de Stanford. O que aconteceu que eu não estou sabendo?

– Ele ficou de ir me ver ontem à noite. Achei estranho ele desmarcar por mensagem e nem sequer ter me ligado. Resolvi hoje acordar cedo e ir bater na porta do dormitório dele.

– Ele... Ele te traiu?! – Perguntou Lanie chocada.

– Não! Pelo menos não que eu saiba. – Ela me encarou com semblante de deboche. – Ele estava dopado de tão bêbado Lanie. Eu tive que dar banho nele. – O olhar da Lanie foi de dó.

– Eu já ia mesmo perguntar a origem dessa sua camisa...

– O colega de quarto dele disse que ele bebeu assim por causa da “namorada que estuda na Califórnia”. Lanie, ele não confia em mim! Fez esse vexame e não cuidou de si mesmo e ainda vem dizer que é por minha causa? Isso é ridículo! Eu não vejo motivos pra tentar conversar com o Rick. Não vejo!

– Kate, você não pode simplesmente dar as costas e esperar que as coisas se resolvam por si só. Você não conhece o desespero de quem fica. Não é tão fácil quanto parece. Eu sei o que estou dizendo. – E realmente ela sabia. Espo havia deixado Nova York logo depois de mim.

– Mas beber Lanie? Daquele jeito? – Questionei tristemente.

– Ele errou Kate, isso é certo. E errou feio. Mas você tem certeza que não quer ao menos o ouvir? Saber os motivos de ele ter virado as costas ontem? Já pensou que ele pode ter sentindo o mesmo medo que você está sentindo agora? O medo de você terminar com ele por causa da distância. Kate, vocês dois são a medida um do outro. Escuta pelo menos o que ele tem a dizer.

– Ele nunca vai mudar Lanie! Não vai. – Dei de ombros.

– Como você pode ter tanta certeza? Eu pensei que não fosse sofrer nem metade do que sofro com a partida do Javi. Não se podem prever os sentimentos Kate. Você não pode controlar.

– Eu deveria nunca ter ido para a Califórnia.

– Também não adianta chorar pelo leite derramado. Você está aqui no momento, do lado do cara que você arrasta um caminhão. Kate, você tá desperdiçando tempo. Vocês dois estão! Meu Deus! Qual o problema de vocês?

– A gente tem brigado o tempo todo por telefone, Lanie! Cada ligação termina em uma briga. Como eu posso fingir que tá tudo bem, que apenas quero me jogar nos braços dele e matar a saudade? Não dá pra ser assim.

– Eu não estou dizendo isso. Estou dizendo para vocês sentarem e conversarem civilizadamente e não ficar bancando os durões. Isso nunca acaba bem no final. – Pego a caneca de chocolate e sorvo lentamente o líquido. Tenho que concordar com a Lanie. Por mais que eu queira evitar o Rick, a gente precisa conversar.

– Senti tanta falta dessas nossas conversas... – Sorri para minha melhor amiga.

– Eu também garota. Mas confesso que não senti falta nenhuma dessas suas encucadas com o Rick. – Ela falou em um tom engraçado.

– Boba!

– Eu? Vamos dar o nome certo aqui, hein? – Sorrimos juntas.

– Tem notícias do Espo? – O olhar dela demonstrou a resposta antes que as palavras saíssem da sua boca.

– Não. A última carta dele dizia que logo após o Natal ele estará indo pro Afeganistão.

– Não... – Eu estava incrédula.

– Preciso seguir em frente. Ele pediu para que eu seguisse em frente. Foi o que combinamos.

– Oh Lanie!

– Tudo bem garota. Já não tenho mais lágrimas para chorar. Vai ficar tudo bem. Mas me conta! Como é a Califórnia?

– Então... – Sorri sapeca. – Eu comprei minha moto...

Ficamos horas e horas conversando. Lanie pediu nosso almoço pra lá de atrasado após o chocolate quente. Comida chinesa. Contei sem resumo tudo que tinha acontecido nesses meses na Califórnia. Sobre meus novos amigos e tudo que me cercava por lá. Era muito bom estar perto da minha melhor amiga novamente.

Amanheceu muito frio naquela manhã do dia 20 de dezembro. Papai e mamãe acordaram mais cedo que o de costume. Foram preparados para Coney Island, onde trariam algumas coisas especificas que guardaram na cabana para a noite de Natal. Com pena de mim e do frio que assolava Manhattan, eles me deixaram dormindo. Mamãe sussurrou em meu ouvido que estariam de volta o mais breve possível. Levantei preguiçosa por volta das 8 horas da manhã. Pela janela do quarto eu não via mais nada além de flocos brancos caindo por toda cidade. Sem pressa e respeitando meu metabolismo, preparei um café simples, assei duas torradas na torradeira e tomei meu café da manhã preguiçoso. Pijamas largos, cabelos bagunçados. Hoje seria um dia para mim mesma. Pelo menos era o que eu planejava antes de ouvir a campainha.

–Meus pais já voltaram? – Questionei-me enquanto caminhava até a porta. – Ué, vocês já volta... – Fiquei paralisada ao ver a imagem do Rick do lado de fora do meu apartamento. Todo coberto de flocos de neve.

Música: Sara Bareilles - Breathe Again

– Posso entrar? Tá frio aqui fora. – Ele tentava aquecer o próprio corpo. Meu Deus! Eu estava toda jogada. Tentei passar as mãos no cabelo para dar ao menos forma.

– Ok, entra. – Falei sem empolgação e abri mais a porta deixando passagem.

– Uau! Bem mais quentinho aqui. – Ele falou dando um pequeno sorriso.

– Rick, o que você quer? – Falei com os braços cruzados sobre o peito e encostando meu corpo na parede ao lado da porta.

– Você sabe o que eu quero Kate. – Ele falou se aproximando. Olhos vidrados em mim. Eu acabara de paralisar. Os olhos pequenos, cerrados, me analisam cuidadosamente.

– Rick... – Murmuro.

– Eu quero conversar com você. A gente precisa conversar. – Ele solta essas frases, dá um passo para trás e retira o gorro cheio de gelo da cabeça.

– Também quero. – Tentei soar assertiva, mas acho que vacilei.

– Seus pais? – Ele perguntou enquanto tirava o cachecol, as luvas, colocando-as no bolso do sobretudo e pendurando-os no cabideiro da entrada.

– Saíram. Pode entrar. – Me dirigi para a sala. Ele me seguiu. – Eu vou só trocar de roupa...

– Não precisa, você está linda. – Baixei a cabeça, não conseguia encará-lo. – Você é linda. – Em silêncio sentei na cadeira de frente para ele que sentou no sofá.

– Você quer começar? – Perguntei arqueando a sobrancelha e cruzando os braços sobre a barriga.

– Kate... Eu sinceramente ensaiei mil vezes o que te dizer antes de bater aqui na sua porta, mas eu não sei o que planejei falar no começo ou o que decidi falar no final, portanto vou logo para o foco... – Ele suspirou alto e profundo. Senti a garganta secar. – Kate, eu te perdi? – Meu coração não sabia mais qual era o ritmo normal de se bater. Engoli a saliva como se fosse a última gota de líquido da minha vida. Ele precisava começar assim?

– Rick... – Minhas mãos suadas puseram meu cabelo atrás da orelha. Visivelmente eu estava trêmula. Não era assim que eu imaginava começar essa “conversa”.

– Por favor, Kate, só me diz se a gente tem ou não tem mais chance? – Eu e ele respiramos fundo, quase que simultaneamente.

– Eu não sou a dona da resposta Rick. – Ele me olhou com medo no olhar. – Nem você, nem eu temos a resposta.

– Eu fui um perfeito idiota e só agora vendo a real chance de te perder pra sempre eu consigo perceber o tamanho dos erros que cometi. Kate, eu sei que não te mereço, mas, por favor, me deixa tentar de novo. Deixa-me provar que eu te amo. – Ele falou enquanto se posicionava na ponta do sofá. Suas mãos gesticulavam como quem iria me tocar a qualquer momento.

– E quantas chances você vai precisar Rick? – Falei descruzando os braços e cerrando o cenho. – Quantas chances você vai receber e depois tacar fogo? Nós dois sabíamos que não seria fácil. Você me garantiu diversas vezes que ia ficar tudo bem. Cometeu mil erros e eu te perdoei porque você disse estar mudado. Você me deixou ir porque me deu a certeza que ficaria tudo bem Rick. Você prometeu! – Foi inútil lutar contra as lágrimas que começavam a escorrer no meu rosto.

– Eu sou um estúpido! E eu sei disso, mas eu imaginei que seria mais fácil do que está sendo porque eu te amo... Você também me prometeu Kate! Ambos prometemos! Mas erros acontecem. Nós podemos errar.

– E onde está o erro Rick? Em eu ter acreditado em você? Em eu esperar encontrar em você um porto seguro? Pensar que você confiaria em mim? Ou ter confiado em você?

– Não diga isso Kate. Você sabe o quanto eu te amo. Você sabe disso! – Ele veio em movimento a tocar minhas mãos.

– E VOCÊ RICK? VOCÊ SABE O QUANTO EU TE AMO? – Eu levantei bruscamente e fiquei de pé atrás dele. – O QUANTO ME MAGOOU?

– Se eu estou aqui é porque eu te amo mais que a minha própria vida e quero consertar o que fiz. – Ele fica de pé e vem em minha direção. – Sei que você me ama também. Por favor, eu só...

– Então porque você faz isso Rick? Por quê? – O choro me calou instintivamente.

– Porque sou um imbecil imaturo e insano. – Ele elevou as mãos à cabeça e seu corpo se aproximou do meu. – Mas eu te amo Kate. Eu te amo para sempre. Eu prometi sem esforços e sem mentira que iria te amar sempre. Always. Lembra? – Ele segura meus braços e minha força se esvai. Não posso encarar seus olhos, mas sei que ele me encara. – Você é boa demais para mim, mas eu te amo.

– Você tá me matando Rick. – Foi tudo que consegui balbuciar.

– Me perdoa meu amor. Perdoa-me. – Ele começa a chorar e larga meus braços. Suas mãos agora secam suas próprias lágrimas. Ele se joga num sentar vencido sobre o sofá.

– Eu não quero acabar desse jeito Rick. Não quero. – Ao começar a cessar as lágrimas essa frase sai formulada como num susto. Ele se levanta, pega minha mão e me ajuda a sentar ao seu lado. Sentamos um de frente para o outro. Ele seca minhas últimas lágrimas com o polegar. Aconchega parte do meu cabelo atrás da minha orelha e acaricia delicadamente minhas bochechas.

– Eu fiz a besteira de achar o que não deveria. Criei a paranoia de você não me querer mais. Utilizei minha mente fértil para imaginar coisas irreais. Achei que um litro de vodca ia me ajudar a encarar a possibilidade de te perder... – Ele fungou intensamente, como quem tenta a todo custo segurar o choro. – Eu só piorei tudo!... Eu sinto tanto Kate.

– O que aconteceu naquela festa? – Perguntei respirando fundo.

– Não aconteceu nada. Eu bebi demais enquanto circulei pela pista de dança. Eu sinto muito em dizer isso, mas não me lembro de quase nada Kate. Só lembro-me do Jay me chutar na grama do campus e pedir pra eu entregar a chave do quarto. Nem sei dizer como cheguei até lá. – Ele respondeu ainda soluçando.

– Jay disse que você conversou com umas meninas. Lembra-se disso?

– Meninas? Que meninas? – Ele me olhava incrédulo.

– Você jura que não lembra Rick?

– Eu juro! Eu não lembro Kate! É sério! – Passo a mão no rosto puxando meus lábios com as pontas dos dedos. Um claro sinal que estou preocupada e aborrecida.

– Porque você está se tratando daquele jeito Rick? Porque te encontrar largado naquela situação me deixou muito assustada. O que deu em você?! – Ele desviou o olhar para baixo enquanto achou minhas mãos para apertar levemente.

– Eu tentei diminuir a sua ausência. Ouvir e imaginar meninos no seu dormitório me deixou sem dormir por 3 dias. Eu tive muitos pesadelos. – Ele ainda não me encarava. – Tenho gasto muito tempo num bar ali perto. Vou lá para escrever, buscar inspiração já que você... Você não está aqui. Entre esse tempo meus amigos dizem que a bebida iria me ajudar a te pôr em segundo plano na minha mente e focar no livro. Mas é apenas uma perda de tempo Kate. – Ele agora olhava em meus olhos. – Uma medida desesperada. Porque eu nunca vou conseguir te colocar em segundo plano. Nunca vou conseguir te esquecer.

– E o que te faz pensar que entram milhares de homens no meu dormitório? Rick! O Henry é apenas um amigo! Ele é um nerd bobo que curte a mesma série que eu. E pra te fazer soar mais ridículo, acho que a Vick e ele estão ficando. Para de encucar com coisas que você não pode ver. Imaginar nem sempre é a melhor opção.

– É. Minha imaginação me faz cair em muitas armadilhas. – Ele passou as mãos no rosto como quem tentava acordar de um pesadelo.

– E por que tentar me esquecer? – Perguntei tristemente.

– Eu e minha imaginação pensando um milhão de besteiras sobre nós. – Dobrei os lábios expressando decepção.

– E você quer viver um relacionamento de imaginação ou de verdade Rick? Me responde.

– Claro que de verdade Kate! Eu só me deixei levar por pessoas que não fazem ideia do que é realmente amar alguém como eu amo você. Eu fui estúpido. Mas eu te prometo que isso não vai mais acontecer, eu só preciso de uma chance. – Balancei a cabeça negativamente. Ele me olhou assustado.

– Eu preciso pensar.

– Kate, por mais tempo? – Ele perguntou decepcionado.

– Sim Rick! Por mais tempo! – Falei com ar mandão. – Deixa aquela má imagem sua sair da minha cabeça...

– Me diz ao menos se você me dará mais uma chance.

– Rick, primeiro pensa em parar de beber. Isso não vai te levar a lugar nenhum. Você mesmo já chegou à conclusão que é inútil. Então pra quê ficar estragando sua vida por nada? Você tem um futuro brilhante. Por favor, não estrague. Independente de ser esse futuro ao meu lado ou não. Cuide-se! – Supliquei-o. Ele ficou me admirando com um sorriso bobo.

– Eu te amo por todos os ângulos. – Ele suspirou. – Você me ensina tanto. Quando penso que já te conheço você vem e me surpreende.

– Então me surpreenda também Rick. Surpreenda-me de maneira positiva. Prova pra mim que você pode amadurecer na nossa relação. – Ele sorri de maneira leve. Tranquilo. Um silêncio já conhecido preencheu o ambiente. Em questão de segundos, em meio ao silêncio, nos envolvemos num abraço a princípio amigável. Apesar de tudo eu estava com tanta saudade de sentir-me em seu abraço. De sentir seu perfume amadeirado. De sentir a mão dele deslizando pelo meu cabelo. Sua respiração quase em cócegas na curva do meu pescoço.

– Saudades de você. – Ele falou arfando em meu ouvido enquanto ele me pressionava em seu abraço envolvente e em seguida beijou meu pescoço me fazendo soltar um ar que eu nem lembrava que havia prendido.

– Rick... – Eu falei enquanto ele encarou meu olhar com nossas testas quase coladas. A respiração ofegava. As mãos dele apoiadas em meu pescoço. Ele sorriu e me roubou um beijo de quina balançando minhas estruturas. Em seguida roçou a ponta do nariz no meu, separou-se de mim devagar, sorriu minimamente, levantou-se do sofá e caminhou em direção a porta. Eu fiquei como que hipnotizada na mesma posição no sofá.

– Kate, pode abrir a porta para mim? Está fechada... – Olho pela janela da sala e percebo o quanto está nevando.

– Rick... – Suplico. Levanto-me até a porta e vou a sua direção. – Espera um pouco... – Digo baixinho. Ele me encara com certa dúvida. – Está nevando muito agora.

– Tudo bem, eu preciso ir. Vou deixar você pensar. – Ele informa enquanto arruma o gorro na cabeça.

– Para com isso vai! – Falei carinhosa. Foi mais forte que eu. – Não tem problema. Eu posso fazer chocolate quente. – Pisquei. Ele sorriu e concordou voltando a retirar o gorro.

– Não tenho como recusar chocolate quente. – Caminhamos até a cozinha. O clima ficou mais leve.

Conversamos sobre assuntos diferentes. Ele me contou como o campus da Columbia funcionava e suas peculiaridades. Trocamos informações sobre direito. Ele me contou as novas ideias sobre o livro que estava escrevendo. Contei como eu e Vick passamos a nos dar bem... Como dois amigos com segundas intenções, conversamos sobre várias coisas enquanto o chocolate nos aquecia.

Olhei mais uma vez pela janela e a nevasca só aumentava.

– Acho que o clima não vai me ajudar. – Rick falou.

– Também acho que não. – Sorri. – Topa ver um filme? De repente de tarde o clima melhora. – Sugeri. Ele sorriu.

– Ok. Eu escolho...

– Nada a ver! Eu que escolho...

Enquanto discutíamos sobre quem escolhia o filme e qual, ouvi meu celular tocar. A essa altura eu já tinha até esquecido dos meus pais.

– Oi pai!

– Katie, está tudo bem aí querida? – Papai perguntava do outro lado da linha.

– Tudo. Vocês estão voltando? – Mesmo Rick estando de costas, eu pude o ver praguejando algo.

– Filha, não vai dar pra gente voltar hoje. A nevasca está embaçando tudo e algumas estradas estão fechadas. Achamos mais seguro ficar por aqui e retornar amanhã cedo. Você vai ficar bem ai?

– Vou sim pai. Vou ficar bem. – Um sorriso sem pudor se forma em meu rosto. Rick percebe e corresponde timidamente.

– Olha, sua mãe deixou parte do almoço de hoje descongelado, mas se preferir peça entrega de algo para comer no almoço e na janta ok?

– Tudo bem pai. Pode deixar.

– Então está bem querida. Até amanhã!

– Até pai! – Assim que desligo vejo o olhar do Rick sobre mim. Tentando disfarçar ele deposita a caixa de DVD sobre a mesa de centro.

– Eu deixo você escolher o primeiro filme. – Sorri sapeca e caminhei em direção aos DVD’s.

– O primeiro? – Perguntei maldosa.

– Bom, é... Assim... – Ele arranhou a garganta. – Ainda está nevando muito e... Você ficar aqui de férias sozinha também deve ser chato e eu... Eu posso fazer companhia pra você. Se você quiser...

– Tudo bem Rodgers. – Sorri largamente. – Vamos começar a diversão então...


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Notas finais do capítulo

MAS OI?!
QUE DIVERSÃO É ESSA EM PRODUÇÃO?
Minha gente, isso vai dar certo ou não?
Essa nevasca foi do bem ou foi do mal?
Estou sentindo fagulhas de reconciliação... Mais alguém com o mesmo feeling?
Sugestões para o próximo capítulo? Apostas?
COMENTEM! ;D