Lembranças escrita por Natalia Beckett


Capítulo 29
Calming down


Notas iniciais do capítulo

Gente linda que eu amo, tudo bem?
Galera hoje eu to postando esse capítulo sem responder os comentários do capítulo anterior porque eu estou muuuuito atrapalhada aqui com minhas rotinas. Mas eu prometo que de amanhã não passa ok? Responderei os comentários lindos, fofos e que me deixam radiante do capítulo de hoje e do anterior. Amo vcs s2.
Música de hoje: Gabrielle Aplin - Home - https://www.youtube.com/watch?v=daSO6bqHSGQ



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A mãe da Lanie trabalhava o dia todo e costumava muitas vezes chegar tarde. Lanie me ofereceu um chá que eu de muito contragosto tomei. Aos poucos minha respiração voltava a um compasso mais humano. Lanie acariciava meu cabelo.

– Como se sente? – Suspirei o mais fundo que pude.

– Mal... Sinto-me péssima Lanie. – Meus olhos ainda ardiam por tantas lágrimas derramadas e outras ansiosas para sair.

– Oh Kate... – Ela me fez sentar e agora falava olhando nos meus olhos. Era visível que ela estava com pena de mim. Eu não queria isso. Não queria pena de ninguém. Mas eu estava extremamente frágil e por mais que eu tentasse disfarçar meu desespero, não conseguiria. – O que aconteceu exatamente?

– Rick no intervalo me carregou para um lugar até então misterioso. Ele não me disse até chegarmos lá. Ele arrombou o cadeado de acesso ao telhado. É um belo terraço Lanie. – Eu funguei buscando ser mais forte que as lágrimas. – Ele me disse que estava levando a sério. – As lágrimas desceram. – Ele disse que me amava todo esse tempo Lanie. Ele disse que nunca me esqueceu. E... Eu fiquei tão certa... Tão certa de nós dois.

–Oh girl... Calma amiga respira. Respira. – Lanie passava a mão nas minhas costas. Eu inspirei e respirei fundo.

– Na saída vínhamos cuidadosos de mãos dadas no corredor, nos atrasamos para o retorno do intervalo e de repente fomos pegos pelo inspetor Harris no terceiro andar.

– Logo aquele abominável?!

– Lanie... Ele nos levou para a diretoria e o senhor Miller... O senhor Miller falou de Stanford na frente do Rick... – Lanie fez cara de surpresa e dor simultaneamente. Eu estava fragilizada novamente –... Lanie eu tentei... Eu tentei dizer para ele antes de entrarmos na sala, mas a secretária nos interrompeu... Eu tentei, mas não deu tempo Lanie, não deu tempo!

– Girl... – Ela secava meu rosto. – Erga essa cabeça. Olha pra mim Kate. – Eu tentava buscar ar. – OLHA PRA MIM! – Ela falou com tom firme. Eu a olhei.

– Lanie...

– Kate, preste atenção. Não fique assim desse jeito girl. Seque essas lágrimas e vamos pensar numa solução.

– Que solução Lanie? Ele não vai querer me escutar. Ele não quis me escutar.

– Garota, ele vai te escutar. Ele te ama Kate! Alguém que ama não deixa de amar da noite para o dia! Ele vai te escutar. Só que hoje não foi um bom dia. Ele precisa respirar assim como você.

– Eu fiz tudo errado. Eu fiquei prolongando o tempo para abordar esse assunto com o Rick e acabou que o tempo me traiu. Como sempre! – Minha voz era fraca, medrosa.

– Kate, não tem tempo nenhum te traindo. Você pode até ter se enrolado com o dia pra conversar com o Rick sobre isso, mas não é o fim do mundo. Girl... A forma que ele ficou sabendo foi muito dura! Se ponha no lugar dele Kate! Ele é um cara que tinha a fama de ser o destruidor de corações no Texas. – Arqueei minha sobrancelha questionando Lanie. – O quê? Vai me dizer que não sabia disso?

– Claro que não Lanie! Quem tinha contato com ele depois que ele viajou foi você. – Dei de ombros.

– Enfim... Kate, para ele ter declarado todo o sentimento pra você... Girl, ele tá levando realmente a sério. Acredite! Ele deve estar chocado garota... Ele tinha acabado de entregar pra você o coração dele e do nada ele descobre que você planeja ir pra mais de 3.000 km de distância no fim do ano. Pensa um pouco!

– Eu... Eu... Ok Lanie... Tudo bem, eu dei mancada, mas ele não precisava ter agido daquela forma, ele sabia que eu tinha algo para dizer pra ele antes de entrar naquela sala Lanie. Ele sabia!

– Girl, um tempo... Ele só precisa de um tempo...

– Quanto tempo Lanie?! QUANTO?! – Eu tinha raiva de mim mesma e todas as verdades que estavam diante de mim, mas apenas a Lanie me fazia enxergar.

– Ei! Calma, o tempo você vai sentir, você saberá. Só não deixe que ele se estenda muito assim como você fez com o assunto de Stanford. Fora a possibilidade de ele te procurar primeiro. – Eu baixei a cabeça apoiando meu rosto sobre minhas mãos. A ficha estava caindo. Minha mente ficava um pouco mais clara. – Mas Kate, acredite. Vocês são feitos um pro outro. Eu duvido muito vocês não se entenderem. – Lanie apoiava-se no centro de madeira na frente do sofá o qual eu estava sentada. Ela buscava olhar em minha face, me passar equilíbrio.

– Eu espero que você esteja certa Lanie. – A encarei. – Eu realmente o amo.

– Eu sei garota, eu sei. Agora vamos lá... Lave esse rosto que... – Meu celular toca. Dei um pulo para atendê-lo. Será que era o Rick? Será que ele estava querendo fazer as pazes? Mas assim que olhei, era apenas minha mãe. Fiquei abatida imediatamente.

– Oi mãe.

– Oi querida, onde você está? Cheguei mais cedo e não te encontrei... Você não está com o Rick está?

– Não mamãe... – Deixei escapar o tom de voz desanimador. – Estou na Lanie.

– Oh... – Já ela deixou escapar um ar de alívio. – Quer que eu te pegue ai?

– Não, eu já estava saindo. Chego em 20 minutos.

– Tudo bem querida. Espero-te. Beijos.

– Beijos.

Fiz como prometido e em 15 minutos eu cheguei à minha casa.

– Oi filha! Como foi o seu dia... – Ela virou para mim. – Que carinha é essa meu amor?

– Nada demais mãe... – Direcionei-me para meu quarto.

– Katherine, volte aqui!

– Ah não mãe... Esquece... – Eu me joguei na cama de bruços, mas ela logo se sentou ao meu lado.

– Kate, o que houve entre você e o Rick? – Eu neguei com a cabeça. – Kate, eu não quero te forçar a nada. Mas você me angustia quando fingi que nada lhe atinge. Quando prefere conviver com o medo do escuro do que acender as luzes do seu quarto. Quando prefere não gritar ao ver um inseto. Quando prefere o calor do travesseiro ao invés do colo da sua mãe. – Eu agora a olhava timidamente.

– Mãe... – Me sentei e a abracei.

– Oh meu amor... Tão pouco tempo atrás era meu pinguinho de gente. – Ela acariciava meu cabelo e me aconchegava no seu colo. Era uma sensação que me arrebatava de conforto e segurança.

– Eu e Rick brigamos mãe. Brigamos feio. E é minha culpa.

– O que houve com vocês?

– Ele descobriu sem ser por mim que eu pretendo ir para Stanford. Ele está muito magoado, não quer falar comigo.

– Meu amor, você sabe que isso era inevitável. Deveria ter conversado antes.

– Eu sei... Mas mãe, eu estou apai...

–... Apaixonada? Você o ama? – Meu olhar esperava uma reprovação. Mas eu confirmei. – Isso é bom meu amor. Ser jovem é provar de todos esses turbilhões de sensações. Presta atenção Kate... Você e Rick têm duas escolhas, ou vocês não desistem ou vocês vão ter que armar artimanhas para juntar essas duas opções; Califórnia e Nova York.

– Juntar? Como assim? Mãe, você quer dizer que eu e o Rick podemos continuar juntos mesmo estando tão distantes?

– Sim. Mas não estou dizendo que isso seja fácil. Nem que seja aconselhável. Mas isso só depende de vocês. – Naquele momento meus olhos sorriram assim como meus lábios. – Eu só quero que você seja feliz Kate, que esteja feliz. Isso inclui o seu passado, seu presente e seu futuro. – Ela passeou o dedo na ponta do meu nariz fazendo um carinho singelo.

– Mãe, eu pensei nisso, mas achei que isso era coisa da minha cabeça imatura.

– O amor é imaturo querida. E é ai que se encontra a graça. É ai que passamos a aprender a cair e levantar novamente. Aprendemos como curar as feridas e como não ferir novamente. Aprendemos como construir um verdadeiro relacionamento. – Ela passou a mão carinhosamente no meu rosto. – Eu e seu pai fomos muitas vezes cabeças duras. Muitas vezes por minha culpa. Mesmo com tantos desencontros e tropeços, nós nos encontramos e tivemos a melhor premiação depois de toda essa maratona... – Ela me olhava doce, serena, olhar marejado. –... Você! – Abri um largo sorriso. – E eu não me arrependo nem um momento por tudo que eu deveria ter feito e não fiz. Por tudo que deveria ter sido e não fui. Porque todos esses erros me fazem ser o que sou e ter o que tenho. – Esse ‘ter’ era direcionado para mim. Eu estava pela primeira vez materializando todo o sentido de amor na minha frente.

– Eu te amo mamãe. - Nos abraçamos forte, apertado. Senti gotas caírem no meu ombro. Mamãe chorava docemente.

– Eu te amo mais do que tudo nessa vida querida. Mais do que tudo. Por isso quero que você se encontre Kate, quero que você seja feliz em todos os sentidos. Feliz por inteira. Mesmo que muitas vezes a vida não seja justa, você precisa lutar. Precisa ir atrás do que te mantém em pé. Do que te faz feliz. Mas não carregue o mundo em seus ombros. Eu estou aqui.

– Eu sei mamãe. Eu sei.

Queria me manter aninhada ali para sempre. Aquele era o melhor lugar que eu desejaria estar em toda a face da Terra. Logo depois papai chegou e nos pegou naquela cena tão comovente. Ele ficou parado na porta nos admirando. Trocando olhares corujões. Mas senhor Jim era muito forte para chorar e para não cair em tentação balançou as sacolas que escondia atrás das mãos.

– Será que minhas princesas topariam uma comida chinesa?

Pulamos da cama e jantamos todos juntos. Eu ainda não estava feliz e por isso não comi o tanto que costumava. Isso chamou a atenção do papai.

Ajudei mamãe a arrumar as coisas na cozinha e nos sentamos todos juntos no sofá em seguida. Era uma das coisas boas de fazer, e eu nunca mais havia feito. Esse momento de família. Momento simples, mas que preenche a gente com um sentimento indecifrável. Estávamos rindo, conversando, papai contava algumas piadas e mamãe muitas vezes silenciava nos admirando.

Tudo tinha um ar de perfeição. De ninho completo. De lar doce lar. Tudo seria realmente perfeito se esse vazio aqui dentro do meu peito não estivesse como uma chama que me consome.


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Notas finais do capítulo

E ai gente? Quem será que vai procurar o outro primeiro? O Rick vai procurar a Kate ou a Kate vai procurar o Rick? Alguém vai ter que tomar iniciativa não é mesmo?
Comentem florzinhas e cravinhos. ;)