Agora os riscos eram muito maiores. Eu era uma grande ameaça para o senador, não sei se isso é bom ou ruim. O medo de ser exposto pode fazer com que ele seja muito mais perigoso que antes. Não quero entrar nesse mundo de novo, nesse mundo em que temo pela minha vida e dos que eu amo, agora parece que tudo ficou muito mais emocional. O medo da morte aumentou, quero viver minha vida com Rick, me casar com ele, ter filhos com ele, envelhecer ao lado do amor da minha vida.

Vou deixar o tempo cuidar de Braken, minha mãe sempre disse que a verdade sempre vence. Um dia todos vão saber o que ele fez, pode não ser por minhas mãos, mas saberão. Nesse dia eu estarei lá para ver a queda dele, para mostrar tudo o que sei que ele fez a minha família e a de outros inocentes.

- Vamos para cama. – Ele me ofereceu a mão.

Ele era mais que perfeito. Me entende, me faz feliz como nunca pensei ser ao lado de homem. Eu o amo com todo o meu coração. Só tenho a agradecer por tudo que ele faz por mim.

Eu sorrio levemente e aceito sua mão. Ele me leva para o nosso quarto, vejo a cama muito convidativa com mais travesseiros que o normal, e a luz do banheiro acessa vou até a porta e vejo que ele preparou um banho para mim com sais. Só de olhar já comecei a relaxar.

- Tire a roupa e entre na banheira que eu já volto. – Ele disse e saiu do quarto.

Vou tirando cada peça de roupa lentamente, meu corpo todo dói e minha testa lateja. Minha blusa ainda está úmida em contato com o ar frio do quarto me faz sentir não só frio, mas dor em todos os músculos. Quando tiro a calça vejo que machuquei minha perna também, deve ter acontecido na hora em que cai na floresta. No meu tórax começam a aparecer manchar escuras que amanhã com certeza ficaram tão roxas quando a mancha que tenho no rosto.

Caminho lentamente para o banheiro e entro na água quente que mais parece um macio edredom bem quentinho me envolvendo. Deixo escapar um gemido de aprovação e sorrio, fecho os olhos e encosto minha cabeça na borda da banheira. Sinto o perfume dele, abro os olhos e vejo que ele me trouxe uma caneca com algo para beber que parece está quente, pois vejo a fumaça sair do recipiente.

- Beba um pouco de chá de camomila. Vai te acalmar. – Me entregou a caneca e se sentou em um banquinho ao meu lado.

- Obrigada. – Dou-lhe o sorriso que dou todos os dias de manhã, mas que agora não consigo mais tira-lo do meu rosto quando estou perto dele.

- Demore o quanto quiser no seu banho. Quando sair você vai ganhar uma massagem de corpo todo de Richard Castle. – Falou sorrindo. Ele sempre tenta me animar e quase sempre consegue.

- Hum... Parece ótimo. – Novamente fecho meus olhos e descanso minha cabeça no encosto.

Despertei um pouco confusa, não vejo Rick ao meu lado. Decido sair, pego meu roupão e me enrolo nele, escovo os dentes e vou para o quarto. O encontro sentado na cama com o notebook nas pernas, provavelmente escrevendo. Quando me vê abre um sorriso que eu amo, o sorriso de menino que ele tem me deixa hipnotizada, faz eu me apaixonar mais por ele.

- Já ia te chamar. – Ele fechou o notebook e guardou.

- Acho que cochilei lá – Ri.

- Hoje à noite você vai receber o tratamento do grande Rick. – Brincou. Foi no armário e pegou a caixinha de primeiros socorros. – Primeiro vou cuidar desse corte no seu rosto. Você é linda demais para ficar com cicatriz. - Fez bico e ela riu.

- Não precisa, já cuidaram disso lá na delegacia e eu lavei com sabão.

- Você hoje não vai mandar em nada, detetive. Apenas fique quieta e aproveite.

Ele passava suavemente o algodão embebido em merthiolate em volta e em cima do ferimento, após limpar passou uma pomada cicatrizante e pôs um band-aid. E como se fosse um pai cuidando de uma menininha de cinco anos deu um beijo no hematoma a fazendo rir e o beijar em agradecimento. Ele pegou uma pomada relaxante muscular e aplicou no hematoma da perna dela que suspirou ao primeiro contato do gel gelado com a pele sensível.

Ele cuidava com todo carinho e não podia deixar de sentir uma grande raiva de quem tinha feito aquilo com sua amada. Ele sabia que ela podia machucar bastante qualquer um que a irritasse, mas como podiam fazer tamanha covardia com uma mulher? Só de imaginar aquele tal que ele conheceu há três anos a torturando já ficava com um nó na garganta. Dispersou os pensamentos ruins e foi dar o tratamento que sua musa merecia.

- Agora tire esse roupão e se deite de bruços. – Foi ao banheiro pegar o óleo de amêndoas.

- Desde quando você é tão mandão?

- Desde que quase fiquei viúvo antes mesmo de me casar. – Ele falou brincando, mas viu o olhar triste dela. Kate baixou a cabeça e ficou olhando para as mãos.

Se eu soubesse que isso aconteceria nunca teria aceitado a proposta do detetive de narcóticos. Nem me deram a opção de conversar com ele, de contar para ele qual seria o meu papel naquela investigação. Fiquei entre a vida e a morte, quase perdi tudo o que tinha construído e o que ainda vou construir e acabei sendo salva pelo homem que matou minha mãe. Se fosse há alguns anos atrás não sei como teria lidado com tudo isso, nem sei se teria sobrevivido.

- Hey. Esta tudo bem agora. – Se aproximou dela e a abraçou deixando um beijo no topo de sua cabeça.

- Rick, me desculpa. Se eu soubesse que... – Ele pôs um dedo nos lábios dela a interrompendo, já sabia o que ela iria falar e não fazia nenhum sentido.

- Kate, porque está se desculpando? Você não teve culpa de nada, você é a vítima nisso. Vem, esqueça-se disso e deixe-me cuidar da minha noiva.

- Eu fiz você ficar preocupado. A Gates e o detetive não me deixaram falar nada com você, me desculpe. – Ela o abraçou mais apertado escondendo seu rosto em seu peito. Ele a envolveu em seus braços e assim ficaram alguns minutos, apenas sentindo os corações batendo e o subir e descer das respirações. Ela estava viva e ao seu lado.

Se separaram do abraço com um beijo carinhoso e cheio de amor. Ela deitou na cama e ele sentou-se ao seu lado, jogou um pouco do óleo sobre as costas dela e começou a espalhar com os dedos fazendo uma leve pressão nos nós que tinha nos músculos tensos de Kate, começou pelos ombros que pareciam duas pedras de tão tensos foi descendo calmamente e lentamente se demorando em cada parte das costas dela, aplicou um pouco mais do óleo e continuou a massagear, depois de perceber que os músculos das costas estavam mais relaxado seguiu para as pernas e depois para os braços. Deu atenção a cada parte do esbelto corpo da detetive, percebeu que ela adormeceu durante o relaxamento.

Tentando não acordá-la, ele se levantou e foi buscar o pijama dela. A colocou virada de barriga para cima e colocou a camisola nela, sempre tentando ser cuidadoso para não a despertar. Ela estava tão cansada emocionalmente e fisicamente que só percebeu os movimentos quando ele a pegou colo e a deitou de maneira certa na cama, pois ela tinha se deitado com os pés no travesseiro.

- Castle, o que você está fazendo? – Perguntou com voz sonolenta quando ele a colocou deitada no travesseiro.

- Te aconchegando na cama. – Sorriu e beijou a testa dela.

- Como eu entrei nessa camisola? – Só agora ela percebeu que estava vestida e coberta por um edredom.

- Eu coloquei ué.

- Obrigada. – Sorriu. – Agora venha deitar aqui comigo, quero o meu ursinho para abraça-lo. – Sorriu travessa.

- Ei. Está me chamando de gordo?

- Não, claro que não. Só estou dizendo que você é fofinho e macio. - Ele se deitou ao lado dela que logo o abraçou e deitou a cabeça no peito dele.

- Durma bem, minha linda. Amanhã farei o melhor café da manhã que você já teve. – Beijou a bochecha dela. Ela respondeu dando um beijou em seus lábios carinhosamente.

Deitou-se novamente em seu peito e ele a abraçou e adormeceram assim depois de um dia difícil. A vida para eles nunca tinha sido fácil, sempre que estava tudo indo bem aparecia mais um obstáculo. Mas ele superariam tudo sempre juntos.