As Long As You're There escrita por iheartkatyp


Capítulo 9
You take my breath away.


Notas iniciais do capítulo

Oi, galerinha. Tô atolada e cheia de coisas pra fazer, mas consegui um tempinho pra escrever. Espero que gostem, obrigada a todos que estão sendo pacientes.



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Mesmo com a decisão de ficar com Marina mais do que tomada, Clara não conseguia deixar de imaginar o momento que teria de contar tudo para Cadu e também explicar toda a situação para Ivan. Começou a trabalhar oficialmente para Marina, e as duas passavam os dias todos juntas. As coisas com Cadu haviam melhorado, mas Clara vivia preocupada. Com o bistrô indo bem, Cadu ficava cada vez mais tempo fora de casa, e a doença que lhe foi descoberta nas últimas semanas. Com pouco esforço, ficava cansado e isso lhe causava sérios problemas psicológicos também. Tudo isso pesava na balança quando Clara pensava em Marina, e na promessa que as duas fizeram. Felizmente, sempre que estava com ela, nada disso a perturbava.

Com as mãos pra trás, Marina deu um beijo na bochecha de Clara.

–Tenho que pegar o Ivan mais cedo hoje. –Avisou Clara. –Ele tem uma reunião do colégio, e o Cadu tá com o carro... Tô ferrada. –Comentou.

–Eu posso te levar. –Disse Marina, como se fosse óbvio.

–Ah, que isso Marina, eu não quero te incomodar.

–Me incomodar? –Marina riu. Aproximou os lábios do rosto de Clara, fazendo com que a dona de casa sentisse todos os músculos se contraindo. –Desde quando você me incomoda? –Soltou, estalando os lábios nos de Clara, que corou.

–Você me mima muito. –Disse. –Eu vou ficar mal acostumada assim. –Com um bico nos lábios, ela sorriu timidamente.

–Vamos, eu te levo. –Marina a puxou pela mão, até que as duas estivessem no carro.

Ivan esperava pela mãe do lado de fora do colégio. Não estranhou nada quando viu a mãe sair do carro de Marina, que saiu junto com ela. Adorava o tempo que passava com a mãe, e via que ela estava sempre mais feliz quando estava com Marina. Via os olhos dela transparentes enquanto as duas caminhavam na direção dele. De longe, viu o pai fatigar. Andando depressa, Cadu avistou os três de longe.

–Ué, Cadu, você não mandou eu vir? –Perguntou quando o marido se aproximou.

–O que ela tá fazendo aqui? –Perguntou, sendo totalmente grosso. O ciúmes chegava a engrossar sua voz, deixando-a assustadora.

–Não seja indelicado, Cadu. Ela é minha amiga. –Disse Clara, tentando não olhar para os olhos de Marina, que estavam totalmente envergonhados no momento.

–Cadu, não precisa se preocupar. Eu já estou indo. –Disse Marina, com a voz quase sem conteúdo. Os olhos mareados não se permitiam ser tratados daquela maneira. Queria estalar os dedos no rosto do bonitão grosseiro, mas se contentou. Pensou em Ivan. A criança mais doce que ela já havia conhecido no mundo. Aquela história não a pertencia. Ela não deveria estar ali. Sem pensar duas vezes, andou em direção ao carro. E não se abalou, nem ao menos se despediu, nem ao menos olhou para trás.

Clara tentou conter a vontade de xingá-lo de todos os nomes que lhe vieram á mente.

–Eu não sei quem é você. –Disse, com os dentes cerrados e os pulsos coçando.

–Muito menos eu. Só vejo pais e mães aqui. Você é a mãe. Por acaso agora ela é o pai do meu filho? –Esbravejou, sem se importar se os dois estavam em frente ao colégio do filho ou não. Clara trincou os dentes na própria resposta. Não queria ser indelicada, mas aquele insulto não merecia de maneira alguma uma resposta educada. Com o rosto vermelho, ela falou baixo:

–Não ouse falar assim dela. Ultimamente, tem sido mais pai que você.

Respirando fundo, ele resolveu não dar continuidade á aquela discussão.

–Você entra ou eu entro?

Vendo o rosto do filho totalmente inexpressivo, Clara entrelaçou os dedos nos dedos minúsculos de Ivan e o puxou para dentro, deixando Cadu parado ali mesmo. De onde não saiu tão cedo.

Marina chegou em casa com o rosto vermelho. Foi, aos poucos, se dando conta do que estava fazendo. Ela bagunçou a vida de duas pessoas, de uma família. Um casamento. Um filho. Aquilo parecia pesar na balança da decisão de Clara e ela tinha certeza que pesaria muito. Com os dedos finos enfiados no bolso da calça saruel que vestia, ela suspirou fundo, de forma que seus pensamentos foram absorvidos. Ou melhor, interrompidos. Interrompidos pelo barulho rangido da porta da frente do estúdio.

–Que cara vermelha é essa? –Perguntou Vanessa, fechando a porta. “Ótimo”, pensou Marina, “Mais uma pra me chatear”. Contando até dez, ela se afastou de Vanessa sem nem ao menos responder a amiga.

Clara saiu satisfeita da escola de Ivan. Os professores elogiaram o menino e disseram ser um ótimo garoto. Ela o levou para tomar sorvete, e foi para casa. Com medo de cruzar com Cadu, pegou as escadas que davam em frente á porta do apartamento de Helena.

–Leninha, preciso conversar com você. Tô tão chateada, mas tão chateada. Se pudesse, nem entraria em casa hoje.

–O que houve, minha irmã? –Perguntou, enquanto entrava no quarto e puxava a irmã mais nova pela mão, como uma coleira. Com o rostinho preocupado entregando sua tristeza, Clara suspirou antes de explicar-se.

–O cadu. –Ela disse. –A Marina me deu uma carona pra escola do Ivan, e hoje a gente tinha reunião lá e ele me viu com ela, fez um escândalo, Leninha, um escândalo. Ainda tô passada. A Marina nem me deu tchau, saiu andando. A coitadinha nem respondeu a alfinetada dele.

–Ô Clara, e você deixou ela ir embora desse jeito? Não foi atrás?

–Eu ia atrás dela na frente do Cadu? Eu preciso falar com ela, mas ela nem atende minhas ligações, irmã. Coitadinha. Tô morrendo de vergonha.

–Eu fico com o Ivan, vai atrás dela. Pede desculpas. Ele foi grosso... Você tem motivo. Vai lá, minha irmã. Não deixa essas coisas passarem, porque elas pesam na balança também. Vai lá, corre. –Deu um tapa na irmã, quando ela levantou-se da cama já com o sorriso no rosto. Era impressionante como Marina a deixava contente. –Passa na floricultura antes. –Berrou, vendo Clara sair do quarto sorridente.

A campainha tocou e Vanessa estava estressada o suficiente para ignorá-la. Infelizmente, lembrou que ainda estava em horário de trabalho. Com o corpo mole, levantou-se do sofá e foi até a porta. Quando a abriu, a vontade era de fechá-la novamente. Clara estava parada do outro lado, com o buquê de rosas vermelhas vibrando em seus braços. Com o vestido justo no corpo, ela abriu, sem dizer nada. Sem perder a oportunidade, alfinetou:

–A Marina tá dormindo. Não tá na hora de brincar de casinha.

–O que você tá falando? –Perguntou Marina, do alto das escadas. –Pode subir, Clara. Vanessa, pode ir. Já passou da sua hora.

–Mas...

–Vai. Eu quero conversar com a Clarinha.

Os pés fracos lhe levaram até a porta do quarto, onde esperou até que Clara subisse as escadas. Quando viu o sorriso no rosto da dona de casa, uma força lhe fez sorrir também. Os olhos brilharam ao ver o buquê que ela carregava.

–Aqui, pra você. Me desculpa por hoje, por favor. Me desculpa. O Cadu foi um idiota, e eu não quero que você pense que não vou te defender. Eu vou me separar do Cadu e eu te garanto... –Quando terminava de dizer, Marina avançou nela, jogando para longe o buquê de flores. Tocou os lábios nos dela, sem o mínimo pudor. O beijo feroz deixou o corpo de Clara totalmente sem forças, de jeito que ela quase caiu quando suas pernas estremeceram. Os olhos fechados com a maior força que já fez, e os lábios preenchidos pelos lábios de Marina.

–Eu quero tanto você. –Disse como um suspiro no ouvido de Marina. –Você me provoca desse jeito e eu fico tão sem... –Ela respirou fundo. –Tão sem fôlego.


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