As Long As You're There escrita por iheartkatyp


Capítulo 2
All I want to know is, can you come a little closer?




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Marina carregou Clara por todas as partes do salão. A apresentou para grandes fotógrafos e também para os melhores amigos delas. Um deles, fez uma pergunta um tanto desconfortável.
–Vocês estão juntas? –Perguntou a mulher loira que Marina havia acabado de apresentar para Clara. Marina ficou em silencio, esperando a resposta de Clara.
–Não... Eu sou casada. O meu marido está aqui. –Respondeu, totalmente envergonhada.
–Somos só amigas. –Marina completou.
As duas se entreolharam e saíram para cumprimentar mais pessoas. Vanessa fitava as duas de longe, possessa e cheia de ciúmes de Marina. Ela se aproximou das duas de forma discreta.
–Não acha que já está na hora de você comer algo, Marina? –Perguntou.
–Não, não, eu to bem. Van, avisa pra todo mundo que já vamos para a minha casa. O jantar lá já deve estar pronto. Você. –Ela apontou para Clara. –Vai comigo. –Clara sorriu, e seguiu Marina. As duas estavam andando juntas há tanto tempo que Clara mal se lembrava que estava acompanhada do marido. Ela o chamou e avisou que todos iriam á casa de Marina, e que isso incluiria os dois e também Chica e seu acompanhante.
Marina pediu que seu motorista levasse Clara e sua família para a festa e mordeu-se para não convidá-la para ir em seu carro. Marina viu em Clara a tranquilidade e inocência de uma dona de casa. Viu nela a família que nunca teve. Seus pais sempre foram preconceituosos com a opção sexual de Marina, e os dois moravam fora do país. Seu pai a sustentava e acompanhava seus projetos, mas os dois só se falavam quando o assunto era negócios. Ele a desprezava na maior parte do tempo, a tratava como se seu trabalho não fosse importante e muito menos respeitado. Marina viu em Clara a chance de ter uma família. Clara tinha um brilho especial, sua inocência era algo essencial em sua aura tranquila. Marina se encantou no momento em que a viu.
A entrada triunfal de Marina fora ainda mais bonita na festa. Clara sorria para ela e Marina devolvia o sorriso com o dobro da intensidade. No meio das escadas, a morena fraquejou.
–Desculpa, gente... Eu to só passando um pouco mal... É só uma tonteira.
–Tudo culpa daquela sua dieta maluca. Eu falei que tinha que comer. Vamos subir e você deita um pouquinho. –Alertou Vanessa. –Ricardo, ajuda aqui.
O primo de Marina subiu até a metade da escada com a intenção de ajudar Marina, mas ele teve de carrega-la. A morena desmaiou e seu corpo ficou totalmente mole. Espasmos eram dados de sobra pelos convidados da festa. Clara sentiu uma pontada de preocupação, e desejou ter intimidade o suficiente para subir as escadas e fazer companhia para Marina. A boca entreaberta dos convidados deixava Clara sentindo-se culpada. Ela deveria ter alertado Marina que ela estava sem comer há horas.
–Coitada. –Comentou Clara, agarrando-se á mãe.
–Ela parece tão magra. –Comentou Chica.
–Pronto. Chegamos. –Disse Vanessa, abrindo a porta do quarto de Marina. Ricardo era um primo distante de Marina, e os dois haviam se reaproximado depois que Gisele, filha de Ricardo, começara a trabalhar para Marina. Gisele era uma das assistentes que trabalhavam com Marina em seu estúdio, e uma de suas preferidas. Era competente, bonita, e já até fizera fotos para Marina.
–Ai, Ricardo, obrigada, viu. –Agradeceu Vanessa, enquanto Ricardo carregava Marina nos braços. Ele a colocou na cama enquanto Gisele e sua mãe entravam no quarto. –Aprontou, hein, moça? Sabe o que é isso? Dieta. Essas suas dietas malucas, você praticamente não come. Tá sem comer desde o café da manhã.
Os olhos de Marina já estavam abertos e ela já sentia sua cabeça doer quando ouviu Vanessa lhe dando uma bronca por não comer. Ela, por outro lado, mal conseguia lembrar de nenhuma comida. Só conseguia pensar em Clara e no sorriso que ela dava quando desmaiou.
–Só emoção de uma noite feliz. –Disse Marina, fechando os olhos e reproduzindo os olhares de Clara para ela várias e várias vezes.
–Bom, nós vamos pedir desculpas aos convidados e você não vai descer mais. Vai descansar. E nem pensa em beber! Vai comer alguma coisa.
–Uma fruta, pelo menos, Marina, um suco. –Disse Branca, mãe de Gisele.
–Não, não, gente. Eu não quero que vocês acabem com a festa.
–Deixa que eu e a Gisele cuidamos disso. –Disse Vanessa. –Enquanto isso, toma um banho, coloca uma roupa bem confortável e eu vou preparar algo pra você comer.
–Eu vou descer. –Disse Ricardo.
–Obrigada, primo.
–Bem quietinha, viu, moça? –Disse Vanessa, segundos antes de fechar a porta e deixar Marina sozinha no quarto.
Ela entrou no banheiro e se jogou na banheira. Não parava de pensar no sorriso de Clara e na cara de espanto que a mesma fez quando Marina fraquejou no meio da escada. Seus olhinhos preocupados. Marina sorria sozinha, esquecendo-se até da dor de cabeça que já nem a incomodava mais.
Cadu explorava a cozinha de Marina e também os chefs que nela estavam. Curioso, enfiava o dedo de degustador em todos os pratos que passavam por ele. Clara entrou na cozinha procurando pelo marido.
–Cadu! Bem que a mamãe disse que você só podia estar na cozinha.
–Tava conversando com o chef, fazendo negócio.
–Que negócio, Cadu? Tá todo mundo indo embora.
–Como embora? Eu ainda nem jantei direito.
–Você não jantou porque não quis. A Marina, a fotógrafa, passou mal e ela nem vai descer mais. Tá todo mundo indo embora pra ela poder descansar. Vamos embora também.
–Mas eu to com fome, Clara, eu não consegui nem jantar. –Clara não se preocupou em ouvir o que o marido tinha a dizer, e puxou-o pela mão para fora da cozinha.
–Tchau, viu. –Cadu se despediu dos chefs com quem havia conversado.
Quando Vanessa voltou ao quarto, Marina já estava enrolada nos cobertores brancos e confortáveis esparramados por sua cama. Ela se sentou ao lado de Marina, com um copo de suco de laranja e um sanduíche.
–Cheguei, aqui, ó. –Ela entregou o copo á Marina. –Seu mal é fome e o seu remédio acabou de chegar.
–Ah, você exagera.
–Exagero nada, não quero você desmaiando por aí de novo.
–Pode parar com o sermão, tá? Você não devia ter deixado todo mundo ir embora. Não aconteceu nada demais, eu só fiquei... Zonza.
–Zonza, gelada e branca. Claro, ficou todo mundo preocupado. As pessoas não queriam incomodar.
–A Clara também foi?
–Que Clara? –Perguntou Vanessa, por mais que soubesse exatamente de quem a chefe falava.
–Ah, pelo amor de Deus, Vanessa! Pra ser uma assistente perfeita você precisa lembrar de tudo. Tudo. Até do que você não sabe.
–Eu sei quem é. –Disse Gisele, entrando no quarto. –Ela já foi sim.
–Ótimo, então amanhã mesmo você vai pegar o telefone dela pra eu ligar. –Vanessa observou a expressão de Marina enquanto ela falava de Clara. Ela havia passado a noite inteira falando daquela mulher, e Vanessa já estava se corroendo de ciúmes.
–Hoje eu não vou sair daqui do seu lado, tá bom? Vou dormir aqui com você pra qualquer coisa que você precisar.
–Obrigada, Van. –Respondeu ela, sorrindo para a assistente.
–Agora come, vai, come! Come tudinho.
Já passava da meia-noite quando Clara voltou seus pensamentos para Marina.
–Cadu. –Ela sussurrou para o marido, já de olhos fechados. –Ei, tá dormindo, Cadu?
–Tava quase, amor, fala.
–Nada não, bobagem.
–Você tá sem sono? –Ele abriu os olhos para fita-la.
–Ai, to aqui pensando, o que será que aconteceu naquela festa? Porque será que ela passou mal e desmaiou?
–Ah, frescura de artista.
–Não. –Discordou Clara, achando Marina verdadeira demais para ter ataques de estrelismo. Aquele era apenas o trabalho dela, e aquilo não fazia dela uma pessoa fútil. Ela parecia se dedicar tanto, colocar tanto o coração nas fotos que Clara começou a acreditar que as aparências enganam. –Deve ter alguma coisa. Sabe o que eu ouvi de alguns convidados? Que ela pode tá grávida.
–Será? Bom, se tá não dá pra perceber.
–Ah, mas pode ser né... Ai, coitada. Tomara que não seja nada de grave. –Clara suspirou. –Amei a exposição. E ela é linda! Mais bonita do que eu jamais imaginei. Achei ela assim... Divina. Eu adorei a festa, pena que acabou quando tava começando, né. Eu achei que eu ia me esbaldar, dançar... Cadu, eu bebi meia garrafa de champanhe! Mamãe, mamãe que não bebia há anos bebeu também.
–E eu só posso pensar no risoto que eu perdi por ter ido nessa exposição e nesse jantar que eu nem jantei, né? –Cadu deu um beijo na bochecha da esposa. –Deixa eu dormir, amor, beijinho e boa noite. –Ele se virou para o lado, apagando todas as luzes. Clara continuava sentada na cama, pensando em toda aquela noite.
No fim das contas, a noite havia sido melhor do que ela imaginava. Além de conhecer pessoas maravilhosas, ela conheceu Marina. A mulher excepcional que a surpreendeu com tanta beleza. Clara havia se encantado pelo jeito que Marina tinha com a câmera. Antes de conhece-la, já sabia que Marina era divina atrás de uma lente. Mas depois que a conheceu de verdade, viu o tamanho do amor que Marina apoia em suas fotografias. Viu o jeito com que ela lidava com a fama, sendo sempre gentil e muito dedicada. A verdade é que tudo em Marina encantou Clara. Aqueles sentimentos, no fundo, a assustavam. Não sabia o que estava sentindo, mas não descartava nenhuma das inúmeras possibilidades que vagavam sua mente.


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Notas finais do capítulo

Não se animem com a rapidez em que os capítulos serão postados no início, viu, galera? Essa semana é frouxa por causa do feriado mas semana que vem já é semana de branco! Mas prometo uns 5 até lá, pelo menos.



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