O menino em minha frente era lindo, eu nunca sentira aquilo antes mas quando eu encontrei seus olhos azuis, senti pela primeira vez o que Olaf chamava de estar apaixonada? Não, eu não podia sentir. Eu NÃO QUERIA sentir. Mas, algo nele me despertava algo que eu nunca tinha sentido, e aquilo estava me matando. Ele se desencostou da grade e veio caminhando em minha direção com uma das mãos no bolso.

Não, não se aproxime de mim. Pensei desesperada.

Ele chegou no meu limite e por conta própria meus poderes saíram do meu controle, um raio de gelo o atingiu certeiro no coração, cobri minha boca com as mãos ao vê-lo vacilar e se apoiar no cajado, ele deu um suspiro e se ergueu ereto. Um sorriso brincalhão apareceu em seus lábios.

–Querendo me matar?

–C-como...c-como você...s-seu coração... - Eu não conseguia achar palavras.

O primeiro garoto que conhecia e me interessava eu matava, ótimo Elsa meus parabéns, senti lágrimas querendo cair mas as contive. Ele percebeu isso, algo que ninguém, NINGUÉM, nunca percebia. Cobri meu rosto com as mãos, não suportando ver a imagem dele se congelar em minha frente.

Mas por incrível que pareça, senti seus braços se enroscarem em meu corpo, em um abraço meio desajeitado, e apesar de não ser chegada a essas coisas o abracei de volta. Eu não o conhecia, mas ele me fazia tão bem, que parecia que nos conhecíamos a eras.

–Ahnnn... - ele disse um pouco envergonhado, se afastou e estendeu a mão direita. - Jack Frost.

Acho que eu devia ter corado, porque ele segurava um riso e sua mão tremia.

–Ah? Desculpe-me sou...

–Elsa? Elsa de Arendelle? - Ele perguntou recolhendo a mão. Jack riu e coçou a nuca. - Foi mal se pareceu estranho mas...eu vim te procurar por uma razão, e espero que você me entenda e não me ache maluco.

– O que? - Perguntei aflita.

–Primeiro. Você acredita na lenda de Jack Frost? No menino que saiu do gelo, e tal? - Balancei a cabeça positivamente, meus pais me contavam essa história desde que eu era criança, óbvio que eu sabia. E era uma que eu mais acreditava, mais que o Papai Noel ou o Coelho da Páscoa. - Isso vai facilitar meu trabalho. - Ele disse com um sorriso torto.

Os próximos minutos ele passou contando-me sua história, seu cajado fazia desenhos no ar e no chão, ele pulava, saltava e girava por todo o salão e eu não pude fazer nada além de ouvi-lo. Quando ele terminou se sentou na ponta do cajado - como ele fazia isso? - e sorriu.

–Quer dizer que...você está numa missão. Para me...proteger? - Pergunto após um tempo. Cruzo os braços. - Proteger de que? Exatamente.

Ele desceu do cajado e desenhou algumas coisas, eu não sabia o que eram, mas na parte em que ele desenhava, o gelo parecia negro, analisei com calma e pelo que me pareceram, eram cavalos...cavalos negros? Jack sorriu levemente.

–Eu não vou contar ainda. Mas tudo o que peço Elsa - ele segurou minhas mãos e pra uma pessoa que controlava o gelo como eu as mãos dele eram quentes. - Me deixe protegê-la.

Sorri e concordei com a cabeça, fazendo-o sorrir também. E então veio a dúvida cruel, respirei fundo.

–Jack...eu acho que posso ter te atingido mortalmente, quando meu gelo atinge o coração de uma pessoa costuma congelá-lo. - Sinto as lágrimas se formarem de novo. - Por favor, diga que vai fazer de tudo pra não congelar cedo.

–The cold never bothered me anyway. - Ele disse sorrindo, falando uma oração de uma antiga música minha. Sorri de volta.