O Último Mago das Sombras escrita por QueenOfLetters


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Heeeey, ok, eu demorei um pouco, mas tá aí. Eu gostei bastante desse capítulo e espero que gostem também :3



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Saí da sala da diretora abalada e Mildred se aproximou preocupada.

– O que houve, querida?

– Parece que... fui adotada. - olhei pra ela perplexa.

– Mas que maravilha! Não era isso que sempre quis?

– Não, você não entende. Ele é louco. Até Madre Hyma sentiu medo!

– Katherine, querida, já te disse para não julgar os outros assim, é errado.

– Tem razão, eu devo dar uma chance. Mas vou sentir saudade de você, Mildred.

– Eu também, querida. - disse com um abraço e lágrimas nos olhos, ela esfregou-os rapidamente e disse disfarçando - Bem, tenho que resolver algumas coisinhas, nós vemos depois, Katherine!

– Espere. Mildred. Por que virou freira? Quer dizer, é doce, bonita e educada. Porque não está com um marido e filhos? Ela sorriu e segurou minhas mãos para responder.

– De que adiantaria tudo isso? Só me afastaria do que é mais importante pra mim, Katherine. A igreja. Sabe, querida, sei que não acredita nessas coisas, mas nunca amei e não queria fazer como minha mãe e as outras mulheres da vila. Todas se casaram, porque, desde que nascemos, fomentam na nossa cabeça que só nascemos para o casamento. Mas eu não concordo, por isso deposito meu amor em quem precisa é em Deus, pois ele é quem vai me iluminar e me encher de amor para ajudar o máximo de pessoas possível.

– Você realmente é um anjo, Mildred. Vou sentir sua falta.

Saí e fui para o meu quarto. Ouvi o meu nome entre cochichos e me escondi atrás da porta para saber do que falavam. Duas garotas estavam do lado da porta conversando em voz baixa.

– Ficarou sabendo que a esquisita da Katherine foi adotada? - Disse Meredith, uma das outras garotas do convento. Era ruiva e tão chata quanto o nome. - O cara é tão estranho quanto ela. Ele tem olhos assustadores. - Deu ênfase na última palavra tremendo o corpo.

– Tal pai tal filha.

Elas gargalharam com desprezo e uma lágrima escorreu em minha face. Nunca chorava, não ia deixar algo assim me abalar. Avancei rapidamente batendo a porta e derrubei Meredith no chão. Dava tapas em sua cara e gritava:

– Ele não é pai! Vou apenas ser sua aprendiz! Não sou esquisita!

Sua amiga de cabelos castanhos gritava pedia socorro e Meredith não parava de gritar. Duas freiras assustadas entraram no quarto. Uma me segurou e outra foi ajudar a garota. Quando ela se levantou com cuidado e se apoiou no ombro da freira que a ajudava e disse com raiva:

– Você é louca! Sua esquisita! Seus olhos não são humanos! Você é um monstro e vai arder no fogo do inferno!

– Menina, não diga uma coisa dessas! - repreendeu a freira apertando seu braço.

– Vamos, Katherine. - disse a que me segurava e me puxava para os lados. Mas eu não movi nem um músculo. A sala ficou escura e meus cabelos pareciam querer voar, mesmo sem vento. Meus olhos ficaram pretos e Meredith começou a se contorcer de dor. Um sorriso sinistro surgiu em meu rosto e a freira ao meu lado apertou meu braço com pavor e gritou amedrontada.

– Pare! Você vai matá-la!

Aquelas palavras me acertaram como uma bala. Matá-la? Não era o que eu queria. A sala voltou a claridade normal, junto aos meus olhos que antes, totalmente negros, agora estavam "normais". Meu cabelo abaixou e Meredith parou de se contorcer. Entrei em pânico. Eu não fiz aquilo!

– N-não fui eu que fiz isso! A culpa não é minha! - gritava desesperada.

Sai correndo e me escondi em um buraco na parede escondido por uma bandeira ao lado da escada. Lágrimas escorriam em meu rosto e eu podia ouvir Meredith dizendo que eu era louca, um demônio. Freiras corriam para todos os lados me procurando. Mas eu continuava ali, escondida. Então, elas desistiram e foram embora. Quando pensei que havia acabado, e que agora podia simplesmente dormir naquele esconderijo, alguém puxa a bandeira. Mildred.

– Você deve estar com fome. - ela me trazia um prato com pão e uma xícara com leite.

– Você sempre me trás comida, não é?

Ela riu tristemente.

– Sobre o incidente de hoje...

– Não quero falar sobre isso.

– Katherine...

– Tudo bem, você venceu! Não fui eu, eu juro.

– Já te disse que jurar é pecado! Pare com isso.

– Mildred! Você quer ouvir o que aconteceu ou me trazer ensinamentos divinos?

– Continue e pare de reclamar. Só estava se ensinando. Mas você não começou da forma correta. O que te fez se jogar em cima dela?

– Ela disse que eu sou estranha, e que Auden, o homem que vem me buscar também. Disse que meus olhos são assustadores. Aí eu me descontrolei e comecei a bater nela.

– Você não deveria ter feito isso.

– Ela não deveria te me fomentado!

– Não se pune más atitudes com más atitudes.

– Posso continuar? Ou você quer ler a Bíblia?

– Não fale assim comigo, mocinha. Desembuche. - Quando Diana a segurou ela disse que eu era louca e iria arder no inferno. Depois daquilo uma onda de raiva me consumiu, e não sei como aquilo aconteceu.

– Tudo bem. Eu confio em você.

– Confia?

– Claro. Mas agora, vamos resolver questões mais importantes. Onde você vai dormir? No buraco?

Eu ri.

– Não, mas não seu se devo voltar para o meu quarto...

– Tudo bem. Vou arrumar suas malas e a cama na enfermaria. Por enquanto, vá falar com Madre Hyma. Ela vai enlouquecer se não for lá agora.

Senti um calafrio percorrer minha espinha. Hyma não costuma ser má, mas eu cometi algo grave. Será que ela me proibiria de ir com Auden? Ou me exorcizariam? Mesmo com um medo enorme e sentindo que caminhava para a morte, continuei andando, porque agora não havia nada o que eu podia fazer. Por onde andava no corredor de pedra e madeira escura, as freiras que cruzavam meu caminho faziam o sinal no Espírito Santo e me olhavam com temor. Aquilo era cruel. Não sou um monstro. Sou?

O corredor escuro agora me dava medo e só entrava a luz de alguns quartos escuros com velas ou da grande janela no fim. Os quadros naquela escuridão eram extremamente sombrios e pareciam me acompanhar com o olhar. O barulho do vento lá fora e das árvores batendo na janelas pareciam aumentar o clima tenso e dar uma trilha sonora ao meu medo. Parei em frente a porta e hesitei tocar a maçaneta. Engoli em seco e abri a porta vagarosamente.

– Madre Hyma?

– Katherine. - ela disse seca. - Sente-se.

– Sim, senhora. - respondi submissa sentando-me.

– Conte-me o que foi aquele escândalo em seus aposentos.

– E-eu estava voltando da sua sala para o quarto e a escutei falando que eu era estranha e outras coisas ruins. Sobre Auden também. Ela disse que estava sendo adotada pela pessoa certa e que "tal pai tal filho" eu fiquei com muita raiva, Madre. Então entrei correndo a comecei a bater nela.

– Onde aprendeu isso, querida? Estamos em um convento.

– Não sei, senhora.

– Prossiga.

– Então as freiras chegaram e nós seguraram. Veio um vento estranho e ela começou a se debater. - dizendo isso eu comecei a chorar perturbada. - Não fui eu, Madre! Eu juro! Não estou possuída! Não sou louca, Madre. Eu não sou um monstro. - chorava pesarosamente.

– Oh, querida! - ela disse rindo. - Ninguém te culparia por um vendaval! Meredith está sendo examinada, deve ser algum tipo de doença. Não se preocupe, provavelmente não é grave e Andrea cuidará disso. - então sua expressão mudou e ela disse brava. - Mas você não deve fazer isso com os outros Katherine. Nunca fez isso, o que deu em você?

– E-eu não sei senhora...

– Não há muito o que fazer agora. No máximo adiar a sua saída. O que acha?

– Não, senhora, eu estou bem. Posso ir. Isso não voltará a ocorrer.

– Assim espero. - ela disse séria. - Bem, querida, já pode ir. Não se atrase amanhã de manhã. Assenti com a cabeça e sai da sala.

Me virei para fechar a porta e fiquei espiando por uma greta.

– O que eu devo fazer, Senhor? - ela perguntou preocupada olhando para o teto e então começou a chorar. Fechei-a completamente e ouvi um alguém pigarreando atrás de mim. Mildred.

– Está doente, Mildred?

– Está espionando, Katherine? - respondeu com o mesmo tom inocente com que eu fizera a primeira pergunta.

– Tudo bem, você me pegou. Ela me laçou um olhar de reprovação e puxou minha orelha.

– Você sabe que isso é errado.

– Ai, ai! Está doendo. - Esse era um dos nossos típicos teatros. Ela me levou para fora do convento e demos grandes gargalhadas. - Shiiii. - disse ela imitando o som de uma cobra com o dedo indicador entre os lábios fazendo um sinal universal de silêncio. - Assim você vai alertar os outros.

Mais risadinhas espalharam-se pelo ar frio da noite, desta vez, mais baixas. Uma corrente de vento bateu em meu corpo me fazendo gelar e estremecer. Ela pareceu se lembrar de algo e voltou alguns segundos depois com dois cobertores.

– Tinha deixado-os separados.

– Faz tempo que não vemos as estrelas...

– Pois é, por isso pensei em fazer isso em nossa última noite juntas.

– Não é a última, voltarei para te visitar.

– Vai nada. Você odeia esse lugar. - Isso é verdade. - eu disse e ela riu.

– Mas vale a pena para ver minha irmã e dar outros tapas bem dados em Meredith. - Ela me lançou um olhar repreendedor, mas logo seu largo sorriso se espalhou.

– Nunca mude, Katherine.

– Acho que você é a única freira que vai dizer isso em toda a minha vida. - ela riu concordando.

Pegamos os cobertores e nós sentamos na grama gelada olhando as estrelas. Estava uma noite fria, mas o céu estava tão belo, que fazia tudo valer a pena.

– Eu vou sentir sua falta, Katherine.

– Eu também, Mildred.

Podia ouvir ao longe o uivo das corujas, misturado ao barulho dos muitos grilos escondidos nas moitas e de alguns sapos na lagoa em baixo do morro. tinha certeza que Mildred chorava, embora não pudesse ver seu tostou ou ouvir nenhum barulho.

Vi sua silhueta esfregar os olhos e meu sorriso se alargou, ela chorava.

– Sabe, eu gosto das corujas. - Ela dizia distraída, como seu eu não estivesse mais ali. - Sei que dizem ser mal agouro, mas elas são tão belas e misteriosas, sabe? Estão livres, voando. Muitos descreveriam seu canto, como algo triste e fúnebre, porém parecem a voz da natureza, dizendo que não é preciso ser comum, para ser bonito e interessante. Elas me lembram você.

Simplesmente não soube o que responder, contudo mal sabia eu que meu silêncio era a resposta perfeita.

Estava em uma floresta. Fechada e escura. Havia árvores para todo lado alguns insetos. Podia ouvir um rio correndo perto de um mim e algumas aves cantando. Ao longe ouvia choro de um bebê. Andei calmamente empurrando as plantas e pisando nas raízes até chegar a uma pequena clareira onde havia uma simples cabana.

A casa rudimentar era feita de madeira e parecia que ia desabar a qualquer momento. Ao seu lado havia uma pequena horta e um braço do rio que corria por aquela floresta. Uma mulher trabalhava na horta. Seus cabelos estavam bagunçados e sujos de terra, seu vestido simples, feito de farrapos, não estava em estado melhor, rasgados e imundos. Ela plantava algumas mudas e tirava as ervas daninhas com mau humor.

– Mamãe! Mamãe! Mamãe! - gritaram duas crianças em coro saindo de dentro da casa. A mãe se virou para elas e com um sorriso perguntou:

– O que foi? - Papai está chegando. - disse o menino, com o cabelo bagunçado e o corpo imundo. Ele parecia feliz. Era muito magro e possuía grandes lindos olhos verdes que se destacavam em seu rosto ossudo.

– Vimos ele acenando pra gente na floresta. - acrescentou a menina. Seu cabelo estava preso em duas tranças no alto da cabeça, ela usava um vestido branco, agora marrom, surrado e segurava uma boneca muito simples e antiga. Possuía os mesmos olhos verdes e o corpo magrelo do irmão.

– Então é melhor começar a preparar o almoço. - ela se levantou com dificuldade e depositou um beijo na cabeça das crianças. A mulher entrou em casa com os filhos agarrados em seus braços. Alguns minutos depois um homem chega carregando madeira e um veado morto pendurado nas costas. Mais três garotos o acompanhavam. O mais velho carregava também carregava lenha, os outros mais novos levavam pequenos animais que não consegui identificar.

– Querida, cheguei! - grita o senhor mais velho colocando o animal no chão e começando a tirar sua pele e prepará-lo. Os dois filhos mais novos jogam sua caça ao lado do pai e correm para a cabana chamando a mãe. O filho mais velho, ofegante, deposita a pilha de lenha no chão e começa a acender uma fogueira.

Possuía olhos castanhos e cabelos pretos, como os do pai, que caiam em sua testa molhados pelo suor. Sua camisa estava dobrada na altura dos cotovelos e manchada de sangue seco de animais. Seu antebraço estava completamente arranhado, mas o que me chamava atenção era uma grande cicatriz no membro esquerdo que começava antes do cotovelo e ia até a mão. Era alto, forte, bonito e seu rosto esbanjava confiança e sabedoria.

Já o pai, embora também alto e forte, possuía um rosto que parecia ter sido deformado por socos, chutes e golpes de espada. Suas sobrancelhas eram grandes e grossas, os olhos olhos miúdos e haviam muitas rugas na testa. Diferentemente do filho, ele parecia querer cravar uma espada em sua barriga a qualquer momento. Devia ser bravo e intolerante, claro que o fato de estar estripando um veado friamente no meio da clareira ajuda a chegar a essas conclusões.

O jovem para o que está fazendo e levanta a cabeça curioso.

– Está ouvindo isso, pai?

– Isso o que? - perguntou impaciente.

– Parece um choro de bebê. - insistiu o garoto. - Está ficando mais alto.

Eu conseguia escutar uma criança ao longe chegando cada vez mais perto. O pai parecia dar os mesmos sinais.

– Vem dali. - ele se levantou e começou a subir o rio. O segui.

– Volte aqui!

– Espere, pai, preciso ver o que é. - dizendo isso ele andou mais rápido e ingnorou as outras ordens. Ele andou cada vez mais rápido ao ver o choro ficar mais alto, então viu um bebê em uma cesta dentro do rio parado na margem, uma cascavel o cercava pronta para o bote.

O garoto pegou a faca em seu bolso e um galho caído no chão. Empurrou a cobra com o graveto e ela se virou para ele. O garoto andou para trás e quando a serpente pulou para golpe ele a acertou de forma certeira com a faca. Ele correu para o bebê e o pegou no colo. Seus olhos eram negros igualmente o cabelo.

Era ele. Era o bebê do sonho passado. Parecia tão pequeno e indefeso que não conseguia imaginá-lo como o monstro que disseram que se tornaria.

– Pai! Mãe! Encontrei um bebê no rio! - ele corria para casa e gritava preocupado.

Mildred me sacudia e pedia para eu acordar com delicadeza.

– Acorde, querida. Temos que voltar para o convento, já foram dormir agora.

– Ah, ok. - disse entre bocejos. - Vamos logo que mal posso esperar para voltar e me deitar

A freira riu e eu esfregava meus olhos com sono. Fui apoiada em Mildred até o meu quarto. O convento estava escuro e era difícil enxergar. Quando finalmente cheguet até minha cama dormi rapidamente.


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Notas finais do capítulo

Eu amo a Mildred :3
PS.: Como eu escrevi pelo celular provavelmente tem vários erros de acentuação e coisas do tipo (Principalmente com "É" e "E" porque ele cismou que acentuar o e '-') então se tiver algum erro me avise ^_^



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