O resto da semana se passou mais rápido do que eu esperava. Madge me levou para visitar enormes lojas de fantasias, ela estava mais do que empolgada com a festa. Eu apenas a seguia como um robô, sorrindo sempre que ela levantava uma peça. Acabei comprando a mais básica que achei: um vestido dos anos 20, uma espécie de tiara com uma pena preta e branca, luvas compridas pretas e uma piteira. Levei cerca de vinte minutos para eu escolher, já Mad levou quase cinco horas entres as varias lojas que visitamos. No fim, ela comprou o vestido branco esvoaçante, imitando Marilyn Monroe. Naquela véspera de Ano-Novo, ela me enfiou em um salão durante o dia inteiro. Meus cabelos ficaram cacheados e curtos, com uma maquiagem escura bem chamativa. Já Mad ficou o dobro do tempo tentando clarear o seu loiro natural e modela-lo. Era quase sete da noite quando chegamos em casa. Quando terminei de pôr as incomodas luvas, Mad deu um grito.

–O que houve? – Gritei quando cheguei ao seu quarto.

–Eu perdi as sandálias brancas. Minha fantasia está arruinada!

Revirei os olhos. Ambas procuramos pela zona que era o seu quarto até encontrarmos a sacola com os sapatos. Realmente, às vezes a minha amiga vivia nas nuvens. Passado todo o drama fomos encontrar Finn e Annie para irmos todos juntos. Os dois estão vestidos de Ariel e Príncipe Eric. Ponto pra mim. Pelo menos uma colega eu havia acertado sobre o que iria vestir. Seus cabelos ruivos estavam mais escuros e ela vestia uma longa saia verde e um top lilás, com uma falsa transparência pelo resto do corpo que a fazia brilhar, além de uma estrela azul que prendia o seu cabelo no alto.

–Gostei da estrela. – Disse Mad quando a avaliou.

Finnick, claramente pouco a vontade com a pouca roupa de sua namorada, revirou os olhos. Ele vestia uma casaca azul cheios de adornos em dourado e pequenas medalhas que só vemos em filmes. Uma calça social azul-escuro e sapatos e seu cabelo estava penteado para trás.

–Muito bonito Sr. Príncipe. – Eu disse, mexendo numa das suas medalhas.

Ele resmungou o quão estava ridículo, mas Annie lhe repreendeu com apenas um olhar, fazendo calar-se na hora. Isso era algo incrível de se presenciar se você convive a tempo com os Odair.

Quando finalmente chegamos ao salão de festas, um mar de roupas parecidas e sem graças cobria cada centímetro daquele salão enorme e oval. Estava muito bem decorado, com um lustre preto no meio do salão, onde presumo fosse a pista de dança, e mesas decoradas em preto e branco, com candelabros negros com velas coloridas. Garçons com mascaras estilo Robin caminhavam segurando bandejas negras com drinks coloridos que faziam um contraste lindo contra a escuridão que os cercava. A quantidade de princesas em vestidos cor-de-rosa claro era incrível, sem contar na quantidade de homens de terno que se diziam vestidos de “noivos” ou “galãs”. E eu que pensava que a minha fantasia estava básica. Uma dúzia de Brancas de Neve dançavam agarrados aos mais estranhos pares, como um Wolverine. Logo fomos direcionados a uma mesa, onde eu constatei pela plaquinha ao lado da minha que Peeta se sentaria ali. Com uma acompanhante. Tentei não olhar muito para o lado, mas meus olhos traiçoeiros reliam a todo o momento: acompanhante do Sr.Mellark. ARGH.

–Olha quem chegou lindo esta noite. – Gritou Madge.

Levantei os olhos para um homem muito bem vestido. Demorei a reconhecer os cabelos loiros, pois a maldita pena atrapalhava minha visão. E eu teria rido se não estivesse achando-o tão sexy. Peeta vestia, nada mais nada menos, que o traje do Indiana Jones! Calças justas escuras, camisa branca e um casaco de couro marrom, além de um chapéu e um chicote que estava preso a sua cintura. Demorei bastante tempo admirando aquele chicote. Ele sorriu aquele meigo sorriso tímido e se aproximou, cumprimentado a todos, inclusive a mim com um rápido beijo na bochecha. Foi muito rápido, mas o suficiente para me fazer arder por dentro. Seguido dele uma garota morena vinha correndo. Ela estava vestida de pirata, com um vestido justo preto com dourado, uma espata de plástico, botas de cano alto com um salto que eu duvidava que fossem confortáveis. Ela deveria ter 15 ou 16 anos, mas mesmo assim me incomodou quando ela se sentou ao lado dele.

–Pessoal essa é a minha prima Sophie. Sophie, esse é o pessoal com quem trabalho.

Ela sorriu e cumprimentou a todos tão afetuosa quanto seu primo. Mas não pude deixar de encarar Peeta quando ele se virou para mim, uma clara pergunta no olhar. Sua pele clara avermelhou-se no alto das bochechas e ele desviou os olhos. Já a sua prima cravou os olhos azuis-claros, como os dele, em mim.

–Katniss, certo?

Confirmei com a cabeça e ela sorriu ainda mais, esticando a pequena mão.

–Ah, Peeta me falou muito sobre você. – Estava preste a dizer algo idiota, como “É mesmo?”, mas ela continuou. – Soube que você fez NYU como ele. Eu queria saber como é a faculdade de lá.

–É uma ótima faculdade. Pretende cursar o que?

–Direito. – Ela fez uma careta. – Meus pais não me deixariam cursar qualquer outra coisa. Tenho que cuidar dos negócios da família já que o meu querido priminho aqui me deixou na mão.

Peeta a encarou com olhos ferozes e ela se encolheu um pouco antes de mudar de assunto de modo sutil. Eu estava quase enlouquecendo de curiosidade, mas respirei fundo.

–De qualquer maneira, vim fazer pesquisa nas faculdades americanas antes de voltar pra casa. Eu adoraria morar em New York, mesmo que seja só por alguns anos.

–Faculdades americanas? – Mad fez a pergunta que estava na ponta da minha língua. Não havia notado, mas todos da mesa estavam nos olhando. – Você não é daqui?

Ela corou e olhos nos do primo por longos segundos antes de se virar para Mad. Esta situação estava cada vez mais estranha e eu realmente não aguentava mais de curiosidade.

–Sou americana sim, só que estou morando em outro país agora.

Ela virou o rosto, claramente dando o assunto por encerado. Mad deu de ombros e se virou para Peeta, perguntando coisas sem sentido nenhum. Era quase onze da noite quando Gale chegou de braços dados com Johanna. Ele estava fantasiado de Coringa! Essa noite seria mais divertida do que pensei. Seu terno roxo e a camisa verde eram vistas de longe, o que me fez cair da gargalhada arrancando olhares estranhos da maioria das pessoas da mesa. Simplesmente apontei para a entrada e logo alguns me acompanharam, mas não Peeta. Ele abaixou o rosto e deixou as mãos em punhos. Suspirei. Eu não aguentava mais isso. Era hoje que eu ia dar um jeito.

–Peeta... – Sussurrei em sua direção, enquanto a maioria ainda ria e comentava sobre Gale.

Ele me olhou com aqueles lindos olhos arregalados por um momento. Eu dei um leve sorriso, o que pareceu tranquiliza-lo. Ele se inclinou em minha direção, como se quisesse que apenas eu ouvisse o que quer que ele fosse dizer... quando fomos interrompidos.