Estava na floresta, perdida em pensamentos, como sempre. Então ouço um barulho próximo ao rio. Talvez um esquilo se afogou?

Fui lá para ver. Coloquei o capuz por precaução e me aproximei do rio.

–A-Alguém aí?! – Perguntei, olhando para água.

Uma cabeça se levantou, me assustando. Um demônio?! Eu gritei surpresa.

–Calma, calma! – Disse o jovem rapaz se levantando do rio. – Eu só fim levar sua alma embora.

Eu andei para trás e tropecei. Ele começou a gargalhar.

–Eu estava brincando – Ele continuava a rir. – Na verdade eu fugi de casa e vim para a floresta.

–Você quase me mata de susto! – Eu disse me sentindo idiota e envergonhada.

–Mas o que uma dama faz sozinha em uma floresta?

–Eu moro aqui.

–Porque mora em um lugar como esse?

–Pois... Eu não quero ferir ninguém.

Ele me olhou curioso.

–Viver assim... Não é triste? – Ele disse.

–Não, é tudo calmo, não preciso me preocupar com ninguém. – Eu dei um sorriso para não começar a chorar.

–Mentirosa... – Ele disse, olhando em meus olhos. – Se está triste, conte para um amigo.

–Mas eu não tenho amigos...

–Agora tem. – Ele disse sorrindo e estendendo a mão para eu me levantar. – E, além disso, o seu cabelo é muito bonito. –Disse depois de eu ter me levantado.

Olhei para cima, surpresa e assustada. Por impulso iria correr, porém quando me virei ele segurou minha mão.

–Não precisa ter medo. Se você quisesse me matar faria isto antes.

–Mas... Eu não quero ferir ninguém...

–Você não fere a ninguém, apenas a si mesma. É claro que as pessoas terão medo. Mas há pessoas como eu, que não se importam com o que tem por fora, e sim com o que está dentro de você.

–Dentro? – Indaguei.

–Sim, seus órgãos! Dariam um bom dinheiro! – Ele respondeu, me assustando. Meu rosto ficou apavorado. E ele começou a rir. – Você é tão fofa que chega a ser engraçado. Eu estava brincando.

–Por que você fugiu de casa?

–Briguei com meu pai.

–Por quê?

–Não é nada demais, apenas um capricho dele. Se eu me opuser ele mudará de idéia. Em breve mandará uma águia me procurar. E aposto que vai ter uma carta de desculpas. – Ele deu um sorriso calmo. Supus não ser nada tão importante.

–Se quiser pode ficar na minha casa.

–Uma moça que mora sozinha convidando um cara para a casa dela? Aceito o convite, será divertiiiiido! – Ele falou, pude notar o que ele quis dizer.

–Se tentar algo eu te mato!

Ele deu uma risada simpática.

–Se preferes assim, não farei nada. Mas se mudar de idéia estarei disposto a te satisfazer.

Mostrei onde morava, a noite caiu e tranquei meu quarto para prevenir certos “Importunos”