''Desculpa dizer, mas ele nunca gostou de ti.''

Essas foram as últimas palavras que ela escutou de seu amigo, antes de sair correndo. Seu coração havia sido estraçalhado e tudo o que sobrara foram cacos e mais cacos do que um dia fora um coração.

Ela passou pelo portão do colégio e saiu correndo, sem rumo. Ela nunca havia sentido tanta dor em sua vida.

Se atirou no chão ao lado de uma árvore e se pôs a chorar. Ele, ele era a sua ruína. Por culpa dele que ela se encontrava tão desesperada assim.

Ele que fingiu ser seu amigo dois anos inteiros, que fez ela se apaixonar perdidamente. Para depois jogar tudo isso no lixo.

Ela sempre achou que no mínimo ele gostasse um pouco dela, pelo menos como amiga. Mas, não. Amigos não fazem isso.

Amigos não fingem gostar de você, somente para tentar transar com você. E agora ela estava acabada, perdida nesse mundo horrível que só trás tristezas e mais tristezas.

Ela abriu sua mochila, pegando lá no fundo do bolso da frente, sua melhor amiga, aquela que nunca á deixava, que estava sempre com ela em qualquer lugar que fosse: A lâmina.

Se sentou no chão, encostada na árvore e se pôs a passar a lâmina pelos braços, em uma tentativa idiota de acabar com a dor. Não, não a dor física e sim a dor psicológica. Ah, ela sim pode levar o ser humano a fazer loucuras como esta que ela está fazendo.

Ela não conseguia compreender o porque de ter sido tão idiota por acreditar todo esse tempo em um hipócrita como ele. E o pior, ela o ama. Sim, ela ainda o ama, por quê ela é uma idiota. É isso o que ela é, uma idiota.

O sangue escorria por entre seus braços, enquanto ela observava. Aquilo lhe ajudava a se focar em outra coisa que não fosse ele. Ela só queria morrer. Morrer e deixar todo esse sofrimento para trás.

Segurou a lâmina firmemente entre seus finos dedos e a levou até o pescoço. Ela sempre achou que alguém iria vir e falar: ''Não, não me deixe, eu preciso de você''. Mas não, ninguém se importa com ela. Todos só a enganam e quem garante que o resto dos poucos que ela considera como amigos, realmente são seus amigos? Aliás, Ele não era seu amigo, então qualquer outro pode não ser também.

Engolindo em seco, ela passou a lâmina com força no pescoço, rasgando-o. Sua cabeça encostou na árvore e seu braço caiu ao lado do corpo, a lâmina caindo ao chão. Ela estava morta.

Acabou o sofrimento, acabou os amigos falsos, amores falsos. Acabou tudo. E ela enfim poderá desfrutar dá doce inconsciência eterna que é a morte.