Embaixo da Pele escrita por Ca_Dream


Capítulo 11
Visita Inesperada


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpem a demora em postar. Mas aqui estou eu. Aproveitem a leitura!



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Elise encarou o papel, relendo a mensagem.

Estou chegando em Paris.

–Elise, o que foi? – Raoul perguntou. – Você parece ter sido pega de surpresa.

–É minha tia. – falou a meia voz. – Ela está vindo para a cidade.

Virou-se para Meg.

–Você disse que sua mãe também recebeu uma carta? – a loira confirmou com a cabeça. – Se vocês me derem licença. – falou aos noivos.

Começou a andar apressada pelas pessoas, procurando por Madame Giry. Encontrou-a em um canto do salão, ainda segurando a carta na mão.

–Ah Elise, não é maravilhoso? Acabo de receber uma carta de Isabelle.

Elise parecia pronta para arrancar a carta das mãos da mulher. A senhora lhe lançou um olhar estranho, notando seu comportamento.

–O que ela diz, Madame?

–Acalme-se. Isabelle já está França. Em dois dias ela chegará a Paris. Quando estiver aqui, mandará que você seja buscada na ópera. Parece que você finalmente poderá ir pra casa.

–Ir pra casa. – Elise repetiu com um sorriso forçado no rosto.

Mas e se... E se ela não quisesse ir?

Passou o resto da festa sem prestar atenção nas conversas das quais era obrigada a participar. O único pensamento em sua cabeça era o homem solitário que vivia no subterrâneo da cidade.

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Quando retornou a ópera aquela noite, Elise foi direto ao seu quarto. Nem se deu ao trabalho de retirar a roupa de gala e já foi abrindo a passagem sob o espelho.

–Erik! Erik! – Elise entrou correndo no covil. Precisou de alguns momentos para recuperar o fôlego.

Ele apareceu na frente dela, a expressão serena.

–O que foi minha pequena? – ele beijou-a levemente nos lábios. Ela o encarou por alguns instantes. Elise então mostrou o bilhete.

–Minha tia. Ela vai me levar para Londres.

Erik se paralisou.

–Não! Não! – ele não podia perdê-la agora. Logo quando tudo parecia estar dando certo. Ele e Elise. Estava tudo tão bem. Nunca sentira tanta felicidade em sua vida. Mas parecia que o destino permanecia com a ideia de provocá-lo.

Só tivera o gosto da felicidade para que mais tarde ela fosse arrancada dele.

–Eu não quero ir. – Elise respondeu desesperada. – Mas não há nada que eu possa fazer.

Não podia se afastar dele agora.

Não, ainda havia uma maneira, Erik pensou.

–Case-se comigo. – Elise olhou para ele, abobalhada.

–Você... Você está... – ela não completou a frase.

–Pedindo você em casamento? Estou. – ela permaneceu em silêncio. – Elise, eu preciso de uma resposta.

Ela agarrou a camisa dele, beijando-o apaixonadamente.

–O que você acha dessa resposta?

Os dois se acalmaram. Perdendo-se nos braços um do outro. Tudo estava resolvido para eles. Aquilo bastava para encerrar a situação.

Eles se casariam e ficariam juntos.

Mas será que era tão simples assim? Será que eles ficariam, mesmo, juntos?

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Isabelle Cavanaugh observou as ruas de Paris tomarem forma pela janela da carruagem. Na última vez que esteve na cidade, tudo era tão diferente. As ruas pareciam às mesmas. Até as pessoas pareciam às mesmas. Mas uma coisa faltava.

Sua irmã Victorie e seu cunhado Alexander não estavam mais ali.

Lembrou-se do choque pelo qual passara quando recebera a carta de Elise meses antes, avisando sobre o incêndio e a morte dos dois. A dor fora avassaladora. A impotência de não poder chegar até a sobrinha fora ainda pior.

Estava nos últimos meses de gravidez na época. Impossibilitada de viajar.

Elise tivera que enfrentar tudo sozinha. Imaginava como ela estaria agora. Depois de tanto tempo. Continuaram a se corresponder por meio de cartas. Elise parecia estar bem, mas volta e meia Isabelle notava certo tom de tristeza em suas palavras.

Então, Ethan nasceu o que deveria ter resolvido à situação. Mas como tivera um parto complicado e como o menino ainda era pequeno tivera que esperar mais uns meses para que o bebê crescesse e ela se recuperasse.

Isabelle tinha propositalmente enviado uma carta a Elise em cima da hora, avisando sobre a sua chegada. Queria fazer uma surpresa à sobrinha, depois de tanto tempo separadas. Só deixou que ela soubesse que estava viajando após ter chegado ao território francês.

Mal podia esperar para vê-la.

Enquanto retornava a sua cidade natal, foi tomada pela nostalgia.

Isabelle deixou que os pensamento e lembranças preenchessem sua mente.

Ela e Victorie brincando e correndo pelas praças de Paris. As aulas de balé. A chegada da adolescência e de como ela e a irmã adoravam provocar os rapazes nas festas e bailes.

Naturalmente, sendo a irmã mais velha, Victorie se casou primeiro. Alexander tinha acabado de se mudar para a cidade na época. Desde que tinham se conhecido, os dois pareciam ter o coração queimando pela paixão. Um ano mais tarde, Elise nasceu.

A pequena conquistava a todos com seus olhos verdes e cachinhos negros. Era ao mesmo tempo teimosa, doce e gentil.

Em uma viagem da família a Inglaterra, Isabelle tinha conhecido Thomas. Tinha passado uma temporada em Londres, mas na hora de dizer adeus, Isabelle não conseguiu. Decidiu-se por ficar.

A notícia pegou a família de surpresa. Era uma loucura querer abandonar tudo por uma paixão. Um capricho. Isabelle e Thomas se casaram mesmo quando todos diziam que o que sentiam não era nada mais do que um amor passageiro de verão.

Dez anos tinham se passado desde aqueles acontecimentos e dois continuaram juntos. Mesmo quando a família dele a tinha acusado de não lhe ter dado nenhum herdeiro, nenhum filho. Thomas continuou ao seu lado. Inabalável.

E dez anos depois, como que por um milagre, Isabelle tinha se visto grávida. Quando o médico lhe dera a notícia, mal pode acreditar. Nove meses depois, Ethan estava em seus braços e ela pode experimentar o momento mais feliz de sua vida.

Não sabia que podia amar tanto alguém até ter o filho ao seu lado.

Voltou a pensar em Elise.

Daria a menina uma família novamente.

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Elise remexia as mãos nervosamente enquanto o cocheiro se dirigia ao Royal Hôtel. Sua tia tinha chegado à cidade e pedido que ela saísse da ópera, juntando-se a ela no hotel.

Iam em direção ao centro de Paris, passando pelo Arco do Triunfo. Enquanto se encaminhavam por ruas cheias de restaurantes românticos, Elise observou o anel em sua mão. Era delicado, forjado em prata e adornado com uma pedra de safira.

Seu anel de noivado. O anel de Erik.

Chegaram à charmosa e elegante fachada do Royal.

Um dos funcionários a acompanhou até o quarto, abrindo a porta e deixando sua mala no chão recostada a parede.

A primeira coisa que notou ao entrar foi que sua tia já esperava por ela, sentada em um dos sofás. Isabelle continuava a mesma, os cabelos lisos e loiros emoldurando o rosto de boneca e penetrantes olhos azuis. Capazes de atravessar a alma de qualquer um.

–Elise! – ela disse se levantando feliz. A menina se encaminhou para ela. As duas se perderam em um abraço demorado.

Elise tinha sentido falta da sensação de estar em família.

–Tia, como é bom vê-la.

–Olhe só para você. Está mais bonita do que da última vez em que a vi. – Elise riu, corando pelo elogio. – Minha querida. Sinto tanto por não ter podido vir antes.

–Está tudo bem, tia. Eu entendo.

–Não acredito que você passou seis meses sozinha.

Finalmente as duas podiam conversar cara a cara e matar a saudade que a distância havia criado.

Um barulho foi ouvido do outro lado da sala. Um choro esganiçado. Elise caminhou até o berço, pegando o bebê no colo.

–Então este é o pequeno Ethan? – perguntou sorrindo. Quando começou a balançá-lo, o menino parou de chorar. Logo estava sorrindo de volta para ela.

–Ele é lindo, não é? – sua tia disse orgulhosa.

–Ele parece muito com tio Thomas. – Elise observou os cachinhos loiros aos tufos na cabeça do bebê e os olhos azuis escuros. Tão escuros quanto o céu ficava em um dia nublado. – Mas ele tem suas bochechas. E as covinhas.

Começou a brincar com ele e Ethan prendeu sua pequena mão ao redor do dedo dela, agarrando com uma força surpreendente para um bebê tão novo.

–E por falar nisso. Onde está tio Thomas? – continuou.

–Você sabe como são homens de negócios, mal chegam a algum lugar e já tem trabalho a fazer. Com certeza está procurando produtos para exportação. Deve chegar aqui logo, logo.

–Elise?

–O quê? – perguntou meio distraída com o menino em seus braços, que já voltava a cair no sono.

–Quem lhe deu este anel?


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