Karollin escrita por Vamp


Capítulo 1
Happy Birthday, M.


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, me desculpem pelos erros ortográficos. Em homenagem à uma pessoa muito querida eu fiz esse one-shot que fez aniversário (we, parabéns). Não levem a sério, eu não costumo fazer histórias de aventura, já que essa é minha primeira, aproveitem a minha criatividade louca.



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De acordo com minha mãe, acordei bem agitado. Tinha coisas para fazer e precisava e calma, o que eu não encontro.
Vesti minha roupa e comi qualquer coisa que havia em cima da mesa, peguei meu martelo, que por sinal estava mais pesado que o normal.
- Já vou indo! - disse à minha mãe.
- Vá com cuidado, e Damon dê os parabéns para Karollin por mim.
- Pode deixar - fechei a porta da entrada da minha casa.
Estava ansioso para começar o dia, era o aniversário de Karol, minha amiga de infância, e eu não sabia o que fazer. Só precisava falar com o comandante para terminar a missão que eu concluíra.
No caminho para o centro da cidade, Rocksville, vi o anúncio:
" 01 de março
Festival das Luzes
Venha conhecer
Rocksville"

E naquele momento passou pela minha cabeça o que eu deveria fazer. Como, eu não tinha a mínima ideia. Fui em direção do Sr. Montway para receber minha recompensa.
- Olá pequeno Damon! De pé tão cedo? Trouxe minha encomenda?
- Ah, sim comandante, aqui está - entreguei-lhe os pacotes com cristais verdes e logo recebi um pequeno saco. Abri com cuidado para conferir o combinado - obrigado, sempre que precisar estou às suas ordens.
- Obrigado criança, até mais!
Já havia guardado o suficiente, não sabia o que fazer com todo o dinheiro do mês que havia sobrado. Não costumo fazer tantas missões para economizar. Sou um pouco diferente de algumas pessoas por aqui.
- DAMON! - alguém gritou meu nome. Era Dubh, é o exemplo correto de ambição que eu precisava.
- Há, oi lobo - sorri meio sem jeito - o que está fazendo aqui?
- Acabei de voltar de uma missão com a Cast, fizemos uma parceria temporária, mas não aguento mais essa garota irritante, ela fala demais.
- Você sempre foi de fazer missões sozinho mesmo. Aconteceu alguma coisa? - perguntei por educação.
- Ela é forte e tudo mais - disse ele sempre pensando nos benefícios - e você e a Karollin, ainda estão juntos? - riu.
- J-juntos como? - me descuidei por um momento.
- Ué, a dupla dinâmica de sempre, vi vocês indo para Cave Story esses dias - aquele cara, ele consegue ter a cara mais maliciosa que qualquer um.
- Ah, sim. Aqueles três minotauros não foram fáceis. Falando na Karol, hoje ela faz aniversário hoje - afirmei. Vi Cast, a garota de cabelos dourados e encaracolados chegar e ouvir um pouco da conversa.
- Olá cogumelo azul, ia chamar você e aquela baixinha para nos acompanhar no Festival das Luzes - Cast Ruine era um pouco mais alta Karol, cerca de 5 ou 7 centímetros - é uma pena - terminou a garota.
- Cogumelo azul é o escambau! E oi, Cast. Na verdade o que eu tinha preparado tem muito a ver com o Festival, mas preciso da ajuda de vocês - esperei uma resposta negativa.
- Ah, claro! Vamos te ajudar - sorriu Dubh, por um momento pensei que fosse sarcasmo.
Ele era brincalhão, frio, egoísta, agressivo como um lobo, os motivos do apelido começaram desde criança. Mas afinal, é meu melhor amigo.
- Então, qual a sua ideia? - Ruine perguntou.
- Bom, pensei nas luzes desse ano serem em homenagem a Karollin - falei envergonhado pois achei me achei idiota.
- Como assim? - indagou a loira.

Flashback on.
- Dam, você não acha que as lanternas do Festival seriam mais bonitas se fossem vermelhas? - olhei nos olhos dela. Brilhantes.
- Uhn? Por que? - estávamos na floresta que era longe de casa. Todo ano havia o Festival das Luzes para comemorar o começo da primavera e o nascimento do Deus Shacom, deus das estações.
- Ora, porque é a cor mais bonita que tem! - Karol sorriu e seus cabelos castanhos caíram para o mesmo lado que sua cabeça.
- Mas só por causa disso? É impossível, você sabe - era impossível pois vermelho era a cor da maldição de Blur.
- Uhmmm... eu queria poder ver. As luzes brancas são tão chatas - resmungou a menina.
Blur e Mira, nasceram num pequeno reino, os gêmeos eram lindos e gentis. Mira nasceu com cabelos vermelhos e todos achavam a garota muito linda por conta da cor que nunca haviam visto, os gêmeos cresceram e a menina coloriu o mundo com a nova cor. Mais e mais amavam Mira e sua cor, Blur ficou inveja e raiva de sua irmã, ele odiava o vermelho e então foi consumido pelos sentimentos de horror fazendo com que o garoto virasse um demônio. Então um dia, o irmão roubou o vermelho. Tudo que era rubro ficou branco, Mira ficou triste, seus cabelos ficaram sem coloração. Mesmo assim a garota ainda era amada por todos e coloriu o mundo com o branco. Blur ficou com mais raiva ainda, mas não roubou o branco, o demônio matou Mira, enfiando uma faca no coração da irmã e ao fazer isso, do corpo saiu um líquido vermelho.
Blur ficou manchado de vermelho. Todos viram aquela cor novamente, a mancha e aquele tom significam morte. Blur ficou manchado de morte.
"Irmão, você pode banir todas as cores, mas o sangue é a prova da minha morte, é a última cor que verá de meu corpo" disse a gêmea. Assim então deixou a maldição para todos os restantes. Mas é só uma lenda local.
- Derrote o demônio então - ri.
- Ora, não é tão fácil assim - minha amiga fez uma cara de triste.
-Faça um pedido para esse ano então - apontei para as lanternas brancas que começaram a subir, os olhos de Karollin eram brancos também, faziam com que brilhasse mais ainda.
No céu vimos uma, duas, três, e depois perdi as contas de quantas lanternas subiram. Fechei os olhos e apenas pedi naquele ano a mesma coisa de sempre, a volta do meu irmão. Vi Karol fazendo seu pedido de olhos fechados, é uma superstição que sempre fazíamos.
- Está pronta? - perguntei. Preparei a minha lanterna, concentrei o poder dentro daquele recipiente cilíndrico de papel ao acender a luz branca dentro do objeto.
Karollin fez o mesmo, soltamos as duas lanternas no céu, foram foram subindo devagar, e as luzes se afastarem de nós fazendo com que a floresta ficasse escura. Seguimos os dois pontos brancos até chegar a um barranco, sentamo-nos para observar o Festival de longe, e todo aquele brilho se juntando acima de nossas cabeças.

Flashback off.

- Como você vai roubar uma cor? - se espantou Dubh.
- Ué, vou derrotar Blur... - falei calmamente enquanto meu amigo enrugava a testa.
- Isso não tem o menor sentido, por quê você pode ser normal? - Cast ficou irritada - você é idiota ou quê? - tinha surtado de vez.
- Mas... Por favor - fiquei sem palavras.
- Eu adoro um desafio épico - piscou Dubh, sorrindo ele olhou para sua amiga.
- Não vou, não, não... Não mesmo - a garota reclamou mas fiz uma cara de cachorro sem dono - aaaah, tudo bem!
- Obrigada! - não falhei. Sorri e abracei os dois em forma de agradecimento. Fiquei ansioso ao convencê-los, puxei meus amigos para voltar para a pequena vila.
- E agora Dammy? Sabe por onde começar? - indagou Dubh, coçando seus cabelos curtos e negros, como um gesto de confusão.
- Na verdade não - fiz uma cara de pau e deu um sorriso amarelo.
- Heee? Isso não vai dar certo, de jeito nenhum - o lobo falou desapontado.
- Venham, vamos falar com a vovó Pant... - tentei explicar.
- Era de esperar de um cogumelo azul não pensante, em vez de dar um presente normal como um óculos ou uma arma - sugeriu Cast.
- Isso soa muito supérfluo - não terminei a frase pois havíamos chega numa casa velha, bem cuidada, com o jardim florido por conta da nova estação que chegara. Nem sabia o porquê do meu presente ser aquele, eu só queria dar algo diferente naquele ano, mesmo que desse tanto trabalho.
Bati na porta da pequena casa e uma velha senhora me atendeu dizendo "Bem-vindas crianças".
- Olá vovó - levantei a mão acenando. Fitei os olhos verdes da senhora, que acabara de fazer um gesto para entrarmos em sua casa. Avistei uma salinha com uma mesa redonda e quatro cadeiras, sentamo-nos em cada uma e enquanto eu tentava lembrar da última vez que estive naquele lugar, o lobo começou a perguntar para a senhorinha de cabelos grisalhos sobre o demônio Blur.
Eu estava bem quieto observando pequeno vasos na janela e alguns livros numa estante daquela sala, tentava ler de longe mas precisava virar a cabeça para a vertical, então desisti.
- Antes disso, vou trazer um lanche - vovó Pant era a típica velhota que sabia de tudo na vila, era a vó de todos - onde está Karollin? Se não me engano, hoje é aniversário dela, não é? - perguntou a senhora, trazendo pequenos pedaços de pão com algo que parecia frutas.
- Ah... É bem isso que íamos falar - lhe disse calmamente sobre minha genial ideia, e ela não se espantou, visto que me conhecia muito bem.
- Não deveriam ter feito isso à dias atrás? Talvez não dê tempo - a velha suspirou. Eu realmente não tinha pensando em como derrotar um demônio, e nem no tempo - a primeira coisa a se fazer é encontrar o corpo de Mira.
Ouvi atentamente as palavras da sábia mulher:
"Só derrotarás o demônio quando ele próprio se derrotar, o sangue de Mira, a vermelha, será a chave de seu coração". Mas, que raios significava aquilo?
- É uma profecia? - indagou Cast, tinha uma mania de entender o que estava em subliminar - ainda não entendi a parte do "ele próprio se derrotar".
- Ué, todos os homens que tentaram matar ele se transformaram em demônios, então... - completou Dubh tentando fazer uma analogia mal sucedida.
- Então eu não posso matar Blur? - perguntei sabendo a resposta.
- Sim - minha cara fechou para a resposta de confirmação de vovó Pant - na hora você irá saber o que fazer Damon. Você não pode pensar em matar, como o resto dos outros.
- Derrotar e não matar? Você só estar de brincadeira comigo - começou o lobo.
- Vocês estão a fim de morrer - Cast começou seu discurso.
Agradeci a vó Pant que nos pediu um pedaço do cabelo de Mira, o que eu imagina que era para fazer algum tipo de macumba. Saímos da casa e fomos em direção à saída da vila, ao encontro do Castelo Vermelho, onde estava o corpo da irmã gêmea de Blur.
- Por que Castelo Vermelho, se nem é vermelho? - Ruine ainda falava besteiras mexendo em seus cabelos loiros.
Senti a presença de alguém chegando.
- Por causa da história, oras. O que estão fazendo aqui? - era Karollin.
Eu senti as veias do meu corpo pulsarem, arregalei os olhos só de ouvir a voz dela. Não sabia o que fazer, eu não pensei em nenhuma desculpa para aquele momento. Gelei, engoli o seco.
- Ah, Karol. Nós temos que ir. Mais tarde a gente se vê! - agi estranho.
- Hoje é meu... - olhei pra trás enquanto Dubh e Ruine me puxavam pelas mangas da minha blusa. Vi o rosto da pequena Karollin, era de decepção. Mas o que eu iria dizer? Eu espero que ela me perdoe.
Me voltei para frente e disse:
- Tomara que ela não fique brava com isso - dei última olhada de canto de olho e vi minha amiga cabisbaixa, ela tirou seus óculos de armação redonda e começou andar em direção à sua casa. A perdi de vista.
- Ela não vai ficar, pode ter certeza - sorriu o lobo.

Flashback on.

- Sente aí, vou te mostrar os passos de uma dança que eu aprendi - Karol colorou sua arma de lado e começou a mexer os braços.
Comecei a rir, mas logo levei um pequeno soco na barriga. Depois do golpe a garota cruzou os braços e fez cara de emburrada. Me levantei e fiz alguns gestos idiotas, balancei meus braços pro lado, mexi a cabeça como se estivesse doido, imitei um pato e comecei a fazer uma dança idiota que lembrei. Observei os olhares de algumas pessoas ao meu redor, e Karol tentou não rir, mas logo caiu na gargalhada.
- Estão todos olhando e rindo de você - falou ela limpando as lágrimas dos olhos, claro, de riso.
- Tudo bem. Mas pelo menos não está mais brava comigo né? - fiz uma cara de carente. Então a puxei pela mão, não queria ficar mais envergonhado, afinal estava fazendo papel de ridículo por ela.
Karollin ainda rindo disse:
- Nunca vou ficar brava com você de verdade, idiota - soltei a mão dela e sorri.


Flashback off.


- Psiu, Dammy - chamou Cast Ruine - estamos perto. Você estava meio distante, por um momento.
- Ah, me desculpe, estava lembrando de algo.
Avistei um castelo branco, poucos metros dali, mas tão branco que não havia como confundir. Tinha uma torre alta, com um pequeno símbolo que eu não enxergava muito bem. Guardas por todas as partes e eu nem sabia como entrar naquele lugar. Estávamos ferrados.
- Como vamos fazer para... - disse Dubh.
- Shhhhhhh - cortou a menina loira - olhem - apontou para cinco guardas de armadura branca que seguravam uma espécie de lança.
O lobo subiu em uma árvore e sorriu para nós.
- O que pensa que está fazendo, Dubh? - ralhou Cast.
- Nós não temos tempo para isso - completei.
Ouvi o barulhos dos passos se aproximando.
- Ei, vocês dois - se referiam a mim e a Ruine - o que estão fazendo nos arredores do castelo? - vieram em nossa direção.
- A trilha é pra lá - apontou o guarda mais gordo.
- HAAAAAAAAAAAAAA! - gritou o lobo, pulando da árvore em que estava. Com a sua espada na mão golpeou o homem gordo que acabara de cair no chão inconsciente.
Só pensei, "que droga".
- O que está fazendo? - repetiu a garota em nosso grupo. Ficou em posição de ataque e acertou o guarda mais "durão" dos cinco, deu um soco na cara do homem que se afastou um pouco da menina.
- Está com medo de quê? - correndo para o "líder" dos guardas, Dubh perguntou à Ruine.
Eu observava aquilo meio anestesiado enquanto um cara um pouco maior que até mim. Ele me golpeou com o cabo da lança me jogando no chão. Peguei meu martelo de 1 metro e alguma coisa e defendi o golpe da ponta da lança. Me levantei, olhei para Dubh que ainda estava com aquele olhar e sorriso maníacos de luta, aquele cara era doido.
Ruine acertou um chute, depois um soco e no final deu uma cabeçada em um cara meio magricela, ótimo, dois já foram.
- Preste atenção em sua luta, cabeça de giz de cera! - exclamou o guarda chato com cicatriz no rosto tentando me irritar, o mesmo que tinha me golpeado veio correndo em minha direção, agora fazendo uma corte no meu braço com sua lança. Com o outro braço eu levantei meu martelo e disse "Survive".
Fiz com que o cara fosse arremessado para minha frente. Girei o martelo e quase acertei novamente, mas o homem desviou.
O lobo tinha acabado de gritar algo que eu não havia entendido, mas que fez o cara que parecia ser o líder cair no chão. Cast deu um último golpe no guarda durão e ficou desacordado. Senti uma presença atrás de mim, segurei meu martelo firmemente e girei na direção ao homem às minhas costas. Acertei em cheio a barriga do cara, e ele voou para longe, junto aos companheiros inconscientes.
Suspirei como uma forma de alívio.
- E agora? - perguntei ao meu amigo que pegava a armadura branca de um dos cara e entregava para mim. Depois fez o mesmo para Ruine.
- Vamos logo - disse o lobo amarrando os guardas dorminhocos em uma árvore, pegou as duas outras armaduras e jogou em qualquer lugar que era difícil de achá-las.
Estávamos disfarçados e chegamos ao portão principal.
- Genial lobo! - elogiou a garota de cabelos loiros, que escondidos debaixo daquele capacete era imperceptível.
Abriram o portão para nós como se fôssemos da guarda real. O corpo de Mira sempre ficou intacto, claro que tiveram os que roubaram o sangue dela, como nós iremos fazer. Mas por segurança, ficava no castelo.
Entramos naquele lugar enorme, observei como tudo era branco, branco e mais branco ainda. Avistei uma caixa de vidro ao altar do trono do castelo, que continha o corpo da defunta ou sei lá o que era aquilo.
Eu não sabia como chegar lá e tirar o sangue daquele corpo, aquilo não tinha o menor sentido. Já estávamos dentro do reino, Mira na minha frente e uns cinquenta guardas naqueles salão.
Foi quando a coisa mais inesperada surgiu.
Cast gritou e chamou o nome "J" ou "Jéi". Vi alguns guardas indo até aquela coisa, enquanto eu tirava a armadura para correr à caixa de vidro, os meus amigos já lutavam com os soldados, que descobriram a razão do conflito. Três homens já erguiam suas espadas contra mim, eu não tinha tempo para perder. Concentrei meu poder e girei meu martelo, fazendo os três se distanciarem de mim.
Peguei um frasco vazio e uma faca, com cuidado abri a caixa transparente. Mira era gélida, parecia uma boneca. Hesitei em pegar naquele corpo, mas com receio fiz o corte no dedo da morta. O sangue era quente, o que não era de se esperar, afinal ela estava ali fazia séculos. O líquido escorreu no pequeno vidrinho, que logo guardei em meu bolso da calça.
Olhei os cabelos da mulher, eram brancos, o que me fez lembrar da mecha que vovó Pant me pediu, cortei também um pedaço do cabelo e guardei. Dei uma última olhada no corpo, que era branco como tudo aquilo que era naquele lugar e arrumei o vestido da moça. Fechei o vidro e pensei "É apenas um empréstimo de favores, senhorita".
Corri à entrada do castelo onde estavam meus amigos, vi chamas e olhei para cima. A coisa que eu havia dito, era um dragão.
- Mas o que é... - um cara veio em minha direção, golpeei ele com meu martelo e dei um chute em suas costas.
- Conseguiu? - gritou o lobo, lutando contra uns cinco caras de uma vez - venha, esse é o J, dragão da Cast.
Olhei abismado. Aquele negócio era imenso, as escamas eram pretas, os olhos amarelos e as asas... O tamanho delas eram imensas. O animal cuspia fogo nos soldados que eram obrigados a pular da ponte em que estavam, e rio abaixo víamos inúmeros homens tentando salvar sua pele.
- Subam aqui - acenou a garota loira que estava montada em cima do lança-chamas ambulante.
Eu e Dubh corremos em direção do dragão, com medo, é lógico.
- Não quero morrer queimado - disse eu, pisando em alguma parte do corpo do animal para me apoiar.
- Eu não gostaria de ver cogumelo azul queimado também - zombou Cast - é o único jeito de chegarmos rápido. Esse é o J, meu amorzinho.
- Sua zoófila - brincou o lobo, subindo nas costas do dragão.
- É claro, afinal você é um lobo - disse Cast, piscando o olho esquerdo - vamos J, para as ruínas do templo.
Um cara ainda tentou segurar meu pé, eu balancei para não perder o equilíbrio. O animal estava levantando as asas e começou a se afastar da terra. Chutei o homem que acabara de segurar minha bota e me apoiei em Dubh. Olhei para o chão, cada vez mais distante, o nosso condutor gigante era calmo e obedecia lealmente a sua dona. Fiquei mais tranquilo, mas fechei os olhos, segurei firme o braço do meu amigo à minha frente, e tentei olhar novamente o que estava abaixo. Sem sucesso!
Aquela velocidade era horrível, aquele vento no meu rosto também, a sensação era desesperadora. Minhas mãos estavam suadas e o frio na barriga já nem era incômodo.
- Estão gostando do passeio? - indagou Ruine, maldita seja essa garota com suas ideias.
- Claro - afirmou o lobo, que já havia se acostumado - Dammy que está se cagando de medo - riu de mim.
- Humpf, como sabe que devemos ia ao templo? - tentei desviar o assunto.
O ar rarefeito era difícil de suportar, conversar em cima de um dragão então, nem se fale.
- Vovó Pant disse isso enquanto você observava a linda estante da casa dela - respondeu a loira - olhe, vamos pousar logo.
Passamos uns 5 minutos montados e voando no lança-chamas, era desconfortável e nauseante. Essa parte eu prefiro esquecer.
Olhei pra trás antes do dragão descer, e vi algumas carroças e carruagens brancas se aproximando. Teríamos que ser rápidos.
Fui em direção ao templo, estava em ruínas, algumas estátuas tinham pedaços do rosto deformado e partes do corpo quebradas. Os pilares do local eram altos e pareciam que iria desabar a qualquer momento, mas nada fora do normal.
- Ora, oras senhor Burn, o que está fazendo aqui? - uma voz feminina me pegou de surpresa, era conhecida.
Me virei e então descobri.
- Mianni! - me surpreendi, as mechas verdes presas por um rabo de cavalo, os olhos pretos, o sorriso desafiador - Me desculpe eu não tenho tempo pra você agora - lhe disse grosseiramente.
- Não sou eu que estou querendo falar com você - falou a garota revirando os olhos - como você é um idiota!
Caramba, já estava escurecendo, o Festival iria começar. Qual o motivo dessa menina...Não pode ser! Outra garota apareceu.
- Karollin, o que raios você faz aqui? - me surpreendi. Não, ela não. Já bastava a outra garota pra me irritar e agora isso!
- Olá, Dam, vim derrotar o tal demônio - sorriu a garota de cabelos castanhos, arrumando seus óculos ela parecia estar falando sério.
- Todo mundo ficou sabendo que você veio para cá, eu fiquei interessada na recompensa - Mianni pegou seu arco e apontou para mim - passe o sangue da Princesa Vermelha.
- Vocês estão me atrapalhando... Precisam sair daqui. Por que está com ela? - perguntei à Karol. Estava começando a ficar irritado.
Ouvi o barulho das carruagens, uma flecha voou perto de minha cabeça, Karolline acabara de apontar seu canhão para mim, o templo estava às minhas costas fazendo um barulho esquisito. Era o fim do mundo.
- Vamos Damon, não temos o dia todo... - vi mechas castanhas à minha frente, sumiram. Peguei meu martelo e me virei, os olhos brancos me fitaram e eu anulei o golpe de uma pequena garota.
Dubh pegou sua espada, e começou a gritar com a garota de cabelos verdes. Os dois discutiam e o lobo acabara de levar uma fechada na perna. J, o dragão lutava contra uns soldados brancos que tinham chegado e Cast golpeava armaduras brancas por todo os lados, o estilo de luta dela era estranho, mas só sabia que funcionava.
- Por que está fazendo isto Karolline? - me voltei para minha amiga. Fique irritado por ela estar fazendo aquilo, ela queria estragar a própria surpresa.
- Não seja tão egoísta Dam, não é o único que quer a recompensa - ela soltou granadas para todo lugar, eu adorava aquilo, quando não era contra mim. Que droga de recompensa o quê. Eu me segurei para não soltar tudo de uma vez.
Ouvi uns murmúrios e algo começou a surgir, eu não sabia o que era mas do templo saiu um homem. Todos pararam por um momento e observaram. Era Blur, vestido de preto, os chifres sobressaindo dos cabelos negros, ele urrou algo como "mortis levitus", e naquele momento saíram algumas coisinhas da terra, bem debaixo de nossos pés. O que me fez acreditar que eram mortos-vivos.
- O que querem, mortais? - a voz do demônio era estranha, grossa, todas as palavras que saíam de sua boca ecoavam.
- Nos devolva o vermelho - desafiei.
Ele bufou, Karollin me olhou como uma presa. Qual era o motivo de ela estar fazendo aquilo?
- Terá que me derrotar primeiro, pirralho! - disse Blur, meio demônio meio homem. Ergui meu martelo contra ele e Karol me lançou um sorriso.
A garota falou algumas palavras, e surgiu um robô em meio ao campo em que estávamos.
- Que tal brincar um pouco com o Alfredo, Dam? - ela foi em direção de Blur, lançando tiros no demônio.
- Karollin, NÃO! - não matar, não matar, não matar, er tudo que passava na minha mente. Que droga, essa desmiolada!
Alfredo tentou me dar socos, sem dó lancei ele contra aos mortos-vivos que tentavam me atacar. Que por sinal tinham acabado de me fazer outro corte no braço, o mesmo em que uma "lançada".
- Gosto muito de você amigão, mas não precisa fazer isso - disse ao robô que se levantou e me deu um golpe no rosto, que lata forte essa hein! Peguei meu martelo e girei contra um ou dois zumbis que corriam atrás de mim.
Olhei os soldados brancos que atacavam os meus amigos, que lutavam contra os mortos-vivos também. Mianni já tinha parado de discutir com Dubh, que agora dava combos contra uma série de espadachins. Todos estavam do mesmo lado, eu acho.
O dragão queimava alguns seres em decomposição, que se erguiam em um minuto ou outro. Eu tentava escapar do robô que soltava lazers pela mão a cada segundo. Estava cansado demais para correr daquilo, precisava avisar Karol sobre o demônio a quela maldita maldição.
Cast apareceu, em uma ótima hora em que eu precisava, e me disse:
- Vá e não esqueça de falar sobre "não matar". E Damon, o sangue da Mira - lembrou a loira - eu cuido dessa aqui.
- Obrigada, nem sei como te agradecer por tudo isso - sorri pra a garota fui ao encontro de Blur e Karol.
A aniversariante laçou bombas, granadas, tiros e facas contra o demônio, mas tudo em vão. Resmungou:
- Você não morre? - perguntou ao inimigo.
- Sou imortal, criança - ele respondeu e empurrou Karol, a garota caiu e Blur ergueu suas garras para um golpe final.
- OLHE AQUI O QUE EU TENHO! - gritei e mostrei o frasco com o sangue vermelho de Mira.
Observei os olhos de fúria daquele satã, me arrependi por um momento quando o vi correr até mim para tentar pegar o vidro. Fugi, tentando lembrar das palavras de vó Pant.
"Derrotarás o demônio quando ele próprio se derrotar".
Não entendo. Blur abriu a mão contra mim, alguma espécie de luz negra ou raio quase me acertou. Deixei o frasco cair no chão, e o demônio foi em direção do mesmo, Karollin atacou o sanguinário com seu canhão, fazendo com que ele caísse no chão. Apontou sua arma contra o peito de Blur.
- NÃO KAROLLIN! VOCÊ VAI... - ela me olhou espantada.
O demônio pegou a garota pela garganta, eu não sabia o que fazer, todos os meus amigos olharam para mim, eu me desesperei e peguei o sangue de Mira. O tempo parou naquele momento, vi o rosto da minha amiga me pedindo ajudo, se algo acontecesse com ela, eu ia m culpar pelo resto da vida, ou que sobrasse dela.
Apenas joguei o frasco no peito do homem-demônio e dei uma martelada contra ele, fazendo com que o vidro quebrasse. Blur soltou Karollin, e estava manchado de sangue novamente. Caído no chão, vimos ele se contorcer e gritar.
- ODEIO O VERMELHO, ODEIO VOCÊ - Blur começou a arrancar o sangue de Mira em sua pele, fazendo com que se ferisse com seu próprio sangue. Ele começou a chorar, se arranhou, estava se acabando em desespero.
Foi quando uma moça de cabelos brancos apareceu, abraçou o demônio por trás e todos a sua volta pararam para observar a cena.
- Mira... - soluçou Blur - você está viva?
Eu não sabia direito o que estava acontecendo, mas Blur estava começando a mudar sua forma para um homem normal.
- Por favor, me perdoe, eu não queria... - a silhueta branca ainda abraçado o irmão que continuava a pedir perdão pelo pecado que havia cometido no passado.
- Está tudo bem - sorriu a moça - estou aqui agora.
Blur se lembrou da infância com a irmã, todas as vezes em que ela dizia "está tudo bem" quando ele estava errado. Ela era assim, perdoava sempre por qualquer que seja o motivo, era a única que o entendia. A cena foi vista por todos os presentes naquele lugar, Blur tinha destruído o demônio dentro de si lembrando de como sua irmã era. O que ele sentia naquele momento era admiração e arrependimento. Mira foi a chave para tudo, desde o princípio. Blur chorou e Mira limpou as manchas de sangue com as lágrimas de seu irmão.
Tudo que era branco começou a ficar vermelho novamente. Os soldados, o cabelo da Princesa Vermelha, as flores que estavam em volta do templo e os olhos de Karollin. Olhei para a garota ao meu lado e lhe disse:
- Feliz aniversário! - a vi observando as lanternas brilhante do Festival, agora vermelhas, combinando com as suas íris como de costume.




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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem, espero que tenham gostado. E se encontrarem algum erro por favor me mandem uma mensagem ou algo do tipo para que eu possa corrigir.
OBS.: Eu sei que a Karollin não tenho olhos brancos nem cabelos castanhos.
Parabéns ao Oji Neko que fez aniversário ontem, deixo aqui minha homenagem pra você, e o meu sangue(adivinha de onde veio a ideia). Aproveite bem o presente ♥



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