What Are Words escrita por yin-yang


Capítulo 1
Capítulo Único.




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No corredor do hospital, um jovem rapaz carregando consigo um violão nas costas e um buquê em mãos. Passava pela recepção e era logo reconhecido pelas enfermeiras e médicos. Sua presença era frequente naquele hospital universitário.

– Oi, Neji. Veio à visita hoje também? – Disse a enfermeira-chefe.

– Bom dia, Tenten. – Respondeu o rapaz, ao esboçar um simpático sorriso. Havia se tornado ate íntimos. – Sim, eu vim visitá-la.

– O Dr. Lee está no quarto, examinando-a, mas pode entrar se quiser. Você já conhece a rotina.

– Obrigado.

Feito isso, o Hyuuga seguia caminho até a Unidade de Tratamento Intensivo individual, onde vagarosamente passou a abrir a porta do quarto, observador. Ali estava uma linda jovem, cujos cabelos longos eram negros e lisos, em coma. O médico regulava todos os aparelhos ligados a ela. Ali, ficava aquela paciente que, há seis meses, não acordava.

– Toc toc. – Anunciou o jovem de cabelos longos e soltos. – Posso entrar?

O médico se virou, desviando rapidamente seu foco para o mesmo. Sorriu ao ver de quem se tratava.

– Oh, é você, Neji. – Disse o traumatologista, dos cabelos negros de tigela. – Por favor, fique à vontade.

– Com licença, Dr. Lee. – Disse o rapaz, lentamente, ao adentrar ao quarto. – Como está?

– Estou bem, graças a Deus. – Respondeu o médico ao apertar a mão alheia, em sinal de cumprimento. - E com você, meu rapaz?

– Estou bem também, doutor. – Pronunciou-se do modo educado. Rapidamente, seu olhar deslocava para o corpo deitado da garota, para assim voltar a encará-lo. – E ela, doutor? Alguma novidade?

Com a pergunta alheia, o outro suspirou e, num sorriso desanimado, olhou para a paciente.

– Não tivemos um quadro de piora. – Disse ele, agora voltando a fitar o Hyuuga. – Mas, pelas minhas avalições, mesmo que ela sobreviva, terá várias sequelas. É o que eu havia lhe dito, Neji.

Com a rotineira resposta, Neji sorriu, ainda que numa triste expressão.

– Entendo, doutor. Mas sabe... – Respondeu. – O importante, para mim, é poder vê-la abrir os olhos novamente... E poder cuidar dela.

Rock Lee sorriu ao ouvir a resposta do outro.

– Você já o faz, Neji. E muito bem. – Comentou o profissional. Segundos mais tarde, então, ele arrumava o seu jaleco e, logo em seguida, depositava sua mão no ombro alheio. – Bom, fique à vontade. Vou me retirar.

Assim, agora o Hyuuga estava a sós com a jovem inconsciente. Deixou o buquê ao lado dela e tirava o violão das costas. Levava sua mão ao rosto com algumas cicatrizes em sua pele que, antigamente, costumava ser tão lisa e perfeita. Ele sorriu uma vez mais para ela, com seus olhos lacrimejados.

– Eu estou aqui, meu amor. – Sussurrou ele para a amada adormecida, ainda a acariciá-la. – Hoje, eu preparei algo especial para você.

Dito isso, o moço se afastava da mesma, puxando para próximo da maca um banco, no qual logo se sentou. Pegou o instrumento musical em mãos e assim tratou de se ajeitar, pronto para tocar.

– Espero que possa me ouvir, meu anjo... Pois essa música é a mais sincera expressão da minha alma e coração para você.

Anywhere you are, I am near

Anywhere you go, I'll be there

Anytime you whisper my name, you'll see

How every single promise I keep

Cause what kind of guy would I be

If I was to leave when you need me most

Era outono naquela pequena cidade britânica de Liverpool. As árvores caducifólias perdem gradativamente suas folhas, ao passo que a fresca brisa característica da estação entrepassa o local. Ali, bem, ali, próximo ao metrô, havia a mais famosa cafeteria da cidade — a Soul’s Café. Sempre bem movimentada, era frequentada desde acadêmicos até doutores, de operários até patrões. Era o mais popular, porém o mais sofisticado café de toda Liverpool. E era ali que Hinata – prima e namorada de Neji – trabalhava. Estudante de Literatura pela Universidade local, ela era filha de um grande ex-empresário que, com a crise que o país fora acometido, colocou tudo a perder. Desde então, teve conciliar os estudos, que tanto gostava, e o emprego, para se sustentar.

Naquele dia, em especial, a Hyuuga trabalhava desanimada, triste. Era aniversário de cinco anos de namoro entre ela e seu primo, que desde a época do colegial estavam juntos. Há seis meses, ele estava fora do país em intercâmbio e, de acordo com o regulamento do Departamento das Relações Internacionais, ele ficaria por mais três meses. Desde então, pouco havia se comunicado com ele. Queria que ele estivesse ali com ela, mas o que poderia fazer a respeito? Uma ligação, talvez. Mas aquilo não era o suficiente.

– Hinata, atenda a mesa oito para mim. – Disse uma funcionária.

– Claro. – Respondeu ela, num sorriso claramente forçado.

Quando ela saía do balcão da loja, a grande surpresa. As mesas, sem exceção, todas decoradas com velas acesas; no local, apenas os amigos e, ao fundo, aquela música que para ela tanto significava... Love By Grace, de Lara Fabian; aquela canção que, em seu baile de debutante, havia dançado com Neji e que, com ele, havia dado seu primeiro beijo. Logo acima da entrada da loja, uma faixa vermelha. Surpresa, sentiu suas pernas trêmulas.

– Ai, meu Deus... – Soltou ela, numa mistura de nervosismo e ansiedade. Todos apenas olhavam para ela sorrindo, contentes. – O que...? Ai, meu Deus!

De repente, a porta da cafeteria de abria. Seu olhar rapidamente se desviava para lá e o que ele encontra é justamente o que sua mente e seu coração almejavam, juntos, encontrar— era Neji.

– Ai... Ai, Meu Deus! – Disse ela, trêmula, feliz. – Meu Deus!

O rapaz sorridente, vestido formalmente, carregava um buquê de lindas rosas em mãos enquanto vagarosamente se aproximava da prima, feliz. Sua alegria transparecia em seu olhar perolado tão idêntico ao da moça que, emocionada, deixava-o marejado. Agora, frente a frente, depois de um longo tempo sem de ver, eles se envolveram num forte e demorado abraço. Quantas saudades sentiram um do outro! Poder estar juntos novamente era algo muito... Muito bom.

Assim, o Hyuuga levemente se afastava da mesma para poder visualizá-la. Secava ele as lágrimas dela que por ventura haviam caído. Esboçava um lindo sorriso para ela, entregando-lhe as flores.

– Hyuuga Hinata... ­– Começou seu discurso ao chamá-la, para que todos ali presentes pudessem ouvi-lo. Destarte, este se ajoelhou frente a ele, ao retirar uma pequena caixa preta de seu bolso. Abria-a, exibindo um lindo anel de brilhante, simples e delicado. – Você aceita se casar comigo?

Com o pedido alheio, ela levou imediatamente suas mãos à boca, sorrindo, totalmente surpresa e inesperada.

– Ai, Meu Deus! – Olhou para o redor, inquieta. Voltava a fitá-lo, agora a pegar a mão alheia. Respirava fundo, tentando se acalmar.

Desse modo, ela voltou a abraçá-lo, emocionada. Acanhada, ela escondeu seu rosto em seu ombro, para os demais não pudesse vê-la. Assim que se estabilizava, ela voltava a fitá-lo, com um grande sorriso em seu semblante.

– Eu aceito. – Respondeu ela claramente.

Com as palavras dela, todos vibraram pelo casal. O jovem, então, parecia pular de felicidade. Levava suas mãos ao rosto da linda moça para acariciá-la e, assim, selou seus lábios aos dela, de modo a beijá-la amorosa e apaixonadamente.

What are words

If you really don't mean them

When you say them

What are words

If they're only for good times

Then they don't

When it's love

Yeah, you say them out loud

Those words, They never go away

They live on, even when we're gone

À medida que aquela nova composição era tocada a voz do Hyuuga fraquejava. O choro ameaçava vir, juntamente comas lembranças que, involuntariamente, fluíam com o rolar da letra musical. Seus olhos se tornavam lacrimejados, mas conteve-se. Precisava se manter firme.

And I know an angel was sent

just for me

And I know I'm meant

to be where I am

And I'm gonna be

Standing right beside her tonight

And I'm gonna be by your side

I would never leave when she needs me most

Os anos haviam se passado de maneira rápida e ligeira, que o tempo universitário para Neji havia ali acabado. Era, por fim, o dia de sua formatura. Para efeitos formais, os formandos precisavam estar no local antes que os convidados. Como se tratava de uma turma de Música, naquele dia eles apresentariam uma grande orquestra.

Seu casamento com a amada Hinata estava cada vez mais próximo... Daqui a dois anos. Sua vida prometia ser promissora! Na entrada do salão de festa, o Hyuuga esperava pela chegada de seus convidados. Estava tão empolgado, que mal podia esperar para que os festejos começassem. Queria poder tocar aquele concerto com todo o coração, que era o que sabia fazer de melhor. Queria poder ver a sua amada ainda mais linda do que o de costume. Queria poder dançar uma vez mais com ela. Queria construir mais uma lembrança ao lado dela.

Respirou fundo, inquieto, olhando para o teto artisticamente decorado com pinturas de tintas a óleo e lindíssimos lustres, enquanto observava cada elemento presente naquele espaço. Desviou o olhar para os colegas de faculdade que, aos poucos, já se dispersavam da entrada e se direcionava para suas respectivas mesas. O nervosismo começava a crescer cada vez mais, agora juntamente com a preocupação. De repente, uma ligação.

– Neji, a apresentação vai começar daqui a quinze minutos. – Disse Itachi, um de seus colegas. – Neji?

Ele estava paralisado, em choque.

– Oi, aqui é do Hospital Universitário de Liverpool. – Disse a voz de uma mulher ao telefone. – Gostaria de entrar em contato com algum ente familiar ou amigo de Hyuuga Hinata... Ocorreu um acidente na rodovia. Ela está em estado gravíssimo e está sendo encaminhada com urgência para a sala de cirurgia, mas o quadro dela é instável. O restante morreu no local do acidente. – Depois, o silêncio. – Alô?

Não sabia o que fazer. Aliás, sequer havia entendido direito a situação ainda. Será que realmente aquilo estava acontecendo? Havia ouvido certo? Trêmulo e pasmo, ele desligou o celular. O colega, sem entender o que estava acontecendo, buscava por respostas. Neji virou-se para o outro, quase sem chão. Estava lânguido. Tentava se comunicar, porém, sua voz se tornava falha. Tudo aquilo não fazia sentido para ele. Não podia fazer.

– Eu... – Começou ele, em estado de choque. Olhou para o Uchiha, com seus olhos marejados. – Eu preciso ir até o Hospital... Ela...

Dito isso, ele saía, ainda que desnorteado. Sentia seu coração apertar como nunca. Aquilo era tudo era real? Precisava manter a calma, mas como? Agora, já no estacionamento, procurava pelo seu carro, para logo se dirigir até o hospital, onde ela estava. Não se importava mais com o concerto, nem com a festa de formatura. Precisava chegar até lá.

– Espera, cara! – Disse Itachi, correndo atrás do outro. Ao alcançá-lo, respirou fundo, recuperando o fôlego. – Você não está em condições de ir a lugar algum. – Advertiu o colega, consciente. – Vamos, eu te levo. Dane-se o concerto.

Sem delongas, ambos trataram de entrar no carro. O trânsito estava difícil. O Uchiha, enquanto dirigia, observava cautelosamente o estado do outro, que lhe preocupava. Em silêncio, o Hyuuga permanecia durante todo o trajeto, enquanto observava a densa chuva cair afora da janela com um olhar opaco e impenetrável. Ele suspirou. Durante o trajeto todo foi assim, sem a troca de uma palavra sequer. Assim que finalmente chegaram ao hospital, Neji abraçou o amigo, agradecendo-o e, sem mais perder tempo, correu para dentro do estabelecimento.

Não o deixaram vê-la naquela noite, mas ele ficou ali, esperando, rezando por ela. Na cadeira da recepção, ele dormiu à espera de alguma notícia. De acordo com os médicos, ela foi submetida a várias cirurgias naquela mesma noite, todas de risco. Custava a acreditar que tudo aquilo acontecia. Custava. Queria estar sonhando, mas não estava. Havia perdido todos os seus familiares em uma única noite e estava também prestes a perder o amor de sua vida, com quem construiria a sua própria história.

Ajoelhado de frente para o banco da recepção, ele orava, cabisbaixo, de olhos fechados. Incansáveis lágrimas escorriam pelo rosto do rapaz, desalentado, implorando a Deus por uma única salvação.

What are words

If you really don't mean them

When you say them

What are words

If they're only for good times

Then they don't

When it's love

Yeah, you say them out loud

Those words, They never go away

They live on, even when we're gone

O acidente, por mais que tivesse sido há dois anos, não havia como sair da mente do jovem Hyuuga que, naquele momento, cantava para a amada ainda inconsciente. Graças ao Dr. Lee e à Tenten, a Enfermeira-Chefe, é que Hinata ainda estava ali. Eles acreditavam nela, bem como Neji ainda continua acreditando. Ela realmente a amava.

Anywhere you are, I am near

Anywhere you go, I'll be there

And I'm gonna be here forever more

Every single promise I keep

Cause what kind of guy would I be

If I was to leave when you need me most

I'm forever keeping my angel close…

A música se cessava com o fim do som do violão tocado pelo jovem que, àquela altura, já não conseguia conter seu pranto. Agarrava seu instrumento musical, escondendo sua face na traseira do violão. Embora estivesse ele e apenas alguém inconsciente, tinha vergonha. Vergonha de não ser forte o suficiente.

– Eu te amo tanto, Hinata... Tanto... – Disse ele, meio às lágrimas. – Você é meu anjo... E eu nunca vou deixar o seu lado... Nunca...

Quando ele então ergueu o rosto, uma lágrima escorria dos olhos da paciente que, lentamente, abria os olhos perolados que, aos poucos, passavam a se encontrar com os seus. Em silêncio, ambos permaneciam. Ela, ainda que por trás da máscara de oxigênio, sorria para ele. Ao deixar o violão de lado, ele se aproximava dela, dando-lhe o mais forte abraço que lhe era permitido dar, aliviado. Finalmente, depois de tanto tempo à espera, ela havia voltado. Ela estava ali, bem à sua frente. Palavras não se faziam necessárias, apenas aquele momento.

– Obri... ga... da... – Começou Hinata, com dificuldades em sua dicção. – Lin...da... mú... si... ca...

Ele, assim, desfazia rapidamente o abraço e observava com um sorriso no rosto, enquanto pacientemente a ouvia falar, embora, depois disso, não fosse capaz de dizer uma palavra sequer a mais. As lágrimas que ameaçavam cair dos olhos femininos eram logos secados pelos dedos do amado.

– Está tudo bem, meu amor. Está tudo bem... – Disse ele, enquanto a fitava gentilmente. – Eu sempre cuidarei de você, meu amor... Sempre.


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