Com o passar do tempo, a faixa de luz que adentrava o quarto onde Natsu e Lucy estavam pela janela desapareceu. A loira continuava ali, não havia nem se mexido. Ela estava sentada na beira da cama, e segurava a mão quente de Natsu.

Logo ali perto, na sala, os sentimentos que prevaleciam eram de felicidade por Gray e Juvia, e angustia em relação à situação de Natsu. Jellal estava inquieto, Erza ainda não havia voltado. Mas todos o tranqüilizavam dizendo que se a ruiva ainda não havia voltado, era por que ela estava acabando com a raça de Sting. Mas Jellal no fundo, sabia que era mais do que isso.

Ouviram o barulho da porta, e todos olharam para o fim do corredor. Erza apareceu, completamente sonolenta.

–Erza! -Jellal falou ao levantar se e ir até ela,a abraçando.

–Nossa, parece que um caminhão passou por cima de você. –Droy falou.

–E depois deu a ré atropelando de novo. –Jet completou.

–Pode ter certeza, eu estou me sentindo exatamente assim. –Foi o que ela falou ao derreter nos braços de Jellal.

Jellal a levou até uma das poltronas, sentando a. Gray, que até pouco tempo estava sentado abraçado a Juvia no sofá, levantou-se, falando que iria buscar uma água para Erza. Levy e Gajeel se aproximaram.

–O que aconteceu Erza? –Jellal perguntou preocupado.

–Pra ser bem sincera, eu não sei.

–Onde esta Sting? –Levy perguntou.

–Ta ai outra coisa que eu não sei.

–Então descreve fala o que você sabe, o que lembra acontecer. –Juvia sentou se mais na ponta do sofá, perto da poltrona de erza.

–Eu estava sentada perto de Sting, esperando ele acordar para “conversar” com ele. –Ela fez aspas com os dedos.-E do nada, eu senti uma enorme vontade de, sei lá, apenas deitar e fechar os olhos, como se o meu corpo precisasse urgentemente descansar. Eu nem estava cansada. Tenho certeza que foi magia.

–Com certeza os amigos dele foram busca-lo. Posso apostar Rufus estava testando uma magia que aprendeu. –Gray falou enquanto lhe entregava um copo de água. Ela murmurou um obrigada.

Gray sentou se novamente ao lado de Juvia, e lhe deu um selinho. Erza olhou confusa.

–É, eu acho que estou um pouco tonta. –Ela disse.

–Essa foi a primeira reação de todo mundo em relação a eles. –Gejeel falou.

Erza fez uma cara mais confusa ainda.

–Nós estamos juntos agora. –Falou Gray ao passar seu braço pelo ombro de Juvia, que sorriu.

–Bom, eu fico... Feliz!? –Ela não estava entendendo. Já havia sacado que eles e gostavam, assim como Natsu e Lucy. Mas da ultima vez que os viu, os casais ainda estavam trocados. Pensar nisso fez sua cabeça cansada doer. –Ta, conversamos melhor quando eu estiver raciocinando direito. Agora a única coisa que eu quero é uma cama.

–Tem quarto quartos, cada um com duas camas de solteiro. Acho que Droy poderia liberar um quarto, indo para a cama extra do quarto de Jet. Lá poderiam ficar Erza, Jellal, Gray e Juvia. E a principio, eu e Gajeel podemos dormir na cama extra do quarto de Wendy, já que Natsu e Lucy estão no nosso quarto. Tudo bem pra vocês? –Levy perguntou.

Todos responderam que sim. Jellal levou Erza até o quarto, e se deitou junto a ela na cama até que ela dormisse. Mas, foi só fechar os olhos que ela já estava dormindo. Ele retirou sua armadura, e suas botas, para que ela dormisse mais confortável. Tampou a com um cobertor, e voltou a sala.

Levy e Gajeel fizeram o jantar. Todos estavam famintos. Wendy se ofereceu para ir chamar por Lucy, mesmo todos achando que ela não viria.

Ela não veio. Mesmo Wendy insistindo bastante. No final da janta, Levy fez um prato e foi levar para a amiga. Ela bateu na porta com suavidade. Mesmo não recebendo respostas, ela entrou.

–Lu-chan... –Ela falou calmamente caminhando até ela. –Eu trouxe comida pra você. –Ela sorriu com ternura.

–Obrigada, mas não estou com fome. –Lucy continuava a acariciar as costas da mão de Natsu.

–Ah, não. Você precisa comer. Lucy, você precisa reagir. Seus machucados estão cada vez mais feios. Você tem que sair desse quarto. Você precisa cuidar de você. –Ela falou ao colocar o prato no criado mudo.

–Eu vou fazer tudo isso, quando ele acordar. –Lucy falou calmamente.

–Você não pode. Não sabemos quanto tempo ele vai ficar assim. Seus machucados podem inflamar. Você pode desmaiar por não comer direito.-Levy então exaltou a voz- Não sabemos nem se ele alguma hora vai mesmo... –Ela parou ao ver o que acabara de dizer. Lucy a olhou chorando.

–Se ele vai mesmo acordar? Vamos, continua. –Lucy falou deixando as lagrimas caírem mais e mais.

–Lucy, por favor, não chora. –Ela falou abraçando a amiga. –Me perdoa, por favor. Ele vai ficar bem, não se preocupe.

–Levy... Por favor... não... –Lucy disse se afastando dos braços de Levy.

A baixinha então, começou a chorar em silencio. Ela levantou-se, e murmurou um “me desculpe” antes de sair pela porta.

Ao chegar na sala, todos a olharam assustados.

–O que aconteceu? O Natsu piorou? –Juvia perguntou.

–Não, ele esta na mesma. Só que eu disse algumas coisas erradas para Lucy. –Levy falou ao andar até a poltrona onde Gajeel estava sentado, e se sentar em seu colo.

–Não se preocupe, eu sei que ela vai te desculpar. Não sei o que você disse, mas sei que ela vai entender que você só falou querendo o melhor pra ela.

–Eu não a perdoaria se estivesse no lugar dela e a minha amiga gritasse comigo dizendo que você pode não acordar mais. –Ela falou escondendo o rosto sem seu ombro.

–LEVY! Você fez o que?! –Gray falou sem acreditar.

–Hey, também não fala assim. –Gajeel a defendeu.

–Esta tudo bem, moreno. –Ela falou. –Desculpe. Mas ela esta em estado deplorável. Eu precisava falar alguma coisa que a balança-se, mas ao invés disso, praticamente empurrei ela pra dentro de um buraco. –Levy voltou a chorar e a esconder seu rosto no ombro de Gajeel.

–Gray, Juvia acha que seria melhor se você fosse falar com ela. –Juvia falou.

–Será? – Gray perguntou, sem saber se era melhor ou não.

–Acho melhor não agora. –Levy falou. –Não adiantar nada mesmo.

E então a noite caiu. Ela passou em claro por Lucy. Mas passou extremamente confortável para Juvia que dormia nos braços de Gray.

Lucy não havia nem tocado no prato que Levy a trouxera. Hora e outra, tinha uma crise de choro. Seus machucados ardiam cada vez mais, ainda mais o na mão. Mas ela não havia saído de onde estava.

Os olhos de Lucy doíam resultando a longa noite que esteve acordada. Ela sentia sono, muito, mas ainda estava com muito medo para cogitar dormir. Não se perdoaria se dormisse, e quando acordasse Natsu já não estar com o pulso pulsando.

Lucy olhava repetidas e repedidas vezes para ver se Natsu respirava, e se seu coração batia.Foi uma horrível noite, a angustia, aflição e agonia lhe fizeram companhia a noite inteira. Ela se sentia completamente inútil por não poder fazer nada.

Ela olhou para as faixas que envolviam seus dois braços, lembrando-se do que acontecera ontem. Ela se lembrou do medo que sentiu de que isso desse a Natsu um grande desgosto. Lembrou-se também da emoção que sentiu quando Natsu a surpreendeu.

“–Eu disse a você que eu ia te ajudar. E se essa é a sua única maneira... –Eu o interrompi.

–Idiota. –Eu disse enquanto pegava a faca de sua mão e a arremessava longe no chão.”

Lagrimas novamente inundaram aqueles olhos cansados. Ela suspirou, tentando controlar as lagrimas. Um pensamento que a atormentou a noite inteira, voltou a passar por sua cabeça. “Sou uma inútil, se não fosse por mim, ele não estaria assim agora.”

Ela encarava a mão quente que estava envolvida pelas suas. Olhando para baixo, suas lagrimas caiam. Foi então que sentiu o movimento de um de seus dedos, ela logo olhou para cima, para ver seu rosto.

–Lu...Lucy... –Ele falou enquanto abria seus olhos devagar.

–Eu estou aqui Natsu, estou aqui! –Ela falou enquanto beijava sua mão.

–Lucy... Você esta bem? –Ele perguntou preocupado. Ela sorriu.

–Eu não acredito que esta me perguntando isso. Natsu, você quase me matou dos nervos. Eu achei que fosse perder você. – Ela falou enquanto as lagrimas encharcavam suas bochechas.

–Shiiiii, ta tudo bem. –Ele a tranqüilizou. –Vem cá. –Ele disse abrindo os braços.

–Não, você esta... –Ela começou a falar, mas o braço dele a envolveu, a puxando para sim.

O abraço foi duradouro. Então, e a soltou pouco a pouco, mas ainda mantendo seu braços em envolvendo seu corpo. Ela o encarou por alguns instantes.

–Por favor, deita aqui comigo. Eu preciso sentir você em meus braços para poder acreditar que esta bem. Que esta aqui, comigo. –Ele lhe suplicou.

Ela não falou nada, apenas pós suas pernas para cima da cama, e se deitou apoiando sua cabeça no peito de Natsu. Ele a envolveu apertado em seus braços. Ela se sentiu segura.

Depois de um tempo, ele levou a mão que repousava na cintura da garota até o decote de seu blusa. Ele abaixou um pouco, e pode ver o nome que estava elevado em sua pele avermelhada e manchada de sangue. Lucy fechou os olhos com força. Natsu beijou o topo de sua cabeça, e ela relaxou o corpo tensionado.

–Você parece cansada. –Ele falou enquanto acariciava seus cabelos.

–Não dormi a noite inteira. –Lucy falou.

–O que? Por que fez isso? –Ele falou parecendo bravo.

–Medo de você não acordar. –Ela falou, enquanto ele a abraçava com mais força.

–Esta tudo bem agora. Eu estou aqui, vou cuidar de você, pode dormir. –Ele falou voltando a acariciar seus cabelos.

Ela não se negou. Estava esgotada tanto fisicamente quanto psicologicamente. Em pouco tempo, já estava dormindo.

Só acordou quando ouviu a porta do quarto se abrindo. Mas mesmo assim, não abriu os olhos. Apenas esperou para ouvir que era.

–Lucy! Eu tenho que te contar uma... –Gray parou de falar quando viu que Lucy estava abraçada a Natsu, aparentemente dormindo, e Natsu estava acordado. –Natsu, você acordou.

–É, falou o obvio. Mas a Lucy esta dormindo, então por favor, vê se fala mais baixo.

–Bom, já que estou aqui, vou falar com você mesmo. –Gray fez uma pausa, não conseguindo falar.

–Pode falar. –Falou Natsu com um tom de impaciência.

–Eu queria agradecer a você, por ter cuidado da Juvia enquanto eu não fiz. Ela me contou tudo, e eu queria agradecer a você por ter feito isso também. Por que se não tivesse feito, talvez eu nunca descobrisse o que sinto por ela, e agora não estaríamos namorando.

–O QUE? –Lucy saltou da cama assustando a todos.

Ela sorriu alegre, e deu a volta na cama, pulando nos braços de Gray.

–Ah, eu estou tão feliz por você! –Ela falou ainda sorrindo.

Natsu não estava entendendo nada.

–Obrigada Lucy. Eu nem sei como seguraria toda aquela barra se você não estivesse me ajudado. Eu também quero te ver feliz. Conta tudo pra ele. –Gray falou.

Lucy se afastou de Gray, com uma expressão de total duvida.

–Confia em mim. –Ele falou, antes de sair fechando a porta.

–O que foi aquilo? –Natsu perguntou, enquanto Lucy sentava-se na beira da cama.

–Preciso falar uma coisa. –Ela falou ainda um pé atrás.

–Esta tão feliz só por que levou um pé na bunda?

–Se o meu namoro fosse de verdade, eu poderia até estar triste. –Ela falou sorrindo.

–Agora é que eu não estou entendendo mais nada.

–Natsu, eu e Gray estávamos só fingindo namoro. Ele nunca encostou em mim desse jeito.

–Sem beijo?

–Sem beijo!

Assim que ela respondeu, ele a abraçou.

–Não sabe o alivio que eu estou sentindo. –Ele falou, ela se afastou confusa. –Eu também preciso te contar algo... –Antes que ele pudesse falar algo, a porta se abriu novamente, só que agora com muito mais urgência.

–Natsu, você acordou! –Erza exclamou. –Péssima hora né.

–Tudo bem. –Lucy falou.

–Tudo bem? Não me venha com esse tudo bem Lucy. Natsu vai ficar uma fera quando descobrir o que você fez ontem. –Erza falou.

–O que você fez ontem? –Natsu olhou sério para Lucy.

–Nada. –Ela respondeu. E então ele virou seu olhar para Erza.

–Ela realmente não fez nada. Assim que chegou, se fincou nesse quarto. Não comeu nada, se recusou a cuidar dos ferimentos e ainda passou a noite toda acordada. –Erza entregou.

–Não posso acreditar. –Natsu falou enquanto olhava bravo para ela.

–Eu estou bem, juro. –Ela falou.

–Lucy, acho que é um bom momento para você ir comer, preciso mesmo falar com Natsu. –Erza falou.

–Não, eu estou bem. –Ela falou enquanto segurava a mão de Natsu.

–Lucy, agora! –Natsu falou sério.

–Mas...

–Eu não quero você desmaiando.

Lucy levantou derrotada, e saiu do quarto. Porem, sentou se ao lado da porta no corredor. Erza reparou nisso, mas acho que seria melhor mesmo a loira escutar.

–Então Natsu, o que tem a me dizer sobre tudo isso? –Ela esperou ele responder mas quando viu que não responderia, continuou. –Sobre Gray e Juvia juntos?

–Estou feliz por eles. Extremamente feliz por Juvia ter conseguido o que sempre quis. –Erza fez uma cara de duvida. –Sem essa, nem adianta fazer essa cara, tenho certeza que antes de conversar comigo você já conversou com eles. Então deve saber que o meu namoro com Juvia foi totalmente falso, só para dar um troco em Gray.

–É, eu já sabia. Porem precisava ouvir você falando isso. –Erza falou, ao lado de fora, Lucy estava totalmente incrédula. –E sobre Lucy, me fala por que você se jogou na frente dela. Você deveria estar morto a uma hora dessas, se não fosse pelos milagres de Wendy.

–E como você acha que eu me sentiria se fosse Lucy a atingida, se ela tivesse morrido... Não, eu não ia agüentar.

–Natsu, eu quero que você me responda com sinceridade. Você gosta dela? Eu sei que você entendeu a pergunta, por favor, responda com sinceridade.

–Eu sinto muita vontade de tê-la. Seja ser até egoísta. Quando eu a via com Gray, minha vontade era de arrancar a cabeça dele fora. Eu tenho vontade de pega-la no colo, abraçar forte, e não deixar que ninguém mais se aproxime. Eu tenho vontade de cuidar dela, não quero que ninguém a faça mal. –Ele fez uma pausa. –Eu a amo, muito.

Nesse momento, as lagrimas rolaram involuntárias no rosto de Lucy. Mas ela tentava fazer o máximo de silencio possível. Então, Gajeel saiu do quarto da frente, e ao ver Lucy daquele jeito, não pode deixar de se preocupar.

–Esta tudo bem Lucy? Por que esta chorando?

Nesse momento, Natsu olhou assustado para Erza. A ruiva apenas assentiu. Erza saiu do quarto. Se agachou onde Lucy estava e murmurou.

–Vai dar tudo certo. –Enquanto Erza falou baixou, segurou a mão da loira, e a puxou para dentro do quarto.

Assim que viu Natsu, Lucy ficou assustada. Tentou abrir a porta, mas Erza segurava do outro lado.

–Erza! Abre essa porta. –Ela pediu, enquanto forçava a porta.

–Lucy... –Natsu pronunciou. Mas Lucy não teve coragem de o olhar. –Por favor, vem cá.

Já que Lucy havia ignorado seu pedido. Natsu levantou se. Ele se apoiou na parede, e deu alguns passos, porem quase caiu. Lucy correu até ele, e o ajudou a sentar se novamente na beira da cama. Natsu abraçou suas pernas, sem deixar que Lucy fugisse.

–Não precisa ficar com medo, sou só eu. –Ele falou, enquanto a puxava para perto, Lucy perdeu o equilíbrio e quase caiu, Natsu a colocou sentada em uma de suas pernas. Ele acariciou seu rosto, e retirou uma mecha de cabelo que esta caída no olhos de Lucy.

–Natsu, eu... eu... Eu te amo. –Ao ouvir aquilo ele sorriu.

Ele aproximou seu rosto do dela, em desviar seus olhos dos dela. Então, tocou com seus lábios quentes dos dela. Eles ouviram um grito de empolgação do outro lado e se separaram rapidamente.

–Uhuuuuuuuuul! Eu já sabia que isso ia acontecer! –Erza gritou animada.

Natsu e Lucy riram. Lucy passou seus braços em volta do pescoço de Natsu. Ele a segurou firme pela cintura. Eles voltaram a se beijar. Os lábios incrivelmente macies de Natsu beijavam delicadamente os lábios de Lucy. Então o beijo foi se intensificando quando a língua quente de Natsu pediu passagem. O beijo não foi um beijo desesperado, pelo contrario, foi um beijo calmo e cheio de amor. Natsu a puxou mais para perto, então gemeu de dor. Lucy se afastou um pouco.

–Desculpa. –Ela falou olhando para seu machucado.

–Não tem problema. Eu agüento qualquer dor por mais um beijo desses.

Ele sorriu, e voltou a puxar-la para outro beijo.