Contando uma história pra netinha escrita por Dri Viana


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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_Lara, meu anjo, está na hora de dormir. Amanhã você tem escola cedinho. - a mulher de cabelos castanhos anunciou se levantando sofá e ajeitando melhor no rosto seus óculos de grau.

_Ah, vovó! Deixa eu ver o filme só mais um pouquinho? – a garotinha de seis anos pediu de um jeito tão fofo que sua avó quase pensou em ceder a seu pedido, mas não fez isso ao lembrar-se que sua netinha adorável tinha dificuldade de acordar, coisa que ela quando mais nova, tinha e muito.

_Não, querida. Se eu deixar sua mãe vai reclamar comigo, além do mais, se você for dormir além do horário de costume, amanhã vai ficar com manha pra acordar, mocinha! – ela tocou na ponta do nariz arrebitadinho daquela coisinha tão amada que era sua neta.

A menina ao ouvir a negativa de sua avó, torceu sua boquinha em um bico que sua avó reconheceu como sendo idêntico ao que muitas vezes ela mesma costumava fazer.

_Vamos, Larinha? Daqui a pouco sua mãe chega e não vai gostar nada de ver que ainda está acordada.

_ ‘’ Tá’’ bom! – a garotinha suspirou vencida. _Mas a senhora me conta uma historinha antes de dormir vovó? – seus olhinhos azuis pedintes desarmaram a senhora imediatamente.

Aquele olhar azul feito o céu fez a mulher recordar-se de imediato de seu falecido marido. Ele também costumava lhe lançar aquele mesmo olhar pedinte quando queira muito algo dela.

Quanta saudade ela sentia dele, de seu grande amor. Ele havia falecido três meses antes de Lara, a neta deles, nascer. Um ataque de repente e fulminante no coração o levou em uma viagem sem volta, deixando sua família e amigos desolados com sua ‘’ partida’’.

O nascimento de sua neta, meses após a perda de seu marido, veio preencher em parte o enorme vazio que havia ficado em seu coração depois da triste partida do único homem que ela amou de verdade na sua vida.

Sua neta agora era sua paixão, seu amor. Lara era muito parecida com o avô que ela só conhecia por fotografia, era mais até que sua mãe quando pequena. Ela herdou do avô os olhos azuis que sua mãe não havia herdado já que os dela eram castanhos. Além disso, ela tinha também suas adoráveis covinhas, o nariz pequeno e a boca bem desenhada.

Muitas vezes ela se pegava fitando sua neta e lembrando-se de seu esposo. Tinha certeza que se ele ainda fosse vivo, Lara seria muito mimada e paparicada por ele, ela seria a garotinha do vovô!

_Está bem. Eu conto, mocinha!

_Eba!!

_Agora desligue a TV e vamos para seu quarto.

A garotinha fez o que sua avó disse e logo depois as duas seguiram para o cômodo onde a pequena dormia. Seu quarto recém-decorado com tema das princesas da Disney, era lindo e cheio de fotos dela com seus pais e a avó que ela amava tanto.

Com a ajuda de sua avó, Lara trocou o vestido florido que usava por seu pijama de bichinhos, presente da vovó coruja. Logo depois a menina se acomodou na cama e sua avó sentou-se ao seu lado.

_E então, qual historinha quer que eu conte?

A mulher até sabia qual era a resposta que ouviria, mas ainda assim perguntou só pra ter certeza.

_Ah vovó ... A de sempre.

A senhora riu.

_Você não enjoa de ouvir essa história, Lara? – a mulher quis saber.

_Não! Eu gosto dela.

_Sabe de uma coisa? Eu também gosto dela. – admitiu a senhora sorrindo pra garotinha que também sorriu. _Agora vamos a historinha, não é?

Lara balançou a cabeça positivamente enquanto se ajeitava melhor na cama, após ela ter se aquietado sua avó começou a contar a história que ela sabia de cor e a qual ela não se cansava de contar assim como sua neta não cansava de ouvir.

_Era uma vez, uma garota chamada Sara. Ela era uma pessoa um pouco solitária e triste, que desde pequena teve que aprender a se virar sozinha já que perdera os pais muito cedo. Certo dia, quando ela cursava a faculdade, conheceu um homem que mudou sua vida. Ele se chamava Grissom, era professor e tinha vindo de outra cidade pra dar algumas aulas na Universidade onde Sara estudava. Ele era bonito e tinha os olhos azuis iguais aos seus. – ela apontou para Lara que ouvia atentamente cada palavra que sua avó dizia. _De imediato os dois ficaram amigos e com o passar dos dias, a Sara foi começando a se apaixonar pelo Grissom que era seu professor.

_E ele também se apaixonou por ela não é vovó?

_Sim, mas eles não tiveram tempo pra ficarem juntos porque logo ele foi embora.

_Porque ele tinha o trabalho dele na outra cidade. – a garotinha conclui antes mesmo que sua avó dissesse.

_Exato! – sorriu a mulher que logo em seguida voltou a sua narrativa. _Despois que ele partiu nunca mais eles se viram e nem se falaram, porque sequer haviam trocado o número de telefone pra manterem contato. Dois anos se passaram e em uma tarde, pra supressa de Sara, ela recebeu um telefonema e imagina de quem?

_Do Grissom!

_Ele mesmo. Sara quase não acreditou que fosse ele, pensou até que fosse algum trote já que pelo que se lembrava ele não tinha seu número de telefone. Só que Grissom disse que o havia conseguido no trabalho dela. Durante a ligação em que ele pediu a ela pra que fosse a cidade onde ele trabalhava pra ajuda-lo o que prontamente ela aceitou, Sara pode perceber que ele falava diferente com ela. Ele estava indiferente.

_O que é indiferente vovó?

_É quando uma pessoa fala sem muito interesse com a outra, sem se importa com ela.

_Igual a mamãe faz com o papai quando ‘’ tá’’ brigada com ele.

A mulher riu disso.

_Isso mesmo, meu amor. Então, continuando ... Dois dias depois ela estava novamente diante do Grissom e pelo que pode ver ele continuava tão bonito quanto ela se lembrava, mas havia uma coisa diferente nele, seu jeito de se portar com ela, que não era mais o mesmo atencioso de quando se conheceram e sim um jeito mais sério e distante. Ela não deixou de ficar triste com isso, esperava que ele fosse ficar feliz quando se reencontrassem depois de anos só que pelo visto ele pouco se importou com isso, pelo menos era isso o que ela achava. Mesmo triste ela o ajudou no que ele havia lhe pedido e ao final disso, fora pega de surpresa com um convite dele pra trabalhar ali com ele. O que ela aceitou pensando que quem sabe assim, as coisas entre eles pudessem mudar com o tempo, mas ela se enganou. Os anos foram passando e mais e mais ele foi se distanciando dela, por mais que ela tentasse algo com ele e lhe dissesse que gostava dele, ainda assim, ele dizia que não podiam ter nada porque ele era seu chefe e mais velho que ela. Ele tinha medo que ela o deixasse por outro, mas muitas vezes ela disse a ele que isso nunca aconteceria só que suas palavras pareciam não convencê-lo disso. Eis que um dia, numa manhã de domingo, sem que ela esperasse ele apareceu na porta de sua casa com um pequeno buque de fores nas mãos e nos olhos um pedido mudo de que ela lhe desse uma segunda chance, mesmo machucada por todos os anos em que ele lhe negara o que agora pedia com os olhos, ela ainda assim, lhe deu essa segunda chance, pois o amava e seu amor por ele era tão grande que por mais que ele a machucasse, por mais que o tempo passasse como passou aos montes enquanto estavam separados por culpa dele que lutava contra seus sentimentos por ela e acontecesse o que fosse, mesmo assim ela lhe daria a chance que ele pedisse, como deu. E a partir daí eles começaram a ficar juntos. Namoraram, casaram, tiveram uma filha linda chamada Taylor e foram felizes, muito felizes enquanto estiveram juntos. Só que um dia a felicidade deles teve fim porque o Grissom partiu em uma viagem sem volta, deixando Sara aqui, sem ele, mas ela sabia que onde quer que ele estivesse, estaria olhando por ela ... Pela filha deles e ... Pela netinha deles que ele não teve tempo de conhecer, porque ela nasceu depois que ele já havia partido.

A mulher terminou sua narrativa ali, pois sua adorável netinha já havia pego no sonho e dormia profundamente. Ela sorriu ajeitando melhor as cobertas sobre sua garotinha. Depois levantou-se da cama e ao se dirigir pra porta do quarto viu sua filha que estava com os olhos marejados, parada ali. Há muitos minutos ela estava ali ouvindo emocionada a história de seus pais contada por sua mãe. Quando era pequena sua mãe também vivia lhe contando essa mesma história, assim como contava agora pra sua filha.

Assim como sua mãe sentia falta do marido mesmo depois de anos de sua morte, ela também sentia falta do pai, ele e ela eram muito ligados e perde-lo foi doloroso demais. Ele era seu melhor amigo, confidente, o melhor pai do mundo e quando pequena ela costumava dizer que ele era seu super-herói favorito.

_Filha, chegou há muito tempo? – ela perguntou em um murmuro quando a filha chegou perto dela que ainda se encontrava ao lado da cama da neta. As duas trocaram um abraçou e depois do abraço trocado ela ainda ganhou da filha um beijo carinhoso no rosto. Ela era tão carinhosa quanto o pai, havia herdado isso dele.

_Um pouquinho, ainda peguei boa parte da história que contava a Lara. – ela disse no mesmo tom que a mãe e depois se aproximou da filha e deu um beijo na testa da garotinha que dormia a sono profundo.

Em seguida ela e sua mãe saíram do quarto da pequena e seguiram pra sala da casa, pra poderem conversar melhor sem interromper o sono de Lara.

_É incrível como Lara não enjoa de ouvir essa história que a senhora conta quase todas as noites pra ela.

_Você também não enjoava de ouvir quando era pequena. – as duas mulheres trocaram um sorriso. _Contar pra Lara essa história quase todas as noites é uma forma de relembrar sempre e sempre a minha história com o seu pai, a quem eu amei muito.

Sara suspirou ao falar no marido. E como se lesse seus pensamentos a filha dela a indagou:

_A senhora ainda sente muita falta dele não é mãe?

_Demais, Taylor. Mesmo fazendo seis anos que seu pai morreu, eu ainda sinto a falta dele como se fosse ontem que ele tivesse partido. Às vezes ficou olhando pra Lara e é como se eu visse o Grissom nela.

_Lara é mais parecida com ele do que eu quando pequena.

_Você herdou mais o jeito do seu pai enquanto a Lara curiosamente herdou a aparência dele.

_É verdade! ... Aposto que se o papai estivesse aqui, Lara seria a garotinha do vovô.

_Assim como um dia você foi a garotinha do papai!

Novamente as duas sorriram lembrando-se do homem que seria inesquecível pra elas, passasse o tempo que fosse.


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Notas finais do capítulo

Bjs



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