Baforadas de ar saia da boca de Hikari enquanto observava a porta de seu quarto caída, e se espantou quando viu que nada fora tirado do lugar. Correu para o quarto de seu irmão e não viu nada demais, guitarras e tapetes de jogos eletrônicos espalhados pelo quarto. Só uma coisa a incomodava, a televisão estava ligada. E ao olhar para ela percebe que uma música do Guitar Hero 3 estava pausada... Sora nunca pausa os jogos.

Então se presumiu que ele havia esperado sua irmã sair para então invadir seu quarto a fim de descobrir do que se tratava aquele disco que estático flutuava sem nada para sustentá-lo.

Hikari olhou em todos os cômodos da casa para confirmar se Sora não estava ali mesmo e nenhum vestígio foi achado. Então pisando sobre os destroços da fechadura que ainda estavam no chão, se jogou para a praia atravessando o portal.

– Soraaaa! – Gritou enquanto ainda restava fôlego em seus pulmões procurando por seu irmão naquela ilha deserta. A areia da praia era marcada com pegadas a cada passo apressado de Hikari que se deixava ser controlada pela raiva.

Do outro lado da ilha, Sora caminhava pelo encontro da areia com a água. As barras de suas calças haviam sido dobradas até perto do joelho tentando evitar molhá-la. “Como Hikari pode ter escondido isso?” Pensou. – Isso! – Disse levantando seus braços para contemplar a beleza do pôr-do-sol quando observado daquele pequeno monte de areia e plantas na imensidão dos mares. “Não quero mais sair daqui.” Pensou Sora enquanto disse tirando a roupa para entrar na água. Parecia que aquele lugar tinha certo tipo de magia que fazia com que as pessoas se ligassem á ele com o primeiro contato direto. Mas não era isso. Apenas a sensação de estar livre sem nenhuma regra que os humanos impuseram no mundo era reconfortante. Não precisava se vestir direito a cada evento sério, não precisava fingir gostar de pessoas que é melhor evitar, não precisava aguentar pessoas questionando seu estilo de vida. Sora descobriu o que é ser ele mesmo, sem ligações com tecnologia ou algo assim... Material.

E sobre o portal? Se questionou no começo, quando ainda estava no quarto de Hikari antes dela o pegar no flagra. “Que merda é essa??” Se perguntou. Nenhuma resposta veio á sua mente. Então quando estava prestes á tocar o portal, Hikari o surpreende. “Merda! Justo agora essa vadia vem me encher o saco! Mas é melhor eu sair daqui, prefiro evitar discussão.” Bem, foi melhor assim mesmo... Sora é péssimo em discussões e sabe disso. Preferiu ir para o quarto a fim de pesquisar sobre qualquer coisa relacionada ao disco flutuador no quarto de Hikari.

Pouco tempo depois, achou algumas matérias na internet envolvendo magnetismo, entrelaçamento e por incrível que pareça truques de mágica. Não sabia o que pensar sobre tal fato, mas a “oportunidade de ouro” se mostrou quando Hikari saiu de casa. Resolveu ir buscar provas direto da fonte. Foi aí que encontrou a porta trancada e a única alternativa que achou foi arromba-la pelo fato de ali estar algo que talvez virasse assunto governamental. Algo totalmente implausível podia se tornar assunto do governo e de cientistas.

Voltando á Hikari, avistou longe na praia, seu irmão que já estava se encaminhando para a água. Correu ao seu encontro e ainda á uma boa distância gritou:

– SORA!! – Correu mais um pouco para perto dele e então continuou: - Seu maldito! Sai daqui agora!

Sora olhou para ela e espantado, aponta para longe avistando outro portal ser feito. Um portal apareceu atrás dela e de lá, saiu um menino que no começo parecia normal. Até que ele olhou para si mesmo. Parecia estar revistando tudo em sua aparência já que mudara de local tão rapidamente. Olhou pelos seus braços e foi aí que Sora e Hikari viram. Linhas vermelhas passavam pelos braços do menino e seus brilhos reluziam no olhar dele, que se mostrou frio e sombrio quando voltou seu olhar para os dois irmãos que o observavam sem entender nada.

– MARKURI! – Foi o que se ouviu do menino após pegar um enorme livro que havia caído sobre seus pés. De súbito, ele saiu rapidamente do chão. Voando na direção de Hikari e Sora.

O espanto tomou de conta dos dois que se viram serem perseguidos por um menino que estavam voando ao seu alcance sem nada que o ajudasse á isso. Sem asas, sem mochila a jato, nada que o fizesse voar estava ali.

“Que merda é essaaa??” Foi o pensamento de Sora ao se ver correndo. Arrodeando a ilha indo ao encontro do portal para de volta ao quarto de Hikari. “Esse dia está muito estranho! Acho que estou dormindo... Só pode ser.”

“Am... Ta. Mais uma coisa sem explicação só nesse ano!” Pensou Hikari. “Será que não foi ele quem fez o portal do meu quarto?” Estava se referindo ao menino “voador”. “O que será que ele queria me observando e do nada me perseguindo? Não quero nem pensar! Só preciso voltar pro meu quarto o mais rápido possível!” Conseguiu alcançar Sora na corrida. Ambos eram péssimos em esportes por serem sedentários, mas diante o perigo, nada é impossível de certa forma.

Sobre o menino? Não sei nada... Tirando alguns fatos que consegui observando o futuro... Ele é um ser denominado Palakan... Que tem poderes (Sim, poderes. Magia) a partir das palavras ditas. Mas é claro... Em outro idioma que eu não faço a mínima ideia de qual é. Vou apenas me reduzir a essa abstrata descrição sobre ele. Já que o futuro ainda não nos pertence... Irá de ser assim algum dia mas não hoje.

Com isso, Sora e Hikari conseguiram fugir. E logo que passaram pelo portal, tentaram entupi-lo com qualquer objeto que achavam, ursos de pelúcia que Hikari ainda guardava, travesseiros, um cobertor e por fim, uma cadeira (Sora veio correndo com ela da cozinha e deu um jeito de inseri-la ali de alguma forma.

Com o nervosismo, Hikari usou seu controle de Glátons para fechar o portal sem nem ao menos saber disso. Por um segundo, conseguiu controlar os Glátons que deram origem ao portal para fechá-lo. Pensou talvez, que o menino tivesse feito isso e enfim... Sua vida pudesse voltar ao normal... Talvez.