Os Guardiões escrita por Mariane, Amanda Ferreira


Capítulo 32
Missão negada.


Notas iniciais do capítulo

Meus deuses! Não nos matem!!!!
Temos explicações.
Primeiro: estamos sem tempo... e quando digo isso, eu digo SEM TEMPO MESMO!
Segundo: precisamos conversar para discutir ideias e só está nos restando o domingo pra isso.
Terceiro: Mil perdões!
Quarto: obrigado aos favoritos e aos comentários ♥
Quinto: hoje foto dos anciões:
* Elza( mãe da Julieth), Rosalina( mãe da Sarah), Madalena( mãe do Dani).
* Richard(ou pai do Nick), Ivo, Valentim( ou pai da Kate e Dani).
Bom... vamos tentar acelerar por aqui.
Beijos e boa leitura!



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Senti Katherine apertar minha mão com uma força que me fez abrir os olhos, dissolvendo toda a imagem do salão e de Kora ameaçando me matar.

Encarei a parede de principio. Como ela invadiu um sonho que eu já estava invadindo?

Nunca senti a presença de Kora tão perto antes. Era quase real.

Minha nuca se arrepiou e puxei minha mão do aperto de aço de Katherine. Encarei-a e vi caretas diversas se formarem no seu rosto.

Eu não podia fazer nada. Se Kora invadisse minha mente enquanto eu estava em outro sonho dela, talvez machucaria nós dois.

Respirei fundo e passei a mão pelo cabelo tirando-o dos olhos. Fiquei de pé ainda olhando Katherine franzir a testa e se remexer. Me aproximei pegando de volta sua mão e apertando. Deixei um calor escapar ate seus dedos. Uma forma de transmitir calma (Dissera o meu pai). Aos poucos ela se aquietou e sua expressão ficou serena.

Tirei os meus dedos dos seus devagar e me afastei. Senti um aperto no peito de pensar que seus sonhos poderiam se transformar em pesadelos a qualquer instante e eu não estaria ali para ajudar, mas por outro lado ela ficaria furiosa se me encontrasse quando acordasse.

Suspirei e abri a porta deixando-a sozinha novamente.

***

Acordei com a boca seca. Minha cabeça latejava intensamente. Olhei em volta com um aperto no peito. Era como se estivesse sendo observada. Como se alguém estivesse presente, mas não havia ninguém. O quarto estava vazio.

Esfreguei meus olhos e me sentei na cama. Encarei o quarto sem graça. Um típico quarto de hospital, branco com duas poltronas individuais, uma cômoda e uma cama. Levantei-me lentamente me espreguiçando. No mesmo momento alguém bateu na porta.

– Entra. – falei me encarando no espelho.

Eu já não estava tão pálida. Meus olhos estavam um pouco tristes e minhas sardas parecendo luzes néons em meu rosto. Eu estava muito magra. Mas do que o normal. E estava com roupa a horrível de hospital. Uma camisola azul.

– Incomodo srtª. Mozart?

– Não. – falei para a criatura em minha frente. Sim criatura. Ela alta, com olhos verdes-amarelados, a pele pálida como gelo, cabelos longos negros e uma orelha pontuda. – Hum, quem é você?

– Ambry. – falou – Sou uma das serventes de Lady Mayara. Ela pediu que eu a convocasse.

– Convocasse? Pra que?

Franzi as sobrancelhas.

– Você tem uma reunião com o Conselho em vinte minutos. – falou casualmente.

Assim que Ambry falou senti como se um gelo penetrasse em meu corpo. Eu só tinha os visto uma vez.

– Posso pelo menos pegar algo decente para vestir? - perguntei olhando-a.

Ela deu de ombros e puxou a maçaneta abrindo a porta na cara de Daniel.

Ele piscou duas vezes e depois entrou acenando para Ambry. Estendeu uma sacola vermelha pra mim e sorriu.

– Como está se sentindo? - perguntou.

– Bem... eu acho.

– Nicolas disse que parecia que você estava tendo pesadelos e eu queri...

– Espera! - o interrompi. - O Nicolas veio aqui?

– Veio, mas demorou pouco. Só queria ver se você estava bem.

Assenti meio boba e abri a sacola tirando dela uma calça jeans, blusa xadrez e um batom rosa(agradeci mentalmente). Sorri satisfeita para Daniel e corri para o banheiro vestindo tudo rapidamente. Quando sai ele me entregou um par de botas marrom.

Me olhei no espelho passando o batom e deslizei os dedos pelas ondas rebeldes do meu cabelo.

– Podemos? – perguntou Ambry.

– A-ham. - respondi.

Daniel seguiu ao meu lado em silencio e quando chegamos a porta do hospital ele esticou pra mim um par de óculos de sol. Fiz uma careta, mas ele sorriu.

Seguimos por vários corredores, entrando em varias portas diferentes e finalmente chegamos ao lado de fora do hospital. Estava um sol muito forte. Xinguei por estar com uma camisa de mangas compridas. Arregacei as mangas.

– Você está bem? – perguntou a garota.

Franzi a sobrancelha confusa e foi ai que entendi do que ela falava. Sem perceber eu estava mordendo meu lábio inferior a ponto de sangrar um pouco.

– Estou. – falei passando o dedo na pequena ferida. – Hum, a sede do Conselho fica longe daqui?

– Não muito. – falou – Vamos ir de carro. Ordem direta de seu pai.

– Hum. – comentei.

Paramos em frente a um lindo Audi preto e fiquei boquiaberta, mas antes que pudesse perguntar, Daniel abriu a porta pra mim e gesticulou para que eu entrasse. Assim que me sentei no banco macio ele se aproximou e falou de maneira sutil.

– Não se preocupe. Eles só vão questionar a missão que Mayara quer dar a você. - esticou a mão colocando meu cabelo atrás da orelha. - Apenas escute. Vão querer cancelar sua missão, mas tenho certeza que Nicolas vai te ajudar para que isso não aconteça e bem... tente ser gentil.

Franzi a testa.

– Sempre sou gentil. - empinei o nariz.

– Claro que é. - ele sorriu e se aproximou mais depositando um beijo na minha testa. - Ate mais tarde.

Assenti lançando um sorriso e ele fechou a porta. O carro se movimentou e meu coração começou a bater mais forte.

***

– Mãe me escuta. - falei pela milésima vez. - Não podem dar uma missão a ela. Acabou de chegar.

– Eu sei disso Nick, mas foi a própria Lady Mayara que foi falar com ela.

– Isso é ridículo, mãe! - protestei. - Ela vai morrer se sair daqui.

– Fale isso no conselho, filho.

– E se ela conseguir dobrar o conselho como faz com todo mundo?

– Nicolas, deixa de ser impaciente garoto. Aquela garota... Como ela se chama mesmo? Kaylane? – perguntou franzindo a sobrancelha.

– Katherine, mãe. – falei suspirando.

– Isso mesmo. – ela assentiu me puxando pelo pulso novamente. - Katarina ainda é jovem para uma missão. Você ainda é jovem para uma missão.

– Katherine. - a corrigi. - Mãe, eu já fui convocado em três missões. Não começa com isso de novo.

– Tudo bem Nick. - ela parou para me encarar.

Os cabelos escuros caindo em belos cachos sobre a pele clara e os olhos castanhos. Eu diria que Maggie é uma copia perfeita de minha mãe.

– Apenas não atrapalhe o conselho. - ela me fitou. - Como guardião da garota Karina...

– Katherine, mãe. - revirei os olhos.

– Tanto faz. - ela fez um gesto com as mãos e continuou. - Como guardião você deve fazer o melhor por ela, mas como um Heenk... deve se afastar.

Engoli em seco e recebi aquele velho olhar repreensivo que só ela sabe fazer. Assenti rapidamente e ela voltou a me puxar.

– Kira me dê paciência. – resmunguei.

Entramos no ultimo corredor e logo avistei a porta de carvalho. Minha mãe ajeitou o vestido e entramos na sala. Todos os Conselheiros estavam presentes e não pareciam amigáveis.

Percorri com os olhos o ambiente vendo cada qual em seu lugar: Elza e seus cabelos negros caindo na cintura, meu pai a seu lado com um olhar frio e arrogante, Rosalina em seus cabelos dourados e um sorriso debochado (exatamente como a Sarah faz), Ivo ao seu lado na mesma cara de tedio de sempre e por fim... Madalena em seus cabelos cor de chocolate e sorriso convidativo, Valentim com uma expressão indecifrável.

No meio da sala avistei Katherine e seus cabelos ruivos caindo como ondas sob as costas. Ela me olhou rapidamente depois voltou sua atenção aos Conselheiros.

– Ótimo! Agora todos estão aqui. – falou meu pai levemente irritado. – Querida Mary, nos daria privacidade agora?

– Com prazer Richard – falou minha mãe sorrindo secamente com aquele olhar ‘me conte tudo a noite’.

Assim que ela saiu à sala ficou tempestuosa.

– Soubemos de sua conversa com Lady Mayara – falou Ivo.

– E da missão que ela te ordenou. - completou Rosalina naquela coisa chata de 'esposa completa a frase do marido.'

– Ela disse que tenho uma semana ate partir. - falou Katherine.

– Você não passa de uma criancinha Katherine, vai morrer na metade da expedição. – falou Elza com sua voz irritante.

– Temo ter que concordar com ela. – falou Valentim desconfortável sob o olhar incrédulo da filha.

– Eu não acredito, essa missão é minha e acabou. - protestou a ruiva.

Limpei a garganta e tive que intervir.

– Desde quando você tem planos suicidas, Katherine? – perguntei olhando-a diretamente – Pra que você quer tanto essa missão?

Como guardião você deve fazer o melhor por ela...

Ela se calou e acho que atingi seu ponto fraco.

– Não é da sua conta Heenk. – respondeu em um tom glacial por fim.

Não podemos arriscar uma guardiã tão inexperiente lá fora. - falou Rosalina.

O certo seria colocar alguém que já participou de alguma outra missão. - meu pai concordou.

– Então estamos de acordo? – perguntou Madalena tristonha – Ela não irá a missão?

Ouve um murmúrio na sala e todos assentiram. Vi pelo canto do olho, Katherine contrair o maxilar. Percebi que ela estava segurando para não xingar.

– Então vocês vão mesmo descumprir as ordens da Lady Mayara? - perguntou Kate ironizando a voz.

– As ordens de Mayara são as maiores. Mas nem sempre são coerentes. - explicou Valentim mantendo sua pose de calma.

– Sentimos muito Katherine. - falou Elza sem esconder a falsidade. - Mas não podemos arriscar sua vida em uma missão que ainda nem tem proposito.

– Vocês não podem fazer isso! – gritou Katherine de uma forma escandalosa.

– Podemos garota. – falou Richard arrogante.

– Não podem. - ela gritou de novo.

– Kate. - falei olhando-a.

– Nicolas? - chamou Rosalina.

Assenti entendendo o recado silencioso transmitido por seus olhos azuis.

Andei em passos rasos ate Katherine e segurei seu pulso esquerdo puxando para perto de mim. Ela me encarou perplexa.

– Você sabe que isto está errado. - falou. - Diz alguma coisa. Como o guardião que devia ser!

Neguei com a cabeça.

– Você não está pronta. - falei olhando dentro dos seus olhos.

– Então me ensine tudo o que eu preciso saber. Eu prometo não te atrapalhar.

Senti algo palpitar dentro de mim. Como se eu não pudesse negar o seu pedido, mas respirei fundo e falei.

– Não posso.

Ela fechou a cara e quando pensei em arrasta-la dali, puxou o braço se soltando de minhas mãos e andando alguns passos a frente ate o Conselho.

– Não podem me prender aqui.

Todos a encararam.

– Eu irei com ou sem o consentimento de vocês.

Estiquei a mão pegando seu braço, mas ela me encarou com um olhar mortal.. um olhar novo que já vi alguém fazer antes... Sarah.

– Katherine se retire agora! - Ivo ficou de pé apontando para a porta.

Mas parece que Kate não o ouviu. Ela fechou as mãos em punho a ponto de sua pele ficar branca como ossos.

Ouvi o som do lado de fora. Olhei pelas janelas vendo os galhos das arvores se retorcerem e as folhas saírem voando.

– Katherine! - gritou Rosalina. - Se retire.

A porta de carvalho se abriu num estrondo e um vento raivoso entrou no salão. As folhas de papéis nas mesas saíram de seus lugares.

Vi a surpresa estampada nos olhos dos anciãos. Encarei a figura ruiva no centro da sala.

– Katherine! - gritei a fim de acorda-la, pois aparentemente um furacão estava chegando.

As janelas se abriram e se fecharam, batendo os vidros com mais força do que deveriam. A porta bateu e um ninho de papeis se juntou na sala ao redor de... Kate.

Seus pés saíram do chão e ela flutuou sem problema algum. Senti meu corpo sendo arrastado para trás pelo vento que sai dela. Como era possível? Não sei.

Valentim ficou de pé no mesmo momento de Madalena. Eles olhavam boquiabertos a garota ruiva de cabelos esvoaçantes.

Bati na parede quando o vento foi forte demais.

– Kate! - gritei.

– Katherine saia! - gritou Elza se segurando na cadeira.

Foi ai que tudo aconteceu.

– Não! - o grito que saiu da garganta de Kate não era nem de longe o dela.

Imediatamente todas as janelas da sala explodiram em um estrondoso ruído. Os ventos entram no recito revirando meus cabelos. O céu se tornou negro no lado de fora. E vi nitidamente Katherine flutuar, exatamente como um manipulador do ar fazia... exatamente como Sarah fazia.

Aquele olhar mortal que ela me lançou era um olhar de um guardião do ar.

Não sei quantos segundos levaram, mas levei as mãos nos olhos a fim de não ser cortado.

Foi então que a fixa caiu. Katherine era culpada. Katherine era uma guardiã não só do fogo, como também do ar.


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Notas finais do capítulo

Kate: http://www.polyvore.com/kate/set?id=133215087



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