Os Guardiões escrita por Mariane, Amanda Ferreira


Capítulo 21
Um medo idiota


Notas iniciais do capítulo

Oie voltamos...
Novidades quentes pra vcs. Aproveitem o cp!
Bjs!



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Eu sonhei com flores brancas, um vento bom e um sol radiante. Não consigo me lembrar, mas tenho quase certeza de que o sonho foi bom.

Acordei em uma cama macia, mas não reconheci o local sendo a enfermaria. Minha cabeça latejava na lateral e eu não conseguia formular pensamentos. Sentei-me um pouco na defensiva. Onde eu estou? O lugar parecia um quarto... Mas não o meu. Então logo me dei conta. Eu só podia estar no quarto do Lucas. Claro! Olhei em volta a procura dos meus olhos mel favoritos, mas não o encontrei em nenhuma parte.

Tentei me levantar, mas achei melhor permanecer apenas sentada quando percebi o quanto minha perna parecia pesada.

– Hei, você acordou. – falou minha voz favorita naquele momento – Fiquei preocupado. Ia ate te levar na enfermaria.

Olhei em direção de onde vinha a voz. Na minha frente estava Lucas apenas de calça jeans que caia um pouco, revelando parte da sua cueca vermelha. Ele estava secando os cabelos com uma toalha branca.

Imediatamente perdi minha voz. Aquela visão era melhor que o paraíso em si. Lucas não era apenas bonito, ele era extremamente excepcional. Tentei formular alguma coisa, mas tudo que saia de minha boca eram silabas mortas.

– Kate? – perguntou se aproximando com a testa franzida.

Pisquei três vezes e respirei fundo tentando tomar foco.

– Estou. Eu estou óootima. – falei arrastando minha voz.

– Tem certeza que não quer ir a enfermaria?

– Absoluta. – falei. Meu Deus porque você é tão delicioso? – Hum, Lucas o que aconteceu? Eu estou um pouco tonta...

– Ah. Hum... – falou – Você vomitou em mim e depois desmaiou.

– Eu o que? - arregalei os olhos e quase tive vontade de vomitar de novo.

– Tudo bem. Por isso não te levei direto a enfermaria, tive que tomar banho primeiro. – falou – Depois eu a levaria.

– Ah meu Senhor! – falei rouca – Me perdoa.

– Fica calma. Você apenas passou mal, nada de mais. Acidentes acontecem. – falou lançando-me um sorriso de matar. – Vamos, eu te levo pra...

– Serio não precisa. Eu estou muito bem, mesmo. – falei engolindo em seco.

Me sentido bem melhor me levantei e me senti estranha no mesmo momento. Foi quando eu olhei em direção ao espelho e percebi que eu estava apenas com uma blusa gigantesca do Flash...

Olhei para Lucas meio curiosa, meio brava.

– Você vomitou na sua roupa. – falou apontando para uma pilha de trapos no canto do quarto. – Achei melhor te dar uma blusa minha. Desculpa.

Fiquei muda por um instante imaginando a cena dele... Minha cara deve ter ficado azul.

– Ta ok. Eu só achei estranho. – respondi lançando um sorriso simpático. Cruzei o quarto e abracei-o sem esperar sua reação. – Morram de inveja recalcadas, porque o meu namorado é o melhor.

No mesmo momento travei. Porque eu só falo merda?

– Kate, do que você me chamou?

Engoli em seco.

– Namorado... – falei mordendo o canto da boca. – Desculpa, foi por impulso e...

– Eu adorei Kate. – falou pacientemente.

Ergui os olhos e encontrei os seus. Ele acariciou minha bochecha e deu um sorriso que posso definir como possessivo.

Afastei-me rapidamente e olhei para a porta entreaberta do banheiro.

– Eu posso? - perguntei.

– Claro. - ele assentiu.

Tranquei a porta e respirei lentamente pela boca. Olhei-me no espelho e não parecia tão acabada. Puxei o elástico do cabelo deixando-o cair sobre as costas. Lavei o rosto e a boca um milhão de vezes e por fim olhei a camisa do flash no meu corpo. Tampava no máximo uns vinte centímetros das minhas coxas e era larga demais para minha cintura.

Suspirei e sai do banheiro encontrando o Lucas revirando a mesma caixa que levei mais cedo ao auditório. Ele tirou alguns objetos e papeis e lia atentamente.

– Se sente melhor? - perguntou me olhando rapidamente.

– Sim. - respondi. - Obrigado por... tudo.

Ela se levantou e ergueu uma sobrancelha. Parou na minha frente e me analisou com cuidado. Só agora percebi quantos centímetros sou mais baixa.

– Não precisa ficar envergonhada ruiva. - falou docemente. - Já disse que está tudo bem.

Assenti olhando para o meus pés com as unhas pintadas de branco. Ele ergueu meu rosto com as mãos e ficamos nos encarando por longos segundos ate ele sorrir e se aproximar me beijando de um jeito calmo e carinhoso.

Tentei não pensar muito no fato dele estar sem camisa, mas o meu corpo não podia evitar. Abracei a sua cintura e desci as mãos lentamente vendo como sua pele era quente e aconchegante.

Ele levou a sua mão ate a minha nuca e o beijo já não era tão gentil assim. Sua língua dançou em cada canto da minha boca e não senti meus pés se moverem, só quando sentei na cama macia e quando dei por mim, minha cabeça já estava no travesseiro.

Minha mente rodopiava em pensamentos e nada fazia sentido agora. Entrelacei os dedos nos seus cabelos e tentei não prestar atenção na sua mão que subia cada vez mais a "minha" camisa. Ele apertou minha coxa direita e eu não pensei muito ao morder seu lábio inferior recebendo um sorriso entre o beijo.

Ele se afastou me olhando por um segundo e depois começou a trilhar beijos pelo meu pescoço. Minha respiração estava falhando e parei de respirar no mesmo instante que senti sua boca tocar o meu umbigo.

Gemi involuntariamente e ele me olhou com um sorriso quase vitorioso e voltou a ficar por cima de mim me olhando como se analisasse cada movimento meu. Seus lábios se juntaram aos meus de novo e suas mãos deslizaram pela lateral do meu corpo e lentamente para o elástico da minha calcinha e ai eu gelei. Perigo!!!! Comecei a me afastar passando a mãos em meu cabelo mais assustada do que quando pulei de paraquedas.

– Desculpe. – falou Lucas docemente limpando a garganta.

– Tudo bem. – respondi tonta.

– Não precisa ficar com medo. – falou calmo – Faremos tudo do seu jeito, tudo bem?

Assenti, mas eu sabia que havia quebrado o clima e no mesmo momento minha cabeça havia voltado a doer. Suspirando fundo olhei diretamente para ele.

– Ok. - ele forçou as mãos na cama e se levantou.

Pensei em alguma coisa e nada parecia certo. Fiquei de pé arrumando a camisa e me aproximei lhe dando um beijo rápido.

– Eu já vou. A gente se fala depois.– falei e sai em disparada do quarto sem esperar qualquer protesto dele. Precisava de ar.

Apesar de eu estar quase nua no corredor dos dormitórios masculinos, não tinha quase ninguém lá para fazer algum comentário. Isso graças ao domingo tedioso.

Eu corri em disparada e olhei por um segundo para me certificar de que ninguém estava olhando e quando virei a esquerda para seguir ate a escada, bati no peito de alguém e cambaleei para trás. Coloquei as mãos na testa e xinguei um bom palavrão.

– Katherine? - reconheci a voz melodiosa e rouca.

Ergui os olhos e encontrei o Nicolas com uma sobrancelha erguida me encarando com um sorriso divertido. Parei de respirar e não só o meu rosto ficou vermelho, mas o corpo todo.

– O que está fazendo? - perguntou. - E ainda mais assim...

Apontou para mim e pude ver que prendeu um sorriso.

– Eu... a... esta... eu... - gaguejei sem pensar em nada.

– Pensei que fosse proibido andar semi-nu por ai. - ele riu.

– Não estou pelada seu idiota. - falei sem pensar.

– Não estou reclamando, só fazendo um comentário. - deu de ombros.

Meu queixo caiu exatamente segundos depois. Pisquei e tentei falar algo mais minha voz travou.

– Acho que o destino quer que eu te veja... - ele me olhou de baixo para cima. - Sem nada.

– Olha aqui...

– Já a segunda vez essa semana. - ele interrompeu.

– Não acha que está muito abusado não, Heenk?

– Eu? Tem certeza que sou eu Hankor? - ele balançou a cabeça e mais uma vez perdi a fala.

Ele me lançou um sorriso torto e foi embora dando risadas de alguma piada que eu não ouvi.

Confusa, estressada e enjoada decidi seguir em frente antes de morrer de vergonha.

Assim que cheguei ao corredor das meninas respirei fundo. Meu coração estava disparado. Segui ate meu quarto e me tranquei lá, me senti mais segura. Como se eu estivesse em uma fortaleza. Colocando meu pensamentos em ordem.

Tirei a blusa do Lucas jogando-a cuidadosamente em uma cadeira e fui ligar a banheira. Eu precisava de um banho urgente!

Depois de uns vinte minutos apenas remoendo cada pensamento eu finalmente sai do banho e me joguei na cama. Procurei nas prateleiras e encontrei um bom livro. Li praticamente a metade e depois liguei a TV. ( sim, tem uma TV no quarto, acho que nunca a mencionei antes).

Fiquei ouvindo um documentário chato e como esperado, peguei no sono.

Abri os olhos num rompante e dei cara com uma lua brilhando intensamente no céu. Apoiei minhas mãos no chão e senti terra entre as unhas. Olhei em volta e me deparei com uma floresta escura e perturbadora. Andei passos penosos a procura da saída e avistei uma luz entre as arvores. Ouvi gritos e resolvi segui-los. Passei por arvores tortas e finalmente avistei alguém correndo por um campo limpo de arvores. Na verdade me parecia um garoto (que devia ter a minha idade). Olhei para os meus pés e notei que estava descalço, mas ainda assim comecei a ir atrás dele.

– Eiiiii! - gritei correndo ao seu alcance.

Ele não se virou. Vestia um tipo de capa preta onde um capuz tampava seus cabelos e seu rosto.

– Espere! - gritei mais uma vez, embora não soubesse porque estava atrás dela.

Ele olhou para trás e quase pude ver seu rosto. Estava assustado demais, mas eu sabia que eu não era a ameaça. Arrisquei olhar para trás e me arrependi disso. O que o seguia era bem mais assustador do que eu. Um lobo grande e peludo, o mesmo de um sonho anterior. Pelos cor de café, patas grandes e os olhos negros e profundos.

Parei instantaneamente e vi-o se aproximar. Ele arreganhou os dentes e eu apenas senti meu corpo congelar. Ele saltou no ar na minha direção, mas quando me alcançou passou direto pelo meu corpo. Atravessou-me como se eu fosse o vento e continuou indo atrás do garoto.

Olhei perplexo lobo soltar um leve rosnado, o garoto parou se virando para encará-lo. Puxou o capuz da cabeça revelando seu rosto. Tinha a pele clara, cabelos castanhos e bagunçados, um olhar sombrio e uma expressão de pouca amizade.

O lobo parou e encarou-o. O garoto fechou as mãos em punho e um som ecoou do chão. O lobo mostrou os dentes e avançou ligeiramente.

– Desculpe. - o garoto sussurrou e abriu as mãos.

No começo não vi nada, mas estreitei os olhos e consegui ver uma forma quase transparente sair das suas mãos. Sim, sair.

O garoto moveu as mãos levantando-as e algo começou a surgir atrás dele. Andei alguns passos e percebi surpresa que era água. Uma onda se ergueu atrás do garoto. Ele mexeu as mãos e a onda avançou passando pelo garoto e atropelando o lobo.

O lobo caiu rosnando, tossindo, não sei bem o que era. Ergueu a cabeça e deu sim, deu um rosnado assustador. Ficou de pé e correu para mais um ataque. O garoto moveu os dedos e a onda se abaixou. A água flutuou nas suas mãos e de repente ficou sólida. Pedras de gelo perfeitas ganhando vida.

As pedras se moveram delicadamente e então flutuaram em direção ao lobo com toda velocidade. O garoto girou as mãos e as pedras se uniram se transformando em uma enorme pedra de gelo.

Arregalei os no momento em que a pedra acertou em cheio o lobo o arrastando por mais de seis metros. O garoto suspirou e fechou os olhos por um segundo, como se aquilo lhe causasse dor e depois puxou o capuz e voltou a correr.

Voltei minha atenção ao lobo cor de café. Ele de alguma forma não foi esmagado. Levantou-se mancando da pata direita traseira, ergueu a cabeça e uivou. Um uivo alto e claramente poderoso.

Engoli a saliva da boca e senti a garganta doer. Sentei-me na cama e respirei pela boca.

– Bom dia dorminhoca. - falou Yve arrumando os cabelos loiros em frente ao espelho.

Analisei seu look boquiaberta. Estava tão linda numa blusa curta e preta, saia florida e um cintinho cor de pêssego. Usava também uma bota de cano curto e uma bolsa da cor do cinto.

– Bom dia Yve. - respondi me arrastando da cama.

Entrei no banho imediatamente. Pensei, pensei e pensei, mas não deduzi quem era o garoto e muito menos o assustador lobo.

Sai do banheiro direto para o closet e fui arranjar o que vestir. Peguei uma blusa de cetim rosa com estampas, um short cinza escuro, uma jaqueta de couro preta, um escarpam vermelho puxado para o coral, uma bolsa de franjas brancas, brincos de estrela e por fim, pulseiras de argola.

Penteei os cabelos e quase deixei os perfumes caírem quando Leninha entrou no quarto batendo o pé.

Estava usando um vestido com a parte de cima branca e a de baixo florida, um salto dourado, segurava uma bolsa rosa claro, com uma pulseira rosa com enfeites diversos, um colar de penas e por fim um brinco de perolas.

– O que foi? - perguntei.

– Você sumiu. – rosnou.

– O que? – falei com a cabeça latejando – Deixa de drama Helen.

Assim que pronunciei seu nome completo ela me encarou revoltada.

– Argh! – gritou e saiu batendo a porta.

Sai atrás delas, mas já era tarde. Ela havia sumido do quarto.

– TPM?

– TPM. – concordou Yve. Sorri para ela e peguei meu celular, escrevi uma mensagem e enviei ao Lucas. – Vou sair. Beijos.

“Encontre-me no campus daqui a vinte minutos. Bjs. – K.”

Segundos depois ele respondeu:

“Já estou indo. Tem certeza que esta bem? Estou preocupado. – L.”

Digitei com pressa.

“Estou bem.”


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Notas finais do capítulo

Kate:http://www.polyvore.com/kate/set?id=125608147
Leninha: http://www.polyvore.com/leninha/set?id=125848969
Yve: http://www.polyvore.com/flores/set?id=125433397



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