–Gilbert-

Estava indo á escola, seguindo a Mol. Apesar de ser entediante ter de ir para aquele lugar discrepante, sendo que eu já terminei meus estudos, há tempos, eu precisava segui-la e ficar de olhos abertos. A Mol é um imã de desastres. Os cabelos dela voavam com o vento parecendo algodão-doce, e sua pele se destacava no céu, que de fato, era sempre nublado, e ela tomara seu segundo Danoninho do dia.

Esses dias eu venho estudando a frequência de seus pesadelos. Suponho que sejam os efeitos de se estar sendo perseguida pelo Conselho dos vampiros mais irritantes que eu conheço:

–Eu tive um pesadelo hoje... –Disse Mol, ainda olhando e caminhando em frente.

–Teve algo de diferente nele? –Perguntei.

–Não, ele foi a continuação do pesadelo anterior... E o Nathaniel estava nele. –Respondeu –Acha que pode significar alguma coisa, Gilbert?

–Acho...

–Pode me contar o que acha? –Ela pediu.

–Não.

–Mas eu que tive o pesadelo. Estou metida nessa história até o fio de cabelo! Deve me contar. –Ela disse. Realmente, ele tinha razão nisso. Mas não queria contar isso no meio da rua:

–Agora não, mais tarde. –Respondi.

Depois de mais alguns minutos caminhando, chegamos á escola. A Mol parecia inquieta e um pouco assustada, mas acho normal ela ficar desse modo, principalmente quando você está sendo perseguida por vampiros homicidas que querem te matar por você ter o mesmo tipo de sangue que eles.

...................

Assim que a aula começou, fiquei sentado no lugar que eu costumo sentar, do lado da janela. Fiquei observando por um tempo, até que olhei alguém familiar do lado de fora: Ravena. Ravena não era o tipo de pessoa que agradava muito os outros, muito pelo contrário, ela era cruel e inescrupulosa. Ravena faz parte do Conselho Lótus, ajudou Damian á construir o Conselho e é a segunda integrante mais velha. Seu objetivo é seguir as ordens de Damian, mas se ela estiver com fome, simplesmente ignorará as ordens dele e poderá matar qualquer um que estiver á sua frente.

A raiva subiu em minha cabeça no mesmo segundo em que á vi. Ela estava olhando na direção onde estava Mol. Suponho que seria outra ordem de Damian, pois Ravena só fica pelos arredores do Conselho, ou matando, ou perseguindo alguma coisa.

Mol olhava na mesma direção em que eu estava olhando: Para Ravena. Ela simplesmente parou de escrever e fitou toda sua atenção á Ravena. De repente, Ravena sumiu. Nossa atenção foi interrompida pelo professor que nos chamou:

–Blackburn e Nightray, perderam alguma coisa na janela? –Mol apenas assentiu negativamente. Assim que o professor virou-se de volta ao quadro, olhamos de novo para a janela e... nada.

...............

Assim que a aula acabou era hora do intervalo. Fomos em direção á pequena árvore em que a Mol sempre ficava. Ela estava tomando seu terceiro Danoninho do dia e conversando com Cassandra e Nathaniel, quando as três garotas mais insuportáveis chegaram e ficaram ofendendo-a:

–Trouxe Danoninho por que esqueceu a mamadeira, foi? –As três riram.

–Não interessa pra vocês! –Exclamou Cassandra, irritada.

–A gente não tá falando com você, sua ruiva tingida! –Uma delas disse. Aposto que ela vai amanhecer morta depois disso. Meu conselho: Nunca discuta com Cassandra Bezarius. Eu quase morri um dia por isso.

Antes de Cassandra explodir em cima das meninas eu me aproximei para acalmá-la:

–Cassandra, não perca seu tempo com elas... –Falei. – Escuta, se vocês vieram somente para encher-nos a paciência, por favor se retirem.

–Nós vamos sair daqui por que a gente quer, não por que vocês estão mandando! Seus trouxas! –Falaram e em seguida se retiraram.

–Mas que droga, Nightray! Você me interrompeu de arrancar as cabeças delas fora! –Reclamou Cassandra.

–Sabe que iria ser cremada em uma praça pública se descobrissem que você é uma vampira. –Falei sem me importar com o que ela faria depois.

–Se você soubesse o tanto que eu não estou nem aí para isso... –Cassandra respondeu, mais calma dessa vez.

–Mol, vai ter aula de piano hoje? –Perguntou Nathaniel.

–Tenho, por quê?

–Não, é que eu vou assistir A Chegada dos Mortos-vivos 2, queria que você fosse conosco, a Cassandra também vai! –Ele disse.

–Ah, pena que eu não posso ir. Hoje vou aprender uma música nova no piano, e como eu sou a única aluna da sala, não queria que a professora fosse até lá pra nada. –Ela disse meio tristonha.

–Além do mais, ela não pode ficar saindo por aí. É perigoso. –Falei frio.

–Ora, Gil! Deixe a menina ter um pouco de vida social! –Reclamou Cassandra.

–Não é por isso pessoal, não posso mesmo ir. Sinto muito. –Disse Mol.

–Tudo bem. Mas, qual é mesmo o nome da sua professora? –Perguntou Nathaniel.

–Blair Phectroville. Eu já ouvi esse nome antes, mas minha memória é um troço horrível. –Ela respondeu. Eu me lembro desse nome muito bem. E vejo que nossa querida aliada já começou com o plano mesmo sem termos a chamado.

................

As aulas acabaram e o dia estava chegando ao seu fim. Fui seguindo a Mol até a aula de piano. Estava do lado dela, quando ouço um ruído enorme vindo de seus fones de ouvido:

–O que está ouvindo? –Perguntei, mas acho que ela não ouviu devido ao alto volume da música. Dessa vez tirei um dos lados do fone:

–O que está ouvindo?

–Lacrymosa. –Ela respondeu.

–Está ouvindo Mozart? –Perguntei em tom de desaprovação. Não gosto de música clássica. Elas me lembram vampiros. E em sua maior parte, odeio vampiros.

–Não, essa é do Evanescence. –Ela disse. Depois parou de andar –Espera! O quem tem contra o Mozart?!?

–Não gosto de música clássica.

–Ah é? E que tipo de música o Sr. Nightray gosta? –Ela perguntou.

–Within Temptation. –Respondi.

–Que banda é essa? –Ela perguntou.

–Nunca ouviu? –Ela balançou a cabeça negativamente –Depois te mostro alguma música deles.

E a noite foi seguindo desse jeito. A Mol saiu da aula de piano e no caminho de volta nós viemos na chuva. Viemos parte do caminho conversando sobre sabores de Danoninho que deveriam existir.