A Deusa do Amor e o Deus da Guerra escrita por TaediBear


Capítulo 3
Vênus e Marte


Notas iniciais do capítulo

Yoo, Minna (:

Genki ?

aqui mais um novo capítulo ^^



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- O jantar está servido – Lúcia apareceu no meu quarto, atrapalhando-me no meio do meu novo livro. – Desculpe-me, lhe atrapalhei?

- Tudo bem... Estou com fome, mesmo.

Levantei-me da poltrona e fui devagar até as escadas, acompanhando os passos lentos de Lúcia. Cheguei à mesa de jantar já posta e me sentei na cabeceira. Lúcia sentou-se em uma das cadeiras ao lado esquerdo da mesa e pegou uma colher para se servir. Eu ainda estava aéreo por causa do livro. Estava tentando imaginar o que aconteceria depois, como eu poderia descrever aquela cena. Como poderia colocar no papel o desespero do garoto, a fúria dele com os guardas, o amor que ele sentia pela jovem rainha?

Já estava, também, me imaginando: olhando para aquele papel, batendo com o tinteiro no braço da poltrona e, finalmente, escrevendo duas ou três palavras, para novamente começar aquele ritual. Minha inspiração tinha ido embora. Eu precisava ver aquela mulher novamente. Ela era minha musa inspiradora. Sem ela, eu não conseguiria continuar meu livro.

- O que o senhor estava escrevendo naquela hora? – Lúcia perguntou, cortando meu raciocínio.

- Eu estava começando um novo livro, Lúcia.

- Qual é o título?

- Eu ainda não pensei nele.

- Desejas ajuda para escolhê-lo? O senhor pode me contar a história e eu lhe ajudo a escolher um título que lhe agrade.

- Claro. Se tu queres ajudar, Lúcia.

Contei-lhe a história do meu novo livro e lágrimas se formaram em seu belo rosto. Parei de falar no mesmo instante e perguntei o que houve.

- É uma história tão bonita. Espero que ela venda tão bem quanto seus outros livros.

- Mas e o título? Já pensaste em um?

- Tenho que pensar bastante para que possa criar um título a altura de tão bela história. Posso lhe dar a resposta amanhã?

- Claro que sim, Lúcia. Amanhã na hora do jantar, podes me dizer a resposta.

- Tudo bem.

Continuamos o jantar em silêncio.

Ao final, levantei-me da mesa e corri de volta ao quarto. Peguei o papel e o tinteiro e voltei a escrever, mas, dessa vez, era uma história diferente. Nessa, eu contava a história de uma jovem mulher que um dia faleceu, deixando para trás seu marido e uma pequena filha. O homem, para não se lembrar mais de sua falecida esposa, leva sua filha para um orfanato e a abandona. Anos depois, a garota, já com seus dezesseis anos e com pais adotivos, se apaixona por um homem bem mais velho que ela, e eles acabam combinando de se casar. No dia do casamento, o homem descobre que essa garota na verdade é sua filha. Desesperado, o homem pega um punhal que trazia consigo, apenas por segurança, e se mata. A garota, ao ver seu amado morto, pega aquele mesmo punhal e o crava em seu peito. As pessoas comovidas com aquela história de amor, drama e tragédia colocam pai e filha, noivo e noiva, enterrados um ao lado do outro, que, por sua vez, estavam enterrados ao lado da falecida esposa e mãe.

Tanto Lúcia quanto a minha musa me deram inspiração, só que para histórias diferentes. Pergunto-me porque apenas essas duas pessoas me dão inspiração para escrever minhas tragédias, meus romances, meus dramas. Talvez por que eu esteja... Atraído pelas duas... Atraído ou apaixonado... Ainda não consegui diferenciar essas palavras. Ao meu ver, elas são idênticas.

 

Na manhã seguinte, levantei-me um pouco mais triste. Lembrei-me de que seria muito difícil eu me encontrar com a minha musa inspiradora. Tomei o café da manhã que Lúcia me preparou e sai de casa, o primeiro lugar que tentaria era a taberna.

O velho, muito gentil, me cumprimentou. Perguntei-lhe sobre a dama de ontem e ele respondeu que só havia visto-a naquele dia, ou seja, não a havia visto nem antes nem depois. Suspirei, agradeci-lhe e desapareci do local. Onde será que ela podia estar?

Comecei a atravessar ruas sem rumo. Não sabia se dobrava à esquerda ou à direita nas encruzilhadas, só continuei andando. Queria saber onde meus pés me levariam.

Passei por casarões enormes, praças verdes e repletas de crianças, tabernas, também cheias, mas de beberrões. Em um dos casarões pelo qual passei, ouvi uma mulher gritar. Parei no mesmo instante e encarei a casa. A mulher continuava chorando e gritando tão alto que todos os que passavam podiam ouvir, mas só mesmo eu parei para, se pudesse, prestar ajuda.

De repente, a porta da frente se abriu com muita força. E lá estava ela, minha musa inspiradora. A dama tropeçou em um dos degraus da frente e caiu em meus braços. Segurei-lhe para que não caísse. Seus olhos cor-de-mel estavam repletos de lágrimas, suas bochechas com marcas molhadas, seu vestido rasgado e ela possuía algumas marcas no corpo.

Olhei novamente para o casarão e vi um homem mais velho do que ela sair a passos firmes. Ele veio em nossa direção e gritou:

- É com que esse aí que estás me traindo?!

- Eu não... Estou lhe traindo... – ela disse, quase sem voz. – Já lhe expliquei que... Eu sempre saio para... Ir ao médico...

- Fazer o quê?! Uma mulher jovem como tu, não podes ter problemas de saúde.

- Claro que posso... Eu sou um ser humano... Eu tenho problemas de saúde como... Qualquer outro...

- De qualquer forma, não quero que voltes mais aqui! Tu estás proibida de se aproximar desta casa!

- E onde irei dormir?

- Não faço a mínima ideia. Que arrumes um lugar na casa de seu amante!

Então, ele voltou para casa.

Não sabia se devia me meter nos assuntos deles, mas eu queria consolá-la de qualquer jeito. Levantei um pouco seu rosto para olhar dentro daqueles lindos olhos cor-de-mel. Eles estavam marejados e vermelhos.

- Desculpe-me se estou sendo intrometido em seus assuntos, senhorita, mas o que aconteceu?

Ela suspirou e se afastou de mim.

- Não há problema, eu acho que posso lhe contar. Meu marido acha que o estou traindo. Mas a verdade é que só estou um pouco cansada. Hoje mesmo, ia sair para o médico para ver o que tem de errado comigo, mas ele não acreditou em mim e me expulsou de casa.

- Aquele senhor era seu marido?

-Era sim.

- Por acaso, o ama?

- Bem... Não, na verdade, isso foi um casamento arranjado. Minha família cismou dizendo que eu havia de casar com ele, e foi isso que acabou acontecendo. O que posso fazer agora? Não tenho mais onde morar...

- Senhorita, com licença, mas, se não tiver onde ficar, podes ficar em minha casa. Só moro eu e minha empregada, mesmo.

- Tens certeza?

- Claro. Seria um prazer acolher tão bela dama.

- Muito obrigada, senhor. Ah, e tu és aquele homem de ontem, não? Desculpe-me por ter sido grossa, acontece que estava muito cansada e sem saber o que fazer para acabar com isso. Não estava com paciência.

- Não há problema. Venha, lhe mostrarei o caminho até minha casa.

Segurei sua mão tão macia e caminhamos a rua, até chegar em minha humilde casa, que, comparada àquela mansão, não era nada. Entramos e eu apresentei a garota a Lúcia.

- Desculpe-me, mas nem perguntei seu nome... – eu disse.

- Não se preocupe... Meu nome é Vênus. Mas e o seu?

- Sou Marte, prazer.

- Igualmente.

Apertamos as mãos. Olhei para o lado e percebi que a expressão de Lúcia demonstrava que ela não estava muito feliz com essa nova situação.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado ^^

podem deixar reviews ? *--*

beijos:* Takoyaki-chan desu ~ :3