Respirei fundo, e assinei a folha do MFW.Suspirei olhando para minha obra-prima, me lembrando de como a cara da Vandy Vadia tinha ficado verde de tão roxa.Ri maligna com o pensamento.

Então alguém bateu na porta.Eu gritei assustada e joguei meu sapato naquela direção.Resultado:

Um pai furioso com uma marca de sapato no meio da cara.

Ri sem graça olhando para ele com cara de inocente.Ele continou impassível e falou com uma voz meio robótica.

–O garoto chegou.-E saiu.Eu sabia que ele falava de Scorpius, porque meu pai evitava pronunciar o nome dele.

Meu pai também tentava evitar respirar perto dele, e também não olhava para Scorpius por muito tempo.Ele também queria que Scorpius morresse esmagado por um elevador ou algo do tipo.

Suspirei, guardei a folha perfeita que eu tinha terminado de escrever, enfiando-a na gaveta.Desci as escadas de pijama mesmo, e me deparei com Scorpius sentado no sofá, escutando algum sermão do meu pai.Scorpius tava com uma cara apavorada, então eu fiquei ali para escutar.

–...E você não vai dormir no mesmo quarto que ela.Quero no mínimo dez centímetros de distância entre sua boca e a dela.Sem pegar na mão, e muito menos na bunda.E...-Meu pai foi interrompido por minha mãe que surgiu do além e agarrou a orelha dele, o arrastando até o cozinha, sorrindo sem graça para Scorpius.

Deixei escapar um riso, e Scorpius olhou para trás, me vendo.Ele fechou a cara para mim.Andei até ele e me sentei em seu colo, ele arfou.

–Sai de cima de mim sua gorda!-Falou ele me empurrando de seu colo.Caí de bunda no chão.Fiz cara feia e me sentei ao lado de Scorpius.Ele parecia meio enraivecido.

–Que foi Scorp, porque tá bravinho?-Perguntei em tom de deboche.Ele me olhou e falou, parecendo magoado:

–Você estava rindo do meu sofrimento...

Ele parecia um cachorrinho com aqueles olhinhos cinzas brilhantes.Eu sorri e agarrei aquelas bochechinhas fofas e falei com uma voz meio zoada:

–Aii meu Scorp, até parece que não é divertido rir da desgraça dos outros!

–Mas eu sou seu noivo..-Ele deixou escapar.Soltei um grito e pulei em cima dele tapando sua boca.

Scorpius ficou desesperado, se debatendo embaixo de mim, querendo gritar.E a única coisa que eu queria fazer era enfiar Scorp em uma caixa e mandá-lo para a Antártida.

Acontece que há uns dois ou três meses, Scorp com toda a fofura em seu ser, me pediu em casamento.E só uma idiota negaria se casar com Scorpius Malfoy, então eu disse sim.Scorpius me levou pra jantar com a família dele, anunciou para Raimundo e todo mundo que íamos nos casar e tudo mais.

O único detalhe é que eu não contei para meu pai ainda, por motivos óbvios, é claro.Da última vez que tentei contar ontem foi tipo assim:

Eu:Pai, o que aconteceria se eu dissesse que vou casar com o Scorp?

Meu Pai:Eu enfiaria você num saco e te mandaria para o Brasil.

Meu Pai: ~Le olhar psicótico

Eu:Era só curiosidade mesmo, falou.

E eu me tranquei no quarto e fiquei me balançando para frente e para trás no canto do meu quarto pelo resto do dia, tentando de alguma forma contar para meu pai o fato de eu estar prestes a virar uma Malfoy.

Por esse motivo que eu estava, neste momento, tentando arrastar Scorpius escadas a cima, e ao mesmo tempo, fazer aquele estrumício calar o bocão, o que era uma tarefa extremamente difícil porque ele se debatia demais.

Finalmente eu consegui jogar Scorpius num quarto e trancar a porta.

–MAS QUE DIABOS VOC...-Começou a gritar Scorpius, mas do nada, a porta do banheiro se abre e Hugo sai todo molhado e só de toalha de lá.

Scorpius parou de gritar, e começou a olhar para Hugo, assim como eu.Hugo fez uma careta de curiosidade.

–Que é que vocês estão fazendo no meu quarto mesmo?-Perguntou ele, confuso.

Sorri sem graça, peguei o pulso de Scorpius destranquei a porta e saí dali sem dizer uma palavra.Ainda andando lentamente enfiei Scorpius no meu quarto, e tranquei a porta.

–Errh, então...-Desconversei.

–"Errh, então..." nada mocinha!-Falou um Scorpius irritado.Me encolhi.-Você pode me explicar que pití foi aquele lá na sala?

–Credo, isso tá parecendo briga de pai e filho...-Comentei, abrindo a porta do guarda-roupa, bem tranquila.

–Nada de mudar de assunto!-Falou Scorpius com raiva.-Você vai me explicar aquilo e...

Ele parou de falar quando percebeu que eu ia me trocar.Ele ainda não se acostumava com o fato de eu ser tão cômoda que eu me trocava na frente de qualquer um, como se estivesse sozinha.

Sério mesmo.Já me troquei na frente do James, do Albus, do Louis, e até do Tio Jorge.Parece meio estranho, mas eu nem me importo, porque todo mundo já me viu de biquíni, e de biquíni para calcinha e sutiã não tem diferença alguma.

Mas acho que meu corpinho lindo ali na frente do Scorpius foi demais para seu pobre coraçãozinho.Enfim, ele praticamente desmaiou.Ficou ali parado, feito uma estátua e tal.

–Não vai se trocar?-Perguntei como se nós não estivéssemos prestes a brigar há agora pouco.

Enfim, saímos do quarto trocadinhos e bonitinhos para passarmos o Natal em família.Ia ser muito emocionante, eu tenho certeza.E porque?

1)Eu teria que contar de qualquer jeito que eu estava noiva, afinal aquele anel de brilhantes não apareceu no meu dedo por acaso.

2)Seria o primeiro Natal em que eu seria oficialmente maior de idade, ou seja, eu poderia beber.

3)Acho que as duas primeiras já são o suficiente para deixar o Natal bem emocionante.

Enfim, lá estávamos, todos na frente da lareira, quase como uma família normal, tirando o fato de meu pai ainda estar com a forma de uma sapato no meio da cara.

Fomos por rede de Flu até A Toca.Assim que chagamos o cheiro incrível e delicioso de comida preencheu minhas narinas.Respirei com prazer aquilo, e andei até a cozinha.Lá estava minha avó fazendo o almoço de Natal, que muito provavelmente nos deixaria acima do peso.

Me sentei a mesa, comendo alguns biscoitos de chocolate.Minha mãe deu um tapa na minha mão.Soltei os biscoitos, mastigando os que eu tinha na boca.Minha avó se virou para nós, e um sorriso surgiu no seu rosto.

–Ai como eu estava com saudades, eu não consigo viver sem você gritando pela casa e acabando com o estoque de coxas de frango!-Disse minha vó.Meu pai estufou o peito, esperando o abraço, que não veio, e quem ganhou o abraço foi eu.Pude ouvir o som de engasgo de Scorpius ao tentar segurar a risada.-Ai como eu amo minha Rosinha!

Hugo gargalhou.Ele riu tanto que caiu de quatro no chão.Eu tentei segurar a risada, juro que tentei, mas eu acabei gargalhando, ainda abraçada com minha vó.Meu pai fez uma cara sem graça, tentando disfarçar aquele vácuo enorme.Minha mãe estava vermelha, os lábios apertados, tentando ao máximo não rir.Eu podia ver no rosto de Scorpius a dificuldade para o coitado não cair na gargalhada.

–Do que vocês estão rindo?-Perguntou minha avó, se separando de mim.Eu quase morri de dar risada, eu pensei que ela tinha tirado uma com a cara do meu pai, mas acho que aquela não era a intenção dela.

Mesmo assim, foi engraçado.

Tive que levar Scorpius para fora para ele poder rir livremente.E ele riu, riu e riu tanto que teve que se apoiar em mim.Então Nicky correu até nós, sorrindo.

–O que é tão engraça...-Ele começou, mas do nada ela começou a gritar feito uma louca.Tanto que eu dei um pulo no lugar.-AQUILO NA SUA MÃO, É UM ANEL, ROSELINE JEAN GRANGER WEASLEY?

Primeiro de tudo corei violentamente com o "Roseline", que é meu nome verdadeiro, que eu tento ao máximo esconder, mas ás vezes é impossível.Depois eu pulei em cima de Dominique e tapei sua boca, rezando para que meu pai não tivesse escutado.

Ela começou a se contorcer embaixo de mim, exatamente como Scorpius, a única diferença é que Nicky é bem mais leve, tanto que eu a aguento sem problemas em cima dos meus ombros.

Eu tapei a boca dela com a mão, e a arrastei até o barracão de ferragens.Chegando lá, tirei a mão da boca de Dominique, e ela imediatamente começou a berrar.

–ROSELINE VOCÊ VAI ME EXPLICAR ISSO AGORA, E SE ME ARRASTAR DE NOVO PELO QUINTAL EU VOU CONTAR PARA TODO MUNDO SOBRE AQUELA VEZ NAS FÉRIAS EM NOVA IORQUE QUE VOCÊ...-Eu tapei a boca dela de novo.

–Primeiro, nunca mais me chame de Roseline, segundo, se você falar daquela vez, eu conto para todo mundo que você beijou o Lorcan na festa de Páscoa.-Sibilei com raiva.

–ELA BEIJOU O LORCAN!?-Berrou Scorpius.Dei uma cotovelada com força na sua barriga, fazendo-o calar a boca.

Lentamente retirei a mão da boca de Dominique, que estava mais calma.

–Ok, mas eu vi um anel...-Disse ela.Eu fiquei branca.

–Não é nada.

–Nós vamos casar.

Respondemos eu e Scorpius simultaneamente.Nos entreolhamos.A boca de Nicky se escancarou.

–Tenho certeza que ouvi um "Vamos casar" aí no meio!-Exclamou ela bem alto.

–Não ouviu, não!

–Você está certa!

Exclamamos eu e Scorpius ao mesmo tempo novamente, e agora tudo o que eu queria era me jogar em cima dele e começar a gritar "QUAL É A DIFICULDADE EM CALAR ESSA BOCONA AI, E PARAR DE ESPALHAR PARA TODO MUNDO QUE ESTAMOS NOIVOS!".Sério, eu queria enforcar Scorpius.

–AI MEU MERLINDO*!!-Gritou Dominique.-AI QUE DIVESA!VOCÊS VÃO CASAR!!

E ela abraçou/esmagou eu e Scorpius, então ela nos soltou e soltou um gritinho (AAAAAAIN!!) e voltou a nos abraçar.Depois de um tempo, quando finalmente conseguimos aquietar o facho de Nicky saímos do barraco de ferragens, com ela saltitando e literalmente soltando purpurina por ai com sua varinha.

Eu e Scorpius andamos de cabeça baixa, mais vermelhos que um tomate.Andamos até perto de Lilly, que ria de alguma piada de Hugo.Ela sorriu e olhou para gente.

–Olá para vocês d....-Ela parou, a boca escancarada.Lilly agarrou minha mão e me puxou para baixo, me obrigando a se sentar ao seu lado.Então ela murmurou:-Ai meu Merlin, isso é um anel de noivado, ou eu to alucinando?

Sorri para Lilly, agradecendo a Merlin por ela não ter berrado ou me chamado de Roseline.Assenti de leve, e ela ia gritar histérica, mas eu susurrei:

–Não conta para ninguém...

E acabou que ficamos a tarde inteira rindo e nos divertindo, até meu pai nos chamar para assistir a partida de quadribol que eles iam jogar.Eu e Scorpius ficamos lá atrás, de mãos dadas, até ele perguntar.

–Seu nome é Roseline?

–Calado!