Dez anos se passaram desde que me tornei Katniss Everdeen Mellark. Peeta, ainda tem alguns efeitos do Telessequestro, mas agora eu estou aqui para o que ele precisar. Sim, dez anos foram necessários para que Peeta conseguisse me convencer em formar uma família. E confesso, que a primeira vez que senti algo se mexer dentro de mim fiquei assustada e insegura. A única coisa eu fez com que essa sensação passasse foi segurar pela primeira vez a linda menininha, Rose Everdeen Mellark. E lembro-me perfeitamente do brilhos nos olhos de Peeta quando soube que seria pai.

Estávamos deitados no sofá, olhando mais uma vez, o livro que fizemos juntos em homenagem a todos os mortos nos Jogos e durante a Guerra. Eu, que já sabia que esperava uma menina, queria fazer uma surpresa. Nós lemos os livro e lembramos de cada momento bom que passamos com cada uma daquelas pessoas. Chegando á ultima página do livro, senti um aperto no coração. Uma pintura de Prim, sorrindo abraçada com o gato mais feio do mundo - Buttercup - preenchia a página. Não tinha como pensar na minha filha, sem lembrar da Prim. E quando eu penso que eu poderia ter evitado o que aconteceu...Hoje, sei que a culpa não foi toda Gale. Eu mesma poderia tê-la salvo. E não guardo raiva dele pois... simplesmente não quero perder mais uma pessoa á toa.

– Peeta. - Digo, vedo-o encarar a página. Peeta também sentiu muito com toda essa história da Revolução. Afinal, nós dois começamos isso tudo.

– Sim. - Ele responde, transferindo seu olhar para mim. Eu sorrio, e olho para baixo, timidamente, em busca das palavras certas para começar.

– E se por acaso eu te dissesse hoje, que nós vamos ter uma... filha ?– Falo, finalmente.

Bem, a base da conversa foi essa. De primeira ele não acreditou. Mas, logo que percebeu que eu estava falando sério, ficou completamente emocionado. Ele chorou, riu, me abraçou... parecia uma criança quando ganha um brinquedinho novo. Peeta queria muito ter filhos. Aliás, se não fosse por ele tentando me convencer...

A escolha do nome Rose foi feita por nós dois. Mas é claro, que eu tive uma participação maior visto que esse nome homenageava muito bem duas menininhas que marcaram muito minha vida, Rue e Primrose. Como as duas tinham nome de flor... eu decidi fazer o mesmo. E de alguma forma, eu sabia que Rose, era uma parte delas duas. Sabe, eu não sou muito sensível e nem de acreditar nessas coisas mas, quando você passa por uma serie e acontecimentos traumáticos começa a ter fé e acreditar mais em alguma coisa mais forte. Então hoje, acredito que todas aquelas pessoas que você ama e que perdeu de alguma maneira, voltam em algum momento para você. E na hora em que descobri que teria uma filha, soube que essa seria a missão dela.

Nove meses depois, Rose chegou ao mundo linda e saudável. No dia, me emocionei muito em poder carrega-la pela primeira vez. Ela me lembrava muito minha irmãzinha. lembro-me claramente do dia em que Prim nasceu. Eu queria carrega-la a qualquer custo e minha mãe pedia que tomasse cuidado com sua cabeça. Mas eu não estava nem ai, tudo o que eu queria era abraçar e apertar minha irmã. Era assim que eu me sentia naquele momento, carregando minha primeira filha. Peeta era o pai mais feliz e orgulhoso que eu já tinha presenciado, lembrava um pouco o meu pai. Todos diziam que a menina era a cara de Peeta, visto que nasceu com seus lindos cabelos loiros. Cada vez mais, ela me lembrava Prim.

Muitas pessoas me visitaram. Greasy, minha mãe, Johanna, Annie e seu filho, Haymitch e Effie - que nós convidamos para ser padrinhos da menina - e por ultimo Gale, sua esposa e sua filha, Catnip. Gale, apesar de no começo de tudo, ter sido apaixonado por mim, e ter brigado com Peeta por isso, ficou todo emocionado com a chegada da sua sobrinha. Sim, hoje eu o considero como um irmão, então ele é tio de consideração de Rose.

– Olha só Cat, olha sua priminha como é linda. - Ele dizia, brincando com os dedinhos da bebê. Nós todos rimos na mesma hora, já que há um ano, na época no massacre quaternário, Gale teve que fingir ser meu primo para não ser morto por Snow.

Aquele fora o dia mais feliz da minha vida. Depois do dia do meu casamento, havia sido o dia em que eu me sentira mais completa. Olhando em volta eu percebia, emocionada, que finalmente, todos estavam começando a tocar suas vidas para frente. E anos atrás, quando eu fui pela primeira vez aos Jogos Vorazes, era tudo o que eu mais queria. Viver minha vida em paz, na companhia daqueles que eu amava, sem ter medo de que um dia, eu pudesse perder todos eles. Agora eu me sentia... livre.