O Décimo Primeiro Portão escrita por Leo Valdez


Capítulo 2
Bem Vindos ao Acampamento Meio Sangue


Notas iniciais do capítulo

Aqui o capítulo 2, espero realmente que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/479554/chapter/2

Capítulo 2: Chapter 2
Cinco Anos Atrás...
Quando dei por mim estávamos em frente a um enorme portão de mármore escrito “Acampamento Meio Sangue”. Durante a viagem, Rupert havia deixado o boné de jardineiro, calças e sapatos para trás, deixando suas pernas de bode, cascos e os chifres no alto da cabeça à mostra.
– Chegamos? – Perguntou Bela, com um tom medroso na voz. – E a propósito, por que tem pernas de bode?! – Percebi que segurava um riso.
– Sou um sátiro, sua garota petulante. – Respondeu Rupert. – Nossa missão é proteger os semideuses. E eu fiquei com vocês dois.
– Não preciso que ninguém me proteja! – Insistiu Bela. – E principalmente um cara metade bode. – Cruzou os braços emburrada.
– Eu não escolhi cuidar de vocês dois. Quíron é quem decide essa parte. – Explicou o sátiro.
– Pera... Se você é metade bode... Como não comia as plantas? – Perguntei curioso.
– Sou um cara controlado.
– e metade bode. – Acrescentou Bela.
– Agora vamos... – Atravessamos o enorme portão de madeira.
Estávamos em um enorme campo verde... Adolescentes de nossa idade ou mais velho espalhados pelo local, alguns lutavam contra monstros... Outros subiam em uma escalada que havia mais a frente, sátiros da mesma espécie de Rupert saboreavam a grama verdinha do lugar.
– Cara, é muita loucura até pra mim. – Retrucou Belatriz.
– Sigam-me garotos, Quíron quer muito conhecer vocês. – Seguimos Rupert pelos campos de batalha.
– Esses Monstros... – Tentei falar.
– É apenas treino. Este é o acampamento meio-sangue, o único lugar seguro para semideuses, onde aprendem a lutar e entender suas habilidades. – Explicou Rupert.
– E os Ciclopes? – Lembrou Bela. Rupert deve tê-la informado sobre eles enquanto eu conversava com meu pai.
– O Acampamento é protegido por um campo de força, nenhuma ameaça real pode atravessá-lo.
– Se aquelas são as ameaças imaginárias... – Falei, encarando alguns semideuses que lutavam contra um dragão robô. – não quero nem saber quais são as reais... – Bela concordou comigo com a cabeça.
Enquanto andávamos pelos campos, uma garota loira me encarou. Seus olhos eram tão verdes quanto as folhas de um bonsai. Ela me encarava com uma fúria... Não consegui entender o porquê, mas resolvi não provoca-la olhando mais para seu rosto, afinal o povo daquele lugar sabia matar dragões, matar um japonês magricela seria muito simples.
Entramos em um lugar que mais se parecia àqueles chalés no meio da floresta. Rupert bateu na porta e ela se abriu sozinha. Eu teria me surpreendido, mas depois de descobrir que eu sou filho de uma Deusa mística das plantas, o jardineiro do meu colégio tem pernas de bode, e quase ser devorado por ciclopes, acho que vou demorar ame surpreender com algo novamente.
Virado para uma lareira, estava um homem em uma cadeira de rodas. Ao perceber, ele se virou. Tinha cabelos compridos e uma barba mal feita.
– Mestre Quíron, esses são Belatriz Black e Ikaro Uhira. – Saudou o homem que apenas fez um gesto permitindo que se levantasse.
– Belatriz? – Perguntou encarando Bela com o olhar surpreso e ela me encarou como se pedisse ajuda. – Bem vinda, querida, seu pai ficará muito feliz ao saber que chegou em segurança.
– Meu Pai? – perguntou confusa. – Ele está aqui?
– Seu pai é um dos guardiões do acampamento, querida. Deveria dizer que você tem uma vantagem sobre os demais, afinal, será uma das poucas que ficará tão perto assim de seu pai Deus.
– Quem é meu pai, droga?! – Perguntou já irritada.
– Não contou a ela, Rupert? – Rupert deu de ombros. – Belatriz Black, você é filha de Gandra Black com o Deus Dionísio, o patrono do nosso acampamento.
– Dionísio? O Deus da bebedeira? – Perguntou e eu me segurei pra não rir.
Na Escola, Bela sempre amou fazer confusão, trazia vinho e bebida alcóolica e ficava fazendo a maior baderna, realmente, tal pai, tal filha.
– Filha de Dionísio? – Quando achei que ia começar a gritar e espernear... Belatriz começou a rir feito uma maluca. – Que Demais!
– Realmente, você lembra muito seu pai. – Quíron sorriu de canto. – Bom provavelmente, os dois serão reclamados esta noite na fogueira, acho bom se prepararem. – Sorriu. – Rupert leve Bela até o seu chalé, por favor.
– Chalé?- Vencendo toda a minha timidez, perguntei e Quíron me olhou como se fosse agora que tivesse percebido minha presença.
– Os Filhos dos Deuses são divididos em chalés, cada Deus possui um chalé. – Contou. – Sorte de vocês não ter nenhum profecia sinistra tentando nos matar.
– Legal né? – Bela sorriu sem graça imaginando “Profecia Sinistra?”
– Então... Obrigada pelas informações... Senhor Quíron. – Agradeceu mais uma vez e Rupert e Bela deixaram o local me deixando sozinho com aquele cara estranho.
– Então Ikaro... Que nome mais exótico esse seu. – Comentou dando um sinal para que me sentasse.
– É um nome japonês.
– Hum. Temos um nome bastante parecido na Grécia: Ícaro. – Me lembrei de que muitas pessoas já me chamaram assim e eu sempre avisei: Pronuncia-se “Icáro”- Acho que Ikaro é Ícaro em japonês. – Eu assenti.
– Meu Pai disse que minha mãe adorava esse nome. – Ele sorriu de canto e me encarou.
– Você me lembra e muito sua mãe, Ikaro. – Confessou. – Você é muito parecido com Deméter, a mesma calma, e a mesma timidez dela, mas percebo ser muito esperto, assim como ela.
– Meu Pai nunca me disse nada sobre ela... – Comentei. – Acho que não queria se lembrar e sentir saudades. – Apenas que ela havia sido um grande amor e uma grande decepção.
– Entendo. – Respondeu Quíron.
A Conversa foi interrompida quando alguém bateu na porta. Uma Garota usando um pijama rosa com florezinhas entrou. Estava tão sonolenta que até me deixou com sono. Era loira e possuía olhos castanhos brilhantes.
– Chamou Quíron? – perguntou dando um grande bocejo, eu confesso que só de olhar aquela garota senti meus olhos pesarem.
– Sim. – Confirmou. – Ikaro, essa é Emily Houston, filha de Hipnos, o Deus do sono. Ela será sua guia e mostrará tudo por aqui a você. – Contou e por um minuto vi ela despertar um pouco.
– Como?! Ninguém me informou disso não! – Avisou e Quíron a olhou com cara feia.
– Você não faz nada desde que chegou além de dormir Emi. – Confessou Quíron.
– Tudo Bem. – Respondeu meio entediada. – Vamos, vou te levar ao seu chalé, filho de...
Olhei para Quíron pedindo ajuda.
– Deméter. – Respondeu encarando Emi. – Ikaro Uhira, filho de Demeter.
– Um filho de Demeter, faz anos que não chega um filho de Demeter aqui. – Deu de ombros. - Pelo menos foi o que me disseram. – Sorriu sem graça. – Bom, vou te levar ao chalé 4, os dos filhos de Deméter. Preparado pra conhecer seus irmãos e irmãs?
– Não. – Confessei e Emi riu.
– Gostei de você, vamos, aí depois posso tirar uma soneca! – Comecei a segui-la em direção a saída do chalé de Quíron.
– E não se esqueça de leva-lo a fogueira esta noite, Emi. – Lembrou Quíron.
– Pode deixar! – Respondeu a filha de Hipnos.
Por incrível que pareça Emi era muito legal. Ficamos conversando sobre bandas de música e alguns filmes, tínhamos um gosto muito parecido e ela me fazia rir.
Paramos em frente ao chalé 4. Tinha um tom de mármore escuro e amarronzado, possuía tomateiros nas paredes e uma cobertura feita de grama de verdade. Árvores das mais variadas frutas, circundavam o chalé, os galhos entravam pelas janelas abertas.
– Chegamos ao seu lar, Ikaro. – Bocejou mais uma vez. – Bom, venho te pegar na hora da fogueira, até...
– Ei Emi! Caiu da cama foi? – Um cara loiro de olhos extremamente azuis aparentando uns quatorze anos apareceu, usando um uniforme de basquete e quicando a bola enquanto corria em nossa direção.
– Não me amola, Kenon. E aí o chalé 7 venceu ou o 11 passou a perna em vocês? – Perguntou rindo e o loiro chamado Kenon corou.
– Ah, sabe como é...
– Eu sabia! Vocês perderam de novo! – Emi começou a gargalhar.
– Não tem graça! – Gritou Kenon e então me encarou, parecia ter percebido minha presença só agora. – Quem é esse?
– ah! – Emi parecia também ter esquecido minha presença ali, será que sou invisível? Vou procurar pra ver se os filhos de Demeter costumam ser sempre esquecidos. – Esse é Ikaro Uhira, novo colega nosso aqui do acampamento, filho de Deméter. – Me encarou e falou:- Ikaro, esse é Kenon Foster, filho de Apolo. – Apresentou.
– E aí, olhos puxados! – Cumprimentou fazendo um sinal de legal.
– Oi. – Cumprimentei sem graça.
– Emi, eu preciso falar com você... Sobre “aquele” assunto. – Fez aspas com os dedos, acho que não queria que eu soubesse do que se tratava.
– Ah, sei! – Sorriu sem graça. – Bom, nos vemos em algumas horas, Ikaro. – Saiu com Kenon, me dando um tchau.
Respirei fundo e entrei no chalé. Olhei em volta e vi os outros filhos de Demeter me encarando. Uma das meninas se aproximou de mim. Tinha cabelos compridos encaracolados castanhos e olhos pretos.
– Olá, posso ajudar? – Perguntou cruzando os braços.
– É... Olá... – Acenei meio sem graça. – Eu sou... irmão de vocês, bom, foi isso que me disseram.
– Ah sim! – Ela sorriu sem graça. – Quíron nos avisou sobre você! Ikaro, certo? – Eu assenti. – Bom, seja muito bem vindo, sou Katie Gardner, a chefe do chalé quatro, seja muito bem vindo. – Sorriu. – Você é asiático? – Perguntou me sentando numa cadeira.
– Ah. Meu Pai é Japonês, mas eu nasci em Denver. – Contei vendo todos os filhos de Demeter fazendo uma roda em volta de mim.
– Nós aqui adoramos ouvir as histórias dos novatos. – Confessou rindo. – Qual o nome do seu pai?
– Mitsuo Uhira. – Todos começaram a comentar.
Ficamos falando durante algumas horas, Katie e meus outros irmãos eram pessoas muito simpáticas.
– Vamos Ikaro!- Katie saiu me puxando pela mão. – Vamos escolher sua flor!
– Flor?- Perguntei agora confuso e com medo.
– Ah! Todos os filhos de Deméter escolhem um tipo de flor do nosso jardim, sabe, nossa mãe é como fosse uma grande jardineira e nós as flores queridas dela. – Eu sou o Lírio, o Trent ali é o cravo, Ketlein é a violeta, Flynn é o girassol e Miranda a vitória-régia! Vamos, escolha a sua! – Sorriu me levando a parte de trás do chalé.
A Parte de trás do chalé 4 era uma grande horta, e em volta dela, cresciam flores de todos os tipos.
– As flores do lado esquerdo ainda não tem semideus, todas as do lado direito pertencem a semideuses, assim que você escolhe uma ela surge do lado direito. – Explicou uma garota ruiva de olhos verdes, deveria ser a Ketlein.
Olhei para o lado esquerdo da horta, sorri ao ver meu tipo de flor favorito.
– Escolho o Jasmim! – Avisei apontando para a doce flor branca e os outros ficarão em silêncio. – O que foi?
– Jasmim é a flor favorita da nossa mãe... Ninguém a escolheu, pois só sabemos qual a flor favorita de nossa mãe depois que encontramos a nossa... – Explicou Flynn, um garoto de mais ou menos dezessete anos, de cabelo e olhos pretos. – Você parece ter grande conexão com ela, Ikaro. – Contou e os outros concordaram.
– Atenção, pessoal! – Katie chamou a atenção dos outros moradores do chalé: cerca de sete pessoas, agora, contando comigo. – Chegou a hora da fogueira, vamos!
A Fogueira era celebrada no centro do acampamento onde o povo de todos os chalés se reunia para a celebração. Sentei-me ao lado de Katie com o resto do chalé de Demeter. Vi Bela sentada numa arquibancada atrás de Quíron onde só tinha ela e dois garotos gorduchos. “Socorro” ela sussurrou pra mim e eu sussurrei de volta: “Você vai ficar bem” em resposta.
– Olá meus queridos. – Falou Quíron. – Vamos receber com muita alegria, acabando de retornar de mais uma missão, o nosso herói: Percy Jackson e Annabeth Chase. –Um Garoto de mais ou menos dezesseis anos se levantou e acenou para o acampamento que festejava e assobiava sua chegada. – Graças a ele, estamos testemunhando uma grande época de paz e prosperidade. O Olimpo também ainda não demonstrou nenhum sinal de preocupação com o Tártaro. – Porém, hoje ainda não será uma fogueira comum. Mais dois semideuses se juntaram a nós. Vou dar a palavra a meu amigo, Dionísio. – Os Campistas gritaram e assobiaram enquanto aplaudiam, e um cara gordo e barbudo, usando uma coroa de loiros tomou a palavra:
– Olá garotos, trago lembranças de seus pais, todos mandaram um grande olá pra vocês. – Nossa. Fiquei tocado como os Deuses gostavam dos filhos, eles mandaram um olá, nossa que amor. – Confesso que hoje estou muito feliz, hoje minha filha finalmente apareceu para conhecer o papai. – Bateu palmas e eu vi Bela bater a mão na testa. – Eu reclamo como minha filha, aquela linda princesinha ali, Belatriz Black. – De repente Bela ficou vestida com uma toga branca e uma grande taça de cristal apareceu em sua mão, cheia de um líquido roxo, aparentava ser vinho.
– Belatriz Black, filha de Dionísio. – Quíron gritou e todo o acampamento aplaudiu e Bela sentou corada, morrendo de vergonha da roupa que estava vestindo.
– E mais um. Recebam o nosso novo companheiro de acampamento: Ikaro Uhira. – Falou Dionísio e Quíron fez sinal para que me levantasse. Não consegui levantar pela vergonha, na escola, nunca fui o centro das atenções, e quando era sempre fui motivo de piada, não queria passar por aquilo no acampamento também. Katie e os outros tentaram me convencer a me levantar, mas parecia congelado no assento, se não fosse pelo rosto corado, devido a atenção que todos me davam.
– Ah, por favor! – Bela saiu da arquibancada, levantando a toga para não escorregar. Chegou perto de mim e saiu me puxando até ficar ao lado de Dionísio. – Pronto! E vê se não desmaia menino das plantas. – Retrucou voltando ao seu lugar, quase levando uma queda subindo a arquibancada do chalé de Dionísio.
– Bom... – Olhei para o tal Percy, que me encarava com um sorriso e a outra loira, Annabeth que balançava a cabeça em sinal de reprovação: e novamente era motivo de piada.
– Bom Ikaro... – Quíron começou a falar e eu comecei a encarar o chão. – Seja mito bem vindo... Apresente-se!
Empurrou-Me de leve nas costas, mas eu acabei caindo. O Chalé de Áries e Afrodite começaram a rir de mim. E eu novamente escondi minha cara com os braços caído no chão.
Olhei para a arquibancada do chalé de Hipnos. Emi cochilava com a cabeça baixa. Kenon fazia competição com os outros meninos do chalé de Apolo pra ver quem tinha o bíceps maior.
– Levanta Ikaro! – Gritou Bela.
Pus as duas mãos no chão. O Chão do local da fogueira era de areia e barro. Ainda com os olhos fechados escutei uma menina do chalé de Afrodite gritar: “Olhem!”. Abri os olhos assustado. Com o toque das minhas mãos, uma grama verde começou a nascer em volta da arquibancada. Todos, até Dionísio, ficaram surpresos. Senti meus pés deixarem o chão... Uma árvore gigante crescia sobre meus pés.
A Árvore cresceu rapidamente e eu estava sentado sobre um de seus galhos. O Chão feio de areia agora era um gramado verde brilhante. Vi Bela sorrindo pra mim. Kenon parou de disputar com os irmãos. Até Emi havia acordado. Quíron tomou a palavra. Tocando de leve o carvalho declarou:
– Saúdem Ikaro Uhira, filho de Deméter! – Olhei em volta e todos me aplaudiam. Acabei de ser reclamado pela minha mãe Demeter. Vi um Jasmim crescer em minhas mãos. Olhei para Rupert, junto com os outros sátiros, me sentia feliz. Agora sentia que finalmente, havia encontrado o meu lugar.
Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

comentem



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Décimo Primeiro Portão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.