Never Let Me Go escrita por Hitokiri-chan


Capítulo 1
Stand By Me




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No one knows how to say
That they're sorry
And don't worry
I am not telling lies

Chovia…

 

Parecia que alguém, lá em cima, não queria me deixar chorar sem companhia para minhas lágrimas... Como se me dissesse que eu não estava sozinho, e, mesmo assim, aquilo não tornava nada mais fácil. Nunca.

 

Era a mesma cena, as mesmas construções com a tintura levemente desgastada, o mesmo parquinho, onde raramente as crianças ficavam... Era o mesmo sentimento de culpa. De culpa por ter deixado-o aqui.

 

Doze anos atrás, eu o deixei, exatamente neste balanço, onde agora eu me sentava, vendo a chuva bater fortemente contra a areia branca e o asfalto, mais á frente.

 

Tudo era tão nostálgico.

 

Até mesmo a chuva era a mesma. Com a mesma intensidade, com o mesmo som surdo ao bater em mim, com o mesmo gosto amargo de solidão.

 

Eu ainda podia ouvir suas palavras, soando na minha cabeça, me dizendo que aquilo sempre seria imperdoável. Até mesmo para mim. Quanto mais para ele.

 

- Eu vou embora amanha, chibi. Era isso que eu queria te dizer. – Minha voz era fria e impassível. Uma máscara perfeita do meu egocentrismo.

 

Das minhas vontades, dos meus sonhos, dos meus motivos.

 

- E-embora? Pra onde, Pon? Eu posso ir junto não é? Você não vai me deixar aqui, vai? – E o loirinho já estava desesperado, mesmo que eu sequer tivesse dito pra onde iria ou porque.

 

- Não Takanori. Eu vou pra Tóquio e você não pode vir comigo. – Respondi, sentando-me na balança ao lado da sua, me segurando nas correntes de ferro que dependuravam-na.

 

- Porque...? – Creio que sua frase teria uma continuação, mas eu preferi cortá-la ao meio.

 

- Porque fica á quarenta e dois quilômetros de distancia de você, num lugar onde nem com um rastreador você me encontraria. – Foi uma facada. E eu sabia que só precisava daquilo pra quebrar aquele coraçãozinho frágil que Takanori tinha.

 

Os olhos embaçados dele se encheram de lágrimas, que começaram a cair em seguida, em direção á sue colo.

 

As íris negras fitavam á frente, sem um ponto especifico, por um motivo obvio. Por um motivo que eu iria usar de golpe de misericórdia. Mesmo que, o único a morrer ali fosse eu.

 

- O que eu... Fiz? Eu te... – De novo, não o deixei falar, voltando a me levantar da balança e ficando em frente dele, de pé.

 

- Porque eu não agüento mais cuidar se um pirralho cego que nem posso comer. – Não precisei de mais nada, o loirinho simplesmente saiu correndo.

 

Eu sabia que ele iria se machucar, que iria cair assim que aparecesse a primeira bifurcação no terreno. E assim se fez.

 

Takanori era cego de nascença. Precisava de um transplante de córnea, mas ainda não haviam achado nenhum doador. Eu poderia doar. Eu era compatível com ele.

 

Porém, quem disse que eu tinha coragem de perder a visão que tanto superestimei nos meus quinze anos de vida para deixá-lo ver as cores pela primeira vez na vida?

 

Apenas fiquei vendo-o cair, ralar o joelho, se levantar o mais rápido que conseguiu e voltar a tatear em volta, para fugir de mim. Não deixar que eu visse suas lágrimas, que eu causei.

 

E com a sua partida, a chuva me alcançou naquela tarde.

 

 

Eu fui um desgraçado, de todas as maneiras possíveis, eu o machuquei.

 

Agora só me restava ficar lembrando aquele mesmo erro. Deixar que aquilo me corroesse todo dia, até que eu morresse de culpa. Só isso.

 

Simples.

 

Assim que os pingos começaram a cessar, se transformando numa garoa fina, conforme o sol toava seu lugar, o céu foi enfeitado com um arco colorido. Um arco-íris.

 

Eu sempre comparei Ruki á meu arco-íris particular, brilhante em cada um de seus traços, colorido em cada sorriso. Ele sempre coloriu minha vida.

 

Me perdi em mim mesmo, esquecendo do mundo ao redor,concentrado em minha própria dor.

 

Até ouvir alguém andando, parando apenas quando chegou á minha frente, tocando em meu rosto com as duas mãos.

 

Fui obrigado a olhar pra cima. Obrigado á encarar um arco Iris bem mais brilhando do que o que pairava no céu acima de nós.

 

Matsumoto Takanori continuava lindo, em cada centímetro. Mantinha os fios aloirados, olhos negros e embaçados. Aquela pele impecavelmente branca e sem imperfeições. Deus, eu nunca iria achar nada mais bonito que aquilo.

 

Preso em seu rosto, apenas o vi se aproximar, tanto... Até encostar os lábios nos meus, num selinho tão rápido e leve quanto uma brisa de verão.

 

Aquele gosto inebriava qualquer sentido que eu pudesse ter. Parecia que nada mais importava, mesmo que eu soubesse que não havia durado mais que um milésimo de segundo.

 

- Eu te perdôo.

 

Foi só isso. Apenas com essas palavras que ele foi embora, sem dizer mais nada, tateando o caminho ao redor,sem dificuldades para se localizar, mesmo que nunca tivesse visto nada.

 

Ele... Sabia que eu estava ali, sabia quem eu era e tinha... Me perdoado.

 

Me perdoado mesmo depois de eu acabar com suas lembranças minhas, ferindo seus sentimentos, o fazendo chorar... Desaparecendo por doze anos.

 

E, apenas mais lágrimas vieram aos meus olhos.

 

Nos auge dos meus vinte e sete anos, eu estava chorando feito uma criança que nunca pôde colocar as lágrimas para fora.

 

Foi ali que eu percebi que... Ver não era importante.

 

Não quando sentir era inigualável.

 

“But my dreams, they aren't as empty
As my conscience seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance
That's never free”

•••

 

As vezes as pessoas erram, os dias passam, o tempo fecha...

 

São coisas corriqueiras de mesmo valor.

 

Um erro não justifica o outro, do mesmo modo que um acerto não encobrir um erro.

 

Nos somos humanos. Rimos, choramos, torcemos, vibramos. Queremos amigos, família... Buscamos nossos sonhos.

 

Isso não quer dizer que somos más pessoas, nem que vivemos num mundo de fantasia. Só quer dizer que precisamos de algo em que nos apoiar. Algo, ou alguém.

 

Para mim, essa pessoa, mesmo depois de tudo o que aconteceu, foi e ainda continua sendo Takashima Kouyou.

 

Meu primeiro amigo, amor e meu primeiro algoz. O primeiro a perfurar meu coração. Quebrá-lo até os pedaços não poderem mais ser colados de volta.

 

Ele errou comigo, mas eu também errei com ele.

 

Errei quando acreditei naquelas palavras, treze anos atrás. Errei quando o deixei ir embora de novo, ano passado. E continuo errando agora, por não ir procurá-lo.

 

Mesmo depois do que ele fez por mim.

 

Inicio de primavera,flores desabrochando e enchendo tudo com cada uma de suas cores, transformando a paisagem normal em uma obra de arte.

 

E lá estava eu de novo, sentado na mesma balança, naquele mesmo parque que começava a ganhar vida agora.

 

Eu estava sozinho, ou pelo menos achava que estava. Até ouvir o barulho de alguém sentado-se n balança ao lado.

 

Só pelo perfume... Era ele.

 

Sai da balança, me agachando em frente á suas pernas, tocando seu rosto com a ponta dos dedos.

 

E, céus, eu não sabia que ele era tão bonito.

 

- Taka...? – Coloquei um de meus dígitos em cima de seus lábios, calando-o junto com um “shh”.

 

- Obrigado.

 

Eu finalizei a frase ali, mas ele entendeu tudo que havia por trás dela.

 

Obrigado por voltar a me procurar. Obrigado por nunca ter me esquecido. Obrigado por doar suas córneas pra mim. Obrigado por me deixar enxergar pela primeira vez na vida, o seu rosto.

 

Mesmo que agora, você não possa ver minhas lágrimas caindo.

 

De felicidade.

 

Por você ainda me amar.

 

“When I'm alone time goes so slow
I need you here with me
and how my mistakes have made
Your heart break
Still I need you here with me
So baby I'm here”

 

##

 

Primeiramente:

 

Espero que tinha ficado com, pelo menos, um pouco dos sentimentos que você costuma passar quando escreve Yu-chan ÇÇ

 

É a primeira vez que trabalho com o casal - sem contar os jogos - e pode ser que tenha ficado BEM porco, mas eu chorey muito escrevendo [/emo, oi?

 

Para as pessoas fofas que leram até aqui, que tal me fazer feliz, dizendo o que vocês acharam *-*?

 

Beijinhos e PARABÉNS DE NOVO FOUFA!

 


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