This is not a fairy tale escrita por Lice Lutz


Capítulo 1
Um: A garota e os lobos.


Notas iniciais do capítulo

Desejo, sinceramente, que tenham uma ótima leitura (e que gostem do que lerem)!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/479236/chapter/1

Movem-se as folhas no ritmo de sua corrida desesperada. Movem-se suas pernas por puro instinto de sobrevivência. Ela não se atreve a olhar para trás. Avante, sempre a frente, mas com o ouvido absolutamente atento a qualquer ruído.

- Estupefaça. - escuta um dos assassinos do seu pai gritar.

Em seguida, um raio vermelho avança em sua direção até alcançar parte de seus cabelos que esvoaçam atrás de si. Sente-se então sendo puxada por uma força imobilizante. Mas não sede a ela. Coloca mais força na sua corrida. Fazem o mesmo seus perseguidores.

- Avada Kedrava. - urra outro.

Desta vez, um raio verde surge ela não sabe da onde. Um arrepio gelado percorre o seu corpo - aquelas palavras soam como algo absolutamente ruim, que, ao menos daquela vez, não lhe atingem. O raio verde acaba enfim por acertar um desafortunado esquilo a sua direita. Imediatamente o bichinho cai inerte no chão. Morto.

A garota prende um grito. Desvia-se para a direita, seus pés guiando-a pela tão conhecida floresta, onde tantas vezes acampara com seu pai. Acampara. No passado. Não voltaria mais a fazê-lo. Seu pai estava morto. Fora atingido por aquele letal raio verde e caíra com os olhos estáticos em uma surpresa eterna, inerte, assim como o esquilo. Morto. Assim como ela estaria, se não conseguisse fugir. Se não conseguisse se libertar daquela estranha força que a imobilizava.

Suas pernas e braços param de súbito e grudam ao redor do seu corpo. Em consequência, ela cai como uma estátua no chão - o tipo de modelo desconcertante e feio que nenhum escultor que se de desse ao respeito faria. Mas aqueles homens que a transformaram naquilo estavam longe de serem dignos de receber qualquer demonstração de respeito, de qualquer forma.

Estava ficando mais difícil respirar. Cada batida de seu coração era uma luta. Sentia uma força esmagadora empurrá-la para dentro de si mesma. Paralisada. Tudo estava parando de funcionar. Deveriam tê-la transformado em algum tipo de pedra com olhos vivos. Conseguia ver com uma clareza absurda seus perseguidores avançarem para cima dela satisfeitos.

Eram quatro. Três deles tinham enormes e profundas cicatrizes na face e nos braços e feições - ela não conseguia encontrar outra palavra para descrever - lupinas. Os olhos amendoados, com a íris extremamente dilatada. Os caninos sobressalentes e o nariz arredondado na ponta. As orelhas também lembravam as de um lobo: eram pontudas e, meu Deus, se moviam a cada ruído, exatamente como as de um cachorro.

O quarto homem, que era evidentemente o líder deles, era o que mais parecia - se não era de fato - um lobo. Todo o seu rosto era coberto por pelos e ele rosnava, enquanto a cheirava.

- Eu disse que ela era uma trouxa, seus idiotas - disse ele com a voz rouca.

- E o que vamos fazer com ela? - perguntou o de pelos mais claros.

- Um lanchinho? - urraram felizes e lambendo os benços os dois que a seguravam e ela não podia ver o rosto.

- Ainda não. - decidiu o líder - Vamos nos divertir um pouquinho com ela antes. - ele se aproximou da garota. A língua roçou cada um de seus enormes e amarelados dentes, antes dele acrescentar - Vamos leva-la para o Lorde. Ele saberá como fazê-la pagar pela morte do Lawcreff.

O aperto em seus braços ainda petrificados tornou-se mais forte. Em seguida, ela teve a sensação de ter seu corpo puxado para todas as direções, porém nenhuma delas era material. Quando seus pés tocaram novamente o chão, caiu mole. Sabia que havia recuperado o controle do seu corpo, mas tudo o que fez no momento foi se dobrar e vomitar tudo o que havia comido.

Os homens nem ao menos exclamaram nojo pelo seu vômito. Um deles se aproximou dela e a ergueu pelos cabelos. A garota urrou de dor e seus companheiros finalmente expressaram sons - de satisfação. Ela então olhou ao redor. Estava em frente a uma enorme mansão. Parecia quase um castelo gótico. O líder do bando caminhava em direção ao suntuoso portão negro que protegia a mansão, ao mesmo tempo em que erguia a manga esquerda de sua blusa. A um passo do portão, ele ergueu o braço e em seguida passou pelo portão.

A garota apurou os ouvidos, esperando ouvir o costumeiro ranger de ferro em movimento. Mas ele não veio. O homem-lobo realmente havia transpassado o portão, como se ele fosse feito de névoa ou uma simples ilusão digital. Ela então arfou e seu coração acelerou.

O que afinal eram aqueles homens?

Decididamente, não eram humanos.

O homem que passou o portão logo retornou, acompanhado de um outro homem de aparência incomum. Ele era alto, vestia roupas de corte muito elegante, encobertas por uma capa negra tão esvoaçante quanto seu longuíssimo e prateado cabelo. Parou a poucos passos do portão de ferro e trouxe para mais perto de si a bengala que carregava. Dela, retirou um ornamentado graveto de madeira e com ela fez um aceno, murmurando baixinho algumas palavras. Com isso, toda a estrutura de ferro se moveu, permitindo a passagem do estranho grupo.

Ao adentrarem na casa, todos que ali estavam se calaram e viraram-se para olhar as pessoas que interrompiam a importante reunião que ali acontecia. O homem que sentava na ponta da mesa ergueu-se. Seus olhos ofídicos estudaram cada rosto dos recém-chegados. Os homens-lobo encolheram-se diante daquele penetrante e impassível olhar. A garota continuou a observar o estranho homem. Estava assustada demais com tudo aquilo para pensar em esboçar alguma outra reação. Será que todos ali se pareciam com animais? Aquele parecia uma cobra. Será que a transformariam também em algum animal?

Seus pensamentos foram interrompidos pelo pronunciamento do homem sempertínico.

- Por que, afinal de contas, trouxeram essa garota aqui? - perguntou ele com a voz fria e aguda, muito pausadamente. Como não obteve resposta, continuou - Ela é alguém importante? Vejo que não. Potter não estaria assim desesperado para se transformar em uma garota. Então por que a trouxeram? - perguntou novamente, desta vez elevando o tom.

O líder do bando deu um passo à frente e respondeu, ainda sem encarar o outro nos olhos:

- Ela matou Lawcreff, milorde.

O Lorde voltou a olhar para a garota.

- Bem, então por que não fizeram o mesmo com ela?

- Pensamos, bem, pensamos que... talvez o senhor, milorde, o senhor gostaria de fazê-lo. Por Lawcreff.

- Sim, Lawcreff era um bom seguidor. O melhor da sua espécie, devo ressaltar. - os homens que a haviam levado até ali rosnaram baixinho, um pouco indignados. Ele então se virou para a menina - Estou com vontade de tornar isso um pouco mais interessante. Talvez você até consiga sobreviver, minha cara - ele disse isso e todos na sala deram risadas debochadas. - Vou lhe dar a honra de duelar comigo. Vamos, pegue sua varinha.

- Varinha? - balbuciou ela. Iriam lutar com isso? Onde estavam as boas e velhas espadas? Praticava esgrima, talvez tivesse uma chance...

- Sim, minha cara, varinha. - disse o homem impaciente - Quantos feitiços aplicaram nela, afinal? Não me digam que trouxeram alguém que não sabe nem ao menos duelar... Talvez seja Potter afinal.

- É que... M-m-milorde - pronunciou-se um dos homens que a seguravam - é que ela não tem varinha.

- Providenciemos uma então.

- Não. - tornou o líder a falar - Não precisa. Ela é uma trouxa.

Ouviu-se um ruído de espanto na sala. O homem louro expressou em voz alta sua indignação:

- Como se atreve a trazer uma trouxa para dentro da minha casa?

- Justamente por isso! - apressou em defender-se o homem-lobo - Ela é uma trouxa e atreveu-se a matar um bruxo.

O Lorde estreitou os olhos para ele.

- E como exatamente ela fez isso?

- Bem, havíamos acabado de atacar um velho, acho que era o pai dela, talvez. Matamos-o. Então Lawcreff disse que ia pegar a garota e avançou nela. Ela então pegou a varinha das mãos dele e a fincou no peito dele. Ela o matou, milorde. Essa trouxa matou um bruxo.

Trouxa? Bruxo? Que diabos era tudo aquilo? A garota tinha a sensação de estar enlouquecendo. Implorava por isso. Para que tudo aquilo não passasse de um sonho bizarro e que, quando acordasse, ainda estaria na barraca com seu pai.

Seu pai... que estava morto. Assassinado por aquelas estranhas criaturas. Bruxos, trouxas, idiotas, imbecis, assassinos. Seja lá o que fossem, ela os odiava com todas as suas forças.

- Isto é verdade? - perguntou o lorde.

- Ele matou meu pai.

- Não foi isso que eu perguntei, trouxa. Você matou um bruxo com sua própria varinha?

Se bruxos de verdade existiam e portavam varinhas, não importava. Ela afinal tinha matado um homem, mesmo que fosse para defender a si própria e a honra de seu pai. Ela assentiu. O Lorde insanamente sorriu.

- Admira-me muito a sua criatividade criminosa, garota. Pena que isto não seja o suficiente para salvá-la. - ele disse isso e fez um movimento brusco com a varinha. A garota voou pelos ares e chocou-se com a parede oposta da sala. Um profundo corte emergia em seu rosto. Ela urrou de dor. - Muito pelo contrário. Sua cega coragem em atacar um bruxo e sua audácia em dirigir-se diretamente a mim, deverão ser punidas. - ele se aproximou um pouco da garota, apenas o suficiente para apontar a varinha diretamente para seu peito. - Crucio.

Parecia que chamas estavam queimando dentro dela e adagas em brasa a perfuravam em todas as direções possíveis, sem nunca arrancarem-lhe enfim o sangue. Não, o que elas estavam tentando queimar, destruir, era a sua alma. Queriam tirá-la dela mesma, era a punição por tudo que fizera. Matara um homem, o assassino de seu pai. Pagaria por aquilo. Já estava no Inferno. A dor era inacreditável.

E de repente, tão de súbito quanto lhe atingira, a dor cessou. Espasmos de dor, ecos do Inferno unidos aos seus gritos, ainda espalhavam-se pelo seu corpo.

Risadas frias e nauseantes agora preenchiam o ambiente.

- Façam o que quiserem com ela. Divirtam-se. - disse o Lorde, desaparecendo como um borrão no ar em seguida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Saudações bruxões!

Como tem sido de praxe, desde o meu retorno oficial ao mundo das fanfics, vou contar (o mais sucintamente que conseguir) como surgiu a ideia para essa fic. Bem, deve ser quase de conhecimento geral da nação a minha paixão por histórias de fantasia, mais especificamente aqui, contos de fada e o maravilhoso mundo de Harry Potter. Junte a isso, meu fascínio um tanto incompreensível por histórias de guerra e drama, MUITO DRAMA, que vc vai ter grande parte do enredo desta fanfic (olha só a própria autora dando spoilers!). Ah e, claro, minha paixão por um bom vilão irresistivelmente sexy passível de total redenção por amor que vc, leitor, virá a conhecer no próximo capítulo.

Falando em capítulo, já vou logo avisando que vou postar um por semana, dependendo ainda dos comentários que receber. Sou má e estou sendo chata ao ponto de merecer uma maldição cruciatus? Sim, mas também tenho meus motivos: é que a fic já está finalizada (então não se preocupe com possíveis paralisações ou abandono) e ela é bem curtinha (apenas seis capítulos) e eu não quero me despedir dela tão logo ://

Espero sinceramente que tenha gostado deste primeiro capitulo e que esteja ansioso para o próximo - porque eu estou ansiosíssima para postá-lo e saber sua opinião sobre a fic.

Beijos cheios de amortentia (para que vcs se apaixonem pela minha fic) e até o próximo capítulo! s2



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "This is not a fairy tale" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.