ANJO DA GUARDA - O Anjo Surfista escrita por AngelWords


Capítulo 2
Cicatrizes de outra pessoa - 27 de Janeiro




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Continuava sem conseguir encontrar explicação para certas coisas... A duas delas, às quais por mais voltas que desse a minha mente, não conseguia chegar a uma explicação lógica era o que sentira dias antes no longo e escuro corredor de minha casa e a outra o porquê de me ter sentido em paz e seguro enquanto estava na praia com o Gabriel a conversar. Sentimento que só conhecia quando estava com o meu avô. Já à muito tempo que a minha alma não reconhecia esse prazer de estar em paz.

" Então mano, como é hoje? Encontra-mo-nos no sitio do costume perto de tua casa?"
Sempre que sentia o meu telemóvel vibrar no bolso das calças ou no do casaco e no ecrã aparecia o nome de Diego, ao atender ouvia constantemente essas palavras. A minha resposta pouco variava de um simples e imediato "Sim. Dez minutos e encontra-mo-nos no sitio do costume.".
Eu e o Diego conhece-mo-nos na escola quando frequentava-mos o 6º ano, tinha-mos 12 anos. A partir desse ano tornámos-nos melhores amigos e jura-mos um ao outro nunca contar a ninguém o que foi acontecendo ao longo dos anos, mesmo que um dia a nossa amizade acaba-se.

Depois da chamada do costume de Diego, a dizer para nos encontrar-mos, peguei no meu casaco e dirigi.me para a porta de casa.
Antes de fechar a porta de casa, ao sair, ouvi uma voz melodiosa, embora triste, a dizer "Yuri! Presta atenção ao que se passa há tua volta.". Intrigado com o que tinha ouvido, percorri com o olhar todos os cantos da casa. Mas foi em vão. Nada se encontrava lá. Não que fosse perceptível aos meus olhos. Continuava intrigado. Abanei a cabeça na esperança de remover da minha mente o que tinha acabado de acontecer e fechei a porta.
Quando cheguei ao banco de jardim, onde eu e o Diego nos costumava-mos encontrar, já ele estava lá sentado, a tremer a perna direita, já impaciente de estar há minha espera.
–Estava a ver que nunca mais chegavas! - diz num tom de impaciência.
–Aconteceu uma coisa muito estranha por isso é que demorei um pouco mais. - disse enquanto lhe estendia a mão para oo cumprimentar e me preparava para me sentar.
–O que aconteceu? - perguntou ele com os olhos transbordando brilho de tanta curiosidade.
–Quando fui para sair de casa, antes de fechar a porta ouvi alguém dizer-me "Yuri! Presta atenção ao que se passa há tua volta!", mas quando olhei há minha volta não estava lá ninguém. - digo num tom de voz cheio de esperança que ele percebesse - Foi muito estranho!
Quando acabei de falar retirei o meu olhar do chão e direcciono para o Diego. Nisto vejo na sua face um sorriso de gozo e logo nesse momento ele diz-me:
–Oh Yuri! O que é que anda-te a fazer? É que cá para mim andas-te a fazer alguma coisa que te fez ter alucinações! - continuando com um sorriso de gozo no rosto.
–Esquece Diego! Já percebi que contigo hoje não está a dar para falar acerio! - suspirando por perceber que não estava a ser compreendido.
Levantei-me colocando as mão nos bolsos do casaco, pensando se teria feito bem em contar-lhe o que tinha acontecido.
–Não me digas que vais ficar chateado por ter dito aquilo?! - fazendo o sorriso e o ar de gozo desaparecerem-lhe do rosto.
–Não. Falando de outros assuntos. Como é que estás hoje? Não voltas-te a cortar-te pois não? - digo-lhe ansiando que a resposta corresponde-se ao que queria ouvir.
–Até parece que não me conheces! Eu estou sempre bem! - deixando que uma leve gargalhada se solta-se.
–É precisamente por te conhecer que sei que não está bem! Tiveste a fumar não foi? Para que? Para "esqueceres" o que fizeste a ti mesmo? - há medida que falava o meu nervosismo, devido à preocupação com ele, ia aumentando - MOSTRA-ME OS TEUS BRAÇOS!– pedi-lhe num tom de tal forma agressivo que mais parecia uma ordem.
PARA COM ISSO! FODACE! OLHA!– gritava ele enquanto arregaçava as mangas da blusa. Deixando à vista cortes de todo o tipo e feitio. Uns grandes, uns pequenos, outros mais profundos que outros... Todos esses cortes estavam por cima de cicatrizes pertencentes a outras mutilações antigas feitas por ele próprio - AI TENS! ERA ISSO QUE QUERIAS!ENTÃO AI TENS!– deixando-se cair no banco de jardim, segurando a cabeça nas mãos perto dos joelhos.
Ao ver uma lágrima cair para o chão começo a sentir arrependimento por ter dito aquilo.
Sentei-me no banco, ao seu lado, e colocando a minha mão nas suas costas disse-lhe:
–Desculpa! Desculpa ter falado assim contigo. Mas eu amo-te como um irmão e prefiro que fumes e que bebas em vez de te magoares dessa maneira! - disse-lhe deixando-me emocionar, mas junto as minhas forças para que as lágrimas não caiam - Isto deixa-me triste também! Não te quero ver assim! - ao dizer essas palavras deixei que as minhas lágrimas escorressem-me pela cara, até me chegarem à boca sentindo-lhe o sabor salgado.
–Eu sei. - fazendo uma pausa para respirar fundo - Mas não consigo arranjar outra formas de suportar tudo isso. - envolvendo-me nos seus braços num abraço apertado.
–Vamos arranjar uma solução! Prometo-te Diego!
Depois de lhe ter dito aquilo responsabilizei-me por assumir o cargo para fazer de tudo de forma a que ele não se volta-se a auto-mutilar.
Essa seria mais uma obrigação à qual me submeteria sem ter obrigação , carregando comigo mais uma dor no meu peito.


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