Princesa escrita por Mayy Chan


Capítulo 1
One Shot


Notas iniciais do capítulo

Hellow, amoras, tia Mayy está de volta com o projeto "uma fanfic por semana", ou algo assim. O problema é que, as vezes, eu falho uma e escrevo três na outra, depende.
Espero que gostem, amoras *O*



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Dia idiota.

Pra que eu tenho que arrumar o meu quarto pra um campista estúpido vir aqui e me dar uma nota ruim pra caramba só porque eu roubei os rins dele pra vender no Ebuy, ou sei lá?

Primeiro eu acordei com a filha de Hera das minhas irmãs gritando. Tudo bem que eu tenho pouquíssimas delas, mas o destino, um infeliz ser que adora curtir com a minha cara, faz com que todas venham a ficar de TPM na mesma infeliz semana.

E bem, geralmente, quando eu sinto que vou acabar com sérios problemas ficando perto delas com o humor maligno, vou encher o saco da Gardner, uma menina com sérios problemas bipolares que, por curiosidade, também resolve virar assassina no mesmo dia que as minhas parentes divinas.

Não sei o que, exatamente, ela tem de diferente das minhas irmãs, porque todas são um saco, mas é como se a chatice dela fosse mais... fofa. Não que ela seja fofa, porque ela morde meu braço quando eu roubo as roupas dela, no entanto ela parece menos... matadora de inocentes pessoas bonitas, lindas e perfeitas.

Olhei para o meu chalé, ou seja, para o belo desastre que se mantinha dentro dele. Meninas andando por todos os lados com absorventes, algumas deitadas com aquelas bolsas térmicas na barriga, outras em posição fetal, mais algumas tomando remédios e uma, em especial, atacando uma barra de chocolate como estivesse passando fome.

Mas nada disso se comparava a Katie, cuja a melhor forma de levantar o astral é acabar com a minha vida pessoal e social, como se tudo não passasse de uma brincadeirinha infantil em suas mãos ágeis.

Levantei da cama e, quando fui abrir a porta pra sair, ouvi a minha irmã mais nova falando com uma escova de dentes na boca, pijama, pantufas e cabelos revoltados:

— Onde vai, retardado?

— Para um lugar bem longe de você de preferência, lesada.

— Então vai lá encontrar a Kitty, sua pseudo namoradinha.

Ignoro os comentários maliciosos típicos do chalé de Hermes de que eu nutro certos sentimentos pela senhorita Gardner, uma menina que, se não fosse tão charmosa, eu provavelmente odiaria. Mas, bem, ela tinha que ter aquele sorriso lindo e aquela cara de “filhinha do papai” que realmente me leva à loucura.

Segui em direção ao chalé de Deméter e a coisa que eu vi me fez parar e não conseguir mexer um músculo sequer.

Já tinha visto Katie Gardner agasalhada até com biquíni, o que eu devo admitir que é uma ótima visão, mas de vestido de gala nunca. Nem com saltos, cabelos tão arrumados e tanta maquiagem. Pra mim ela era só uma menininha indefesa que mal sabia pra que serviam esses apetrechos. Mero engano.

— Perdeu o caminho pro baile, Cindy? — indaguei irônico pra ela, com o seu vestido longo azul e os saltos prateados.

— Não, Travis. Mas se você não fizer o favor de vazar da minha frente agora, dá meia-noite e eu volto ao normal antes mesmo do meu príncipe me ver.

— Não esquente sua cabecinha linda, querida. O príncipe dos sonhos de qualquer menina está bem na sua frente.

Ela revirou os olhos, quase os esfregando mas logo após se lembra da maquiagem e não faz nada, apenas abana os olhos com as mãos bem feitas, o que era estranho porque eu jamais tinha visto isso pelo fato de ela sempre ajudar nos jardins.

— Dessa vez eu tenho realmente um encontro, com um príncipe de verdade. Não que ele tenha uma coroa, mas ele é o seu oposto, completamente.

— Uau. Feriu meus sentimentos, Kitty.

A minha voz saiu irônica, mas aquilo realmente tinha me magoado. Por que eu sou tão ruim assim pra ela? Por que não pode ser eu? O que eu tenho de errado? Qual é o meu problema?

Virei a minha cara e resolvi ir embora, tentando não olhar pra baixo. Ia andando lentamente até que senti uma mão pequena encostar levemente nos meus braços robustos.

— Qual é, Trav? Era brincadeira, seu bobo. Agora vem aqui porque eu quero que você seja o meu juiz.

Menina mais aproveitadora! Ela sabe bem que eu faço quase qualquer coisa quando ela me chama de “Trav”. Esse apelido simplesmente me faz comer na mão dela.

Katie ficou na ponta dos pés e me deu um beijo na bochecha, carregado de energia que encheu o meu corpo. E, bem, nem preciso falar que eu fui com ela e fiquei sentado na cama enquanto ela experimentava as mais diversas maquiagens e me fazia cheirar os mais diversos perfumes que ela mantinha em sua cômoda.

— Prefiro você de calça jeans, blusa do acampamento, All Star, cabelos bagunçados, unhas sujas e cheiro de terra. Esse menino não me parece ser o cara perfeito.

Ela me olhou e deu o seu mais perfeito sorriso, daqueles levemente abertos que se dá para ver os dentes, e mesmo assim se concentrar em sua boca.

— Ele não sabe que eu sou uma semideusa, e principalmente não tem certeza de quem eu sou. Por isso eu quero sair com ele.

— Pra ganhar sua coroa de princesa?

— Não, só pra achar meu príncipe encantado mesmo.

Sorri de canto, deixando claro que ainda não estava muito feliz com a nossa situação atual. Senti um peso do meu lado da cama e a pressão de lábios sobre a minha bochecha esquerda. Enquanto me acalmava, ela fazia cafuné lentamente, como se não fossemos ter outra chance.

Ouvi a Gardner puxar o ar, como se fosse difícil respirar.

— Eu te amo. — disse sem nem mesmo pensar.

Valeu a pena. Seus lábios tocaram os meus em um gesto terno, mas, da mesma forma, ansiosamente esperado por mim. É, eu estava apaixonado. Fazer o que?

— Eu também te amo. Nós apenas não...

— Somos o “final feliz” um do outro.

— Acho que sim. Agora me desculpa, mas acho que é melhor que eu vá esperar ele lá de fora antes que eu perca novamente o controle.

— Um último beijo?

— Trav, eu...

— Só pra não esquecer. — a beijei rápido nos lábios. — Agora pode ir.

Vejo ela indo embora segurando a cauda do vestido e pisando lentamente na calçada, como se fosse frágil demais para poder tocar o chão, mas forte o bastante para parecer durona.

A chuva caía em contraste com a minha infelicidade daquele momento.

Fui para o meu quarto e me deitei como estava mesmo, de calça jeans e camiseta do acampamento, retirando apenas os tênis.

Simplesmente choro. Não é possível acreditar que ela não me ama. Sabe, eu sinto o que sinto por ela, mas tudo que eu queria era acordar e saber que eu não sento nada, nem resquício de algum sentimento por ela. Não posso olhar para a minha menininha e saber que ela não é minha, por mais que eu vá ser eternamente dela.

Ouço a porta se abrindo e a voz irritante da minha irmã Kaitlin:

— Quer algo, mano?

— Quero poder respirar.

Ela se senta na minha cama, colocando a minha cabeça no seu colo sem reclamar quando as lágrimas começam a molhar seus shorts prediletos.

Meus irmãos, pouco a pouco, começam a sair do quarto para que eu fique sozinho, mas o meu silêncio logo é quebrado.

Quando olho para a porta vejo na porta a imagem mais bonita que já vi em milhares de anos.

Vejo os olhos borrados de maquiagem, como se tivesse sido tirada naquele mesmo momento, short de moletom cinza, uma camiseta enorme e pés descalços. O cheiro de morangos invade as minhas narinas e me levanto rapidamente.

— Kitty? O que aconteceu com o seu encontro?

Ela não respondeu, apenas de despendurou no meu pescoço em um beijo urgente. Correspondi assim que o susto de ter sido beijado de uma forma tão inesperada terminou.

Sua respiração se fundia na minha, minhas mãos passeavam por sua cintura e as costas, enquanto as suas bagunçavam meus cabelos das formas mais diversas possíveis.

Quando o ar ficou escasso, olhei nos olhos da Gardner e perguntei:

— E o seu príncipe encantado?

— Sabe, eu acho que a minha história está mais pra “A Princesa e o Sapo”.

— Para você ser a minha princesa não precisa usar sapatos de cristal ou vestidos de festa.

— Tá bom, idiota. Agora me beija.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e não se esqueçam de comentar *u*
Beijocas, com amor, Mayy