Haviam se encontrado novamente para discutir o que fazer com o achado. Era um sábado frio.

–O que faremos? Está trancada!- Reclamou John.

–Eu sei o que fazer: Desistam dessa maluquice.- Continuava Charlie a se queixar.

–Vamos arrombar a fechadura.- Sugeriu John.

–Isso não parece muito fácil de se quebrar.- Observou Lucy.

–A chave deve estar na sala de márcia.- Supôs Kate.

–Acho que pode estar no mesmo lugar onde achamos a caixinha.- Sugeriu Emily.

–Isso Emily!- Exclamou Kate.

–Então vamos marcar para...- Começou Lucy.

–Vamos agora mesmo.- Disse Kate- A nariguda está em sua sala.

–Perfeito.- Falou John.

–Endoidou completamente.- Concluiu Charlie.

–Tudo bem, Charlie.- Suspirou Kate- Se você quiser, fica por aí.

Kate agarrou o braço de Lucy puxando-a. Os gêmeos seguiram-nas, deixaram Charlie para trás. Kate desceu a escada. Lucy desceu em seguida. John desceu também. E Emily, por fim desceu.

Charlie Ficou olhando eles irem com os olhos arregalados. Queria ir. E ao mesmo tempo não queria.

–1...- Começou Lucy.

–2...- Continuou Emily.

–Esperem! Eu vou com vocês!- Gritou Charlie. Ele não poderia resistir. Desceu as escadas com rapidez e os seguiu.

***

Chegaram novamente à porta. Estava trancada.

–A Chave está com você Kate?- Perguntou Lucy.

–Não. A deixei com a Emily.- Disse Kate. Emily pôs-se a vasculhar o bolso da calça.

–Achei!- Ela abriu caminho entre os amigos e girou a chave na fechadura.

Como estava de dia, conseguia-se ver com clareza os móveis do quarto: Havia um guarda-roupa de madeira, uma mesinha de estudos, também de madeira, um tapete grande retangular esfiapado amarelo e um sofá velho empoeirado vermelho. Ao lado da mesinha, havia cacos de vidro e algumas flores muchas cobertas de areia: O vaso que Lucy derrubara na noite anterior.

–Vocês acham que a Márcia já viu o vaso quebrado?- Perguntou Kate.

–Acho que não. Primeiro: Noite passada estava muito escuro e ela entrou e saiu muito rápido.- Emily contava nos dedos- Segundo: Se ela já tivesse visto, com certeza já teríamos sido chamados para uma de suas "reuniões".

–Concordo.- Disse John.

–Anda logo seus lerdos!- Reclamava Charlie.

–Sim. Vamos logo.- Disse Kate- O Ethan já deve estar nos procurando..

–Tem razão. Vamos procurar isso logo.- Falou Lucy.

Vasculharam o quarto inteiro, desde a mesinha e o sofá ao guarda-roupas onde a caixinha fora encontrada. Nada da chave aparecer.

–Argh! Não acredito que gastamos nosso tempo para nada!- Queixou-se Emily.

–Eu avisei.- Riu-se Charlie.

–CALA A BOCA, CHARLIE!- Fizeram coro os quatro.

–Cala a boca Charlie- Ele afinou a voz na tentativa de imitá-los.- Vocês são muito chatos.

–Já procuraram nas gavetas?- Interrogou John.

–Sim, ou olhei lá.- Afirmou Lucy.

–...Debaixo do guarda-roupas?

Todos sacudimos negativamente a cabeça.

–Charlie, vê se faz alguma coisa útil e vai olhar, Por favor!- Kate disse irritada.

–Ta bom! Eu hein, que stress!

Charlie caminhou até o guarda-roupas resmungando. Abaixou e olhou embaixo. Nada viu além da escuridão. Em seguida levantou-se sacudindo negativamente a cabeça.- Está muito escuro lá embaixo.- Baixou os olhos para o tapete. Por que não? pensou.- Algum de vocês olhou debaixo do tapete?-

Ficaram em silêncio até que Lucy disse:

–Pensei que a Kate ia olhar.- Ela apontou para a amiga.

–Eu achava que seria a Emily!- Disse ela.

–E eu que fosse a Lucy!- Falou Emily e Charlie suspirou.

–Resumindo: Ninguém olhou.

Ele abaixou e levantou o tapete empoeirado. olhou sob ele. Fitou o achado por uns segundos e então se levantou. Correu os olhos pelos amigos, sério.

–O que foi?- Perguntou Kate- Achou a chave?

Ele sacudiu negativamente a cabeça.

–Achei outra coisa.- Dizendo isso ele puxou rapidamente o tapete e o jogou para o canto.

Todos fitaram o achado por alguns instantes. Um lampejo de curiosidade cruzou os olhos de cada um dos ali presentes. Era uma porta para um porão.

Kate abaixou-se. Puxou a porta com força. John abaixou-se ao seu lado para ajudá-la. E abriram. O porão era um negrume total. Não teria como invadi-lo se não houvesse ao menos um fósforo. Kate fechou a porta com a ajuda de John

–Por que fechou?!- Perguntou Emily aborrecida.

–Não me digam que o próximo plano de vocês é invadir o porão assombrado do orfanato?- Disse Charlie com cinismo, mas notava-se o medo em seu olhar.

–Não me diga que está com medo?- Provocou John, com um sorriso maldoso.

–Nã-ão estou não!- Ele pareceu ainda mais assustado.

–Vamos invadir outro dia. Afinal, amanhã é domingo, certo?- Explicou Kate à Emily.

Logo atrás das meninas, Lucy e John provocavam Charlie.

–O que estão fazendo?- Apareceu na porta uma menina magra de estatura mediana, com o cabelo preso em uma pregadeira: Janine Johnson. Ela usava um casaco azul com detalhes vermelhos e uma calça de moletom beje.

Tudo ficou em silêncio

–Jane?- Emily se aproximou.- Jane, guarde segredo por favor! Você é nossa melhor amiga...

–Prometo que não conto se vocês me disserem o que fazem no quarto 17? É proibido!- Disse ela parada na porta.

–Exatamente por isso.- Emily virou-se para Kate para ver se ela aprovaria contar a história a Janine. Kate assentiu e lançou-lhe um sorriso. como um "Sim".

Ela contou toda a história para Janine e pediu que ela os encobrissem quando fossem descer o porão. Ela jurou que o faria.

Janine Johnson dividia o quarto com Emily e era uma das pessoas mais confiáveis de todo o orfanato.